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[Review] Tempos de Barbárie - Ato I: Terapia da Vingança

Por Victoria Hope

Para a alegria dos fãs de thrillers de suspense, o novo filme de Marcos Bernstein (Central do Brasil), Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança estreia em 17 de agosto nos cinemas e é estrelado por Cláudia de Abreu ao lado de Júlia Lemmertz e Alexandre Borges. 

Na trama de Tempos de Barbárie, a filha de Carla (Cláudia Abreu) entra em coma após ter sido baleada durante uma tentativa de assalto no rio de Janeiro. Se sentindo impotente diante a falta de eficiência da polícia e das autoridades locais, a protagonista decide fazer justiça com as próprias mãos, em um arco que pode ser considerado, dizendo de modo pop, a transformação de uma personagem no verdadeiro 'Coringa' em todos os sentidos.

Com uma belíssima fotografia, apesar de que as vezes, acompanhada de um certo exagero em pausas dramáticas e cortes que não acrescentam muito a trama, além de atuações de tirar o fôlego, o filme toca na ferida relacionada a violência das cidades, na desigualdade social e no porte de armas, frente ao aumento do número de casos violentos nos últimos anos. Logo no início da história, o público se depara com a mensagem na tela, revelando que no Brasil, o número de assassinatos triplicou após a 'liberação' do porte de armas e a partir dessa premissa, vemos diversos personagens e suas relações com esses dados, muito reais, principalmente nos últimos quatro anos.

Tempos de Barbárie - Ato 1: Terapia da Vingança / Foto: Paris Filmes

Apesar da trama excelente abordada, o filme derrapa de leve em alguns momentos quando não se aprofunda no tema e por vezes, faz parecer justificável o sentimento da protagonista e dos demais personagens em momentos de fúria. Veja, o filme em nenhum momento romantiza as ações de Carla, tampouco defende as ideias dos personagens quanto à violência, mas ao mesmo tempo, a linha tênue entre a razão e a loucura da personagem parece quase desaparecer, o que pode levar a um entendimento um tanto quanto 'errado' dependendo de quem está assistindo.

Num viés mais pessoal, o filme manda a mensagem de que o porte de armas é um perigo muito real e que em uma sociedade sem lucidez, atos cruéis podem acontecer diariamente, tanto por motivos levianos quanto por motivações como vingança. Mesmo com os pontos apontados aqui, Tempos de Barbárie acerta ao mostrar o que uma pessoa sem tratamento psicológico adequado é capaz de fazer e reforça a importância de buscar ajuda profissional, tanto que em alguns momentos da terapia em grupo, a própria doutora (Júlia Lemmertz), aponta que talvez o ideal para a protagonista fosse buscar uma psiquiatra e não a terapia de grupo, pois cada caso é um caso. 

O luto de cada um dos personagens é visto de uma forma diferente e o final, é absolutamente catártico, forte, ao mesmo tempo enigmático. Será que Carla conseguiu afinal o que queria? Será que a vingança de alguma forma vai trazer paz à sua mente? O público sabe que não, mas é aí que está a grande mensagem, pois Tempos de Barbárie não é uma história de inspiração, tampouco uma história de heróis e vilões e sim, um conto de alerta, mas também um conto sobre vingança, que me remete à clássicos como a Trilogia da Vingança de Park Chan-wook, onde o desejo de se vingar toma conta dos protagonistas e a mensagem política necessária por trás está entranhada em cada cena.

NOTA: 8.5/10
 

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