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A Hora do Mal | James, a voz do invisível e a desmistificação de moradores de rua no cinema

Por Victoria Hope

Após um mês de estreia do terror aclamado de Zach Cregger, "A Hora do Mal" (Weapons), diversos personagens ainda estão na mente do público, seja por cenas marcantes ou por performances que definitivamente marcaram o gênero de terror contemporâneo e um desses personagens é James, interpretado de forma brilhante (e hilária) por Austin Abrams (Euphoria).

Como muitos personagens representados na mídia, James (Abrams) é uma pessoa em situação de rua e seu personagem, mesmo que secundário, causa impacto na história e na vida de todos os personagens envolvidos. No cinema, pessoas em situação de rua costumam ser apenas figurantes, que se não estão em segundo plano, estão ali apenas como 'cenário' para representar a 'possível decadência' da sociedade, então não é de causar espanto a quantidade de esteriótipos reforçados pela mídia, que pouco se importa com essa camada da população.

São muitos os motivos que levam pessoas a se tornarem pessoas em situação de rua, sejam fatores externos como perda de bens materiais, perda de familiares ou internos, como questões de saúde física e saúde mental, incluindo abusos físicos, depressão, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), e abuso de substâncias.


James / Foto: Warner Bros. Pictures

Na ficção o mesmo acontece quando o público é apresentado ao desespero que a pobreza pode causar na vida de um indivíduo ou de suas famílias. Em uma sociedade desigual, pessoas são forçadas a seguir caminhos que jamais pensariam; tudo em troca de uma vida com o mínimo de dignidade, mas por quê a sociedade, enquanto expectadora, se sensibiliza tanto com casos fictícios de pobreza, enquanto vira as costas para essas pessoas na vida real?

Em "A Hora do Mal", James é um jovem morador de rua com dependência de substâncias químicas e que é capaz de qualquer coisa em troca de dinheiro para sustentar seu vício. O público pouco sabe sobre esse personagem além de o fato de que ele tem um possível irmão, de que deve dinheiro para a própria mãe e que atualmente mora em uma barraca no meio da floresta.

Em nenhum momento Creggers tenta transformar esse personagem em um pôster de moralidade; muito pelo contrário, James poderia ser apenas mais um conto moral de toda a tragédia que permeia as vidas de pessoas em situação de rua, mas aqui, o personagem é o alívio cômico puramente por ser uma pessoa engraçada e é aí que está o grande trunfo do diretor, pois o fato de James estar nessa situação, não é a piada em si; o humor vem justamente das falas do personagem, que "apesar de ser morador de rua", é extremamente educado e polido com as outras pessoas, ao mesmo tempo em que tem várias referências de cultura pop na manga. 


James / Foto: Warner Bros. Pictures UK

James não é violento, aliás, é o oposto, pois ele acaba sendo vítima de todas as circustâncias possíveis e de inúmeras violências, sejam ela físicas ou sobrenaturais, que fogem totalmente de seu alcance. O público é confrontado com a tragédia do personagem em momentos pontuais, como por exemplo, quando percebe-se que ele é o único daquele bairro que precisa enfrentar a chuva, por não ter um teto sobre sua cabeça, enquanto todas as outras famílias moram em excelentes casas repletas de câmeras no subúrbio bem abastado.

A humanização de James é um dos pontos mais altos do filme, pois ele não é pintado como alguém bom ou mal; ele é pintado como um ser humano com necessidades básicas, possivelmente com sonhos, ambições e que querendo ou não, acaba sendo involuntariamente o salvador daquelas crianças; crianças essas que são alegoria para diversos temas e que inclusive, se justapõe com James, já que o personagem representa a realidade do que negligência, abandono e abuso podem causar a uma pessoa.

Não sabemos das circunstâncias que o levaram para as ruas, mas sabemos que as pessoas do bairro, incluindo Justine (Julia Garner), Paul (Alden Ehrenreich), Archer (Josh Brolin), Marcus (Benedict Wong) e todos os outros adultos da trama, pouco se importam com o bem estar desse morador de rua. É como se ele fosse invisível aos olhos de todos, apenas um 'incômodo'; alguém que está ali apenas para ser ignorado no turbilhão de coisas que estão acontecendo na vida de todos daquele bairro.


Justine / Foto: Warner Bros. Pictures UK

Existe algum privilégio para James? Quais são as histórias não contadas?

É impossível falar sobre a representação de pessoas em situação de rua nos cinemas, principalmente no gênero de terror, sem falar das questões de raça. Num recorte apontado durante a mesa redonda de 2021 intitulada "Media, Precarity and The Home" do portal Mediapolis, foi apontado que grande parte dos personagens em situação de rua nos cinemas, principalmente de Hollywood, são representados por atores brancos.

De início, a informação não parece dizer muito, porém revela que até mesmo no entretenimento, existe um apagamento ainda maior de raças não-brancas, principalmente em comparação com personagens como James, que talvez despertem mais empatia do público. 

O próprio esteriótipo de Hollywood do personagem "morador de rua malandro", tem suas origens em algo ainda mais antigo, segundo estudos de Michelle Granshaw apresentados no livro "Inventing the Tramp: The Early Comic on Variety Stage," Theatre History Studies (2019). As origens do ato do morador de rua 'carismático, mas preguiçoso' foram baseados nas peças de teatro de 1870 intituladas Vaudeville, onde os atores utilizavam blackface, ato da pessoa branca pintar a pele para rechaçar negros. Os mesmos atores também vez os outra estavam trajados de 'irlandeses esteriotipados'; lembrando que na época, os imigrantes irlandeses e a comunidade negra já possuiam ligação, como mostrado em filmes como "Pecadores",


Beggars of Life (1928) / Foto: Paramount Pictures)

No cinema clássico dos Estados Unidos, moradores de rua negros eram raramente representados e quando eram, como no caso do filme 'Beggars of Life' de William Wellman (1928), o personagem negro existia apenas como um suporte para o personagem branco, para ser seu 'salvador'. Apenas filmes como "À Procura da Felicidade", de Will Smith, são a exceção, onde o personagem negro morador de rua, é protagonista e visto com a mesma empatia que outras dezenas e milhares de personagens brancos em situação de rua ao longo dos anos.

O principal ponto aqui não é a necessidade de representar a comunidade negra como uma classe sem condições apropriadas de vida, mas sim apontar essa classe, que na vida real, é majoritariamente negra e ao mesmo tempo, segue invisível até mesmo na mídia, pois não são vistos como 'a vítima ideal', se comparados com James. 

No mundo real, só no Brasil, de acordo com o levantamento da Agência Brasil, 69% das pessoas em situação de rua que estão registradas no CadÚnico hoje são negras e quando a realidade é transferida para os Estados Unidos, o número também assusta, pois segundo relatório oficial do Governo Americano, em 2024, os negros representavam 32% das pessoas em situação de rua nos Estados Unidos, apesar de serem 12% da população geral do país.


