Navigation Menu

Featured Post

Ad Block

Featured Post

Larissa Manoela e Giovanna Rispoli enfrentam os desafios da vida adulta em Traição Entre Amigas, adaptação da obra de Thalita Rebouças


 Por Victoria Hope

Traição Entre Amigas, novo longa-metragem dirigido por Bruno Barreto e estrelado por Larissa Manoela e Giovanna Rispoli, estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 04 de dezembro. O filme é baseado no primeiro livro da escritora best-seller Thalita Rebouças e promete emocionar o público ao abordar os altos e baixos de uma amizade abalada por uma traição.

A história acompanha Penélope (Larissa Manoela) e Luiza (Giovanna Rispoli), duas jovens adultas que são totalmente inseparáveis desde crianças. Apesar das personalidades bem diferentes, elas constroem uma relação intensa de cumplicidade, como só acontece em verdadeiras amizades. Mas tudo muda quando uma delas comete uma traição e resolve contar para a outra. Os sentimentos afloram: raiva, mágoa, vergonha, arrependimento, e a amizade que parecia inabalável se desfaz. A partir desse rompimento, os caminhos de ambas tomam rumos diferentes: Penélope busca recomeçar em Nova York, enquanto Luiza se joga nos relacionamentos virtuais, entre promessas de amor e armadilhas emocionais.


Traição Entre Amigas / Imagem Filmes

O longa marca uma mudança na carreira de Larissa Manoela, agora em um papel mais denso e desafiador. Conhecida por interpretar personagens leves e voltados ao público infantil, a atriz mergulha em uma narrativa emocionalmente complexa ao dar vida à impulsiva Penélope, jovem que precisa lidar com as consequências devastadoras de uma traição cometida contra sua melhor amiga. Em Traição Entre Amigas, Penélope explora conflitos internos, sentimentos de culpa e o amadurecimento forçado diante de um rompimento doloroso, revelando uma nova faceta de Larissa Manoela e sua versatilidade como atriz.

A direção do filme é assinada por Bruno Barreto, um dos cineastas mais renomados do país, responsável por sucessos como: “Flores Raras”, “Vovó Ninja", “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “O Que É Isso, Companheiro?”, sendo este último indicado ao Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro. O roteiro é assinado por Marcelo Saback e Thalita Rebouças, com produção da L. C. Barreto, e distribuição nacional da Imagem Filmes.

Mostra de SP 2025 | Papagaios

 

Por Victoria Hope

Papagaios, suspense nacional de Douglas Soares teve sua estreia no Festival de Gramado e também está em cartaz na 49ª Mostra de Cinema em São Paulo e definitivamente foi um dos meus filmes mais antecipados do evento. Na trama, Tunico (Gero Camilo) é o mais famoso “Papagaio de Pirata” do Rio de Janeiro, uma categoria de pessoas que adoram aparecer ao fundo das reportagens, perseguindo repórteres para todos os lados a fim de terem seus 15 minutos de fama na TV. 

Após um grave acidente em um parque de diversões, Beto (Ruan Aguiar), um jovem misterioso que trabalhava em uma das atrações do local, se torna obcecado pela figura de Tunico e logo se torna seu pupilo, a fim de buscar fama a qualquer custo; qualquer custo mesmo.

O longa, repleto de ambiguidades, toca em uma ferida profunda que vem há muitos anos (ou até mesmo séculos) antes da criação dos influencers digitais. O desejo de ser visto, para deixar uma marca seja na sua comunidade ou no mundo é algo fascinante de acompanhar, afinal, como dizia o ditado, "quem não é visto, não é lembrado" e se tem um personagem que tem medo de ser esquecido por todos, esse é Tunico, interpretado de forma brilhante por Gero Camilo, não é a toa que o ator venceu o Kikito de Ouro em Gramado por esse personagem tão envolvente. 


Papagaios / Foto: Olhar Filmes

Toda a artmosfera do longa é muito bem construída, em um slow burn muito bem construido, onde muitos dos diálogos são focados pelo "não dito", onde olhares e gestos dizem mais do que mil palavras e é nesse momento onde Ruan, em seu papel estreante em longa metragem, entrega absolutamente tudo em uma performance devastadora, no melhor sentido da palavra, apresentando esse personagem tão controverso, sedutor e ao mesmo tempo assustador.

