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Continente | Premiado horror gaúcho chega hoje, quinta-feira de Halloween, aos cinemas brasileiros

 

Por Victoria Hope

Nesta quinta-feira de Halloween, 31 de outubro, o aguardado e premiado horror gaúcho “Continente” chega ao circuito exibidor do país, incluindo cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, entre outras. 

Vencedor de Melhor Direção no Festival do Rio pela categoria Novos Rumos, o longa foi produzido pela Vulcana Cinema, com coprodução da Dublin Films, Murillo Cine e Pasto, e tem distribuição assinada pela Vitrine Filmes.

Além de Davi Pretto e de Paola Wink e Igor Verde, que assinam o roteiro ao lado do diretor, grande parte da equipe e elenco também é de Porto Alegre. 

"Diferente de ‘Rifle’ e ‘Castanha’, onde trabalhei apenas com atores locais e atores não profissionais, em Continente quis trabalhar com atores de fora do Rio Grande do Sul para ressaltar a tensão de diferentes tons de estrangeirismos, pertencimentos e heranças que o filme evoca. Há atores do Rio de Janeiro, São Paulo, Argentina e da França. Porém, obviamente há também muitos atores e atrizes gaúchos que formam a alma e força do vilarejo do filme. Muitos deles eu nunca havia trabalhado antes e a marca que eles deixaram no filme me orgulha muito

Silvia Duarte, Hayline Vitória, Anderson Vieira, Marcio Reolon, Cassio Nascimento, Rodolfo Ruscheinsky, Luiz Paulo Vasconcellos e Sirmar Antunes”, conta o diretor. “Sirmar veio a falecer alguns meses depois que filmamos. Soube que nosso longa foi o último que ele fez. Me sinto muito honrado de ter podido conhecer Sirmar e ter trabalhado e aprender com ele. Sirmar era perseverante e incansável no set, tinha uma energia e presença magnética. Vi muitos da equipe emocionados quando fizemos um close de Sirmar, em cena com sua filha no filme interpretada por Ana Flavia Cavalcanti. O cinema gaúcho deve muito a Sirmar."


Continente / Foto: Primeiro Plano

"Continente" teve sua estreia mundial em Munique e participou dos principais festivais de cinema de gênero do México, Portugal e Itália. Também foi exibido na mostra competitiva de Sitges, na Espanha, um dos maiores eventos audiovisuais de terror e fantasia do mundo. 

O filme traz uma narrativa distópica que mescla drama e terror, onde depois de 15 anos fora do país, Amanda, interpretada por Olivia Torres, volta à fazenda onde cresceu para reencontrar seu pai, que entrou em estado de coma, sem esperanças de retorno à consciência. Com o apoio de seu namorado francês, Martin (Corentin Fila), Amanda chega ao vilarejo remoto, no sul do Brasil, em meio a uma crescente tensão entre os trabalhadores da terra. A única médica da região, Helô, vivida por Ana Flavia Cavalcanti, faz o que pode para cuidar dos moradores, mas quando o dono da fazenda vem a óbito, um antigo acordo entre o povoado e o proprietário gera uma perturbadora reação coletiva da população.

O longa é uma coprodução entre Brasil, França e Argentina, e contou com o apoio do Berlinale World Cinema Fund, iniciativa da German Federal Cultural Foundation, em parceria com o Festival Internacional de Berlim, para estimular a produção e distribuição de filmes estrangeiros. O lançamento de “Continente” integra a Carteira de Projetos da Vitrine Filmes, aprovada no Edital de Distribuição de Produção Audiovisual da Lei Paulo Gustavo no Estado de São Paulo.

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Mostra de SP 2024 | Conheça os filmes vencedores da 48ª edição

 

Por Victoria Hope

A 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo realizou na noite desta quarta-feira, 30 de outubro, a cerimônia de encerramento do evento no Espaço Petrobras, na Cinemateca Brasileira. 

Com apresentação de Renata de Almeida e Serginho Groisman, a solenidade realizou a entrega dos prêmios desta edição, entre eles o Prêmio Leon Cakoff para o cineasta Francis Ford Coppola, que estava presente no evento. A premiação foi seguida da exibição do filme mais recente do diretor americano, Megalópolis.

Veja abaixo a lista completa dos títulos premiados:

PRÊMIO DO JÚRI

Os filmes da seção Competição Novos Diretores mais votados pelo público foram submetidos ao Júri, formado nesta edição pela atriz brasileira Camila Pitanga, pelo ator e cineasta português Gonçalo Waddington, pela curadora e produtora Hebe Tabachnik, pelo produtor Kyle Stroud, pelo diretor e escritor iraniano Mohsen Makhmalbaf e pelo crítico de cinema francês Thierry Meranger.

Os jurados escolheram Familiar Touch, de Sarah Friedland, e Hanami, de Denise Fernandes, como os melhores filmes de ficção. Como melhor documentário, premiaram No Other Land, de Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham, e Sinfonia da Sobrevivência, de Michel Coeli. Também concederam o prêmio de melhor direção para Adam Elliot, do filme Memórias de um Caracol.

PRÊMIO DO PÚBLICO

O público da 48ª Mostra escolheu, entre os longas internacionais, O Caso dos Estrangeiros, de Brandt Andersen, como melhor filme de ficção, e Balomania, de Sissel Morell Dargis, como melhor documentário. Entre os brasileiros, Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, recebe o prêmio de melhor ficção, e 3 Obás de Xangô, de Sérgio Machado, o de melhor ficção.

A escolha do público é feita por votação. A cada sessão assistida, o espectador recebe uma cédula para votar com uma escala de 1 a 5, entregue sempre ao final do filme. O resultado proporcional dos filmes com maiores pontuações determina os vencedores.

PRÊMIO DA CRÍTICA

A imprensa especializada que cobre o evento e tradicionalmente confere o Prêmio da Crítica também participou da premiação elegendo Manas, de Marianna Brennand, como melhor filme brasileiro, e Levados Pelas Marés, de Jia Zhangke, como o melhor longa entre os estrangeiros.

PRÊMIO DA ABRACCINE

A Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema também realiza tradicionalmente uma premiação que escolhe o melhor filme brasileiro. Neste ano, o eleito foi Intervenção, de Gustavo Ribeiro

PRÊMIO NETFLIX

Pela segunda vez, a Netflix vai entregar um prêmio no festival, que será concedido a um filme brasileiro participante da Mostra deste ano que ainda não tenha contrato com um serviço de streaming. O longa premiado nesta 48ª edição foi Serra das Almas, de Lírio Ferreira.

PRÊMIO PARADISO

O prêmio do Projeto Paradiso Mostra dá apoio à distribuição nos cinemas a um dos filmes da seção Mostra Brasil que recebeu maior votação do público. O aporte serve para complementar a distribuição da obra nas salas de cinema brasileiras e ajudar a sua estreia nas telas nacionais. Neste ano, o Prêmio Paradiso foi concedido ao filme Malu, do diretor Pedro Freire.

PRÊMIO BRADA - Prêmio de Melhor Direção de Arte

O Coletivo de Diretoras de Arte do Brasil premia pela terceira vez na Mostra o trabalho de um diretor de arte que tenha se destacado no festival. Neste ano, Mathé recebe o prêmio pela Direção de Arte pelo seu trabalho no filme Hanami, de Denise Fernandes.