James / Foto: Warner Bros. Pictures Brasil

A grande questão é que a não representação dessa camada na mídia, definitivamente causa um apagamento ainda maior da comunidade que se torna ainda mais invisível no entretenimento. A grande questão que fica no ar é: Será que o público teria tanta empatia por James caso ele não fosse um rapaz jovem, de pele branca, cabelos loiros e olhos claros? 

Com o recorte de raça deixado para segundo plano e voltando ao filme, James consegue um feito que há muito tempo não era visto nas telas, uma humanização completa desse personagem que se torna muito mais do que 'apenas parte da paisagem urbana'. É uma das raras vezes em que o cinema contemporâneo de horror, principalmente após a demonização de pessoas em situação de rua como em filmes de Ari Aster (Beau Tem Medo e Eddington), já que no longa de Creggers, o público é apresentado à um personagem em situação de rua com um olhar mais empático e humanizado.

A única pena é que o personagem não escapa de seu fim trágico, que é tão irônico e cruel quanto a vida real, afinal, involutariavelmente, quem o leva para sua ruína é o próprio policial, que outrora, também era seu inimigo. James infelizmente não escapa do fim trágico, mas será que existem finais felizes em "A Hora do Mal"? A resposta é não. Ninguém sai feliz dali e a conclusão traz um sentimento bem agridoce, mas esse é o verdadeiro significado de horror.  

[Review] A Hora do Mal (Weapons)

 

Por Victoria Hope

Num dia como outro qualquer, dezessete crianças deixaram suas casas de forma voluntária a partir das 2:17 da madrugada de uma quarta-feira. A população e toda equipe de investigadores  da cidade não sabem sabe o que aconteceu, mas irão até as últimas consequências para descobrir. Esse é o início de "A Hora do Mal" (Weapons), novo filme de Zach Cregger, que está sendo aclamado pela crítica especializada e até mesmo antes de ser adquirido pela Warner, já estava causando burburinho devido a grande briga entre diversoss estúdios, incluindo a Monkey Paw de Jordan Peele, pela aquisição do título.

Na trama, acompanhamos a história de diversos personagens, principalmente uma professora chamada Justine, que se vê na mira de toda a escola e dos pais de alunos após o desaparecimento de 17 alunos de sua sala. Por ter um passado considerado problemático, a professora se vê sem saída, com tantas ameaças dos pais das crianças desaparecidas, então resolve por si mesma, tentar investigar, a começar por questionar o único aluno que sobrou ali, o quieto Alex Lilly.

A partir daí, o público é introduzido à diversos personagens com diferentes histórias que de alguma forma vão se encaixando como um belíssimo quebra cabeças, nesse filme que tem uma mensagem social muito importante, mas que talvez passe despercebida à olhos não atentos.


A Hora do Mal / Foto: Warner Bros. Pictures

Com um elenco afiadíssimo, incluindo Julia Garner, Josh Brolin, Benedict Wong e o incrivel Cary Christopher, que entra na lista de mais uma performance mirim excepcional em terror desse ano, "A Hora do Mal" definitivamente supera expectativas, tanto em seu material promocional excelente, quanto na entrega de uma trama envolvente, que mistura os gêneros de drama investigativo, suspense e horror na medida certa, justificando o título de um dos melhores filmes do ano.

Esse é um filme de terror que toca em um tema que não era mencionado há anos no cinema, dando espaço para diversas interpretações, mas é claro, não abrindo mão dos bons e velhos jhumpscars, com cenasd de susto que fazem o coração acelerar. O mistério todo é muito bem construído o público tem a oportunidade de passar um bom tempo com cada um dos personagens, apesar de o longa por vezes focar muito em apenas uma personagem, dando pouco espaço para os outros.

A Hora do Mal é mais um exemplo de filme slowburn, assim como "Noites Brutais", filme anterior do mesmo diretor, então com certeza o ritmo irá dividir opiniões, porém para quem aprecia a construção de cada personagem e arco de forma mais aprofundada, esse é um prato cheio.


A Hora do Mal / Foto: Warner Bros. Pictures

O filme pode ser descrito como um épico de terror com múltiplas histórias interconectadas, assim como Magnólia de Paul Thomas Anderson, pórém com a diferença de que esse aqui é um filme de terror com todas as letras. É claro que detalhes específicos da história são mantidos em segredo por quanto tempo necessário na narrativa, mas mesmo quando o público é introduzido à grande reviravolta da trama, a mensagem chega de uma forma que permite diversas leituras muito diferenres.

Pessoalmente, senti que a temática de tiroteios em escolas nos EUA é um dos grandes pontos do filme, apesar de que visualmente, essa mensagem não seja tão nítida para muitos, porém, o próprio nome original do terror, "Weapons" (Armas), tem relação com a forma que as crianças do longa são tratadas, mas aí vai do entendimento da alegoria por cada pessoa que assistir ao filme, afinal, são muitas nuances.

A cena final é de uma catarse impressionante, bem ao nível "A Susbtância", pesadíssima, porém ainda assim catártica. Em nenhum momento o filme apresenta pontas soltas, tudo tem começo, meio e fim de uma forma bem satisfatória, cementando esse como um dos filmes de terror mais diferentes dos últimos anos, com potencial de se tornar um clássico moderno do horror a ser discutido por anos entre os fãs.

NOTA: 9/10

[Review] Juntos, um terror visceral sobre codependência no amor

Por Victoria Hope

O que significa codependência no amor? Em "Juntos", um dos filmes de terror mais aclamados da temporada, a trama aborda temas como intimidade, dependência e perda da individualidade em um relacionamento que está prestes a ruir.

Estrelado por Dave Franco e Alison Brie, o longa acompanha um casal que, após dez anos de relacionamento, aparentemente não se gosta mais, ou pelo menos uma parte do casal não demonstra gostar tanto assim do outro. Eles até tem uma certa sintonia, mas algo se perdeu no meio do caminho e agora tanto Tim (Franco), quando Millie (Brie), terão que lutar por esse amor. 

Após uma discussão, o casal decide se isolare e ir para um lugar distante para tentarem se reconecctar, porém mal sabiam o que os aguardava naquela casa localizada em uma região para lá de remota. Coisas estranhas começam a acontecer desde o primeiro dia e após um grave acidente em um estranho poço próximo ao chalé, ambos deverão correr contra o tempo, antes que uma mudança permanente mude suas vidas para sempre.


