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Sundance 2023 | The Accidental Getaway Car | Award Winner

 


Por Victoria Hope

O filme foi o vencedor do Sundance na categoria de Melhor Direção de Drama para Sing J. Lee! Na trama baseada em fatos reaisLong, um motorista vietnamita do sul da Califórnia, atende uma ligação tarde da noite pedindo uma carona. Já de pijama, ele aceita com relutância, pegando um homem, Tây, e seus dois companheiros. 

Mas os homens, condenados recentemente fugitivos de uma prisão do condado de Orange, tomam Long como refém sob a mira de uma arma, colocando-o em seu plano de fuga. Quando surgem complicações, os fugitivos e seu refém se escondem em um motel, e um tenso jogo de espera se desenrola.

Os visuais impressionantes de Sing J. Lee e a estética voltada para o humor definem o tom para uma intensidade enervante, pontuada por momentos de humor e calor. Inspirado em uma história real, este não é apenas um filme policial, mas um retrato comovente desse velho solitário e seu relacionamento com Tây. É difícil exagerar a presença cativante e comovente de Hiệp Trần Nghĩa ao carregar os fardos do passado de Long - expressos por meio de interlúdios líricos e suavemente surreais: guerra, campo de reeducação, separação familiar e agora seu acentuado isolamento, tendo perdido todos os "casas". ” ele já conheceu.

O elenco está afiadísimo, mas a história por alguns momentos se arrasta, o que demonstra que um corte mais generoso faria bem para o filme que é excelente, mas que acaba se alongando demais em alguns momentos, porém, isso não fere a produção, mas sim, caso o filme seja adquirido por estúdios, talvez alguns cortes de minutos tornariam esse projeto ainda mais especial. 

NOTA: 8.5/10

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Sundance 2023 revela lista de filmes premiados do festival

 

Por Victoria Hope

O Festival de Cinema de Sundance divulgou nesta sexta-feira (27), logo após evento presencial e virtual, a lista de filmes premiados pelo Juri, sendo o grande ganhador do Prêmio do Júri de Drama dos EUA, o emocionando longa A Thousand and One, estrelado por Teyana Taylor, o que marca o segundo ano consecutivo onde um filme estrelado por atriz negra e com foco em narrativas negras, ganha o festival na categoria dramática.

Já o Prêmio do Júri de Documentário dos EUA foi para Going to Mars: The Nikki Giovanni Project, enquanto os vencedores escolhidos pelo público foram The Persian Version na categoria Drama  dos EUA e Beyond Utopia na Categoria Documentário.

Para quem acompanhou o festival e não teve a chance de ver todos os títulos, os filmes premiados serão exibidos pessoalmente e pela plataforma online do Festival no sábado, 28 de janeiro, e no domingo, 29 de janeiro. A diretora da programação do festival, Kim Yutani, comentou:

Os artistas que compõem o Festival  Sundance de Cinema 2023 demonstraram senso de urgência e dedicação à excelência no cinema independente. Os vencedores do prêmio de hoje destacam as realizações mais impressionantes de nossos programas no atual momento das artes cinematográficas.” 

Esse ano o Sundance recebeu 111 longas e 64 curtas-metragens – selecionados entre 15.856 inscritos – foram apresentados em Park City, Salt Lake City e no Sundance Resort, enquanto mais de 75% dos longas-metragens, além de curtas e episódios independentes, foram disponibilizados na plataforma online do Festival até domingo (29).

CONFIRA A LISTA DE VENCEDORES:

GRANDE PRÊMIO DO JURI

Filme Dramático dos Estados Unidos: A Thousand and One (dir. AV Rockwell)

Documentário dos Estados Unidos:  Going to Mars: The Nikki Giovanni Project (dir. Joe Brewster e Michèle Stephenson)

Filme do Cinema Mundial:  Scrapper (dir. Charlotte Regan)

Documentário do Cinema Mundial:  The Eternal Memory (dir. Maite Alberdi)

PRÊMIO DO PÚBLICO

Documentário dos Estados Unidos: Beyond Utopia (dir. Madeleine Gavin)

Filme Dramático dos Estados Unidos: The Persian Version (dir. Maryam Keshavarz)

Filme do Cinema Mundial: Shayda (dir. Noora Niasari)

Documentário do Cinema Mundial: 20 Days in Mariupol (dir. Mstyslav Chernov)

Prêmio NEXT inovador: Kokomo City (dir. D. Smith)

PRÊMIO DE FAVORITO DO FESTIVAL

Radical (dir. Christopher Zalla)

PRÊMIOS DO JÚRI PARA DIREÇÃO, ROTEIRO E EDIÇÃO

Prêmio de Direção para Documentário dos Estados Unidos: Luke Lorentzen, A Still Small Voice

Prêmio de Direção para Filme Dramático dos Estados Unidos: Sing J. Lee, The Accidental Getaway Driver

PRÊMIOS DE CURTA-METRAGEM 

Prêmio do Grande Júri para Curta Metragem: When You Left Me on That Boulevard (dir. Kayla Abuda Galang)

Prêmio do Júri para Curta Metragem de Ficção Americana: Rest Stop (dir. Crystal Kayiza)

Prêmio do Júri para Curta Metragem de Ficção Internacional: The Kidnapping of the Bride (dir. Sophia Mocorrea)

Prêmio do Júri para Curta Metragem para Não Ficção: Will You Look at Me (dir. Shuli Huang)

Prêmio do Júri para Curta Metragem de Animação: The Flying Sailor (dir. Wendy Tilby e Amanda Forbis)

Prêmio de Melhor Direção para Documentário de Cinema Mundial: Anna Hints, Smoke Sauna Sisterhood

Prêmio de Direção para Filme de Cinema Mundial: Marija Kavtaradze, Slow

Prêmio de Roteiro: Maryam Keshavarz, The Persian Version

Prêmio de Edição: Daniela I. Quiroz, Going Varsity in Mariachi

PRÊMIOS ESPECIAIS DO JÚRI

Prêmio Especial do Júri para Documentário de Cinema Mundial para Visão Criativa: Fantastic Machine (dir. Axel Danielson e Maximilien Van Aertryck)

Prêmio Especial do Júri para Documentário de Cinema Mundial para Vérité Filmmaking: Against the Tide (dir. Sarvnik Kaur)

Prêmio Especial do Júri de Cinema Mundial para Visão Criativa: Animalia (dir. Sofia Alaoui)

Prêmio Especial do Júri de Filme de Cinema Mundial para Cinematografia: Lílis Soares, Mami Wata

Prêmio Especial do Júri de Filme de Cinema Mundial para Melhor Performance: Rosa Marchant, When It Melts

Prêmio Especial do Júri de Curta Metragem Internacional para Direção: AliEN0089 (dir. Valeria Hofmann)

Prêmio Especial do Júri de Curta Metragem Americano para Direção: The Vacation (dir. Jarreau Carrillo)

Prêmio Especial do Júri para Documentário dos Estados Unidos por Clareza de Visão: The Stroll (dir. Kristen Lovell & Zackary Drucker)

Prêmio Especial do Júri para Documentário dos Estados Unidos por Liberdade de Expressão: Bad Press (dir. Rebecca Landsberry-Baker & Joe Peeler)

Prêmio Especial do Júri de Filme Dramático dos Estados Unidos para Elenco: Elenco de Theatre Camp

Prêmio Especial do Júri de Filme Dramático dos Estados Unidos para Visão Criativa: Equipe Criativa de Magazine Dreams

Prêmio Especial do Júri de Filme Dramático dos Estados Unidos para Atuação: Lio Mehiel, Mutt

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Sundance 2023 | Kokomo City

 

Por Victoria Hope

Kokomo City assume um manto aparentemente simples - para apresentar as histórias de quatro profissionais do sexo transexuais negras em Nova York e na Geórgia. Filmado em impressionante preto e branco, a ousadia dos fatos da vida dessas mulheres e a franqueza que compartilham complicam esse empreendimento, colidindo com o cotidiano com comentários sociais cortantes e a escavação de verdades há muito adormecidas. Compartilhando reflexões sobre desejo complicado, tabu de longo alcance, identificação no trabalho de parto e muitos significados de gênero, essas mulheres oferecem uma análise sem remorso e cortante da cultura negra e da sociedade em geral de um ponto de vista que vibra com energia, sexo, desafio e sabedoria suada.