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Mostra de SP 2024 | Clube das Mulheres De Negócios

 

Por Victoria Hope

Inicio essa crítica dizendo que "O Clube das Mulheres de Negócios" acaba de entrar no meu ranking de filmes favoritos da Mostra de Cinema Internacional de 2024. O novo filme de Anna Muylaerte retrata a crise do patriarcado, ambientado em um mundo imaginário onde os estereótipos de gênero estão invertidos, ou seja, as mulheres ocupam as posições de poder enquanto os homens são criados para serem socialmente submissos. 

Questões emergentes também são abordadas, não apenas do machismo, mas o racismo, do classismo e da corrupção, enraizados na cultura patriarcal do Brasil e do mundo. Estrelado por grandes nomes da TV e da comédia brasileira, o longa aborda temas extremamente relevantes como patriarcado, corrupção, a influência de bancadas religiosas na política e assédios.

"O Clube das Mulheres de Negócios", escancara o absurdo que muitas mulheres sofrem diariamente, só que aqui é ao contrário, já que as mulheres dominam o mundo, desde a política à todas as outras esferas de poder de decisão na vida de todos os brasileiros.

O Clube das Mulheres de Negócios / Foto: Vitrine Filmes

De forma brilhante, o filme escancara as disparidades de gênero e como diversas atitudes retrógradas por parte da comunidade masculina, são normalizadas e não deveriam ser. Hora em momentos de comédia, hora em momentos que vão fazer seu sangue ferver de ódio, o filme questiona o porquê da sociedade aceitar certos comportamentos.

A quem interessa manter o status quo? Essa é uma das principais perguntas lançadas pelo filme e ao passo em que a história se desenvolve, fica cada vez mais nítida a verdadeira mensagem que o filme quer passar e apesar do ritmo se perder um pouco na metade do segundo ato para o terceiro, aos poucos o filme ganha fôlego novamente, principalmente quanto as 'vilãs' da história começam a sofrer as consequências de seus atos.

Com atuações hilárias e poderosas do elenco, essa distopia não tão distante da nossa realidade, mostra como enquanto sociedade, não podemos deixar que o patriarcado persista em espalhar seus tentáculos em toda nossa história. É um filme que irá lavar a alma de muitos.

NOTA: 9/10

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Mostra de SP 2024 | O Banho do Diabo

 

Por Victoria Hope

Abro essa crítica de "O Banho do Diabo", dizendo que nunca senti uma sensação tão ruim ao sair de uma sala de cinema e isso não é uma crítica, pois demonstra o quão efetivo é "O Banho do Diabo" novo longa de  baseado em relatos históricos sobre os horrores da vivência dos papéis de gênero, principalmente feminino, sob a pressão do patriarcado durante o sacro império austríaco, no século XVIII.

Os diretores e roteiristas austríacos Veronika Franz e Severin Fiala (Boa Noite, Mamãe) retornam com mais um horror psicológico que nos faz revirar de pavor, com uma trama necessária sobre os papéis que as mulheres tem sido submetidas ao longo dos séculos.

Na trama, conhecemos Agnes (Anja Plaschg), uma jovem radiante e muito feliz com seu dia de casamento, mas tudo muda quando ela finalmente vai morar com o marido e percebe que sua sogra não é tão fã de sua presença e que até mesmo sua aldeia não a admira, conforme o tempo passa e ela é não consegue engravidar, já que seu marido não quer se deitar com ela e obviamente, naquele período, toda a culpa  e ódio cai em cima da esposa.


O Banho do Diabo / Foto: Mostra Internacional de Cinema

Conforme o tempo passa, Agnes, outrora animada e feliz, aos poucos vai se tornando cada vez mais depressiva, apática e sem esperança, cada vez que sua sogra a critica e cada vez que seu marido se recusa a tocá-la. Ela é mais uma das mulheres que são sujeitas às regras do patriarcado, em uma época onde ou a esposa dava filhos ao marido ou era colocada de lado e tratada como uma pária naquela sociedade. Qualquer semelhança com o presente de muitas mulheres, não é mera coincidência. 

O Banho do Diabo é efetivo não apenas pelo figurino w pela brilhante atuação de Anja, que já se consagra como uma das melhores atrizes do ano, mas pela atmosfera e trilha extremamente fiel à época retratada e pelo realismo das cenas de gore, que são tão reais, que parecem literalmente estar acontecendo de verdade e é a partir desse ponto que o verdadeiro desconforto começa, pois em alguns momentos, parece que estamos vendo um filme snuff, tamanho  realismo dos efeitos práticos e das maquiagens.

Enquanto Agnes se perde em meio a tristeza, que pouco a pouco se torna loucura, coisas estranhas começam a acontecer naquela vila e a raiva e ira tomam conta, causando um dos finais mais impactantes e assustadores que o público fã de terror folk já viu. Não é um filme para se assistir mais de uma vez, mas pode ter certeza que a primeira será suficiente para cravar imagens de dor na sua mente por um bom tempo.  

NOTA: 9/10

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Mostra de SP 2024 | Entrevista com Kyle Stroud, produtor de O Brutalista, Harvest e Eephus

 

Por Victoria Hope

Kyle Stroud, fundador da Carte Blanche, produtora reconhecida por desenvolver roteiros e combiná-los a elencos e a criadores notáveis, esteve presente na Mostra Internacional de Cinema como parte do Júri, além de trazer três filmes para o festival, sendo eles O Brutalista, da A24, que recentemente foi Vencedor na categoria de Melhor Direção no Festival de Veneza, Harvest  e Eeephus!

O primeiro longa-metragem produzido por Stroud foi “Em Busca da Vitória” (2019), de Reza Ghassemi e Adam VillaSeñor e apesar de ter iniciado a carreira como produtor recentemente, já tem um portfólio repleto de produções de destaque, como “Roving Woman” (2022), dirigido por Michal Chmielewski e com produção executiva de Wim Wenders, “Knight of Fortune” e muitos outros

Durante a cobertura da 48ª edição da mostra, nossa equipe teve a chance de falar sobre cinema com o diretor e conhecer um pouco mais sobre os três projetos que ele trouxe neste ano em que visitou o Brasil pela primeira vez.

Amélie: Como é estar aqui no Brasil para sua primeira Mostra Internacional de Cinema em São Paulo?

Kyle: *Risos* Bem, sabe, eu acabei de chegar na cidade, ainda não tive muito tempo de explorar, então eu mal pousei e já vim diretamente para o Festival assistir aos filmes, principalmente porque esse ano faço parte do júri, então estou bem animado. Vou ficar no Brasil por mais de um mês, então estou curioso para conhecer mais coisas

Amélie: Falando em filmes, quais são três títulos que todos apaixonados por cinema precisam assistir pelo menos uma vez?

Kyle: Boa pergunta! Eu amo "Paris Texas" de Wim Wenders, é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos e é de quebrar o coração. Eu também amo "Stalker" de Andrei Tarkovski, amo muito e talvez, "Werckmeister Harmonies" de Béla Tarr e Agnes Hranitzky.

Amélie: Você trouxe três filmes para a Mostra este ano, sendo eles, O Brutalista, Harvest e Eeephus. Com isso em mente, quais são seus elementos favoritos em cada um desses títulos tão diferentes?

Kyle: Eles são todos tão distintos e projetos de arte bem singulares. "O Brutalista", por exemplo, é um enorme épico, filmado em 70 mm, foi feito de forma independente, impresso em um filme de 70 mm mesmo e essa foi a versão exibida em Veneza e quando ele for lançado oficialmente, terá mais algumas cópias em 70mm, mas além dessa parte técnica, eu acho que é uma baita carta de amor ao cinema, dos tipos de filmes que não temos mais hoje em dia; 

Realmente traz a sensação de um épico, com uma intermissão, cartões de títulos, assim como os grandes clássicos, sabe? Agora, Harvest é um filme de Athina Rachel Tsangari e esse é o primeiro filme não-grego dela. Ele foi filmado na Escócia e tudo aquilo foi criado do zero, toda a vila e todos os cenários foram construídos exclusivamente para o longa e também temos Sean Price Williams como diretor de Fotografia, ele fez Good Time, da A24, o que também foi interessante.