Juntos / Foto: Diamond Films

Juntos utiliza efeitos visuais incríveis para criar uma experiência de horror corporal completa, ao mesmo tempo em que explora a dinâmica complexa do relacionamento entre o casal principal. Apesar da estranheza da situação o casal em até certos momentos tenta navegar essa 'nova intimidade', o que pode ser interpretado como uma metáfora para o desafio de se tornarem íntimos e a perda da individualidade que pode ocorrer em relacionamentos.

Tim age como um moleque, sem grandes ambições apesar de já estar em seus 35 anos, pois não sabe tomar nenhuma decisão sozinho, enquanto Millie é a responsável por sustentar ambos. A dinâmica por si só é muito diferente do que a sociedade espera e em alguns momentos, Tim até chega a se sentir 'emasculado' pela dinâmica, mas não toma nenhuma atitude para mudar sua realidade, nem mesmo busca por emprego já que aparentemente está confortável com sua situação.

Todo o terror corporal do longa é impecável, com efeitos ao nível "A Substância" e ao passo que a trama vai se aprofundando, coisas mais bizarras vão acontecendo. O conceito de estar fisicamente colado com o parceiro é algo extremamente assustador, mas o terror em si vai muito além dos corpos ou dos poucos jumpscares que o filme apresenta. Em alguns momentos, algumas cenas me lembraram de um curta intitulado "A Folded Ocean", que assisti há dois anos no Festival Sundance, mas as semelhanças logo se separam para dar espaço a uma história surpreendente, com um ato final que vai pegar toda a audiência desprevenida.

NOTA: 9/10

[Review] Os Caras Malvados 2

 

Por Victoria Hope

Eles estão de volta! Os Caras Malvados retornam para mais uma missão em um filme que consegue superar o precursor, com mais humor, cenas de ação eletrizantes e uma mensagem muito importante para todas as idades.

Em Os Caras Malvados 2, o público é reapresentado à ex gangue de criminosos animais, que agora estão batalhando por um emprego e reintegração na sociedade após suas prisões e logo no início, o tema é explorado com bastante seriedade, afinal, personagens como o Lobo, a Cobra e todos os outros tem uma péssima reputação.

Nesse meio tempo, enquanto todos da gangue buscam por emprego ou pelo meenos alguma chance, Cobra aparentemente se deu bem e mal passa tempo com todos os outros em seu pequeno apartamento, mas tudo muda quando uma série de crimes misteriosos começam a assolar a cidade e automaticamente toda a população se volta contra os Caras Malvados mais uma vez!


Os Caras Malvados 2 / Foto: Universal Pictures

O novo longa consegue ser mais hilário do que o primeiro, com muitas boas tiradas que vão agradar tanto ao público infantil quanto ao público adulto, além de cenas de ação muito bem elaboradas, que vez ou outra misturam diferentes técnicas de animação, como 2D e 3D, bem ao estilo Aranhaverso, outra animação que aliás, definitivamente mudou a indústria para sempre e tem influenciado diversos projetos como esse.

"Os Caras Malvados 2" acerta ao trazer um história simples e ao construir todos os personagens muito bem e até mesmo trazer mais profundidade para personagens mais secundários como a oficial Misty, a política Diane e o vilão Professor Marmelada.

Não é exagero dizer que o novo longa é uma das melhores animações do ano por enquanto e que ainda tem potencial para muitas sequências, afinal, a série de livros que inspirou a saga é bem ampla e o cliffhanger do segundo longa com certeza abre espaço para mais diálogos e mais aventuras entre os personagens, mas para muito além da trama, um dos detalhes mais admiráveis do filme é a mensagem após os letreiros finais, que defende com garras (e dentes) a indústria da animação, proibindo o uso de suas artes para treinamento de IA. Essa mensagem corajosa demonstra toda força do cinema de animação, que não cansa de surpreender e trazer histórias fora da curva feitas por mãos humanas.

NOTA: 9/10

[Review] Quarteto Fantástico, Primeiros Passos

 

Por Victoria Hope

A espera acabou e a a primeira família da Marvel finalmente chega ao MCU em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, em um filme visualmente belíssimo, recheado de símbolos retrofuturistas trazendo uma bela homenagem à Jack Kirby, com diversos efeitos psicodélicos e que parecem ter sido retirados diretamente das páginas dos quadrinhos. 

Sem dúvida, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é um dos filmes mais aguardados do ano, principalmente entre os fãs apaixonados que desde a última instalação de 2015, ansiavam por uma versão nova e mais próxima às HQ.

Essas novas versões de Reed Richards (Pedro Pascal), Sue (Vanessa Kirby) e Johnny Storm (Joseph Quinn), e Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach) apresentam uma dinâmica diferente dessa família, sem grandes introduções, já que o filme não quer explicar novamente toda a origem de seus poderes, então logo de início o público já é apresentado ao fenômeno que 'Quarteto Fantástico' se tornou na América.

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos / Marvel Studios

Visualmente, o filme é brilhante, apostando em cenários típicos da década de 60 com um ar retrofuturista que só Jack Kirby sabia traduzir bem na páginas dos quadrinhos, além da direção de fotografia que um show à parte, principalmente com a atenção aos detalhes, desde um figurino de um personagem utilizando terno que se assemelha aos clássicos da Brooks Brothers ao visual azul das aeromoças da Pan Am, mas é claro que nem só de visual é feito um filme e é a partir daí, principalmente em termos de desenvolvimento de alguns personagens, que começa o problema.

O diretor Matt Shakman consegue trazer vida à essa história com competência em alguns aspectos, mas algumas escolhas como o diálogo excessivamente expositivo dos personagens, bem como o foco em apenas alguns membros da família do quarteto, tornam o filme maçante em alguns momentos, além do fato de que personagens que precisariam ter mais destaque para um pimpacto maior, como Galactus e Surfista Prateada, apenas se tornam participações de luxo, curtíssimas, ao mesmo tempo em que personagens como Herbie e o bebê (Franklin), tem ótimos momentos mesmo nas poucas cenas em que aparecem. 

Apesar desses pequenos detalhes que atrapalham o desenvolvimento da história, personagens com destaque como Sue Richards (Vanessa Kirby), são extremamente bem-vindos e tornam esse projeto ainda mais especial. Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, é um bom início para a nova fase da Marvel, mas isso nos faz pensar se realmente todo e qualquer novo título do MCU está aqui apenas para anunciar o 'próximo grande projeto' ou se realmente está aqui para contar novas histórias que os fãs adoram. 

NOTA: 8/10

[Review] Superman é uma carta de amor aos fãs de quadrinhos

 

Por Victoria Hope

Superman de James Gunn sem dúvida alguma é um dos filmes mais aguardados desse ano e com razão, afinal, com ele,. chega a promessa de uma nova construção de universo cinematográfico da DC e felizmente, esse pontapé inicial começou muito bem! 