Este retrato vital é a ousada estreia na direção de D. Smith. Uma veterana da indústria da música e produtora, cantora e compositora indicada ao Grammy, Smith traz suas habilidades sonoras em uma harmonia impressionante com um estilo visual cuja coragem e ousadia combinam com a energia e o espírito que ela extrai de seus participantes. Sem filtros, sem vergonha e sem remorso, Smith e seus súditos quebram o padrão moderno de autenticidade, oferecendo uma refrescante crueza e vulnerabilidade despreocupada com pureza e polidez.

É um excelente documentário sobre sex work e a relação de mulheres trans à margem que por não terem escolha, atuam nessa área mas sonham com uma nova vida, onde não apenas elas tem um emprego fixo, mas que independente do emprego, o que elas querem é respeito, dignidade e uma vida livre da transfobia e do racismo institucional da sociedade. 

NOTA: 9/10

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Sundance 2023 | Victim/Suspect

 

Por Victoria Hope

Rae de Leon, uma repórter que trabalha no The Center for Investigative Reporting, descobre um número surpreendente de casos legais em todo o país que envolvem mulheres denunciando agressão sexual à polícia, apenas para serem acusadas de fabricar suas alegações. Essas mulheres são então acusadas de crimes, às vezes enfrentando anos de prisão. Víctim/Suspect segue de Leon enquanto ela reúne relatos em primeira mão de várias mulheres jovens e suas famílias e entrevista policiais e especialistas jurídicos. Simultaneamente, de Leon reexamina elementos das investigações policiais iniciais, desenterrando gravações reveladoras de entrevistas policiais de mulheres relatando sua agressão sexual.

A diretora Nancy Schwartzman cria um documentário investigativo profundamente atraente e provocativo, que certamente provocará empatia e indignação, que se destaca como um testemunho poderoso do trabalho cuidadosamente construído de repórteres determinados como de Leon. Victim/Suspect ilumina, com precisão e foco, como as políticas de policiamento sistêmico locais e nacionais motivam os detetives a tratar as vítimas como suspeitas e impactam diretamente não apenas os casos dessas mulheres vulneráveis, mas também suas vidas.

Esse é um documentário pesado, porém necessário para trazer luz ao absurdo que é a coerção da polícia. As fitas de interrogação geram ódio quando notamos os oficiais mentindo sobre provas contra as vítimas e as torturando psicologicamente para arrancar uma confissão de algo que elas não fizeram. 

NOTA: 8.5/10

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Sundance 2023 | Daina Reid fala sobre o terror Run Rabbit Run

 

Por Victoria Hope

No terror dramático Run Rabbit Run, adquirido pela Netflix no Festival de Sundance 2023, acompanhamos uma mãe que luta para conseguir lidar com o luto, a maternidade e um vazio em sua existência que mostra que algo aconteceu no passado; algo que mudou para sempre a vida dessa mulher.

Com intepretações maravilhosas, incluindo Sarah Snook (Succession), o Run Rabbit Run é um  psicologicamente ambicioso, banhado pelos belíssimos cenários australianos apresenta uma história sobre culpa, mas também sobre maternidade e e traz a reflexão angustiante sobre um tema que raramente é discutido: Todas as mães são boas? Todas as mães são más? Existe o meio termo? Essa entre outras questões são exploradas no longa. 

O filme , definitivamente vai criar diversas discussões relacionadas a trama e aos personagens apresentados. Pensando nisso, durante o Sundance, nossa equipe teve a chance de conversar com a diretora Daina Reid (The Handmaid's Tale), a diretora de Run Rabbit Run,  sobre esse projeto ambicioso, explorando diversas questões relacionadas ao gênero de terror, cinema, maternidade e mais. 


Run Rabbit Run / Foto: Sundance

Amélie: Quais foram os maiores desafios durante as filmagens de Run Rabbit Run?

Daina: Primeiro de tudo, (a pandemia) de Covid, que acabou pegando parte do tempo das filmagens, mas o maior desafio foi trabalhar em uma história tão pesada emocionalmente, principalmente trabalhando com Sarah Snook. Tivemos que ir a lugares sombrios como o medo de não ser um bom pai ou mãe para seus filhos. Luto, digo, todo o luto, sabe? Recentemente eu perdi meu pai durante as gravações e foi difícil ir para o set todos os dias em um filme sobre luto, tendo que passar pelo meu próprio luto pessoal.

Quando eu era atriz e sim eu já fui (risos), eu fazia comédias e eu realmente adorava fazê-las, então filmando esse projeto aqui, eu percebi o quão diferente os dois são um do outro. No dia a dia, realmente foi pesado abordar esses temas, a culpa também, então, foi bem desafiador, mas ao mesmo tempo recompensador. Sarah foi incrível, o cenário estava lindo, então tudo isso compensou. 

Amélie: Assim como neste filme, muitos títulos do gênero de horror contemporâneo tem mostrado a relação entre mães e filhas, trazendo o tema de trauma geracional. Você pode falar um pouco disso?

Daina: Quando eu me tornei mãe, eu achei isso algo muito desafiador e nós geralmente não abordamos as nuances disso, sobra a maternidade, sabe? Existem mães maravilhosas, existem mães terríveis, mas nós sempre estamos no meio termo, então pensamos sobre a realidade de ambas. Isso é algo que a gente pensa, sabe? Quando eu me tornei mãe, eu pensei 'Será que vou infectar minha criança com meus problemas?", "Eu não quero que essa criança se torne um reflexo, eu deveria trabalhar isso em mim'.

Então pegamos essa ideia com a personagem de Sarah para explorar esse tema. Pegamos essa ideia e pensamos, pois não sabemos se aquilo tudo está acontecendo ou se tudo se passa na cabeça dela. Talvez seja um medo que ela está passando, mas ela definitivamente está infectando sua filha com isso e geralmente esse é o pensamento quando pensamos em maternidade e paternidade. 

Amélie: Você poderia falar sobre 2 filmes que inspiraram sua carreira na direção? 

Daina: Preciso pensar mesmo nessa. Acho que Quanto mais Quente Melhor, que é um filme que não tem nada a ver com esse (risos). Eu adoro o trabalho de Billy Wider, então vou falar dois títulos, primeiro esse e o segundo, Last Weekend, porque ambos filmes são tão diferentes e pensei: 'Esse mesmo diretor fez filmes tão distintos um do outro, mas tão lindamente construídos". Eu adoro filmes de gênero e adoro quando o gênero é subvertido. Eu sempre quero ver conceitos. mas não me dê satã (risos). O que esperar de uma história? Foi isso que ajudou a pensar no conceito de Run Rabbit Run

Mas na realidade, o que me inspirou mesmo a fazer esse filme foi uma série de televisão chamada The Terror, que novamente, não é a mesma coisa, mas traz diversos personagens rodeados por essa trama sobrenatural. Então isso foi bastante inspirador. 

Amélie: Imagine que você pudesse conversar com a Daina de 7 anos e dizer que hoje é uma diretora e está na Netflix e no Sundance. Qual seria a reação dela?

Daina: Que pergunta interessante, porque eu tinha 10 anos da primeira vez que assisti Star Wars, eu sou daquela geração e ver esse filme, foi o que me fez querer me tornar uma diretora. Isso foi 3 anos depois, então eu me pergunto o que ressonaria para uma criança de 10 anos. Acho que eu sempre amei filmes, sempre assisti filme. E obviamente vi um que explodiu minha mente com os dez anos. Talvez eu achasse legal ou talvez eu simplesmente só me convidaria para dançar, que era o que eu fazia na época.