Athina queria criar um personagem que parecesse ter saído diretamente dos anos clássicos e aqui ele foi interpretado pelo Caleb Landry Jones e o personagem dele aqui é meio 'odiável'., quase não tem qualidades que outros admiram. Ele é meio covarde e por incrível que pareça, eu me identifico com ele, não no sentido da covardia, mas esse personagem meio 'estranho', isso eu consigo relacionar *risos*

Mas falando sério, o personagem dele é fascinante e Caleb é um ator tão fantástico e dentre todos os personagens do filme, ele é justamente aquele que não tem características heróicas, assim como os outros, então você meio que acompanha ele e as outras pessoas como se fossem indivíduos em meio ao caos.

E por fim falamos de "Eephus". Esse filme é dirigido pelo Carson Lund e ele faz parte de um coletivo chamado Omnes Films, o que é bem interessante. O orçamento para os filmes é pequeno, mas agora eles estão procurando por novos títulos também para financiar através do coletivo. É algo muito legal, porque todos eles são diretores muito novos de New England, mas alguns também são de Los Angeles, enfim, eles são alguns dos maiores cinéfilos que você irá conhecer, são completamente apaixonados por filmes, ou seja, eles praticamente comem, dormem e respiram cinema *risos*

E com "Eephus", Carson queria criar algo diferente e pra mim me lembra algo bem reminiscente de Linklater, sabe? Da forma em que você não tem um protagonista central, então você meio que se sente como uma mosca na parede, observando tudo o que está acontecendo com esses personagens e mais uma vez, esse é o tipo de história que não vemos tanto mais hoje em dia, onde você não precisa ficar seguindo um único protagonista e sim onde observa o grupo inteiro de personagens muito interessantes, então nos identificamos com suas ansiedades e seus medos e tipo, eu não sou fã de esportes, mas mesmo assim achei muito com o que me identificar em relação a esses personagens e as realidades deles. Nesse filme, você vê muitas pessoas que com certeza já conheceu na vida real!


Harvest / Foto: Mostra de Cinema Internacional

Amélie: Digamos que você tem o poder de viajar no tempo. Se pudesse encontrar o pequeno Kyle, o que diria para ele. E outra coisa, ele acreditaria que você trabalha com filmes hoje?

Kyle: Definitivamente não acreditaria! *risos* Eu abandonei a faculdade de Cinema, duas semanas antes da minha formatura. Eu estava dirigindo meu primeiro curta da minha tese e eu estava já em produção, com elenco completo e já tinha filmado quase tudo. Eu tinha três dias restantes e um amigo meu havia sido financiado completamente, com um filme sobre boxe, então, eu tinha oportunidade de terminar meu filme, mas aí apareceu essa oportunidade incrível de produzir esse projeto  de longa metragem do meu amigo, o que pareceu uma oportunidade incrível.

Acreditei nele e acreditei nesse filme e na direção dele e a na codireção de outro amigo nosso e esse foi o meu salto e dali eu comecei a ser recomendado pra produzir outro filme e depois outro filme e por aí vai, gosto de dizer que fui como um Tarzan de galho em galho *risos* sendo os galhos, os projetos que foram aparecendo. então depois de dizer tudo isso, eu acho que diria para o meu eu mais novo: Não desiste, continue seguindo em frente. Faça as coisas que te dão medo, como por exemplo, uma vez conheci Brady Corbet na festa da A24 e eu fiz contato com ele por lá dizendo diretamente que eu queria trabalhar com ele e que eu queria trabalhar com "O Brutalista"e eu consegui essa oportunidade.

O mesmo aconteceu com "Harvest"; eu gosto de contatar as pessoas com as quais eu adoraria trabalhar nos projetos, esse contato cara a cara é muito importante, por isso é preciso não ter medo, então eu diria isso pra o pequeno eu. 

Amélie: Se pudesse dar um conselho para pessoas aspirantes que sonham em trabalhar na indústria cinematográfica, qual seria?

Kyle: Vou comentar o que disse durante um Festival de Los Angeles na semana passada, você precisa botar a cara no sol. Você precisa aparecer, é importante sim escrever seu roteiro e continuar criativo e botar a mão na massa, mas mais importante do que isso, é ser sociável, conhecer pessoas novas. Você precisa sim ter ambas habilidades, tanto a social quanto a criativa para se encontrar no local certo, na hora certa e colocar sua arte na frente das pessoas certas.

E o básico, é claro, assista filmes, estude cinema, não fique apenas no superficial. Continue trabalhando no seu projeto, mas também não seja muito precioso com seu trabalho. Eu sei que é difícil, mas deixe as pessoas experientes mexerem no seu trabalho, aceite conselhos e não acredite que sabe tudo. Seja humilde, mas também continue fiel a sua ideia, mas saiba dividir com as pessoas certas. 

Eu vou para o Festival de Cannes ou Sundance, por exemplo, mesmo quando não tenho nenhum filme para lançar, porque eu adoro conhecer pessoas novas, projetos novos e me conectar com novas pessoas que podem, mais pra frente render parcerias. Como produtor, isso é muito importante para mim, eu preciso estar onde as mentes criativas estão e preciso conhecê-los. 

Lá nos festivais você pode encontrar diretores para seus projetos, atores, roteiristas ou quem sabe, até mesmo financiadores. Mandar emails frios não leva a lugar algum, agora, criar conexões genuínas com outras pessoas nesse ambiente de festivais, é o que vai fazer seu projeto acontecer de fto.

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Mostra de SP 2024 | Jeffrey St. Jules, diretor de O Planeta Silencioso, fala sobre choque geracional, perdão e sonhos

 

Por Victoria Hope

Ainda na nossa cobertura da 48º edição da Mostra de São Paulo, nossa equipe teve a oportunidade de entrevistas Jeffrey St. Jules, diretor de cinema e roteirista canadense, que ganhou o Prêmio Claude Jutra em 2015 por seu longa-metragem de estreia Bang Bang Baby e o filme também ganhou o prêmio de Melhor Primeiro Longa-Metragem Canadense no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2014.

Foi o primeiro cineasta do Canadá selecionado para a residência artística do Festival de Cannes, onde desenvolveu seu longa-metragem de estreia, “Bang Bang Baby” (2014), que, posteriormente, venceu o também o prêmio de melhor filme canadense no Festival de Toronto. Também dirigiu o longa “Cinema of Sleep”, em 2021.

Em seu novo drama sci-fi "O Planeta Silencioso", que fez parte da programação oficial da Mostra desse ano, o diretor explora temas como solidão, a importância do perdão a importância de não esquecer, mas sim ressignificar o passado para seguir em frente no presente.

Amélie: Durante o debate pós-estreia de "O Planeta Silencioso" na Mostra de SP, você falou que já se pegou imaginando como seria morar no espaço isolado. Essa foi sua principal inspiração para o filme?