O novo filme do Homem de Aço entrega tudo o que os fãs dos quadrinhos sempre quiseram ver nas telas; uma versão muito próxima de Christopher Reeve e Tom Welling, mas ainda assim, totalmente original, trazendo aquele ar de esperança que muitos ansiavam por ver há anos. 

Não é exagero dizer o novo filme de Superman  é um dos melhores e não por acasop, resgata diversos clássicos, desde a trilha sonora icônica à personagens icô nicos como Krypto entre outros. É incrível como James Gunn mais uma vez consegue entregar uma obra equilibrada, respeitando o passado e ao mesmo tempo, reiventando o personagem de forma inteligente, tocando em temas relevantes não apenas para os EUA nesse momento, como também para o mundo.


Superman / Foto: Warner Bros. Pictures

Nesses últimos anos, a internet foi tomada por um conflito sem fim entre fãs do Superman de Zack Snyder e fãs de James Gunn, como se na indústria não houvesse espaço para diversas interpretações do mesmo personagem, porém, outros temas também vieram à tona como discursos políticos, que sempre estiveram presentes na construção de grande parte, se não, de todos os personagens de quadrinhos desde os primórdios até hoje.

E é exatamente por esse motivo que o novo filme de Superman é tão essencial, porque ele não apenas toca em temas políticos extremamente necessários, como também relembra ao público de que ainda há esperança, trazendo uma mensagem de que a bondade e fazer o certo são os melhores caminhos a se seguir, mesmo quando o mundo diz o completo oposto.

Aqui no filme, o elenco é completamente afiado, conduzido por David Corenswet que está excelente no papel de Clark Kent e Superman, com todos os trejeitos de garoto do interior, mas ainda assim, representando o arquétipo do herói falho; aquele que erra, como todos os humanos e isso é bem admirável! Rachel Brosnahan está impecável como a excelente jornalista Lois Lane e é claro, um dos destaques do filme fica por conta de Nicholas Hoult, que entrega aqui uma das performances definitivas de Lex Luthor.


Superman / Foto: Warner Bros. Pictures

Até mesmo personagens secundários, com destaque para o Senhor Incrível de Edi Gathegi e Krypto, entregam momentos que parecem ter saído diretamente dos quadrinhos e é isso que faz desse filme ao tão diferente do que a DC tem entregado nos últimos anos, pois Gunn não tem medo de referenciar quadrinhos, muito pelo contrário, ele é justamente o tipo de diretor que entende que é preciso suspender a descrença para que filmes assim funcionem.

Superman não é apenas ultra colorido como os quadrinhos, mas também é um filme extremamente positivo, que encanta e inspira em tempos tão difíceis. Em filmes anteriores, o diretor já havia demonstrado saber trabalhar com muitos personagens em tela e Superman funciona justamente por conta disso; toda a construção desse novo universo cinematográdica é feita com cuidado, mas ao mesmo tempo, com muita leveza.

A trilha sonora, acompanhada de belíssimas cenas de ação e muitos momentos emocionantes, principalmente entre Clark e seus pais, é o que faz desse filme algo tão especial e torna essa uma experiência que precisa ser vista de preferência nos cinemas, na maior tela possível. Esse é o Superman que o mundo precisa!

NOTA: 8.5/10

[Review] Megan 2.0

 

Por Victoria Hope

Em uma era onde o debate sobre IA está cada vez mais acalorado, filmes como Megan 2.0 trazem diversos questionamentos relevantes sobre o assunto e apesar do longa ser uma comédia de terror (ou terrir), consegue manter a história relevante e tocar nessa ferida que tem mexido em todas as áreas domundo, desde o universo corpotativo ao mundo das artes.

Nessa sequência, Gemma (Allison Williams) e sua sobrinha Cady (Violet Mcgraw) tentam retomar suas vidas após a destruição da robô Megan (interpretada aqui de forma brilhante por Jenna Davis). Com o advento da IA invadindo todas as questões políticas e sociais, Gemma, que agora se tornou uma autora best-seller, tenta retomar sua vida com sua sobrinha, cortando o tempo em que a garota passa rodeada de internet e tecnologia ao passo em que a própria adulta segue com criações tecnológicacas com sua equipe a fim de 'melhorar o mundo'.

Um dos grandes trunfos de "Megan 2.0" é o humor típico do primeiro longa, mas que aqui chega a níveis ainda mais elevados de 'camp' com uma boa dose de ação tal qual um thriller de espionagem, o que pode vir a dividir o público, já que muitos estavam esperando o bom e velho horror sci-fi que fez do primeiro longa algo tão especial e fora da casinha.


M3gan 2.0 / Foto: Universal Pictures

O próprio CGI do filme em tão pouco tempo de saga já evolui ainda mais, o que também acrescenta ainda mais nuances para a temática. Megan 2.0 é o tipo de filme onde o público realmente precisa embarcar em todo o absurdo da trama, do contrário, a história não vai funcionar e no caso da pessoa que escreve essa crítica, o filme funcionou muito bem, superando o primeiro título em diversos aspectos.

Começando pelo figurino ainda mais detalhado, bordões inesquecíveis e uma rápida passagem pelo tema da singularidade, outro tópico polêmico dentro da área da tecnologia, o novo filme acerta em tentar trazer uma Megan mais anti-heroína ao invés de vilã, afinal isso abre margem para muitos outros projetos explorarem esse lado da bonequinha.

Para quem esperava algum momento icônico da personagen titular cantando ou dançando, esse filme será um prato cheio. É entretenimento puro e apesar de trazer um novo vilão bem fraco, a trama consegue ser bem envolvente.

 Nota: 8.5/10

[Review] Missão Impossível, O Acerto Final

 

Por Raphael Araújo

Retirando uma frase diretamente de “Vingadores: Ultimato”, “toda jornada tem um fim”, e é sob essa premissa que “Missão: Impossível: O Acerto Final”, chegará nas telonas nesta próxima quinta-feira, 22 de maio, mas que tivemos a oportunidade de assistir antecipadamente na cabine de imprensa já nessa quinta-feira, 15 de maio, a convite da Paramount, e já adiantamos que os fãs da franquia não sairão decepcionados.

O filme entrega exatamente o que promete: muita tensão, ação e cenas grandiosas e grandiloquentes, assim como Tom Cruise em seu ápice de fazer acontecer. As cenas ficam ainda mais marcantes quando lembramos que ele mesmo é quem faz suas cenas e tenta deixar o mais prático possível, com pouquíssimos efeitos especiais, despertando até a curiosidade de como vários momentos do longa foram filmados e o quanto ele se colocou em risco para entregar esse resultado.