Enquanto Tunico parece ser um livro aberto, Beto parece ser um enigma a ser decifrado e qual foi a minha surpresa ao perceber a virada de chave, quanto o público finalmente entende qual dos dois personagens realmente esconde suas verdadeiras intenções. 

Uma das cenas mais belas do longa, é embalada por uma trilha envolvente enquanto Tunico e Beto ensaiam suas posições em frente a um espelho, quase como que numa dança que representa a movimentação dos papagaios de pirata em frente as câmeras. É o tipo de cena que marca um dos momentos mais icônicos do cinema brasileiro e diz muito sobre o tutor e seu pupilo.


Papagaios / Foto: Acervo Leo Jaime

A direção de fotografia é incrível e ajuda a criar a estética típica dos anos 90, quando os celulares estavam começando a chegar, mas a internet que conhecemos hoje ainda não existia, então percebe-se que a única mídia onde os papagaios poderiam aparecer era na TV e no rádio, alías, após o filme, será impossível assistir aos noticiários sem imaginar que as pessoas de fundo são papagaios de pirata até mesmo nos dias de hoje.

Traçando uma comparação ainda mais moderna, é possível comparar os papagaios com aquelas pessoas que surrupiam vídeos de outros criadores de conteúdo, colocam uma tela verde para replicar o vídeo ao fundo e ficam em frente a tela sem dizer nenhuma palavra, apenas acenando com a cabeça e fazendo gestos com as mãos, como se tivessem feito "um grande mousse", quando na verdade estão apenas tentando ganhar seus minutos de fama em cima de um conteúdo que tem bastante alcance, como vídeos virais, por exemplo. 

Papagaios traz diversas mensagens relevantes e sai completamente fora da curva de projetos mais recentes do cinema nacional e apesar do ritmo mais lento, com certeza vai fazer fãs de suspense se apaixonarem por essa história e por seu elenco. O final é de cair o queixo e extremamente ambíguo, o que vai fazer com que o público questionar qual é a verdadeira intenção dos protagonistas até o último segundo.

NOTA: 8.5/10 

Mostra de SP 2025 | A Sombra do Meu Pai

 

Por Victoria Hope

"A Sombra de Meu Pai", que fez história ao ser lo primeiro filme nigeriano a competir em Cannes, é um conto semi autobiográfico do estreante Akinola Davies Jr, ambientado em um único dia na metrópole nigeriana de Lagos, durante a crise eleitoral de 1993. 

A história acompanha um pai, afastado dos dois filhos pequenos, durante uma jornada por essa enorme cidade enquanto a agitação política ameaça sua volta para casa e o filme recebeu a menção honrosa do júri da Caméra d’Or no Festival de Cannes.

Enquanto acompanhamos dois gêmeos,  Aki (Godwin Egbo) e Olaremi (Chibuike Marvellous Egbo) que vivem seus dias entre brincadeiras e estudos, percebemos que há ausência de alguém na cena até sermos introduzidos a Folarin, pai dos garotos, interpretado de forma brilhante por Sope Dirisu (His House). 

As crianças reclamam da ausência do pai no dia a dia, enquanto o adulto tenta justificar dizendo que precisa trabalhar em outra cidade todos os dias para manter o bem-estar dos garotos, mas e quantas pessoas cresceram com pais que trabalhavam o dia inteiro e mal podiam ver seus filhos? Essa não é uma história tão incomum, alíás, é tão usual e verdadeira que é quase impossível o público, principalmente das gerações millenal e Z, não se identificarem com a trama.

Nesse meio tempo, em alguns dos raros dias onde a mãe dos meninos está fora de casa, Folarin precisa ir para Lagos trabalhar e decide levar os filhos para trabalharem um dia com ele e aí se inicia uma jornada eletrizante (e ao mesmo tempo perigosa), enquanto a Nigéria passa por um de seus momentos mais complicados da história, em meioo a ascenção do fascismo e a destruição da democracia no ano de 1993.

A Sombra de Meu Pai, é uma belíssima carta de amor à ausência paterna, inclusive, em muitos momentos, o realismo mágico toma conta da trama, afinal, não sabemos se o que eastá acontecendo é real ou se a imaginação fértil das crianças está criando aqueles momentos especiais com o pai que talvez nunca esteve ali.

Repleto de poesia, uma das melhores direções de fotografia do ano e momentos que vão arrancar lágrimas, o longa é sem dúvida um dos projetos mais belos da temporada e que merece ser reconhecido nas premiações do próximo ano, incluindo com indicações de Melhor Ator para Sope Dirisu, Melhor Direção para Akinola Davies Jr Melhor Filme em Lingua Estrangeira. Estaremos aqui na torcida.