Jeffrey: Realmente, não foi um sonho, mas foi mais como uma fantasia, sabe? Eu acredito que tem muito a ver com escape, sabe? Acredito que essa seja a principal fantasia, se isolar do mundo quando estiver irritado ou quando quiser paz. Sempre fantasiei com isso de viver sozinho em um outro planeta, parece ser algo muito interessante *risos* Mas é claro que na hora, eu não pensei o quão solitário e devastador isso seria e é exatamente por esse processo que o protagonista do filme está passando, a realização de que a solidão o assola.

Claro que todos nós vez ou outra queremos fugir de tudo e todos e nos isolarmos, então essa fascinação minha por esse tema, foi o que me levou a escrever "O Planeta Silencioso". Quando eu era pequeno, inventei esse planeta diferente e eu inventava histórias dizendo que eu era de lá, era hilário.

Amélie: E o pequeno Jeffrey, que sonhava em viajar para um planeta isolado, o que ele acharia de você hoje?

Jeffrey: *Risos* Minha nossa, eu não seis e o meu eu criança iria querer falar comigo. Mas isso é muito interessante, não é? O que eu gostaria que meu eu mais novo soubesse? Hmmm, acho que eu faria o mesmo que faço com meu filho! Sabe, quando converso com ele, eu sempre faço questão de reforçar para ele que existe um mundo para muito além do que ele imagina; a vida é mais do que escola e lições, então eu costumo dizer pra ele não levar tudo muito a sério, essa era um conselho que eu adoraria ter tido quando mais novo.

E é claro, o meu eu pequenino não acreditaria que eu sou um diretor hoje *risos*. Eu sempre quis trabalhar com filmes, mas isso era algo muito distante, já que eu não cresci com muitas influências assim na vida, então acho que parte de mim até acreditaria um pouquinho, mas para a outra parte, isso seria inimaginável.

Amélie: Quais são os três diretores que o inspiram até hoje?

Jeffrey: Começando desde o meu primeiro filme, minha maior inspiração era o David Lynch, porque foi a primeira vez que notei que não precisava seguir todas as regras para explorar histórias diferentes. eu também sempre gostei  do filme "Os Guarda-Chuvas do Amor", porque toda a emoção que ressoa nele é inspiradora. Jacques Demy trouxe esse musical para a 'vida real' nessa história e isso me tocou porque era uma fábula sobre a vida e enfim, eu tenho muitos diretores que me inspiram e recentemente eu assisti aquele filme fantástico chamado "I Saw the TV Glow" de Jane Schoenbrun e esse filme me encantou muito.

Amélie: Falando em inspiração, em O Planeta Silencioso, vimos dois personagens extremante diferentes tendo que conviver. Essa foi sua ideia inicial?

Jeffrey: Exato, eu queria que eles fossem duas pessoas de ambientes completamente diferentes, pessoas que no mundo real jamais se conectariam porque não tem absolutamente nada em comum, sabe? Eu queria que fosse mesmo mais difícil para eles se conectarem, o choque geracional era necessário.

Amélie: E a personagem Niyya quer a todo custo se distanciar ainda mais de Theodore e isso vai além da diferença de idades, certo?

Jeffrey: Isso! Niyaa foi criada por alienígenas, então ela tem essa espécie de auto ódio da própria raça dela, que é humana, porque por mais que ela tenha sido criada por aliens, ela é essencialmente humana, assim como Theodore. Ela odeia os humanos pelo que eles fizeram com a família dela, mas ela não pode s esquecer que ela também é igualzinha aos humanos que ela tanto despreza, então ela tem essa dificuldade em aceitar a própria humanidade dela, mas aos poucos, bem aos poucos, ela vai aceitando essa parte de si mesma.

Amélie: Qual foi o maior desafio durante as filmagens?

Jeffrey: Tudo o que acontece dentro da mina, porque de última hora, tivemos que mudar o planejamento do que fizemos no primeiro dia e nós tínhamos que filmar muitas coisas ainda, mas não estávamos mais juntos, então essa não foi a melhor forma de começar tudo, mas aí quando fomos para o estúdio gravar o interior, aí foi muito legal, mas o início foi realmente desafiador. 


O Planeta Silencioso / Foto: Mostra Internacional de Cinema

Amélie: Se você pudesse dirigir uma nova história, um projeto com temática que você ainda não explorou, qual seria?

Jeffrey: Em termos do que vou fazer agora, após esse projeto, eu sempre dirijo projetos que vão para o lado da fantasia e que são desconectados da vida real, mas é claro que sempre existe uma conexão emocional ali, assim como na vida real, para mim pessoalmente, porém, o mundo precisa ser algo totalmente descolado da realidade.

Então estou desenvolvendo esse outro projeto agora, baseado no folclore local passado pela minha família e inspirado por histórias que crescemos ouvindo na minha família, que é um povo de cidade pequena lá no Canadá e vai ser um filme de época, mas ainda estou trabalhando nele, então ainda não tenho nada muito concreto ainda, mas sei que quero algo bem voltado ao surrealismo e que explore minhas raízes e origem.

Amélie: Você se identificou com algum dos personagens de O Planeta Silencioso? É mais Theodore ou Niyaa?

Jeffrey: *Risos* Eu sinto que na verdade me identifico com os dois e me vejo em ambos de formas bem distintas. A forma determinada que Niyaa começa sua missão, me lembra muito das atitudes que eu teria se estivesse no lugar dela e ela é meio dura com ela mesma, assim como eu sou e eu me identifico com o Theodore porque as vezes eu gosto de escapar para o mundo da fantasia da minha cabeça e me isolar, então eu me conecto com os dois.  Sou uma amalgama de Theodore e Niyaa!

Amélie: Três palavras definem "O Planeta Silencioso"?

Jeffrey: Eu gosto muito da palavra comunidade, é sobre ter uma conexão e se conectar com o outro. A segunda seria autoaceitação. Se encarar e se aceitar, é importante e não acreditar nas coisa horríveis que sua mente diz sobre você mesmo, é o primeiro passo e talvez Perdão? Se perdoar, mas o perdão não é algo individual, pois a pessoa, para se perdoar, muitas vezes conta com a validação de outra, como no caso de Theodore, porque é assim que nós somos como humanos. Nós buscamos validação do outro o tempo inteiro, então acho que essas são as palavras que definem bem o filme. 

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Interior Chinatown | Disney + revela trailer e pôster de nova minissérie que chega em novembro no streaming

 

Por Victoria Hope

O Disney+ apresenta o trailer e o pôster de Interior Chinatown, a nova minissérie estrelada por Jimmy O. Yang, Ronny Chieng e Chloe Bennet. A novidade conta com a produção executiva de Taika Waititi, que também dirige o primeiro episódio, e Charles Yu, que também é o criador e showrunner da série. Os dez episódios da minissérie estreiam em 19 de novembro exclusivamente no Disney+ na América Latina.

Baseada no premiado livro “Interior Chinatown” de Charles Yu, a minissérie acompanha a história de Willis Wu, um ator que trabalha como personagem secundário em uma série policial chamada Black & White. Tendo apenas esse pequeno papel, Willis intercala seu trabalho na tela com o de garçom, sonhando com um mundo além de Chinatown. Quando de repente se torna testemunha de um crime, Willis começa a desvendar uma rede criminosa em Chinatown, a história enterrada de sua família e descobre o que significa estar sob os holofotes.

Veja o trailer abaixo:





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Mostra de SP 2024 | O Planeta Silencioso

 


Por Victoria Hope

No drama sci-fi "O Planeta Silencioso", de Jeffrey St. Jules. sentenciado à prisão perpétua, Theodore cumpre a pena isolado em um planeta silencioso. A cada dia que passa, as memórias que ele tem da Terra ficam mais nebulosas. 