Aliás, esse acaba sendo um dos principais diferenciais de “Missão: Impossível” como um todo para diversos blockbusters de ação, principalmente na atualidade. Ele soa muito real e impactante, e não algo vazio e cheio de CGI que nos fazem sentir uma “falsidade” nas cenas. 


Missão Impossível: O Acerto Final / Foto: Paramount Pictures

Há um esforço aqui para as lutas serem brutais, e para cada momento em que Ethan Hunt se vê tendo que virar um super-herói e fazer literalmente o impossível. Destaque nesse esforço também para a Fotografia, que pode não ser merecedora do Oscar, mas vemos o esforço em deixar as cenas bonitas visualmente, ser algo que deleita os olhos, assim como a Montagem tem seus toques de criatividade.

Um fator que também me impressionou foram os toques políticos que agregam à trama, trazendo alguns debates e imaginando cenários caóticos que poderiam acontecer no nosso mundo real. E desde o filme anterior, uma Inteligência Artificial ser a grande ameaça conversa muito com os tempos atuais, deixando o espectador ainda mais tenso pois aquilo pode acontecer. 

Aliás, reforço que, por ser vendido como o último filme da franquia, os anteriores serão revisitados, referenciados ou até mesmo atualizados aqui. A história vai puxando elementos dos longas que vieram antes de uma maneira orgânica e até impressionante, pegando muita gente no contrapé. Quando você menos espera, uma referência ou fato é retomado. Quem não viu a todos, ou até nenhum, vai conseguir entender a história, mas quem conhece a franquia por completo terá uma experiência mais rica, similar ao já citado “Vingadores: Ultimato”.


Missão Impossível: O Acerto Final / Foto: Paramount Pictures

Porém, apesar dos vários elogios, o filme não é perfeito. Mesmo com uma duração de 2h50, o ritmo às vezes muda bruscamente, indo de algo muito acelerado para momentos que se alongam um tanto desnecessariamente. Rasgo elogios para as cenas de ação, mas elas poderiam ser menores sim, não precisavam aumentar riscos que já estavam grandes. 

Ainda, muitos personagens estão ali para cumprir funções estratégicas, pois o foco é quase que totalmente em Ethan Hunt. Simon Pegg e Hayley Atwell possuem mais espaço pra brilhar além de Tom Cruise, mas não chegam perto de ter o mesmo desenvolvimento. Ainda, Esai Morales como Gabriel, que no filme anterior tinha um potencial ameaçador, aqui parece mais jogado na história, perdendo esse ar transmitido anteriormente e não convencendo como a grande ameaça física da trama que ele é colocado para ser.

Em suma, “Missão: Impossível: O Acerto Final” é um grande final para a franquia (apesar de certos detalhes da última cena) e um dos melhores blockbusters do ano, e honra o legado da franquia apesar de alguns tropeços e decisões tomadas. E se achar algumas cenas “forçadas”, basta se lembrar o nome do filme e o que se espera dessa série de longas! Está dentre da proposta!

Nota: 8,5/10

[Review] Premonição 6, Laços de Sangue, é um dos melhores filmes da franquia!

 

Por Victoria Hope

A chegada desse novo título da franquia "Premonição" é um tanto quanto agridoce e não pelo filme em si, mas sim pelo sentimento de despedida de um dos maiores nomes da indústria do terror, o fantástico Tony Todd, que faleceu em 2024 em decorrência de uma doença não divulgada pela família. 

Mas apesar desse aperto no coração dos fãs, é muito bom poder revelar que Premonição 6: Laços de Sangue' é sem dúvidas um dos melhores filmes de toda a franquia, não apenas pela trama original e abordagem totalmente diferente do que já havia sido apresentado em filmes anteriores, bem como o aspecto mais voltado ao lado emocional dessa história, que sem dúvida trouxe uma bela homenagem para Todd bem como para todos os personagens que marcaram essa saga.

Na trama, atormentada por um pesadelo violento e recorrente, uma estudante universitária volta para casa em busca da única pessoa que pode ser capaz de quebrar o ciclo de morte e salvar sua família do terrível destino que inevitavelmente os aguarda. 

Premonição 6: Laços de Sangue / Foto: Warner Bros. Pictures

Premonição 6: Laços de Sangue, acerta pois marca o renascimennto dessa franquia icônica de terror que marcou diversas gerações, conseguindo se manter original, mesmo que trazendo diversas referências dos filmes anteriores. Essa é a primeira vez que o público recebe respostas para tantas perguntas que permeavam a história desde a primeira instalaçãi, afinal, finalmente o público irá descobrir como a "Morte" enquanto personagem funciona nessa história, mas também irá se surpreender diversas revelações sobre personagens dos títulos anteriores, incluindo relevações sobre o próprio  William Bludworth, interpretado por Tony Todd.

O grande trunfo da nova instalaçãodefinitivamente fica por conta do que os fãs da sage esperam, mortes brutais e sangrentas ainda mais cruéis que as últimas, inclusivem, existe uma cena que com certeza vai traumatizar toda uma nova geração devido ao nível de violência, que mesmo com um CGI que as vezes não é dos melhores em alguns momentos (especialmente nas cenas que se passam na década de 50), consegue chocar na maioria das vezes.

Mas ainda assim, o longa é capaz de surpreender o público ao trazer muitas cenas de comédia atrelas à história e não são aquelas cenas típicas onde o riso nervoso surge, pois a comédia é genuinamente engraçada e às vezes até mesmo lembra do humor de "Todo Mundo em Pânico" e isso é ótimo, poiis quebra alguns momentos de tensão e cenas mais emocionais, dando um respiro ao público.


Premonição 6: Laços de Sangue / Foto: Warner Bros. Pictures

Outro detalhe que muitos fãs da franquia vão adorar, é o fato de nenhuma cena é previsível; quando você acha que entendeu o que vai acontecer, todo o cenário muda, as peças do jogo são trocadas de forma aleatória, entregando cenas completamente surpreendentes.

Falando em cinema, a audiência tem sido apresentada à muitos filmes recentes que abordam a temática de trauma geracional e como ele afeta as famílias desde a primeira à ultima geração; Filmes como "Pecadores" entre outros abordaram uma temática semelhante e isso é bem interessante, pois 2025 já pode ser considerado o ano onde temas familiares estão de volta, seja em séries de TV ou filmes, como eu já havia refletido durante a cobertura do Festival SXSW desse ano, que também contou com vários títulos que abordam essa temática.

Apesar de todos esses novos territórios explorados em Premonição 6, a trama com certeza irá dividir opiniões entre os fãs da saga, pois se de um lado alguns querem algo novo, outros querem mais do mesmo, mas um fato concreto é que todos vão se emocionar, principalmente com essa despedida mais do que apropriada de Tony Todd, que marcou a saga do início ao fim e conseguiu transformar o filme em uma experiência ainda mais especial. 

