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[REVIEW] Mudbound - Lágrimas sobre o Missisipi

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Por Victoria Hope



Em tempos conturbados, Mudbound, filme original da Netflix que está concorrendo a 4 Oscars é um lembrete de que a escravidão é uma ferida ainda exposta na América e no mundo, e que infelizmente continuará assim até as próximas gerações. Uma das grandes apostas do streaming, 'Lágrimas sobre o Mississipi' resgata a triste memória da Segunda Guerra Mundial e da segregação racial nos Estados Unidos.

No filme, conhecemos a história de dois personagens, Ronsel, um jovem negro que vive em uma fazenda com sua família que trabalha na lavoura, enquanto outro rapaz, branco, chamado Jamie, é um bonafide, amante das artes, teatro e vive com sua família no centro da cidade, longe da área rural.

O clima de tensão racial já é anunciado desde a primeira cena do filme, onde Jamie e seu irmão mais velho, enterram o corpo de seu pai, Pappy McAllan em meio a lama, quando de repente, o mais velho encontra um esqueleto afundado na terra e pragueja 'Não vou enterrar meu pai no túmulo de um preto!'

A partir desse momento, a tensão toma conta do filme e presenciamos diversas histórias que de início parecem não ter relação alguma, mas que aos poucos vão se entrelaçando e cruzando até o momento em que se unem em uma só trama. 

Vez ou outra somos bombardeados por imagens da guerra, com tanques e aviões para todos os lados, enquanto do outro lado, acompanhamos a mudança de Laura, esposa do McAllan mais velho, da cidade para a zona rural.

Em dado momento, descobrimos que tanto Jamie quanto Ronsel são recrutados para lutar na guerra, sendo o primeiro rapaz, designado aos aviões e ao título de capitão e o segundo, jovem, Ronsel, designado aos tanques, com a patente de sargento. 


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Ronsel e Jamie / Diamond Films

Ambos são jovens promissores e lutam na guerra a seu modo, saindo vitoriosos no final. Enquanto Ronsel reluta a voltar ao Mississipi, pois encontrou o amor de sua vida na Alemanha (uma jovem branca), Jamie batalha com  seus demônios internos, incluindo a PTSD ( Stress pós traumático), por conta da Guerra e das mortes que presenciou.

Eles voltam  para suas casas, mas Ronsel logo percebe que na América, nada mudou, pois mesmo fardado, ainda é obrigado a sentar-se no banco de trás do ônibus e sair pela porta dos fundos, resultado de uma das leis da antiga segregação nos EUA que durou até os anos 70. 

Quando pensamos que nada poderia mudar na vida de ambos os jovens, algo muito bom acontece e nasce uma amizade entre os dois veteranos, mas é claro que em tempos de segregação racial, os cidadãos da retrógrada zona rural americana não aceitariam tal relação e é aí que as coisas começam a ficar bem complicadas.

A diretora Dee Res surpreende em suas escolhas de roteiro, fotografia e trilha sonora; todos belíssimos, além dos destaques nas atuações do elenco, incluindo Mary J Blidge que está concorrendo ao Oscar por seu papel no longa. Ela acerta muito em trazer os sentimentos dos espectadores à flor da pele e surpreende, com um final que para muitos poderá parecer fraco e previsível, mas que para espectadores negros, como eu, fez uma diferença enorme. 

Nota: 5/5

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