Quando uma nova prisioneira, Niyya, chega por ali, Theodore fica animado por finalmente ter uma companhia, no entanto, ela só quer ser deixada em paz. Persistente, o detento consegue se aproximar, mas uma lembrança perdida retorna: seu verdadeiro nome pode ser Nathan Flanagan, o mesmo nome do soldado que matou a família de Niyya quando ela era criança. 

A partir daí, a trama se desenvolve com base nas diferenças culturais, sociais e até mesmo etárias entre os personagens, trazendo essencialmente diversas perguntas, incluindo a questão de a fim de se perdoar pelos erros do passado, pessoas precisam do apoio das outras, do contrário, sua validação é nula, ao menos essa é a temática que o diretor explora nessa pequena gema.


Ao longo da trama, vemos Nivya pressionar Theodore para ele se lembrar do que fez, e o homem mais velho suspeita que ela possa estar intencionalmente manipulando suas lembranças. A paranoia toma conta do lugar, e os dois decidem que a única chance de sobrevivência é matar um ao outro, o que desencadeia uma batalha na paisagem assustadora do planeta silencioso.

Com atuações excelentes e efeitos especiais muito interessantes, quando se leva em conta o orçamento, o filme é quase como "O Farol" versão sci-fi no sentido de dois personagens extremamente distintos, de gerações diferentes tendo que conviver, mesmo que uma das partes não queira, mas ainda assim o longa se mantém extremamente original.

A questão do perdão e da revisitação do passado é um tema muito relevante, principalmente quanto se fala em isolamento, afinal, humanos foram feitos para viver em comunidade, logo, o caminho mais claro a se seguir para os personagens, é a busca por essa conexão, que é o que faz de todos nós humanos de carne, osso, sentimentos, ira, felicidade, anseios e sonhos. 

NOTA: 7.5/10

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Mostra de SP 2024 | Um Homem Diferente

 

Por Victoria Hope

Na nova dramédia da A24 "Um Homem Diferente", Edward (Sebastian Stan) é um aspirante a ator que passa por um procedimento médico radical para transformar sua aparência, mas esse tão sonhado novo rosto logo se transforma em pesadelo, à medida que ele não consegue o papel para o qual nasceu para desempenhar e passa a ficar obcecado em recuperar o que foi perdido.

É incrível como no mesmo ano em que  "A Substância" trouxe ao público uma visão sobre a dismorfia corporal feminina, "Um Homem Diferente" vem justamente para ser um acompanhamento, relacionado a dismorfia masculina e suas ramificações.

Sebastian Stan é uma força da natureza nesse filme, o que lhe rendeu o Urso de Prata no Festival de Veneza desse ano, mas é claro que Adam Pearson está tão excelente quanto o protagonista, entregando comédia na medida certa com seu típico humor ácido britânico.


Um Homem Diferente / Foto: A24

Na trama, é nítido perceber que a questão de Edward não é apenas o fato dele ser uma pessoa com deficiência física, no caso dele, a neurofibromatose, que fez com que tumores não cancerígenos crescessem no tecido nervoso, mas também o fato dele ser uma pessoa muito introvertida e se odiar tanto a ponto de imaginar pessoas com repulsa dele. 

A escolha de trazer Adam Pearson, ator que possui neurofibromatose tipo na vida real, foi muito acertada, não apenas para falar sobre a importância do respeito e anti-capacitismo, como também para mostrar como dar oportunidades para pessoas com deficiências visíveis ou invisíveis no mercado é essencial. 

Ao longo da história, nota-se que mesmo mudando a aparência após um experimento inédito, Edward continua o mesmo rapaz amargurado e que se amargura ainda mais ao ver que o outro homem que tem a mesma deficiência dele, é aclamado, amado por todos, talentoso e absolutamente tudo o que ele sonha ser.  

É muito interessante o lado da dismorfia masculina, pois aqui, a pressão estética maior vem por parte do próprio protagonista, enquanto para Elizabeth Sparkle, de A Substância, sua dismorfia vem na verdade das expectativas que toda a sociedade, principalmente os homens, colocam sobre mulheres, então definitivamente, um filme complementa o outro, mostrando que o terror corporal é muito mais do que apenas choque e sim, tem uma mensagem muito importante social sobre aceitação ou não aceitação por trás. 

NOTA: 9.5/10

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Selvagens, animação do indicado ao Oscar Claude Barras, integra programação do 15º Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Exibida no Festival de Cannes deste ano em sessão especial, a animação “Selvagens” chega ao Brasil no 15º Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre entre 7 e 20 de novembro nos cinemas de todo o país. O longa-metragem reafirma a tradição do evento de sempre programar um filme destinado a toda a família. 

Na trama do inédito “Selvagens” – que poderá ser visto somente nas salas de cinema durante o Festival Varilux -, ambientada em Bornéu, no limiar de uma floresta tropical, a personagem Kéria acolhe um filhote de orangotango. 

Ao mesmo tempo, seu jovem primo Selaï se refugia na casa deles para escapar do conflito entre sua família nômade e as empresas madeireiras. Juntos, Kéria, Selaï e o macaquinho vão lutar contra a destruição da floresta ancestral, que está mais ameaçada do que nunca. O longa-metragem é distribuído pela Bonfilm e tem direção de Claude Barras, indicado ao Oscar por “Minha Vida de Abobrinha” (2016). 

Confira o trailer oficial:



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Premiado em San Sebastián, A Fanfarra, de Emmanuel Courcol, terá estreia mundial no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Vencedor do prêmio de público do Festival de São Sebastián, encerrado no último dia 28 de setembro, a comédia dramática “A Fanfarra”, de Emmanuel Courcol, faz sua estreia mundial no Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre entre 7 e 20 de novembro. Na França, a obra só chega aos cinemas no dia 20, tendo sido exibido ainda no Festival de Cannes.

Distribuído no Brasil pela Bonfilm, o longa traz a história de Thibaut, um maestro de renome internacional e seu irmão Jimmy. Com pouca coisa em comum, o que os une é o amor pela música. O filme oscila entre momentos cômicos e emocionantes protagonizados pelos atores e músicos Benjamin Lavernhe, Pierre Lottin e Sarah Suco. 

Se o filme for tão comovente como espero, é graças à emoção e humanidade dos personagens com os quais nos identificamos. É ver gente generosa em ação, apesar da crueldade da vida, pessoas que tentam construir um lugar para si mesmas carregando grandes bagagens emocionais. É isso que o torna tão bom”, avalia Emmanuel Courcol, completando: “estou abordando temas que são importantes para mim e que já tratei em meus filmes anteriores, como laços fraternos, acaso e determinismo social, e estou trazendo-os juntos em uma única história”.

Emmanuel Courcol é um ator, diretor e roteirista francês. Além da carreira de ator, se voltou a escrita de roteiros nos anos 2000, e a de direção em 2012 com seu primeiro curta-metragem “Géraldine je t'aime”, estrelado por Grégory Gadebois e Julie-Marie Parmentier. Seu primeiro longa-metragem foi “Cessez-le-feu”, em 2015, com Romain Duris, Grégory Gadebois, Céline Sallette, e, em 2020, dirigiu “Um Triunfo”, com Kad Merad, Marina Hands e Laurent Stocker. 

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Mostra de SP 2024 | Pequenas Coisas como Estas

 

Por Victoria Hope

Ambientado em 1985, Pequenas Coisas Como Estas narra a história de Bill Furlong (Cillian Murphy), um vendedor de carvão em uma pequena cidade irlandesa dominada pela influência da Igreja Católica. Às vésperas do Natal, Bill faz uma descoberta chocante ao encontrar uma mulher aprisionada em um galpão de carvão, vítima de punições impostas pelas Lavanderias Madalena, onde a Igreja mantinha aquelas que eram consideradas "fora do padrão".