NOTA: 8.5/10

[Review] O Contador 2

Por Gabi Idalgo

A sequência “O Contador 2”, dirigida por Gavin O'Connor traz de volta seu elenco de peso do primeiro filme: Ben Affleck, Jon Bernthal e J.K. Simmons.

Na trama, Christian Wolff (Ben Affleck), permanece da mesma forma que no filme anterior, vivendo como contador e agindo secretamente em suas missões, o que o faz morar em um trailer e se mudar constantemente. 

O que muda na sequência é que agora Wolff parece estar em busca de um relacionamento, o que não soa tão natural dado a personalidade e condição do protagonista.

O Contador 2 / Foto: Warner Bros

Seu irmão, Braxton (Jon Bernthal) tem maior destaque e demonstra estar solitário, pois vive apenas pelo trabalho e não tem vida social.

As interações entre os irmãos são as melhores partes do longa, que carregam o alívio cômico. Há muitas cenas de ação, luta, tiros... para quem é fã do gênero é um prato cheio, mas o filme é “mais do mesmo”. 

A história é mais rasa que em “Contador”, com personagens e informações desconexas dos quais as explicação para encaixe das peças não fazem sentido algum. Tudo é bem “surreal”, absurdo demais para ser verdade.

Assim, os personagens novos não cativam e a trama se torna maçante para um filme de mais de 2 horas. É válido para entreter, as lutas são bem coreografadas, há diversos plots interligados e dá pra rir um pouco. Mas, não convence como uma boa sequência.

Nota 6.5/10

[Review] Força Bruta, Punição

 

                                                                                                                                        Por Victoria Hope

E assim, Força Bruta, chega ao seu quarto título! Força Bruta: Punição (Beomjoidosi 4)! Mais uma vez acompanhamos o carísmático Don Lee retornar ao papel do implacável Detective Ma, que sai por aí para acabar com todos os vilões que aparecem em seu caminho. Apesar dessa ser uma formula bem batida, os fãs aficionados por ação adoram justamente a certeza de que vão encontrar porradaria e ação na dose certa e é exatamente isso que o filme entrega.

Na trama, ao perseguir o desenvolvedor de um aplicativo de tráfico de drogas, o detetive Ma Seok-do (Lee) descobre uma ligação mortal com um vasto sindicato de jogos de azar online, desencadeando uma aliança sem precedentes para derrubar os criminosos.

Em tempos onde a temática de jogos de azar, criptomoedas entre outros assuntos voltados ao universo de apostas seguem dominando a conversa online e offline, o filme tem uma boa oportunidade para mostrar como o 'buraco' de jogos de aposta vai para muito mais além do que as pessoas imaginam e a escolha de trazer esse tema para modernizar ainda mais a franquia foi bem acertada.


Força Bruta: Punição / Foto: ABO Entertainment

Ao longo dessa nova missão, Ma se reencontra com outro personagem regular da saga, Jang I-su (Park Ji-hwan), um bandido mesquinho com apego à sua bolsa masculina de grife e um desejo secreto, que Ma explora de forma divertida, de ser aceito como um dos integrantes do esquadrão. 

E apesar do pano de fundo fictício, o diretor afirma que a história do quarto longa é levemente baseada em um caso da vida real, o que deixa tudo mais fascinante, mas é claro que sempre com aquela boa dose de 'realismo' onde a cada esquina, mais brigas e porradarias surgem e são tantas cenas que dão a impressão de que o diretor não consegue deixar os personagens sequer respirarem antes de voltar a soltar cenas intensas de luta, que aliás, são todas muito bem filmadas com ângulos que se assemelham aos animes clássicos de ação dos anos 90.

Força Bruta: Punição, não é tão incrível quanto a sequência de 2022, mas tem seus bons momentos de humor onde Don Lee consegue mostrar que é muito mais do que um par de músculos e que tem excelente timing pra um tipo de humor mais seco e mais sarcástico que funciona muito bem para esse personagem em específico. Não espere algo muito diferente aqui em comparação com todos os filmes anteriores, pois a única novidade é a temática mais voltada à tecnologia. 

NOTA: 7.5/10

[Review] Presença

 


Por Victoria Hope

"Presença", é o mais novo filme de Steven Soderbergh, um dos maiores nomes do cinema independente americano, que agora retorna com um "terror", que na verdade pode ser mais comparado com thriller psicológico do que o gênero anterior.

Na trama acompanhamos a vida de uma família que está prestes a se mudar para uma nova casa, porém, mal sabem eles que essa casa, apesar de nova, é habitada por uma assombração. De praxe, muitos pensariam que essa é só mais uma história de fantasmas, porém é aí que a trama é completamente subvertida no momento em que a audiência percebe que o filme se passa pelo ponto de vista da asombração e não da família.

Como todas as famílias disfuncionais que estamos acostumados a ver nesse gênero de thriller, temos um pai e uma mãe que já não se entendem bem, dois irmãos, sendo um o mais velho e a outra caçula, que também vivem brigando, juntando o fato de que a mãe (aqui interpretada de forma excelente por Lucy Liu), é uma mãe narcisista e o que podemos chamar de "Boy's mom", a típica mãe que coloca o filho homem no pedestal enquanto sequer liga pra filha.

Chloe (Callina Liang), que é a irmã mais nova e protagonista do filme, está passando pelo momento mais doloroso de sua vida, pois perdeu duas melhores amigas para o mundo das bebidas e substâncias ilícitas e juntando tudo isso, sua família se mudou bem a contra-gosto da garota.


Presença / Foto: Diamond Films

Não bastasse toda a dor da garota, unida ao péssimo tratamento que recebe de seu irmão mais velho (Tyler), ela começa a se sentir observada, imaginando que talvez o fantasma de uma de suas amigas está seguindo a família naquela casa e agora ela e sua família terão que resolver esse mistério sobre a estranha presença antes que seja tarde demais.

"Presença", tinha tudo para ser um excelente thriller! É um bum filme, porém, falando dos aspectos técnicos, a montagem deixa muito a desejar e tira um pouco da forma da trama, que apesar de entregar excelentes atuações do elenco, acaba se tornando monótona, justamente por conta da montagem arrastada.

O efeito de câmera que lembra um drone, para apresentar o ponto de vista da assombração é interessante nos primeiros minutos, mas depois se estende demasiadamente, o que tona a história um tanto quanto cansativa, mas não menos fascinante do ponto de vista da trama familiar, que consegue se manter interessante até o fim. Talvez o que falta mesmo, é uma trilha sonora realmente impactante para deixar a trama ainda mais dramática.

