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[Review] Acompanhante Perfeita

 

Por Victoria Hope

Essa definitivamente não é a sua história de amor convencional. Com um pitada de "Black Mirror" e "Ex-Machina", Acompanhante Perfeita segue o casal Iris e Josh num final de semana entre amigos numa casa de campo luxuosa e tranquila. 

Os dois se conhecem num mercado e, logo, começam a sair. Apaixonados, os dois vivem um romance de cinema. Mas nem tudo é o que parece: Iris é um robô. E nem ela mesmo sabia. A viagem toma, então, um rumo inesperado, com perseguições, sangue e revelações chocantes.

Esse é um daquels filmes que pode ser considerado tanto terror, quanto suspense de comédia, pois o humor é algo bem característico, principalmente nos dois primeiros atos. Aos poucos, Acompanhante Perfeita revela mensagens ainda mais importantes por trás, desde a mensagem sobre as mazelas do patriarcado bem como a forma que humanos tratam máquinas (e até inteligências artificiais), nos dias de hoje. 

Acompanhante Perfeita / Foto: Warner Bros. Pictures

Josh (Jack Quaid) é a personificação do cara babaca que se acha muito legal e tem síndrome de protagonista, enquanto Iris (Sophia Tatcher), apesar de ser um robô, parece fascinada pela vikda e pela ideia de amor, principalmente seu amor pelo protagonista.

A garota não sabe o que é, mas mesmo após descobrir, que sua vida não passa de uma farça, ela ainda tenta recuperar laços, o que entra naquele longo dilema da singularidade digital, uma teoria que diz que um dia as máquinas conseguiram se alimentar, se mover e ter "vida própria", sem a necessidade de um humano por trás, mas para além do lado tenológico, essa história representa muito bem como funciona a mecânica de um romance abusivo.

A audiência percebe desde o começo que Josh apenas via Iris como um brinquedo sexual, mas isso não é tão distante da forma que muitas pessoas tratam seus parceiros, principalmente mulheres, na vida real e essa é uma das mensagens principais do longa: até quando  Iris irá se sujeitar a isso? Porque mesmo sabendo que não passa de uma peça a ser usada, ela ainda acredita que o "príncipe encantado" existe.


Acompanhante Perfeita / Foto: Warner Bros. Pictures

Outro ponto positivo para o filme é a excelente representatividade queer, que aparece como uma bela surpresa em meio a tanto suspense, em cenas comandadas por Harvey Guillén (Eli) e Lucas Gage (Patrick), mas apesar disso, o filme definitivamente poderia ter desenvolvido mais pontos principais relacionados aos outros personagens.

Acompanhante Perfeita já pode entrar naquela lista de famosos filmes "good for her" (bom pra ela), mas um pouco mais de desenvolvimento da Iris em tela teria sido bem interessante de ver, apesar de que acompanhamos toda sua jornada até sua emancipação.

O desfecho é completamente satisfatório e muitos com certeza até vão querer uma continuação da franquia, mas pessoalmente, acredito que o fim foi excelente ao que se propôs e abre caminho para uma mensagem de empodeiramento que é muito necessária, principalmente agora. 

NOTA: 8.5/10

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