Este encontro provoca um conflito interno profundo em Bill, que se vê dividido entre a emoção e a moralidade, principalmente por ser pai de quatro filhas. À medida que os segredos obscuros da cidade começam a emergir, Bill confronta suas próprias memórias de infância, repletas de dor, escassez e  sonhos não realizados. 

Enquanto se lembra do Natal em que ganhou uma simples bolsa de água quente em vez do desejado quebra-cabeça, ele se questiona sobre o que significa realmente a bondade e a compaixão em um mundo marcado pelo silêncio e pela opressão.


Pequenas Coisas como Estas / Foto: Lionsgate

Pequenas Coisas como Estas não é seu filme de natal convencional, .pois nele, vemos um protagonista que possui uma tristeza imensa em seu coração sobre o passado, mas ao mesmo tempo, parte em uma jornada de autodescoberta e aos poucos, luta por justiça o invés de se calar perante as injustiças, como grande parte da população de sua cidade fez naquele período.

Cillian Murphy entrega mais um personagem reflexivo, é apenas uma variação de muitos dos seus papéis, que aos poucos, começam a ficar 'identificáveis' demais e isso para alguns fãs, não é problema, porém a grande surpresa será quando ele fizer algo diferente do que o público está acostumado a ver; isso não é demérito algum, aliás, pois o ator é magnífico em dramas.

Com cenas contemplativas, uma bela direção de fotografia e uma mensagem tão relevante como nunca, Pequenas Coisas Como Estas nos lembra que o milagre de estar vivo é mais do que apenas sobreviver e cuidar dos seus, mas também viver, refletir sobre valores morais e materiais, cuidar do próxim mesmo sem conhecer o indivíduo  e sempre que ver uma injustiça, não se calar, assim como esse modesto trabalhador,  que se torna gigante diante à instituições poderosas que ameaçam a paz e liberdade das mulheres.

NOTA: 8/10

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Mostra de SP 2024 | Saturday Night

 

Por Victoria Hope

Saturday Night é um filme de comédia dirigido por Jason Reitman, que coescreveu o roteiro com Gil Kenan! Estrelado por Gabriel LaBelle, Rachel Sennott, Cory Michael Smith, Ella Hunt, Dylan O'Brien, e grande elenco, o enredo narra os acontecimentos que levaram à estreia de Saturday Night na NBC, mais tarde conhecido como Saturday Night Live.

Em um ritmo frenético, o longa mostra a última hora de preparação do elenco e da equipe de produção do Saturday Night Live, justamente nos anos 70, onde as reprises de programas mais antigos eram praticamente lei na NBC.

O longa sintetiza totalmente o caos que é a produção e criação de programas ao vivo na televisão, desde o planejamento de quadros do programa, à escolha de plateia, figurino e elenco, mas é claro que tudo feito às pressas, pois nunca na televisão americana havia um programa como esse e o que ele fez, marcou a história, logo, não é surpresa que ainda hoje, 50 anos após o primeiro episódio, a produção continue sendo uma das maiores de audiência nos Estados Unidos.

Saturday Night / Foto: Mostra de SP

Em nenhum momento 'Saturday Night" tenta esconder o lado mais sombrio dos bastidores da televisão e sem puder, mostra como eram os excessos de bebidas, substâncias ilícitas e muitas brigas entre o elenco por trás das cortinas, mas se tem algo que o filme representa muito bem, é como fazer comédia é difícil, pois sem o timing certo, uma piada não funciona.

Gabriel LaBelle vive de forma brilhante aqui Lorne Michaels, o idealizador do SNL, que vivia sempre numa pilha de nervos, afinal, sua ideia era revolucionária, mas difícil de executar, pois ele queria que o programa representasse uma noitada em Nova York, com todo o caos, toda alegria e stress que caminham por suas ruas, sempre trazendo é claro, muita comédia e música boa. 

O elenco inteiro está afiadíssimo e o filme nada mais é do que uma verdadeira carta de amor aos fãs e todas as pessoas que fizeram aquela noite de sábado se tornar inesquecível e até hoje, Saturday Night Live continua a trazer grandes nomes da comédia para a indústria e nos fazer rir do cotidiano agitado e quem sabe, por alguns 90 minutos, esquecermos de toda a correria do dia a dia. 

NOTA: 9 /10

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Mostra de SP 2024 | Exibindo o Perdão

 

Por Victoria Hope

No drama "Exibindo o Perdão", um artista negro tenta se libertar do passado por meio da pintura. Mas seu caminho de sucesso na arte é interrompido pelo retorno do pai ausente. Esse é sem dúvidas o segundo melhor filme que tive o prazer de assistir na Mostra de SP desse ano e merece todos os elogios.

Estrelado pelo incrível André Holland, acompanhamos nessa trama Tarrell, um artista talentoso em busca de sucesso e liberdade emocional através da pintura. No entanto, seus planos são interrompidos com a chegada inesperada de seu pai ausente (John Earl Jelks), um ex-viciado em recuperação, que tenta reconstruir a relação perdida. 

O reencontro força ambos a enfrentar memórias dolorosas e dilemas não resolvidos, revelando que esquecer o passado pode ser mais difícil do que perdoá-l oe agora Tarrel, pai de família, com uma esposa talentosa (Andra Day) e um filho carinhoso, tenta de tudo para não ser para sua família, a figura controversa que seu pai foi para a sua própria. 

À medida que tentam se reconciliar, pai e filho descobrem que o processo de cura exige mais do que palavras, desenterrando feridas antigas e explorando questões sobre abandono, identidade e perdão. 

Exibindo o Perdão / Foto: Sundance

É raro que eu escreva críticas em primeira pessoa aqui o site, mas Exibindo O Perdão merece, pois pessoalmente, passei por algo um tanto quanto parecido na minha vida e isso torna o filme ainda mais visceral para a minha experiência.

Sem romantizar a temática do perdão, o filme aprofunda a complexidade das relações familiares, especialmente para um homem negro lidando com expectativas sociais e pressões internas. O desejo de seguir em frente mesmo após tanto dor, mas ao mesmo tempo, a ânsia por redenção ou pelo menos, para que as pessoas que feriram sua dignidade, se reconciliem, é o foco principal dessa história.

Com atuações impecáveis embaladas por uma direção de fotografia de tirar o fôlego, Exibindo o Perdão mostra como a arte pode ser uma válvula de escape para a dor e que as vezes, colocar os sentimentos na tela, mesmo que isso dilacere por dentro, pode ser essencial.

A grande mensagem que fica é a de que você não precisa perdoar ninguém pelos erros do passado e está tudo bem, pois a culpa religiosa, assim como é abordada diversas vezes no longa, geralmente é o que faz com que as pessoas tenham a ideia de perdão divino; o filme acerta ao demonstrar a fragilidade desse conceito e relembrar-nos como humanos são complicados e que escalas cinzas existem.

NOTA: 10/10

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A História de Souleymane | Filme premiado em Cannes na mostra Um Certain Regard, será exibido no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Vencedor dos Prêmios de Público e de Melhor Ator para Abou Sangare na mostra ‘Un Certain Regard’ do último Festival de Cannes, o longa-metragem “A História de Souleymane” ganha exibição no Brasil no 15º Festival Varilux de Cinema Francês, entre 7 e 20 de novembro nas salas de cinema de todo o país. Inspirado na história real do ator guineense Abou Sangare, que interpreta o personagem-título, Souleymane Sangaré, o filme mostra as dificuldades encontradas pelos imigrantes de uma maneira muito objetiva. A produção acaba de estrear na França com muitos elogios da crítica. A distribuição no Brasil é da Bonfilm. 