NOTA: 7/10

SXSW 2025 | EXODUS

 

Por Victoria Hope

Em um mundo frequentemente definido por julgamentos rápidos e rótulos persistentes, o documentário em curta-metragem EXODUS emerge como um farol de esperança, oferecendo um olhar profundo e compassivo sobre a vida de duas mulheres navegando pelo complexo e desafiador território da vida pós-prisão. Através de uma narrativa sensível e envolvente, o filme nos convida a questionar nossas percepções sobre o passado, a redenção e o verdadeiro significado da família.

EXODUS não se limita a retratar a dura realidade da reintegração social após o encarceramento; ele mergulha na essência da experiência humana, expondo a vulnerabilidade, a resiliência e a inabalável busca por um futuro melhor que reside em cada uma dessas mulheres. Ao acompanharmos suas jornadas, somos confrontados com a necessidade urgente de empatia e compreensão em uma sociedade que muitas vezes se mostra implacável com aqueles que buscam uma segunda chance.

Enquanto essas duas mulheres trilham seus caminhos rumo ao futuro, o filme nos apresenta a humanidade que reside em cada uma delas, desafiando a noção de que seu passado define quem elas são. O filme revela suas esperanças, seus medos, suas lutas e suas vitórias, mostrando que, apesar dos obstáculos que enfrentam, elas permanecem resilientes e determinadas a construir um futuro melhor para si mesmas.

EXODUS também aborda o tema da perda, tanto no sentido literal quanto figurado. As mulheres retratadas no filme perderam anos de suas vidas para a prisão, perderam a oportunidade de estar presentes para seus entes queridos e perderam a confiança da sociedade. No entanto, o filme também celebra a esperança da renovação, mostrando como essas mulheres estão trabalhando para superar suas perdas e construir um futuro melhor.

Através de imagens poderosas e depoimentos emocionantes, esse documentário nos lembra que a redenção é possível e que todos merecem uma segunda chance. O filme nos convida a olhar além dos erros do passado e a reconhecer o potencial de crescimento e transformação que reside em cada ser humano.

NOTA: 8.5/10

SXSW2 2025 | Interview with Julie Wyman, director of the remarkable documentary The Tallest Dwarf

Por Victoria Hope

Julie Forrest Wyman's poignant documentary, "The Tallest Dwarf," offers a unique and deeply personal exploration of identity, acceptance, and the complexities of belonging. More than just an observer, Wyman invites viewers on her own journey of self-discovery as she navigates her place within the little people (LP) community – a community she intimately identifies with.

The film avoids the common pitfalls of outsider perspectives, instead providing an authentic and compelling firsthand account and paints a vibrant portrait of the LP community, moving beyond stereotypes and delving into the nuanced realities of their lives.

In "The Tallest Dwarf", Wyman doesn't shy away from the difficult questions. She explores the internal struggles that individuals face as they reconcile their personal identity with societal perceptions. The film delicately uncovers the adversity faced by the LP community, from everyday accessibility issues to the more profound emotional and psychological impacts of being different.

During SXSW, our team had the opportunity to talk to the director and explore themes such as self-acceptance, the search for belonging, and the challenges of navigating a world that often is designed for many communities.


Julie Forrest Wyman / Photo: SXSW

Amélie Magazine: 'The Tallest Dwarf' is a very personal journey for you, so how does it feel like to have this film premiering at SXSW? 

Julie Wyman: Yeah, it's sort of a very big place to bring such an intimate story and it's really so exciting to be included here and also to literally see the film projected on a giant screen, which is how I intented! It's really meant to be cinematic visually. It's exciting, a little nervewrecking too, but what's been really meaningful was hearing the audience members saying that the film spoke to them so much, whethter they know about little people and dwarfism or not, and most of them do not, so it was sort of relatable and there was a lot of connection and the sense of being in between ans belonging.

 And having some of the participants here with me and my team, and of course, a couple of the people in the film where able to come and sort of sit in the theater and for all of them to take in "this is the movie" and to go our in the world and share our culture and our history. 

As you know, some have seen little people on reality TV or in carnivals, but to kind of understand that we have a long history as our own culture in its complexity (was the intention). But also there are lots of threats on display that we have to navigate every day, so being with people with the same experience and for them ti see and take in the audience, that was really beautiful.

Amélie Magazine: We follow Dwarfism History on Tiktok and we thing Aubrey is an amazing creator about the subject. With that in mind, can you introduce us to more influencers who are part of the little people community for us to follow? 

Julie Wyman: Well of course, several people from the filme have a social media presence, such as Katrina Kemp, she speaks nearly the end of the film and she's a performer, ann then Matthew Jeffers, who's also a performer who writes the script for the photograph of the two people wearing monkey masks, and then we have. One of the people who've also been part of the team on the advisory board is Rance Nyx! He's an actor and also does short films! You might recognize him because he's been in plenty TV shows.

There are so many cool people I follow, there's also Caity B, who's a Fashion Designer and she's a little person who makes incredible pieces and amazing embroidery art, like drawings made out of embroidery for the clothes and a lot of it is scaled for little people. 

And still talking about fashion, there's one company called Chamaiah Dewey, she's average height designer, but she also created for the little people community, by also creating for the community, including what we call in the fashion world as social models in terms of disabilties, like "let's change the world' and she does that and it's so beautiful!


The Tallest Dwarfv / Photo: SXSW

Amélie Magazine: While filming this documentary, there were probably challenges either in terms of technical issues to emotional aspects, can you talk about that?

Julie Wyman: Sure, I think all documentaries have technical issues to manage, but for me, the emotional, the community part, the cultural aspect, that was the biggest area of challenges. I had a lot of discomfort and was unsure while filming in little people communities. I kind of knew on a gut level that it was loaded and there was an entrreprise even to ask to little people to film with me.

And as I got to know the community, it became more and more clear. Little People of America didn't want me to film in certain places and part of the conferences, so I didn't and I worked with what i was granted permission to do, but I think, as a person who needs to be there, I felt like I had to shift who my story was about to understand that this film would not be about exploiting people; they were going to tell the story with me and have the camera as a witness, so really I ahad to rethink what story I was telling and this is why the workshop I was working in was done with actors and performers who actually wanted to be on camera. It was like a world we made for ourselves.

At first I was thinking like other documentaries, like "I gotta get to that little corner, the hard little corners that no one has access to, but after a while, I started to realise that there was so much in the community and friendships that are forming to explore and unpack with the histories that tie together everyday, to tell what was happening in the rooms where the camera was invited.

Amélie Magazine: Do you have a funny story from the set while filming?