Nota: 9.5/10

Mostra exibe Queen Kelly e promove debate sobre a restauração do filme com o arquivista norte-americano Dennis Doros

 

Por Victoria Hope

Sempre atenta às discussões sobre memória e preservação do cinema, a Mostra dedica parte da programação a obras restauradas, títulos raros, novas cópias de clássicos e filmes "perdidos" a serem redescobertos.

Um desses casos é Queen Kelly (1929), cuja reconstrução chega à 49ª Mostra após estrear no Festival de Veneza. O arquivista Dennis Doros, responsável pela reconstituição, está no festival e participa de uma mesa sobre o processo do restauro neste domingo (19), depois da exibição da produção, que será apresentada às 20h45, na Sala Grande Otelo da Cinemateca Brasileira. A participação no debate está vinculada ao ingresso para a sessão.

Filme mítico, e com diferentes versões após uma conturbada produção, o título dirigido por Erich von Stroheim, estrelado por Gloria Swanson, sofreu com os cortes do estúdio e a intervenção da própria Swanson, em um momento de transição para o cinema falado, transformando Queen Kelly em um fragmento que entraria para a história de Hollywood. Doros conta que o resultado dessa versão de é uma "reimaginação" da concepção original de Stroheim. A reconstrução se baseia na descoberta de materiais, na recuperação de originais em nitrato e ferramentas digitais utilizadas em restaurações.

A 49ª Mostra exibe também uma cópia maior do indiano Sholay (1975), de Ramesh Sippy, que completa 50 anos; o português Aniki-Bóbó (1942), de Manoel de Oliveira; e o argelino Crônica dos Anos de Fogo(1975), de Mohammed Lakhdar-Hamina, que faleceu em maio de 2025 — pelo filme que estreou há cinco décadas, ele foi o primeiro cineasta árabe-africano a receber a Palma de Ouro do Festival de Cannes.


Lua Cambará - Nas Escadarias do Palácio / Foto: TV Brasil

O japonês Chuva Negra (1989), de Shohei Imamura, que faz parte da efeméride dos 80 anos das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, integra a programação com uma nova cópia. Em memória ao evento trágico, a Mostra vai passar ainda Alma Errante – Hibakusha (2025). Uma sessão dupla ocorre no Sato Cinema neste domingo (19), às 19h. A exibição será seguida de uma apresentação da música Rosa de Hiroshima (baseada no poema de 1946 do escritor Vinicius de Moraes), interpretada por Mariana de Moraes, filha de Vinicius, e por Gerson Conrad, do Secos & Molhados, grupo que eternizou a canção.

Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes, que comemora 21 anos da primeira exibição do filme na Mostra, onde recebeu os prêmios do júri, de melhor ator, para João Miguel, e da crítica de melhor filme brasileiro, terá a sua versão restaurada exibida.

O cinema brasileiro também está representado com as restaurações de Lua Cambará – Nas Escadarias do Palácio (2002), de Rosemberg Cariry, Tônica Dominante (2001), de Lina Chamie, e Um Céu de Estrelas (1995), de Tata Amaral, que completa três décadas.

Além disso, a nova cópia digital de Garota de Ipanema (1967), de Leon Hirszman, confeccionada pelo laboratório de imagem e som da Cinemateca Brasileira, também faz parte do programa.

Mostra de SP 2025 | Frankenstein de Guillermo Del Toro

 

Por Victoria Hope

O anúncio de que Guillermo Del Toro adaptaria "Frankenstein" uma das obras mais aclamadas e queridas da literatura gótica, encheu os fãs do gênero de esperanças, porém com o anúncio veio a melancolia pelo fato de que o filme não seria lançado nos cinemas e sim diretamente para o streaming, porém felizmente, muitas pessoas vão poder assistir o longa em diversas sala de cinema do país antes da estreia oficial no dia 7 de novembro na Netflix.

Frankenstein de Mary Shelley pessoalmente é uma das minhas obras favoritas da literatura, logo, as expectativas estavam altas, porém, apesar de visualmente o filme ser impecável, o roteiro deixa a desejar, principalmente na subversão de vários temas que são essenciais para a obra e que foram trocados pela liberdade criativa de Del Toro, hora bem vinda, hora causando estranhamento.