Amélie: Qual é a principal mensagem que você quer passar ao público com esse título?

Daina: É muito difícil falar sobre isso sem soltar spoilers (risos), mas acho que posso dizer, seja verdadeiro com você mesmo. Acredito que esse filme seja ser brutalmente honesto e refletir sobre seus próprios comportamentos. pois todos nos precisamos fazer isso. 

Amélie: Três palavras para definir Run Rabbit Run

Daina: Desafiador, Solitário e expositivo

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Sundance 2023 | Rye Lane

 

Por Victoria Hope

Os caminhos de Dom e Yas colidem no momento menos oportuno: quando Dom (David Jonsson de Industry da HBO) está chorando feio em um banheiro, preparando-se para uma refeição estranha com sua ex, que o traiu com seu melhor amigo. Cuidando de suas próprias feridas de separação, Yas despreocupada decide pular de cabeça na briga para diminuir a dor como o par de Dom. O que se segue é um dia de caos impulsivo e alegre, enquanto esses dois londrinos de 20 e poucos anos vagam por Peckham por bares de karaokê e playgrounds, enquanto se aproximam da possibilidade de abrir seus corações novamente.

Em sua estreia visualmente inventiva, a diretora Raine Allen-Miller nos lança em um mundo lúdico e vibrante, moldando uma comédia romântica que celebra o encontro com a pessoa certa na hora errada. Os novos personagens de Nathan Bryon e Tom Melia saltam da página a uma velocidade vertiginosa nas mãos de Oparah e Jonsson, canalizando todas as frustrações do cansaço enquanto se agarra à esperança de encontrar o verdadeiro negócio. Assim como seu homônimo no coração pulsante do sul de Londres, Rye Lane é irresistível.

O melhor filme do Sundance até então! O elenco é afiadíssimo e é impossível não chorar de rir com essa comédia e se encantar com todas as participações especiais com grandes nomes britânicos do cinema que aparecem de surpresa ao longo da trama. Rye Lane está pronto para as telonas ou para os streamings e a boa notícia é que o filme é da Searchlight, ou seja, logo mais o filme com certeza terá sua estreia para o grande público. 

NOTA: 10/10

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Sundance 2023 | Landscape with Invisible Hand

 

Por Victoria Hope

Adam é um artista adolescente que atinge a maioridade após uma aquisição alienígena. Os Vuvv, uma espécie de extraterrestres hiperinteligentes, trouxeram uma tecnologia maravilhosa para a Terra, mas apenas os mais ricos podem pagar por ela. O resto da humanidade, com seus meios de subsistência agora obsoletos, precisa juntar dinheiro na indústria do turismo. 

No caso de Adam e seu interesse amoroso, Chloe, isso significa transmitir ao vivo seu namoro para a diversão dos Vuvv, que acham o amor humano exótico e interessante. Quando o esquema de Adam e Chloe dá errado, Adam e sua mãe precisam encontrar uma saída para uma burocracia alienígena cada vez mais assustadora.

Landscape with Invisible Hand / Foto: Sundance

O roteirista e diretor Cory Finley (Thoroughbreds, Sundance 2017) retorna a Park City com esta viagem de ficção científica descaradamente original que apresenta uma atuação extraordinária de Asante Blackk. Baseado no romance do vencedor do National Book Award, M.T. Anderson, o filme encadeia cuidadosamente suas fantasias cômicas com uma sensibilidade melancólica que leva o público a uma exploração minuciosa de classe e comércio.

Além dessa temática, outro ponto que deixou marcas foi a crítica às redes sociais e a monetização da vida diária de blogueiros, ao ponto em que o público não sabe dizer o que é real ou não e até que ponto estão dispostos a comprar (literalmente), a ideia daquelas personas virtuais. 

Landscape with Invisible Hand é em sua essência, uma grande mensagem de como a arte e os artistas são mentes fundamentais para lutar contra ditaduras (como no caso, a extraterritorial apresentada no filme). A trama também mostra a qual ponto pessoas que supostamente não tem nada, podem chegar para ter um lugar ao sol.

NOTA: 10/10

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Sundance 2023 | Passages

 

Por Victoria Hope

Na Paris contemporânea, o cineasta alemão Tomas (Franz Rogowski) abraça sua sexualidade por meio de um tórrido caso de amor com uma jovem chamada Agathe (Adèle Exarchopoulos), um impulso que confunde as linhas que definem seu relacionamento com seu marido, Martin (Ben Whishaw). Quando Martin começa seu próprio caso extraconjugal, ele recupera com sucesso a atenção de seu marido e, ao mesmo tempo, desenterra o ciúme de Tomas. Lutando contra emoções contraditórias, Tomas deve abraçar os limites de seu casamento ou aceitar o fim do relacionamento.

O diretor Ira Sachs (Forty Shades of Blue, Vencedor do Grande Prêmio do Júri Dramático dos EUA no Sundance 2005) retorna com seu oitavo filme para exibição em Sundance: um exame fundamentado da experiência humana que se concentra nas diferenças e semelhanças entre atração física e emocional e coloca a questão de separar a arte do artista. 

A elegante cinematografia é habilmente equilibrada por atuações profundamente complexas nas quais Sachs permite que seus personagens se acomodem em momentos tranquilos e desconfortáveis ​​e enfrentem suas imperfeições. Passages é uma peça intensamente íntima que se recusa a fugir da confusão da vida.

Passages / Foto: Sundance

O próprio título do filme já diz 'Passagens', pois a vida é feita de passagens e momentos e é justamente por essa jornada que o protagonista passa, explorando sua sexualidade  a vida boêmia que Paris proporciona à todas as mentes criativas fervilhando de sonhos. 

Enquanto Martin tenta manter o relacionamento, que já esta caindo aos pedaços, Tomas sai todos os dias de casa para encontros sexuais com Agathe, o que acaba em um gravidez de certo modo, desejada por ambos. Enquanto o diretor destrói a vida dos outros ao seu redor, Agathe e Martin tentam superar aquela pessoa tóxica que marcou suas vidas.

Com excelentes atuações, o drama aborda a natureza humana e explora temas como amores, felicidade, tristeza, vindas e despedidas. É impossível odiar totalmente o protagonista da história, mas ao mesmo tempo, não tem como julgar suas atitudes para com seus dois interesses românticos, afinal, caras que tem tudo, querem ainda mais. O longa estará disponível no MUBI em breve

NOTA: 9/10

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Sundance 2023 | Mami Wata

 

Por Victoria Hope

Na vila à beira-mar de Iyi, a reverenciada Mama Efe (Rita Edochie) atua como intermediária entre o povo e a todo-poderosa divindade da água, Mami Wata. Mas quando um menino morre para um vírus, a devotada filha de Efe, Zinwe (Uzoamaka Aniunoh) e a cética protegida Prisca (Evelyne Ily Juhen) alertam a Efe sobre a agitação entre os aldeões. Com a chegada repentina de um misterioso desertor rebelde chamado Jasper (Emeka Amakeze), um conflito irrompe, levando a um violento choque de ideologias e uma crise de fé para o povo de Iyi.

A potente fábula moderna de C.J. “Fiery” Obasi emprega uma vívida cinematografia monocromática em preto e branco, um rico design de som e uma trilha sonora hipnótica em um estilo folk-futurista, tanto terreno quanto sobrenatural. Obasi retrata uma batalha campal entre militantes oportunistas que prometem progresso tecnológico e uma ordem espiritual matriarcal vivendo em frágil harmonia com o oceano. Mami Wata nos transporta para um lugar que parece suspenso no tempo e talvez correndo contra o tempo, à medida que as ameaças da vida moderna chegam às suas margens.

Mami Wata apresenta um emocionante conto folclórico do oeste africano, onde uma comunidade local venera a deusa da água Mami Wata, mas tudo muda quando um forasteiro chega à vila, tudo muda e como neta de mulher africana, que cresceu venerando as entidades yoruba orixás, a trama foi ainda mais emocionante, porque essas são as nossas raízes que devemos honrar a ancestralidade.