No longa, recentemente chegado a Paris, Souleymane tenta sobreviver entregando refeições usando uma bicicleta. Ao mesmo tempo, se prepara para uma determinante entrevista visando a obtenção de seu asilo na França e de documentos que lhe permitam trabalhar formalmente no país. Mas ele encontra muitas pedras em seu caminho. Estruturado como um thriller social, “A História de Souleymane” oferece uma intensa reflexão documental entrelaçada com uma tocante ficção humanista. 

Assim como seu personagem, o ator Abou Sangare enfrenta uma série de obstáculos em busca de regularizar sua situação na França. Ele está no país desde seus 16 anos – tem 23 - e, há sete, tenta obter residência, que já foi negada três vezes. Este ano, durante o trabalho de divulgação de “A História de Souleymane”, o ator chegou a sofrer uma ameaça de deportação. De acordo com o site francês Franceinfo, na última semana (dia 10) ele conseguiu uma autorização de permanência de residência por seis meses, porém ainda não para trabalhar como mecânico, profissão para a qual se preparou.

O diretor do longa-metragem, Boris Lojkine, declarou que a escolha de Abou para o papel de Souleymane foi uma grande responsabilidade, e ressaltou: “Apenas quando ele conseguir seus documentos é que sentirei que finalizei meu filme.” 


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Mostra de SP 2024 | Sinfonia da Sobrevivência

 

Por Victoria Hope

O Pantanal está ardendo em chamas. Ano após ano, recordes de queimadas vêm consumindo parcela significativa da vegetação do bioma e matando milhões de animais. Com experiência no registro de guerras, o cineasta Michel Coeli enfrentou a fumaça e o calor das chamas para mostrar de perto essa tragédia no comovente “Sinfonia da Sobrevivência”, documentário selecionado para a mostra competitiva Novos Diretores da 48ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

"Sinfonia da Sobrevivência" é talvez um dos documentários mais importantes do momento no país em meio a tantas queimadas que tem ocorrido ao longo do ano e principalmente nos últimos meses no Brasil em relação às queimadas.

Embalado por uma trilha sonora impactante, o documentário mostra o trabalho das pessoas e bombeiros que trabalham diariamente para tentar salvar as florestas brasileiras, mas ao mesmo tempo em que a salvam, ensinam a população sobre a importância do entendimento sobre solo e biomas, reforçando a relevância desse trabalho 'quase invisível' aos olhos da população.


Sinfonia da Sobrevivência / Foto: Mostra Internacional de Cinema

Um dos destaques do documentário é um bombeiro aposentado, Coronel Barroso, que lidera as missões para resgate dos animais, bem como as missões para extinguir as queimadas que estão assolando o Pantanal. 

A escolha da filmagem em plano subjetivo, que é quando a câmera assume o olhar da pessoa, esse documentário transporta o espectador em testemunha direta dessa tragédia, propondo uma nova visão e uma imersão ainda mais profunda sobre essa queimadas, que ameaçam toda a população humana e animal brasileira da região.

Ver todo o descaso do grupo político perante esses casos de destruição do bioma frustra, principalmente quando tantas pessoas, por conta própria, estão lutando diariamente para tentar salvar um pouco do que resta do pantanal. Não fossem as ONGs, bombeiros e a população local, talvez fosse tarde demais, porém "Sintonia da Sobrevivência" mostra o triunfo de quando a sociedade se une e se fortifica para fazer o bem e salvar o Pantanal para as próximas gerações. 

NOTA: 9/10

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Festival Varilux de Cinema Francês anuncia filmes da edição de 2024

 

Por Victoria Hope

Ao som de Bolero, composição de Maurice Ravel, o 15º Festival Varilux de Cinema Francês anuncia os filmes de sua edição. A vinheta traz trechos das 20 produções - o clássico O Sol por Testemunha, de René Clément, e os 19 longas-metragens recentes e inéditos no país – que integram a programação. As obras participaram dos principais festivais do mundo como Cannes, Veneza e San Sebastián. 

Obra musical em um só movimento, Bolero é tema de um dos longas-metragens apresentados nesta edição: Bolero, a Melodia Eterna, de Anne Fontaine. A trama conta como a melodia foi composta, atendendo a uma encomenda da dançarina Ida Rubinstein, em 1928, que pediu uma música para seu próximo balé.

O ator francês Raphaël Personnaz, que interpreta Maurice Ravel, estará no Brasil para apresentar o filme durante a abertura do Festival Varilux em São Paulo e no Rio de Janeiro. No Rio, ele participa de sessões com debate. Vale lembrar que o Festival Varilux ocorre em todo o Brasil, entre 7 e 20 de novembro, somente nas salas de cinema. #FestivalVarilux


A Favorita do Rei / Foto: Mares Filmes

FILMES DA PROGRAMAÇÃO 2024

Apenas Alguns Dias, de Julie Navarro - Distribuição: Bonfilm

A Fanfarra, de Emmanuel Courcol - Distribuição: Bonfilm

A Favorita do Rei, de Maïwenn -Distribuição: Mares Filmes

A História de Souleymane, de Boris Lojkine -Distribuição: Bonfilm

Ouro Verde, de Edouard Bergeon - Distribuição: Bonfilm

Madame Durocher, de Andradina Azevedo Dida Andrade - Distribuição: Elo Studio

Bolero, a Melodia Eterna, de Anne Fontaine - Distribuição: Mares Filmes

Daaaaaalí!, de Quentin Dupieux - Distribuição: Bonfilm

Diamante Bruto, de Agathe Riedinger - Distribuição: Bonfilm

Mega Cena, de Maxime Govare, Romain Choay - Distribuição: Bonfilm

1874, o Nascimento do Impressionismo, de Julien Johan, Nancy Hugues - Distribuição: Bonfilm

O Bom Professor, de Teddy Lussi-Modeste - Distribuição: Mares Filmes

O Conde de Monte Cristo, de Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte - Distribuição: Paris Filmes

O Roteiro da Minha Vida - François Truffaut, de David Teboul, Serge Toubiana -Distribuição: Bonfilm

O Segundo Ato, de Quentin Dupieux - Distribuição: Bonfilm

Selvagens, de Claude Barras - Distribuição: Bonfilm

O Sucessor, de Xavier Legrand -Distribuição: Bonfilm

O Último Judeu, de Noé Debré - Distribuição: Bonfilm

Três Amigas - de Emmanuel Mouret -Distribuição: Bonfilm

O Sol Por Testemunha, de René Clément - Distribuição: Bonfilm – clássico

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[Review] Terrifier 3

 

Por Victoria Hope

Art, o Palhaço retorna aos cinemas mais sangrento (e hilário) que nunca. Em Terrifier 3, o público reencontra o vilão, que agora tem uma nova parceira romântica, Vicky, uma das poucas sobreviventes de seu massacre no primeiro filme da saga.

A cena de abertura definitivamente causa um impacto, pois Art o palhaço, massacra personagens que nunca haviam sido massacrados na saga antes, incluindo crianças e animais, então definitivamente, é preciso ter muito estômago.