Na trama, dividida em duas partes, o público é introduzido ao Doutor Victor Frankenstein (Oscar Isaac), um brilhante, porém excêntrico cientista que sonha em criar vida após a mostre. Acompanhamos sua história desde sua infância conturbada, com um pai quase sempre ausente e uma mãe amável à sua vida adulta, quando após anos de estudo, decide colocar suas teorias em prática e trazer a vida uma criatura perfeita.

Enquanto acompanhamos o jovem doutor em missões perigosas em busca das partes de corpo perfeita para sua criatura, também somos introduzidos à cunhada de Victor, Elizabeth (Mia Goth), que estranhamente é muito parecida com a mãe do cientista. 

Frankenstein / Foto: Netflix

As duas horas e meia do filme são bem sentidas, afinal, o primeiro ato se arrasta demasiadamente, carregado por uma atuação extremamente caricata de Oscar Isaac, que a todo momento parece ler o roteiro ao invés de interpretar como alguém da época e infelizmente o mesmo acontece com quase todo o elenco, incluindo Mia Goth, extremamente mal aproveitada e com pouquíssimas falas, apesar de interpretar 2 (quase 3) personagens no longa. 

Quem realmente surpreende é Jacob Elordi como a Criatura, que entrega uma das melhores atuações do ano e que com certeza deveria ser valorizado na temporada de premiações. Tudo o que ele entrega em cena, desde a inocência e curiosidade da Criatura, até mesmo sua performance corporal de tirar o fôlego, ajudam a dar vida a essa criatura tão amada por fãs de terror, trazendo toda a poesia por trás das falas do personagem, o que com certeza deixaria Mary Shelley muito orgulhosa, afinal, sabemos que Del Toro, como nenhum outro diretor, tem um respeito máximo pelas criaturas e monstros das histórias e é aqui onde o roteiro brilha. 

Mas é claro que outro aspecto extremamente positivo do filme é o visual, incluindo os figurinos belíssimos e intricados que parecem ter saído diretamente da época que representam. A única pena é o CGI horroroso de animais que aparecem ao longo do filme e estragam completamente a imersão, principalmente durante o segundo arco da história. Esse é um filme que vai dividir opiniões, talvez pela expectativa que fãs tem sobre o nome de Del Toro e por conta do elenco recheado de estrelas, mas essa talvez seja uma das adaptações mais fiéis de Frankestein que tivemos até hoje. 

NOTA: 8.5/10

Mostra de SP 2025 | Sirât

 

Por Victoria Hope

Existem filmes que deixam a audiência boquiaberta comk sua conclusão e "Sirât", é um desses títulos que marca quem assiste para sempre. Na trama, o público acompanha a  busca desesperada de um pai e seu filho por uma jovem desaparecida que aparentemente sumiu em uma rave no deserto.

O que se segue, é uma jornada assustadora e sufocante enquanto essa família tenta encontrar a garota, ao mesmo tempo em que conhecem um grupo de pessoas que vivem a vida de raves e pouco se importam com o amanhã; pelo menos à primeira vista, é o que parece ser, mas logo, o protagonista e seu filho vão perceber que aqueles desconhecidos oferecem muito mais do que uma 'vida sem regras'.

Inicialmente, a rave parece ser o ápice da liberação, mas aos poucos, começa a revelar um lado muito sombrio e assustador das festas que acontecem em meio ao deserto, principalmente desertos do oriente médio onde conflitos seguem sem freio. 

Sirât / Foto: Mostra Internacional de Cinema de SP 

O título do filme evoca a Ponte As-Sirât, um dos elementos centrais do imaginário islâmico, que diz que no Dia da Ressurreição, as almas devem passar por uma passagem mais fina que um fio de cabelo, correndo o risco de cair em um submundo repleto de chamas e a alegoria não poderia ser mais verdadeira quando se fala no filme, que de sua maneira, reflete essa mesma passagem.

Tanto o lado emocional dos protagonistas quando o espiritual é posto à prova conforme eles avançam com seus carros ao som de techno, enquanto o sentimento da morte e desespero segue todos os seus rastros, culminando em momentos chocantes.

Não há mais o que falar sobre a trama sem que spoilers sejam contados, mas a catarse de toda a história faz Sirât valer a pena. É um filme forte, pesado, porém com umja mensagem extremamente relevante, principalmente com o cenário socio-político atual.

NOTA: 8.5/10