A trama aborda diversos temas como patriarcado, fé e o empoderamento feminino passado de gerações em gerações de famílias nigerianas. O ritmo funciona e a direção de forografia, unida ao filtro P&B faz a história ganhar um ar etéreo de magia. A mensagem principal que fica ao final, é de que nunca estamos sozinhas e que as mulheres, juntas, são mais fortes. 

NOTA: 9.5/10

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Sundance 2023 | Mutt

 

Por Victoria Hope

Feña, um jovem trans animado pela vida na cidade de Nova York, sofre com um dia incessantemente desafiador que ressuscita fantasmas de seu passado. Lavanderias, catracas de metrô e transferências de aeroporto são o pano de fundo agitado para este drama emocional que se sobrepõe ao passado, presente e futuro. 

Resolver a desarmonia da reviravolta transicional nos relacionamentos familiares, românticos e platônicos é a tarefa de Feña, e seu ato de malabarismo resultante é igualmente habilidoso, desajeitado e honesto. Ao negociar sua obliquidade, os momentos pungentes que ele encontra entre ele e os outros - à medida que a distância entre eles diminui - são calorosos, verdadeiros e tocantes.

A estreia na direção de Vuk Lungulov-Klotz é ao mesmo tempo precisa em sua especificidade e totalmente relacionável em sua grande humanidade. Uma performance de liderança hábil e visceral de Lío Mehiel incorpora o meio-termo de muitas formas. Mutt  triunfa nas discussões mais difíceis por meio de sua ternura em relação à luta de cada personagem com a complexidade da vida trans, da vida latina na América e da vida humana em geral.


Mutt / Foto: Sundance

O filme é estrelado pelo excelente ator trans não binário Lío Mihael, o que mostra que a indústria finalmente esta abrindo espaço para que pessoas pertencentes às comunidades possam representá-las na tela. Ao longo da trama, conhecemos a história desse personagem, bem como a sua relação com seus pais, sendo sua mãe transfóbica que o expulsou de casa cedo, e sua irmã mais nova que o adora e seu pai imigrante chileno que tenta apoiá-lo como pode e decide passar  o tempo com seu filho em Nova York.

Entre encontros e desencontros, Feña acaba reencontrando um ex-namorado e isso põe a prova diversas de suas mudanças enquanto ambos tentam superar o passado, apesar da tarefa ser bem difícil. Logo o filme se transforma em um romance, mas ainda assim, o foco principal se mantém no dia a dia desse personagem que mesmo com as adversidades de sua vida pessoal e amorosa, consegue arranjar formas de ser feliz por ser finalmente seu verdadeiro eu depois de tantos anos. 

NOTA: 9/10

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Sundance 2023 | A Thousand and One


Por Victoria Hope

Em 'A Thousand and One', passando por dificuldades, mas assumidamente vivendo em seus próprios termos, Inez está se mudando de um abrigo para outro em meados da década de 1990 na cidade de Nova York. Com seu filho de 6 anos, Terry, em um orfanato e incapaz de deixá-lo novamente, ela o sequestra para que possam construir sua vida juntos. Com o passar dos anos, sua família cresce e Terry se torna um adolescente inteligente, mas quieto, mas o segredo que definiu suas vidas ameaça destruir o lar que eles construíram de maneira tão improvável.

Em seu impressionante roteiro e direção de estreia, a ex-aluna de Sundance, A.V. Rockwell conta uma história profundamente americana de mãe e filho vivendo um para o outro em uma cidade gentrificada, muitas vezes desinteressada na realidade de suas vidas. Com uma atuação vai definir a carreira de Teyana Taylor como uma mãe ferozmente comprometida em fazer um futuro para seu filho, A Thousand and One é um elegante ode ao poder terrivelmente belo da família como uma âncora em um mundo em constante mudança, tornando-nos quem somos de maneiras que só podemos entender hesitantemente.

O destaque do longa com certeza vai para Teyana Taylor entrega uma performance poderosa no drama A Thousand and One, onde Inez, uma mãe recém liberta da prisão, rapta seu filho Terry do orfanato para criá-lo e recuperar o tempo perdido. Com muita autencidade, o filme é uma homenagem belíssima as mães solo que fazem de tudo para dar a melhor vida possível para seus filhos, mesmo sem apoio de outras pessoas e o terceiro ato entrega um plot twist de tirar o fôlego que põe a prova tudo o que a audiência viu até então. 

NOTA: 9.5/10

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Sundance 2023 | Infinity Pool

 

Por Victoria Hope

Em 'Infinity Pool', James e Em Foster partem para um refúgio de praia all inclusive no estado fictício de Li Tolqa para ajudar com seu bloqueio criativo de escritor. Seus dias de relaxamento são passados ​​em um caro resort completamente isolado da terra ao redor. Enquanto isso, outro casal, Gabby e seu parceiro, Al que também estão passando as férias por lá, encontram a dupla famosa e como a garota é fã do último romance de James, o casal decide passar algum tempo junto com os Fosters. 

Durante o período juntos, ambos casais planejam uma excursão secreta fora do complexo, viagem essa que termina em um acidente fatal que colocará James como culpado, mas para a 'sorte' do escritor, por um preço alto, existem brechas  na ilha para ajudar viajantes estrangeiros condenados por crimes lá, e é assim que James é apresentado pela primeira vez a uma subcultura perversa do turismo hedonista.

O roteirista e diretor Brandon Cronenberg (Possessor, que teve estreia no Sundance de 2020) retorna a Park City com uma nova viagem de ficção científica pelas perversas façanhas de estrangeiros no exterior. Violência esmagadora e horrores surreais perfuram esta sátira sombria de poucos privilegiados, centrada nas performances depravadas de Alexander Skarsgård e Mia Goth.

Infinity Pool / Foto: Sundance

Mia Goth e Alexander Skarsgård apresentam performances excelentes, num trama que anda em círculos, mesmo tempo é hipnotizante. É uma mistura da ultra violência de Laranja Mecânica com a crítica 'eat the rich' de The White Lotus, além de trazer um tantinho de White Bear de Black Mirror.

Sabemos que o filme vai ser pesado quando nos primeiros 20 minutos já nos deparamos com fluídos corporais do Alexander, se é que me entendem. Por alguns momentos os flashes piscando são excessivos, principalmente a quantidade de cenas de nu frontal feminino, em momentos que se prolongam demais e se tornam arrastados porém, no geral a direção de Brandon Cronenberg é bem criativa.

Em tempos onde os exageros das classes mais ricas são temática favorita em várias produções como The Menu ou Triangle of Sadness, o trunfo de Infinity Pool vai para além das orgias (e matanças) dos personagens, apresentando uma trama muito original, mas que vale ressaltar, não é para todos os gostos e definitivamente vai dividir opiniões, mas sem dúvida, os minutos finais são de tirar o fôlego quando as verdadeiras intenções dos personagens são reveladas!

NOTA: 8.5/10

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Sundance 2023 | My Animal

 

Por Victoria Hope

Presa por uma dinâmica familiar opressiva orbitando em torno de sua mãe alcoólatra, mantida à margem do time de hóquei que ela deseja ingressar e aprisionada em sua própria casa a cada lua cheia, Heather luta por sua vida contra as forças constritivas em sua mente em uma pequena cidade do norte.

Mas quando uma patinadora artístico intrigante entra no rinque, a vida, a sexualidade e a personalidade de Heather são finalmente reveladas. Jonny, interpretada por Amandla Stenberg, e Heather, interpretada por Bobbi Salvör Menuez, têm uma química bombástica que se desenrola na tela com muita atitude, estilo e paixão. Longe da típica história de lobisomem, a condição de Heather é uma das muitas razões para seu status de pária, mas felizmente, Jonny fica feliz em se juntar a ela nos momentos mais difíceis.