Comparado com as duas instalações anteriores, Terrifier 3 é um filme mais completo e mais robusto, pois ele se aprofunda na história da Final Girl Sienna ao mesmo tempo em que também explora um pouco mais sobre onde anda Art e sua comparça, que pode ser chamada da voz de Art, pois enquanto ele não fala, Vicky fala enquanto massacra suas vítimas, o que a torna ainda mais assustadora tão sádica quanto Art. 


Terrifier 3 / Foto: Diamond Films

No terceiro filme da saga, o natal chegou mais cedo na cidade e com ele, o espírito maléfico Art retorna para trazer presentes para lá de macabros à suas vítimas. Enquanto Sienna, recém saída de uma casa de repouso, retorna pra casa e ainda tenta se recuperar do trauma, Art e Vicky fazem o caos na cidade.

A ideia de expandir a história da final girl para que ela realmente seja uma heroína, é uma ideia muito original e que não acontece no gênero slasher, então é uma inovação muito bem vinda para os fãs mais aficionados de terror.

É claro que, mesmo sendo completamente exagerado e que algumas cenas, beiram ao absurdo completo e por absurdo até mesmo para o padrão do filme, leia-se absurdo como mau gosto (como uma infame cena com um pedaço de espelho quebrado), o filme consegue entreter, principalmente por ser um pouco mais curto do que anterior, que se arrasta por quase três horas. 

O final cliffhanger, definitivamente deixa a ideia de que um novo longa vai ser trabalhado para expandir a história desses personagens, mas sabe-se lá por quantos mais filmes teremos que passar até a história se concluir. 

NOTA: 7.5/10

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Com mais de 500 mil espectadores na França, filmes de Quentin Dupieux estão confirmados no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Conhecido do público brasileiro pelo longa “Fumar Causa Tosse” (2022), o diretor Quentin Dupieux – também produtor e artista de música eletrônica - terá duas de suas mais recentes produções apresentadas no 15º Festival Varilux de Cinema Francês, entre 7 e 20 de novembro, em todo o Brasil: “Segundo Ato” e “Daaaaaalí!”. Os longas já fizeram cerca de 500 mil espectadores desde sua estreia na França.

Abertura do Festival de Cannes deste ano, Segundo Ato traz no elenco, entre outros, Léa Seydoux, Louis Garrel (ganhador dos César por Melhor Roteiro Original por “O Inocente” (2023) e de Melhor Ator Estreante por “Amantes Regulares” (2026), Vincent Lindon (ganhador do César de Melhor ator por “O Valor de um Homem” (2016) e Raphaël Quenard (ganhador do César de Melhor Revelação Masculina por “Cão Danado”). No longa, quatro atores se encontram na filmagem de uma obra realizada 100% com inteligência artificial e as poucos, torna-se difícil distinguir a ficção da realidade.

Já “Daaaaaalí!”, integrou a competitiva do Festival de Veneza. O longa conta a história de uma jornalista francesa que encontra o icônico artista surrealista Salvador Dalí em várias ocasiões, para um projeto de documentário. A produção do filme, no entanto, não se desenvolve como o esperado e resultando em muitas surpresas. O elenco conta com os renomados Gilles Lellouche e Pio Marmaï, Anaïs Demoustier (ganhadora do César de Melhor Atriz por “Alice e o Prefeito” (2020) e Jonathan Cohen.

Quentin Dupieux descobriu sua paixão pelo cinema aos 12 anos, quando ganhou sua primeira câmera. Ele aprendeu a filmar sozinho, o que deixa suas obras ainda mais originais. Sempre fora dos padrões, o diretor se destaca também por sua versatilidade: escreve, dirige, filma e edita suas próprias produções.

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Estrelado por Johnny Depp e Maïwenn, A Favorita do Rei será exibido no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Filme de abertura do Festival de Cannes em 2023, o drama de época “A Favorita do Rei” (Jeanne du Barry) será exibido pela primeira vez no Brasil durante o Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre entre 7 e 20 de novembro. A produção é a primeira estrelada por Johnny Depp após a batalha judicial contra a ex-mulher. Maïwenn protagoniza o longa e assina roteiro e direção.  A distribuição no Brasil é da Mares Filmes e da Alpha Filmes 

A trama acompanha a história da última favorita do rei Luís XV (Depp), uma cortesã sem títulos de nobreza conhecida como Jeanne du Barry (Maïween), que usa de sua beleza, sedução e cultura para integrar a aristocracia francesa, mas é menosprezada pela corte de Versalhes. A obra foi filmada em locações da França, contou com figurinos assinados pela Chanel e recebeu duas indicações ao César, o mais importante prêmio do cinema francês, nas categorias “Melhor Figurino” e “Melhor Design de Produção”. 

Fui seduzida por Jeanne du Barry, porque ela é uma perdedora magnífica. Talvez porque sua vida tem semelhanças com a minha, mas essa não é a única razão. Eu me apaixonei por ela e por sua época”, afirmou Maïwenn. A cineasta francesa mais uma vez integra a programação do Festival Varilux, em que já teve três filmes exibidos: “Polissia” (2012), “Meu Rei” (2016) e “DNA” (2020). 

Depp relata que, apesar dos desafios linguísticos, ele se encontrou na obra durante o processo das filmagens: “Tudo que eu sonhei e fantasiei em relação ao filme e esse personagem do Luís XV de repente ganhou vida. Os figurinos, a maquiagem, a etiqueta… Me senti totalmente no lugar de Luís XV e pronto para começar essa emocionante viagem no tempo imaginada por Maïwenn.”

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Mostra de SP 2024 | Maria Callas

 

Por Victoria Hope

Angelina Jolie interpreta Maria Callas, uma das mais icônicas cantoras de ópera do século XX, no filme Maria, dirigido pelo aclamado Pablo Larraín. O longa retrata o período em que a soprano greco-americana se refugia em Paris, após uma vida pública marcada pelo glamour e pela turbulência.

Maria Callas', longa dirigido por Pablo Larraín (“Jackie” e “Spencer”), a produção tem potencial para render à atriz seu segundo Oscar — o primeiro foi em 1999, quando venceu como Melhor Atriz Coadjuvante por “Garota, Interrompida“.

O filme toca no delicado drama da cantora grega de ópera Maria Callas em seus últimos dias de vida, quando ela já não mais possuía a mesma voz que tinha há anos atrás e agora, absorta em remédios, tenta cantar uma última vez.


Maria Callas / Foto: Diamond Films

Angelina Jolie é uma força da natureza aqui, entregando uma de suas melhores performances da carreira, o que com certeza, merecidamente irá lhe render uma segunda indicação ao Oscar. Com uma voz inconfundível, a atriz brilha em mostrar a força e ao mesmo tempo, fragilidade dessa figura histórica.

Maria Callas é um filme de premissa relativamente simples mas ao mesmo tempo,  com uma atmosfera bem contemplativa onde a prima donna da ópera tenta revisitar os principais momentos de sua carreira nos palcos ao redor do mundo, passando por trabalhos como Anna Bolena até Carmen de Bizet e mais.

O filme mostra como a nostalgia e viver de passado podem prejudicar e machucar, mas é algo tentador, viver de nossas glórias anteriores, não é mesmo? E o filme faz um excelente trabalho em mostrar essa perspectiva. Dizem que apenas estilistas que amam mulheres (não apenas romanticamente, mas também socialmente), conseguem transpor esse amor em peças belíssimas que acentuam a silhueta feminina, como no exemplo de nomes como Christian Dior e Larráin é esse homem no cinema, trazendo mulheres poderosas, tridimensionais, falhas, belas e essencialmente humanas para as telas, sempre entregando pura arte.

NOTA: 9/10

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