Julie Wyman: *laughter* See, this also related to something that we didn't include in the film, that was in the cutting room, so, my parents are, as you could see in the film, my mom doesn't totally understand why I care so much about this identity. Both of my parents didn't at the beginning, but they really wantd to participate, even if they didn't understand it, so once, I've asked my parents to reenact my birth *laughter*, in a park on a picnic bench.7

So my mom pretended to give birth to me, screaming and pret4nding to feel all of the labour pains, while my dad was holding her hand and from under the table I pop out, like, adult me, like a baby *laughter* I mean, it's totally absurd and I loved it the idea was like "what If I had my diagnosis before I was born, but it was so weird. I kinda want to put it in social media for people to see because it's hilarious! People from the team have seen in and they laughed but they also thought it didn't quite fit, so we took it out.

Amélie Magazine: Which lessons can the audience of SXSW take home from this film?

Julie Wyman: I hope the people who see the film experience a new form of beauty, take that in and hold it and believe in can be in the world. Bodies of different shapes, little people bodies, a sense of these varying proportions and different ways of moving, all very differnt from the standart, tall, thin, white, not white... So I want theem to hold that in and knwo that is is part of our world.

I'm hoping we can see disabilities as a difference that is important to our world and that we need in our world and that we value. It's kind of a big picture but I hope people get to see that. A lot of this film is about parents and children, you know? And a lot of kids are different from their parents,maybe they are neurodirvegent, people who are queer, trans, I hope that this film can show people how important the simple act of saying 'I understand you' or saying 'I hear you', ' I get that this is important', just that, is so beautiful and  does so much instead of the resistance or fear of that different;

Amélie Magazine: If you could time travel and see yourself as little Julie, talking to a mirror, what message would you like to tell her?

Julie Wyman: I love that question! You are gorgeous the way you are! There is no one exactly like you and that is something to hold, and you know bring yourself to the world, don't be scared, you'll find your place.

Amélie Magazine: One word to define The Tallest Dwarf?

Julie Wyman: That's a hard one! I wanna say belonging, but I'm not sure... Community. It's very much a mixture of things. Hopefully those are some words *laughter*

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'The Tallest Dwarf' cast and crew / Photo: SXSW 2025

To follow more stories and personalities from the little people community, make sure to follow:

Caity B

https://www.instagram.com/ca8ty?igsh=NTc4MTIwNjQ2YQ==

Thetallestdwarffilm

https://www.instagram.com/thetallestdwarffilm

Julie Wyman 

https://www.instagram.com/onteejoowee/

Rance nix

https://www.instagram.com/rancenix?igsh=NTc4MTIwNjQ2YQ==

Chamaiah Dewey

https://www.instagram.com/dewey_clothing?igsh=NTc4MTIwNjQ2YQ==

Matthew Jeffers

https://www.instagram.com/matthewaugustjeffers?igsh=NTc4MTIwNjQ2YQ==

Katrina kemp

https://www.instagram.com/kueenkatrina?igsh=NTc4MTIwNjQ2YQ==

SXSW 2025 | American Sons

 

Por Victoria Hope

American Sons, parte do Spotlight de Documentários, é um filme comovente e emocionante que segue um grupo de veteranos da Marinha enquanto eles trabalham para superar seus traumas passados ​​e lamentam a perda de seu camarada e amigo mais próximo, o Cabo JV Villarreal. 

O filme é um mergulho profundo e pessoal nos efeitos duradouros da guerra em nossos veteranos dos EUA. Em sua essência, o filme é uma exploração importante e precisa de fraternidade, resiliência, comunidade e um chamado à ação para garantir que nossos soldados sejam cuidados quando retornam do serviço.

Depois que o cabo Jorge “JV” Villarreal Jr. do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA morreu em outubro de 2010 enquanto servia no Afeganistão, sua irmã mais velha, April Rodriguez, decidiu que sua história deveria continuar viva.

O tema central da história foca na luta que os veteranos enfrentam ao retornar para casa da guerra, como Stress pós-traumático, depressão e também  nas pessoas que assim como Jorge, perderam a vida durante durante a guerra. 

O documentário joga luz para os sentimentos dos familiares e como seguir em frente após perdas tão grandes e um dos maiores pontos fortes do filme é sua capacidade de humanizar seus temas. Os cineastas fizeram um excelente trabalho ao capturar as personalidades e lutas individuais de cada fuzileiro naval. Isso permite que o público se conecte com eles em um nível mais profundo e entenda seus desafios.

Outro ponto forte do filme é sua representação honesta e sem adornos das lutas que os veteranos enfrentam. O filme não evita os aspectos difíceis, pois em vez disso, ele os enfrenta de frente e oferece uma visão realista dos desafios que os veteranos enfrentam ao retornar para casa.

NOTA: 8.5/10

SXSW 2025 | La 42 ( 42nd Street)

 

Por Victoria Hope

Ritmos da Alma e da Resistência

'La 42" é um filme hipnotizante de José Maria Cabral, que nos transporta para o coração pulsante da Rua 42 em Capotillo, um microcosmo da vida afrolatina, repleto de dança, música e sonhos esmagados. A trama segue a vida entrelaçada de três personagens principais, cada um personificando diferentes aspectos da busca por fama e reconhecimento em um ambiente marcado pela opressão e vulnerabilidade.

O filme captura com maestria a aura caribenha com todas as suas nuances e pluraridades. O filme não se esquiva das alegrias e das tristezas, da beleza e do assustador, da esperança e do desespero. Ele retrata a vida como ela é, com seus momentos de êxtase e seus momentos de dor. A questão das drogas e da vulnerabilidade social são abordadas com honestidade e sem julgamentos, expondo a realidade de muitos que vivem à margem da sociedade.

A noite das ruas ganha vida em "La 42", com festas são vibrantes,  completamente caóticas, embaladas por uma música contagiante, fazendo a dança dos personagens florescer. É fascinante observar como a dança se torna uma forma de resistência, de celebração e de conexão para esses artistas. Ela é a linguagem que transcende as barreiras sociais e econômicas, permitindo que eles se expressem livremente e compartilhem sua paixão com o mundo.


La 42 (42nd Street) / Foto: Prodigy

Embora o filme passe rapidamente pelo tema do tráfico de drogas e pela cena do crime que assola Capotillo, este funciona mais como um pano de fundo para a trama principal. A breve incursão nesse submundo serve para ilustrar a vulnerabilidade dos personagens, por conta do local em que vivem, no entanto, o foco principal do documentário permanece na conexão profunda que os une à arte e na forma como essa conexão pode ser a chave para futuros promissores.

É incrível como cada detalhe é minucioso nesse filme lembra da nossa cultura latina aqui do Brasil, desde os sapatos atirados nos fios de eletricidade das ruas ao ritmo frenético e as tragédias, mas também como o povo, em meio a dor consegue perseverar e seguir em frente, afinal não há escolha. Muitos ainda vão lutar para perseverar e para evitar as tentativas de gentrificação do local.

NOTA: 8.5/10