A diretora Jacqueline Castel traz uma nova profundidade ao mito clássico dos lobisomens com sua abordagem enérgica, deliciosa e romântica em My Animal. Sob a superfície de um drama familiar angustiante, um romance adolescente fumegante e um conto clássico de monstros, Castel reforça esta joia do gênero com um mergulho triunfante rumo a auto-aceitação, 

My Animal / Foto: Sundance

My Animal é o romance queer coming of age que traz uma nova versão do mito dos lobisomens e que o entretenimento tanto precisava. O filme é visualmente maravilhoso, com muitas luzes neon e efeitos strobo, porém alguns momentos da trama poderiam ser desenvolvidas de forma mais ágil. 

Amandla Stenberg, como sempre, encanta e tem ótima química com a excelente estreante Bobbi Salvör Menuez, que interpreta a protagonista Heather. Os olhares e a complexidade da performance da atriz são justamente o que fazem a história crescer e chegar à outro patamar. 

Enquanto acompanhamos o dia a dia de Heather tentando balancear seu dia a dia entre hoquei, controlar sua mãe que perde cada dia mais a sanidade, enquanto ela e seu pai, também lobisomen, tentam controlar suas transformações.

NOTA: 8/10

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Sundance 2023 | Cat Person

 

Por Victoria Hope

Margot, uma estudante universitária que trabalha em concessões de arte em um teatro, conhece o cinéfilo - e um local bastante mais velho - Robert, no trabalho. O flerte no balcão evolui para mensagens de texto contínuas. À medida que os dois avançam em direção ao romance, mudanças entre eles, momentos estranhos, red flags e desconfortos se acumulam. 

Margot sente-se ao mesmo tempo apegada e receossa, enquanto suas hesitações torturantes se transformam em devaneios vívidos, onde Robert percebe seu potencial mais ameaçador. À medida que sua desconfiança e incerteza aumentam, uma noite, seu relacionamento e possivelmente suas vidas se desfazem.

Explorando as dinâmicas do poder, a natureza aterrorizante de algumas áreas cinzentas e a maneira como as mulheres jovens devem equilibrar seus relacionamentos consigo mesmas e com seus amantes, Cat Person é um retrato provocativo do namoro moderno. A diretora Susanna Fogel (co-roteirista de Booksmart) traz essas questões para a tela com uma tensão vibrante que dá um soco na nossa cara, auxiliada por ótimas atuações de Emilia Jones (CODA) e Nicholas Braun (Succession). Inspirado na obra de ficção mais lida já publicada no The New Yorker, o conto “Cat Person” de Kristen Roupenian, o filme continua uma conversa cuja urgência é clara, presente e perigosa.

Cat Person / Foto: Sundance

Baseado no conto de ficção da revista The New Yorker, o thriller Cat Person conta a história de uma atendende de cinema chamad Margot que decide ter um encontro com um dos clientes do local, Robert, um homem de 33 anos, mas o que parece ser o date dos sonhos, rapidamente se torna um verdadeiro pesadelo, mas não da forma que o público espera.

O que acontece quando se assume e espera o pior de um encontro? Margot não sabe do que Robert é capaz, mas o homem nunca faz absolutamente nada para causar desconfiança. É aí que a história tem uma grande virada e subverte o gênero do filme, pois verdadeiro perigo está na vendedora.

NOTA: 7/10

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Sundance 2023 | Rashad Frett inspira com o curta forte e comovente 'Ricky'

 


Por Victoria Hope

Ricky é o emocionante curta metragem live action de Rashad Frett que teve sua estreia nessa semana durante o festival Sundance, que acontece até o dia 29 de janeiro presencialmente em Utah e simultaneamente online. 

O drama conta a história de um ex-detento que após entrar em liberdade, tenta retomar a sua vida aos poucos enquanto busca por um emprego e conexão com o mundo exterior, agora já praticamente desconhecido para o homem que esteve tanto tempo longe de tudo e todos.

Esse é um curta crucial para mostrar a importância de segundas chances, mas também para mostrar que as vezes a vida entra no caminho e as consequências podem ser dolorosas. Com elegência, Rashad Frett trouxe esse curta que definitivamente merece ganhar um longa metragem para expandir a história tão importante desse personagem. 

Durante esse fim de semana, nossa equipe teve a oportunidade de entrevistar o diretor e mergulhar a fundo por dentro da produção e criação de Ricky, bem como pudemos conhecer um pouco mais sobre a mente brilhante que trouxe essa pequena joia rara ao festival. 


Ricky/ Foto: Sundance

Amélie Magazine: Em primeiro lugar, parabéns pelo curta instigante e poderoso sobre algo que afeta a muitos, que é essencialmente ter uma segunda chance. O que te inspirou a contar essa história?

Rashad: A inspiração para este filme veio de conversas com um amigo de infância depois que ele foi libertado de uma longa pena de prisão. Devido à sua ficha criminal, era difícil encontrar trabalho e ele lutava para ficar do lado de fora depois de tantos anos de encarceramento. Ele, junto com alguns de meus colegas que estavam no sistema de justiça criminal e testemunhando suas lutas após a libertação, influenciou o protagonista do meu filme.

Amélie Magazine: Quais foram os maiores desafios de filmagens para 'Ricky'? 

Rashad: O maior desafio foi um grande defeito no guarda-roupa na noite anterior à filmagem principal e uma tempestade de granizo que interrompeu as atividades do nosso set temporariamente.

Amélie Magazine: Como diretor, você poderia nos falar sobre 3 filmes que mudaram sua vida e o inspiraram a dirigir seu próprio projeto?

Rashad: Três filmes que mudaram minha vida foram “Faça a Coisa Certa” de Spike Lee, pois ver um diretor negro que dirigiu uma obra-prima destemida acendeu uma faísca em mim há muitos anos. Ver “O Profissional” de Luc Besson nos cinemas quando jovem me empolgou para saber mais sobre os meandros do cinema e, finalmente, “Onde Fracos Não Tem Vez” que foi crucial, pois é um clássico instantâneo dos irmãos Coen que me levou incentivou a ter uma carreira no cinema para toda a vida.

Amélie Magazine: E como foi o processo de escalação do elenco de 'Ricky'?

Rashad: O processo de casting foi intenso e levei mais de 6 meses para encontrar o elenco certo. Para o papel de Ricky, demorou ainda mais, já que seu papel era tão complexo. Passamos por muitas auto audições, mas finalmente vendo a performance de Parish Bradley, vi algo único que queria explorar um pouco mais. Fizemos três audições com Parish e depois uma leitura química com Maliq Johnson, que interpretou seu irmão, James. A partir de sua conexão instantânea na tela, foi tomada a decisão de escalar Parish como Ricky.

Amélie Magazine: Como diretor, qual seria o seu projeto dos sonhos?

Rashad: Meu sonho é dirigir um filme autobiográfico sobre uma figura influente em nossa comunidade. Além disso, um ótimo filme da Marvel também serve.

Amélie Magazine: Se você pudesse deixar uma mensagem para jovens negros aspirantes a diretores que também sonham em fazer seus próprios filmes e lançá-los em festivais como o Sundance, qual seria?

Rashad: A grande sacada é nunca desistir e, desde que você continue se esforçando, você chegará lá! Acredite em si mesmo, continue criando e aprenda com seus erros porque você só vai melhorar com o tempo.

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Sundance 2023 | You Hurt My Feelings

 

Por Victoria Hope

Em 'You Hurt My Feelings', A romancista nova-iorquina Beth trabalha há anos na continuação de seu livro de memórias de forma bem-sucedida, compartilhando inúmeros rascunhos com seu marido Don, que o aprova e apoia, mas o mundo de Beth rapidamente se desfaz quando ela ouve Don admitir para seu cunhado, Mark, que, na verdade, ele não gosta do novo livro. 

Ela desabafa com sua irmã Sara que décadas de um casamento amoroso e comprometido empalidecem em comparação com essa imensa traição. Enquanto isso, o terapeuta Don enfrenta seus próprios problemas profissionais quando se vê incapaz de se importar ou mesmo de se lembrar dos problemas de seus pacientes infelizes... e eles começaram a perceber.

