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Ruth de Souza, Léa Garcia e Haroldo Costa: artistas pioneiros do ‘Teatro Experimental do Negro’, em episódio inédito de ‘Cias do Teatro Brasileiro'

 

Por Victoria Hope

O teatro brasileiro sempre teve um predomínio de atores brancos, com raras exceções na primeira metade do século passado. Entre essas figuras, destacam-se os irmãos Vasques (século XIX) e Benjamin e Vitória de Oliveira, que vieram do circo-teatro. Já Grande Otelo foi revelado pela Companhia Negra de Revistas, a primeira a colocar um negro em cena. 

Esses artistas, no entanto, eram de linhagem cômica e somente na década de 1940, a partir da criação do Teatro Experimental do Negro (TEN), atores negros passaram a representar papéis dramáticos. Parte dessa história será contada no quarto episódio da série inédita “Companhias do Teatro Brasileiro”, exibida com exclusividade no Curta!. A direção é de Roberto Bomtempo e a produção é da Camisa Listrada. 

Ruth de Souza, Léa Garcia e Haroldo Costa são alguns artistas que relembram em entrevistas inéditas como o TEN surgiu, seus objetivos e sua trajetória. Fotos e entrevistas históricas ilustram o episódio, que conta ainda com o pesquisador Daniel Marano e Elisa Larkin Nascimento, escritora e diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros.  

Ensaio de Sortilégio, com Abdias Nascimento e Léa Garcia, 1957/ Foto: Arquivo Nacional

Abdias Nascimento — ator, poeta, jornalista, economista e militante da causa negra — foi o criador da companhia ao lado de Aguinaldo Camargo, Theodorico dos Santos e José Hernel. O TEN foi uma resposta a uma prática comum na época conhecida como "black face", na qual atores brancos tinham o rosto pintado de preto para interpretar personagens negros. Abdias ficou indignado ao assistir a uma produção teatral que utilizava essa prática e decidiu fundar um teatro negro que servisse para combater o racismo. O "Experimental" viria para romper conceitos, permitir a experimentação artística e o questionamento das normas estabelecidas. Além, claro, de mostrar que os negros também podiam ser atores e participar ativamente das produções teatrais. 

Em um primeiro momento, o elenco do TEN seria composto por pessoas humildes, entre empregadas domésticas e funcionários públicos de baixo nível. Por isso, segundo Elisa Larkin Nascimento, escritora e diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, a primeira medida tomada foi a de ofertar aulas de alfabetização porque “sobretudo naquela época, mais do que hoje, não se fazia teatro sem texto. O texto era a estrutura do teatro, então tinha que saber ler”, ressalta ela.

O TEN estreou em 8 de maio de 1945 com a peça "O Imperador Jones", de Eugene O'Neill, não por acaso, a mesma que Abdias tinha assistido anos antes, marcando a primeira vez que atores negros pisaram no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre os talentos estava Aguinaldo Camargo, que era delegado de polícia, e se mostrou uma das grandes revelações dramáticas da década.

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"Teatro Experimental do Negro” pode ser assistido também no Curta!On – Clube de Documentários, disponível na Claro TV+ e em CurtaOn.com.br Novos assinantes inscritos pelo site têm sete dias de degustação gratuita de todo o conteúdo. A estreia do episódio é na Terça das Artes, 15 de agosto, às 23h30.

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