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[Review] A Forma da Água

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Por Victoria Hope

Guillermo Del Toro acerta mais uma vez com seu belíssimo conto de fadas moderno, A Forma da Água que nada mais é do que uma encantadora história de amor. Seguindo a vida da faxineira silenciosa Elisa (Sally Hawkins) e o seu encontro inesperado com uma criatura aquática (Doug Jones), somos levados a essa versão moderna, que pode ser chamada de uma espécie nova de Bela e a Fera.

Na trama, acompanhamos a vida de uma faxineira muda que trabalha com sua melhor amiga, Zelda (Octavia Spencer), em um centro de pesquisas do governo. Logo de início, a trama nos deixa saber que há uma criatura desconhecida escondida dentro do local, mas essa revelação não se dá de forma abrupta. 

Durante um dos dias de limpeza geral, a curiosidade vence Elisa, que se depara com a estranha criatura guardada à sete chaves e a partir desse momento, a mágica acontece, fazendo com que a Bela e o Monstro ficassem intrigados com a figura do outro. Em seguida, nasce uma bela amizade que mais tarde, se torna algo muito maior.

O filme não é apenas um conto de fadas moderno, mas sim, uma dura crítica ao governo americano e principalmente à segregação racial que assolou o país nos anos 60. Temas como machismo, racismo e xenofobia são também muito bem representados, seja em forma de alegorias ou de forma direta. 
A Forma da Água
Além de atuações impecáveis, principalmente no lado de Sally, que já está cotada para o Oscar nesse papel, há também uma preocupação do diretor em cada um dos detalhes apresentados, todos minuciosamente explorados, desde figurinos, à design de produção e a belíssima trilha sonora, que traz o antigo ar sonhador dos anos 60. Toda a estética do filme é extremamente agradável e o filtro verde e azul apenas nos faz imergir ainda mais no oceano que embala a trama. 
No filme, o trema da água é abordado a todo momento, seja uma cena no banheiro desde o início do filme, à chuva e ao líquido que embala a criatura. Del Toro não pouca esforços para passar sua mensagem através também da paleta de cores.
A Forma da Água
Os vilões não poderiam  ser mais óbvios, afinal, Del Toro é conhecido por sempre mostrar o como o lado militar dos países pode ser tão perigoso para a população. Em A Forma da Água, as alegorias para a vilania são cirúrgicas, principalmente na forma que ele representa o general principal e grande vilão da história Strickland, que desde o início faz questão de mostrar sua visão de mundo deveras preconceituosa.

A crítica ao governo, principalmente aqui, é muito clara e também demonstra a rejeição do mesmo, por tudo que saia dos valores próprios de homens como Strickland, que acreditam que apenas seu caminho e sua cultura são as formas infalíveis e corretas de se viver. 

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Não podemos deixar de falar, é claro, da própria criatura, interpretada com maestria pelo ator Doug Jones, veterano na arte de vestir monstros em todos seus filmes e séries. Dessa vez, Jones apresenta uma performance delicada, elegante e definitivamente mostra que já está mais do que na hora da academia considerar as perfomances de atores que interpretam criaturas, como ele ou seu colega veterano, Andy Serkis. 
O monstro no filme é a representação de uma divindade da América do Sul, ou seja, ele é um deus, uma forma antropomórfica de uma criatura divina, que na narrativa, é transformada em objeto. Novamente vemos à crítica por trás da captura do personagem e rejeição pelo diferente, vinda por parte de Strickland e sua equipe. 
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Um dos pontos mais polêmicos do filme, foi a paixão entre Elisa e a Criatura, mas apenas se vista superficialmente, será tida como algo errado, repulsivo. O Que Del Toro quis passar com essa relação, foi a repulsa da sociedade para tudo o que é diferente, ou seja, esse casal representa tudo o que era odiado pelos conservadores americanos na época, ou seja, relacionamentos interraciais, relacionamentos homoafetivos, entre outros que desafiam as leis invisíveis da heteronormatividade. 
Em um dado momento, notamos que Elisa possuía cicatrizes em seu pescoço na trama, sabemos que ela foi encontrada num rio, então associando todas as informações e a fala inicial do narrador, que conta a história da princesa submersa, podemos acreditar que Elisa, afinal, é também uma criatura vinda das águas e por isso, nunca se encaixou na sociedade onde vivia. 
O filme está esplendido e Del Toro com certeza irá levar diversos prêmios esse ano por sua obra! Abra seu coração e sua mente e deixe-se levar por essa maravilhosa e mágica fábula do reino aquático.
A Forma Da Água já está em cartaz em todos os cinemas do Brasil!
Nota: 5 / 5

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