A roteirista e diretora Nicole Holofcener retorna a Sundance pela quarta vez com um filme inteligente e espirituoso que toca delicadamente as inseguranças, privilégios e narcisismo de seus personagens imperfeitos e bem desenhados. Julia Louis-Dreyfus e Tobias Menzies lideram um elenco uniformemente soberbo e engraçado, enquanto puxam todos ao seu redor para a dúvida de saber se amar alguém também requer amar seu trabalho. Michaela Watkins se destaca como a franca e imperturbável Sara, que administra seu próprio casamento com o sensível ator Mark (interpretado com charme por Arian Moayed), com muito mais habilidade.

O filme é uma delícia de acompanhar e trás aquela dúvida que todo criativo tem sobre a opinião de seu parceiro sobre seu trabalho. Será que as vezes é melhor não saber ou o bom caminho a se seguir é simplesmente aceitar que nem todos os gostos de um casal serão parecidos, aliás, geralmente é isso o que acontece tanto na ficção quanto na vida real.

NOTA: 8.5/10

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Sundance 2023 | Girl

 

Por Victoria Hope

A dupla mãe-filha Grace e Ama estabeleceram um vínculo profundo que as protegeu de estranhos, mas quando elas começam de novo em Glasgow, as coisas começam a mudar. A crescente puberdade e curiosidade de Ama desencadeiam lembranças de um passado do qual Grace, de 24 anos, está fugindo. A reconfortante história de origem, semelhante a um conto de fadas, que Grace conta a Ama há anos é interrompida por flashbacks de seu passado doloroso - seu mundo protegido começa a se desgastar por dentro.

O longa-metragem de estreia de Adura Onashile é uma história impressionantemente delicada sobre trauma e amadurecimento. Onde Grace está atordoada e paralisada fora de seu ninho seguro, Ama floresce, explorando o mundo com a nova amiga Fiona. 

O tratamento compassivo de Onashile com o trauma de Grace adota uma abordagem impressionista, revelando habilmente detalhes suficientes e o retrato de Grace de Déborah Lukumuena é sensível e cativante, enquanto uma câmera íntima e uma trilha sonora aumentam a experiência evocativa das realidades de duelo da dupla. Onashile criou uma história comovente sobre a cura e os sacrifícios dolorosos que às vezes são necessários para amar a nós mesmos e às pessoas mais próximas de nós.

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Tudo em Todo Lugar ao mesmo tempo lidera indicações ao Oscar 2023! Confira a lista completa

 


Por Victoria Hope

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos anunciou nessa terça (24) a aguardada lista de indicados ao Oscar 2023, com alguns esnobados que realmente levantaram sobrancelhas, como por exemplo Viola Davis de Woman King, que pela primeira vez em anos ficou de fora da Premiação, além de Nope do Jordan Peele que não concorreu a absolutamente nenhuma categoria e para fechar, Till, o emocionante biopic sobre Emmet Till também ficou de fora, o que não é muito bom, já que esses títulos com foco em narrativas negras foram completamente ignorados e também vale lembrar que o amplamente elogiado 'Decision to Leave' de Park Chan-wok também ficou de fora das indicações. 

Apesar disso, a academia surpreendeu com algumas ótimas indicações, principalmente a primeira oficial de Stephanie Hsu na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante e a DC mais uma vez concorrendo ao Oscar, dessa vez com Batman, que concorre à 2 categorias, Melhor Som / Canção e Melhores Efeitos Visuais

Os destaques ficam por conta de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, que teve 11 indicações, Nada de Novo no Front, que foi indicado 9 vezes e Os Banshees de Inisherin, também com 9 indicações.

Melhor atriz

Cate Blanchett (Tár)

Ana de Armas (Blonde)

Andrea Riseborough (To Leslie)

Michelle Williams (Os Fabelmans)

Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

Melhor Filme

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Os Banshees de Inisherin

Elvis

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans

Tár

Top Gun: Maverick

Triângulo da Tristeza

Entre Mulheres

Melhor direção

Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)

Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

Steven Spielberg (Os Fabelmans)

Todd Field (Tár)

Ruben Östlund (Triângulo da tristeza)

Melhor ator

Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)

Austin Butler (Elvis)

Brendan Fraser (The Whale)

Bill Nighy (Living)

Paul Mescal (Aftersun)

Melhor roteiro original

Os Banshees de Inisherin

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans

TÁR

Triângulo da tristeza

Melhor roteiro adaptado

Nada de Novo no Front

Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Living

Top Gun: Maverick

Entre mulheres

Melhor ator coadjuvante

Brendan Gleeson (Os Banshees of Inisherin)

Brian Tyree Henry (Causeway)

Judd Hirsch (Os Fabelmans)

Barry Keoghan (Os Banshees of Inisherin)

Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

Melhor figurino

Babilônia

Pantera Negra: Wakanda para Sempre

Elvis

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Sra. Harris Vai a Paris

Melhor curta de animação

The Boy, the Mole, the Fox, and the Horse

The Flying Sailor

Ice Merchants

My Year of Dicks

An Ostrich Told Me the World is Fake, and I Think I Believe It

Melhor curta Live Action

An Irish Goodbye

Ivalu

Le Pupille

Night Ride

The Red Suitcase

Melhor som

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Batman

Elvis

Top Gun: Maverick

Melhor trilha sonora

Nada de Novo no Front

Babilônia

Os Banshees de Inisherin

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans

Melhor atriz coadjuvante

Angela Basset (Pantera Negra: Wakanda para Sempre)

Hong Chau (The Whale)

Kerry Condon (Os Banshees de Inisherin)

Stephanie Hsu (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

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Sundance 2023 | Theater Camp

 

Por Victoria Hope

Em 'Theater Camp', à medida que o verão chega novamente, as crianças estão se reunindo para assistir ao AdirondACTS, um acampamento de teatro desconexo no interior do estado de Nova York que é um paraíso para artistas iniciantes. Depois que sua indomável fundadora Joan (Amy Sedaris) entra em coma, seu filho “cripto-bro” sem noção, Troy (Jimmy Tatro), é encarregado de manter o paraíso teatral funcionando. Com a ruína financeira se aproximando, Troy deve unir forças com Amos (Ben Platt), Rebecca-Diane (Molly Gordon) e seu bando de professores excêntricos para encontrar uma solução antes que a cortina se abra na noite de estreia.

A dupla de diretores estreantes Molly Gordon e Nick Lieberman celebra autenticamente os brilhantes e ligeiramente desequilibrados educadores e os espaços mágicos que permitem que as crianças sejam elas mesmas e encontrem sua confiança, acertando os detalhes depois de experimentar décadas de vida no acampamento. Com um elenco cômico vencedor e criatividade sem limites, Theater Camp usa seu potencial para filme cult diretamente em seus ombros de lantejoulas, presenteando-nos com falas instantaneamente citáveis ​​e personagens fora da casinha e adoráveis ​​no tipo de mockumentary (documentário satírico) que merece aplausos arrebatadores.

Theater Camp é uma homenagem hilária aos fãs de musicais! Na trama, acompanhamos o filho da vriadora de um acampamento teatral ter que tomar as rédeas do local após sua mãe entrar em coma. Ben Platt comanda um time de crianças talentosíssimas para a criação de um musical original!

Muito do humor do filme é voltado à fãs da Broadway então talvez nem todas as referências serão entendidas pelo público em geral, mas mesmo assim, o filme é excelente e vai agradar todas as idades e a boa notícia é que durante o Sundance, o filme já foi adquirido pela Searchlight 

Nota: 10/10

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Sundance 2023 | Talk To Me

 

Por Victoria Hope

Na trama de 'Talk To Me', conjurar espíritos tornou-se a última moda das festas locais e, procurando uma distração no aniversário da morte de sua mãe, a adolescente Mia (Sophie Wilde) está determinada a participar da ação sobrenatural. Quando seu grupo de amigos se reúne para outra sessão com a misteriosa mão embalsamada que promete uma linha direta com os espíritos, eles não estão preparados para as consequências de quebrar as regras por meio de contato prolongado. À medida que a fronteira entre os mundos desmorona e visões sobrenaturais perturbadoras assombram cada vez mais Mia, ela corre contra o tempo para desfazer o terrível dano antes que seja irreversível.

A dupla de cineastas (e irmãos gêmeos) Danny e Michael Philippou, do famoso canal @RackaRacka no YouTube, nos trazem ao reino do pesadelo em seu longa-metragem de estreia, aproveitando ao máximo sua propensão distorcida pelo surreal e grotesco. Misturando sem esforço o arrepio de um conto de fantasmas com as sensibilidades modernas de um thriller de terror para a geração 'Instagram', Talk to Me expõe uma realidade misteriosa onde os mortos vagam assustadoramente perto dos vivos.

Sophie Wilde que interpreta a protagonista é uma grande revelação e entrega os momentos mais tensos e gore da trama. Talk to Me é definitivamente um respiro totalmente original pro gênero do terror, mas resta torcer para que o filme australiano consiga uma distribuição ampla em outros países 

NOTA: 9.5/10

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Sundance 2023 | Bad Behavior

 

Por Victoria Hope

Em 'Bad Behaviour', Lucy busca a iluminação. A ex-atriz infantil faz uma peregrinação para se juntar a seu guru, Elon Bello (Ben Whishaw), para um retiro silencioso em um belo resort nas montanhas com um estacionamento lotado de Teslas. Antes de desligar o telefone para o mundo, Lucy estende a mão para sua filha, Dylan - uma dublê treinando para uma cena de luta perigosa - para interromper sua concentração e anunciar que ela estará indisponível e fora de alcance e que poderá ficar longe por um bom tempo, mas logo percebe-se um mau comportamento entre ambas, que não deixam de trocar farpas ao telefone.  

Quando uma jovem modelo/DJ/influenciadora no retiro se junta a Lucy para fazer um exercício de representação de mãe/filha, o fogo do inferno atiça o mau comportamento de Lucy a um nível surpreendentemente baixo e logo as coisas começam a sair do controle. 

A estreia a diretora Alice Englert oferece um surpreendente, irônico e sombrio desmembramento cômico de uma mulher branca tóxica. Jennifer Connelly está perfeita como Lucy, uma mulher cuja dor sublimada a transformou em um vórtice mortal inevitável. Bad Behavior mostra que expurgar a raiva como estratégia de redenção pode realmente machucar alguém.

Jennifer Connely e Ben Whishaw trazem excelentes performances e vale dizer que Eglert, tem muito a dizer sobre as expectativas da maternidade e a relação entre mãe e filha, mas talvez se a trama tivesse um foco um pouco mais específico, o andamento da história funcionaria mais, já que em momentos da trama, o público é apresentado a diversas outras subtramas e personagens que ao final, acabam não contribuindo muito com o arco de Lucy, a protagonista.

Apesar da premissa muito interessante, o filme não vai a lugar nenhum, pois a trama tem muitas opções de final e não sabe muito bem onde a história deveria terminar, mas outro ponto positivo além das atuações, é o plot twist apresentado próximo ao arco final quando mãe e filha se reencontram.

NOTA: 7.5/10

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Sundance 2023 | Fair Play

 

Por Victoria Hope

[TW: Est*pro]

Logo após seu novo noivado, o próspero casal nova-iorquino Emily (Phoebe Dynevor) e Luke (Alden Ehrenreich) não se cansa um do outro, mas quando surge uma cobiçada promoção em uma empresa financeira implacável, as trocas de apoio entre os amantes começam a se transformar em algo mais sinistro. À medida que a dinâmica do poder muda irrevogavelmente em seu relacionamento, Luke e Emily devem enfrentar o verdadeiro preço do sucesso e os limites enervantes da ambição.

Em sua explosiva estreia, a roteirista e diretora Chloe Domont tece um thriller psicológico tenso, encarando com firmeza a dinâmica destrutiva de gênero que coloca parceiros uns contra os outros em um mundo que está se transformando mais rápido do que as regras podem acompanhar. 

Dynevor (Bridgerton) e Ehrenreich (Han Solo) apresentam atuações impressionantes como um casal cujo romance se torna implacável quando as apostas sobem mais do que as fortunas voláteis de seus clientes. Com precisão aguçada em sua escrita e cinematografia tensa, Fair Play desvenda a desconfortável colisão entre o empoderamento e ego.

Esse thriller psicológico se torna cada vez mais tenso ao passo em que as desavenças 'amigáveis' do casal tomam proporções cada vez mais intensas. O longa desafia o público com a difícil pergunta: Você brigaria com seu parceiro por uma vaga na empresa dos sonhos?

Ambos atores entregam performances incríveis e o comentário social sobre as disparidades de gênero no mercado de trabalho são bem apresentadas, mas é apenas noz minutos finais que o público encara os momentos de maior tensão do longa! Durante o Festival Sundance, Netflix, Neone Searchlight demonstraram interesse em adquirir o título

NOTA: 9/10

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Sundance 2023 | Cassandro

 

Por Victoria Hope

Na cena de luta livre mexicana (lucha libre) de Juárez, no México, o lutador gay Saúl (Gael García Bernal) está cansado de interpretar El Topo, um nanico mascarado indefinido que sempre perde suas lutas. Ele quer ser uma estrela. Sua feroz nova treinadora, Sabrina, sugere que ele desenvolva um personagem exótico - um papel desmascarado e estereotipadamente efeminado que o público adora odiar. 

Mas os exóticos nunca conseguem vencer nesse ramo. Tudo isso muda quando Saúl estreia o extravagante e poderoso Cassandro, que capta a atenção e o carinho da multidão. Mas como a ascensão de Cassandro afetará o relacionamento de Saúl com sua mãe - ainda sofrendo por seu pai ausente - e com Gerardo, o amante secreto de Saúl?

O documentarista vencedor do Oscar Roger Ross Williams (Life, Animated, Festival de Cinema de Sundance 2016) faz sua estreia na direção de ficção com o conto da vida real de Cassandro, o “Liberace of lucha libre”, criando uma história de origem envolvente para um estranho que se tornou estrela improvável. Gael García Bernal incorpora os dois lados distintos de Saúl, capturando tanto seus sentimentos de alteridade quanto a turbulenta personalidade do ringue que abraça e se deleita com suas diferenças.

O filme aborda diversos temas, desde o empoderamento a homofobia tão infelizmente enraizada na cultura latina, surpreendendo ao não cair na armadilha do esteriótipo de filmes tristes relacionados a figuras LGBTQ+ da vida real, mas também não se esquivando de casos de homofobia que ainda acontecem.

A mãe de Cassandro o apoia inteiramente, seu namorado também o apoia e vemos aqui pela primeira vez, uma história queer no esporte ter um final bem feliz tanto na tela quanto na vida real! Fica a torcida para que algum streaming adquira esse filme, pois essa história precisa ser vista.

NOTA: 9/10

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Sundance 2023 | Shortcomings

 

Por Victoria Hope

Ben, um cineasta esforçado, mora em Berkeley, Califórnia, com sua namorada, Miko, que trabalha para um festival local de cinema asiático-americano. Quando ele não está gerenciando um cinema de arte como seu trabalho diário, Ben passa seu tempo obcecado por mulheres loiras indisponíveis, assistindo a DVDs da Criterion Collection e comendo em lanchonetes com sua melhor amiga, Alice, uma estudante universitária de estudos queer com um hábito de terminar namores e já engatar em novos rapidamente, mas quando Miko se muda para Nova York para um estágio, Ben é deixado por conta própria e começa a explorar novas possibilidades.

Com roteiro inteligente e preciso de Adrian Tomine (baseado em sua aclamada história em quadrinhos de mesmo título), o delicioso Shortcomings é a estreia garantida de Randall Park na direção. Expondo uma multiplicidade de identidades asiático-americanas de uma maneira nova e inovadora, o filme está prestes a desafiar o público com seu protagonista Ben - que é cínico e esnobe com uma pitada de charme - interpretado por Justin H. Min. Com sagacidade, humor e uma profunda compreensão de ser um estranho dentro de uma comunidade marginalizada, Shortcomings abrange a complexidade de ser humano, com falhas e tudo mais. 

Na trama, Justin H. Min é o namorado mais chato do mundo em uma trama onde um aspirante a diretor tenta navegar as diversas multitudes da identidade asiática americana. O filme toca de forma sensível e divertida na temática de como a comunidade se une para criar suas próprias narrativas.

O filme provoca diversas temáticas desde criativos que fazem parte de comunidades minoritários, que entram no dilema: Contar histórias reais ou fictícia das dificuldades em ser um imigrante nos Estados Unidos, ou fazer algo diferente e mostrar que a comunidade é mais do que sofrimento à dificuldade de navegar pela vida, amores, encontros e desencontros 

NOTA: 7.5/10

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Sundance 2023 | Fairyland

 

Por Victoria Hope

Em 'Fairyland', após a morte repentina e trágica de sua mãe, a jovem Alysia é desenraizada por seu pai Steve na esperança de recomeçar sua vida. Eles se mudam para a década de 1970 em San Francisco, onde Steve desenvolve sua escrita poética e pessoal e começa a namorar homens abertamente. O estilo de vida boêmio de Steve se choca com as expectativas de paternidade do mundo exterior e da própria Alysia, que ocasionalmente deseja menos da independência que seu pai lhe dá. À medida que Alysia se torna uma jovem à beira da idade adulta, seus laços e deveres um com o outro são testados de maneiras dolorosas e repentinas.

Baseado nas memórias de Alysia Abbott de 2013 e elegantemente contado pelo roteirista e diretor Andrew Durham em seu longa-metragem de estreia, Fairyland é um filme sobre uma família única para a época, mas instantaneamente reconhecível. Os atores Scoot McNairy e Emilia Jones capturam lindamente a complexa mistura de fidelidade, constrangimento e orgulho que fazem parte de qualquer relacionamento pai-filha, mas especialmente um ambientado na San Francisco dos anos 1970 e 1980 com seu legado indelével de perda e amor. O elenco também  conta com nomes de peso como Cody Fern, Adam Lambert e Maria Bakalova. 

Fairyland / Foto: Sundance

Com performances poderosas de Scoot MacNairy (Narcos), Emilia Jones (CODA) e ótimas participacões de Maria Bakalova (Bodies, Bodies, Bodies), Cody Fern (AHS) e Adam Lambert (American Idol), o filme emociona ao tocar em um assunto tão delicado e importante.

Toda a fidelidade do filme para com os visuais de transição do anos 70 aos 80 é excelente, apesar de que o filme não é um documentario, mas sim uma história coming of age de uma adolescente que passa a ser cuidada por seu pai após o falecimento de sua mãe.

É claro que esse é mais um filme de tragédia onde o protagonista LGBTQIAP+ não tem um final feliz, mas nesse caso, como é a reprodução quase exata de memórias da vida real que aconteceram na década de 70 , isso nos relembra quão longo tem sido o caminho para a aceitação e como a desestigmatização de doenças sexualmente transmissíveis, ainda é o primeiro passo para que as pessoas se informem e se protejam

NOTA: 9/10

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Sundance 2023 | Magazine Dreams

 

Por Victoria Hope

Em Magazine Dreams, Killian Maddox mora com seu avô veterano doente, trabalhando obsessivamente entre as consultas de terapia determinadas pelo tribunal e os turnos de meio período em uma mercearia onde ele nutre uma paixão por uma caixa amigável. Embora Killian tenha dificuldade para entender situações sociais e manter o controle de seu temperamento volátil, o que apenas amplifica sua sensação de desconexão em meio a um mundo hostil, nada impede que ele tente alcançar o seu sonho com o estrelato no fisiculturismo e nem mesmo com médicos alertando que ele está causando danos permanentes ao seu corpo, conseguirão impedi-lo. 

O roteirista e diretor Elijah Bynum revela magistralmente a dualidade da existência de Killian, retratando o preço alto de uma pressão auto-imposta para atender a expectativas irrealistas do papel hipermasculino, ao mesmo tempo em que transmite seus esforços genuínos, embora carregados, para cumprir um desejo subjacente de humanidade, que é sem dúvida a conexão. 

Jonathan Majors, em uma performance comprometida de tremenda fisicalidade, personifica de forma poderosa até onde Killian irá em sua necessidade desesperada de ser visto. Magazine Dreams é um filme provocativo que respeita a dignidade de seu protagonista, pois não faz rodeios ao retratar os momentos mais dolorosos física e emocionalmente de sua odisséia sombria.

Em alguns momentos o filme se torna demasiadamente longo e desconfortável, lembrando um pouco do ritmo de Uncut Gems e vale dizer que ambos os filmes se beneficiariam com um corte um pouco maioral. onde você tem a plena certeza que o sonho do protagonista logo vai se tornar um pesadelo, porém, é impossível dizer em que momento. 

O filme toca em diversos assuntos delicados e pertinentes para os dias de hoje como dismorfia corporal, saúde mental, trauma geracional e como a masculinidade tóxica, homofobia internalizada e padrões de beleza inalcançáveis podem afetar de forma irreversível uma menta já destruída. A atuação de Majors nesse trabalho definitivamente vai alcançar algumas indicações nos próximos anos caso algum streaming ou estúdio faça a aquisição do projeto para ampliá-lo. 

NOTA: 9/10

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Sundance 2023 | Still: Michael J Fox

 

Por Victoria Hope

Aos 16 anos, um pirralho do exército pequeno conseguiu um papel aos 12 anos de idade em um programa de televisão canadense. Confiante de que poderia dar certo nos Estados Unidos, ele se mudou para um pequeno apartamento nas subúrbios de Beverly Hills. Três anos depois, ele estava lutando para sobreviver e pronto para recuar. Mas então vieram seus papéis de destaque - Alex P. Keaton na sitcom Family Ties e Marty McFly na trilogia De Volta para o Futuro - e uma superestrela nasceu. Michael J. Fox dominou a indústria durante a maior parte dos anos 1980 e 1990, mas um diagnóstico da doença de Parkinson aos 29 anos ameaçou inviabilizar sua carreira.

A improvável história de Fox soa como o material de Hollywood, então que melhor maneira de contá-la do que através de cenas de seu próprio trabalho, complementadas com recriações elegantes. Dono de uma narrativa própria, o ator conta de forma lúdica sua jornada com intimidade, franqueza e humor. Nas mãos de Davis Guggenheim (Uma Verdade Inconveniente, Sundance 2006), Still revela o que acontece quando um eterno otimista enfrenta uma doença incurável.

Esse documntário é simplesmente um deleite e a ideia de misturar cenas de filmes clássicos do ator para ilustrar momentos cruciais da vida dele, bem como a união do formato de reconstituição de cenas da vida dele com um elenco aliada a cenas do cotidiano dele em meio a fisioterapia e no dia a dia cria um combo excelente e um ótimo twist ao formato de documentários biográficos.

Logo no início o Michael J. Fox diz que não quer que as pessoas sintam pena dele e que não quer também ficar trancado em casa, longe dos olhos das pessoas e esse é o tom que define o filme, pois o ator não tem medo de passar por seus altos e baixos, contato fatos sobre sua vida e carreira que até então eram desconhecidos, desde seu primeiro trabalho como ator mirim a sua última produção antes do parkinson começar a tomar conta de seu corpo. O trabalho que ele faz em conscientizar sobre os sintomas é excelente e serve de alerta para pessoas mais novas que não sabem da possibilidade da doença atingi-los durante a juventude. 

NOTA: 10/10

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