Por Victoria Hope
Começo essa crítica dizendo que sou muito fã de Deadpool tanto que fui chamada até mesmo pela Disney pra falar sobre o meu amor pelo personagem na série de vozes da diversidade da Disney e por esse motivo, por amar esse personagem, escrevo pela primeira vez uma crítica em primeira pessoa por aqui.
Como fã e também colecionadora dos quadrinhos, eu estava com altas expectativas para Deadpool e Wolverine após o excelente Deadpool 2 e fico feliz em dizer que o filme superou minhas expectativas e entregou um projeto que vai agradar muito os fãs de ambos os personagens.
O filme me surpreendeu por que foi bom de muitas formas, mas é claro que eu também tenho muitas críticas que vou falar mais pra frente em termos de caracterização do personagem e roteiro. Esse filme é o verdadeiro team up que estava faltando e eu adoraria que a Marvel trouxesse mais team ups pra essa nova fase, pois vimos que isso funciona bem, vide Falcão e Soldado Invernal.
Tanto o Ryan Reynolds quanto o Hugh Jackman tem uma química incrível e eu adoro que pras piadas do filme funcionarem, os dois tem que tipo jogar a bola pro outro cortar e isso funciona muito bem em tela e é um dos trunfos que eleva o filme, já que pessoalmente acredito que essa história não funcionaria caso os atores não estivessem tão próximos.
Wolverine e Deadpool em cena / Foto: Disney |
Em um comentário mais geral, eu adorei todas participações especiais do filme, porque esse é o tipo de fanservice que a gente já espera da Marvel, principalmente de Deadpool, agora que ele está na Disney e pode brincar a vontade todos os títulos e personagens dos estúdios, mas é aí que começa o problema...
O filme focou tanto no fanservice que em alguns momentos, esqueceu de desenvolver o roteiro, mas mesmo assim, acredito que se compararmos esse roteiro com a escrita de quadrinhos team up de Deadpool, então esse tipo de dinâmica funciona bem, porém o texto poderia sim, ter sido melhor desenvolvido.
A trilha sonora do filme é um dos pontos mais altos de Deadpool e Wolverine, já que como boa millenial que sou, simplesmente amei ouvir Avril Lavigne ,N'sync, Fergie e outros hits tocando no filme e vale ressaltar que a abertura musical do filme é de longe uma das aberturas mais criativas e incríveis da última década no MCU, tudo isso graças ao excelente trabalho do professor de dança Nick Pauley, que carinhosamente ganhou o apelido de Dancepool.
Emma Corrin no papel da vilã Cassandra Nova / Foto: Disney |
Voltando à trama, falando sobre a vilã Cassandra Nova, acredito que Emma Corrin fez um excelente trabalho, em alguns momentos, combinando seu humor com o de Ryan Reynolds, porém em alguns momentos, senti que Cassandra seria a vilã perfeita em outro universo da Marvel, como por exemplo, em um filme mais sério voltado apenas aos X-Men.
Em um comentário mais geral, adorei ver todos os personagens antigos do Wade, desde Blind Al à Yukio e Dopinder, apesar de ter sentido falta da Domino em cena. Alguns fãs sentiram que a trama dos personagens que formam a família de Deadpool ficaram meio 'jogados' na trama, mas eu acredito que a aparição deles foi importante pra mostrar a motivação real por trás do personagem titular querer se transformar em uma pessoa melhor e em um herói.
Mas nem tudo são flores, pois minha crítica maior vai para o queerbaiting. Eu entendo que a geração mais nova se contente com fragmentos de representatividade a estilo série do Loki para o Disney+, mas é preciso saber quando estão rindo com você e de você e essa nuance é totalmente perdida por parte do público.
Tanto nas HQs, quanto no filme, vemos várias cenas que supostamente mostram a pansexualidade do Wade Wilson abertamente, mas todas essas histórias param por aí, no supostamente mesmo, já que a orientação sexual dele é sempre tratada como piada.
Deadpool e Wolverine / Foto: Disney |
'Ah mas vick, o Deadpool faz piada com tudo', É mesmo? Me mostre algum momento dos três filmes de Deadpool onde o romance dele com a Vanessa foi tratado como piada e não, a cena da cinta não conta, já que ele não está tirando sarro do romance deles. Me mostre quando ele não levou a sério o luto por ter que terminar com a Vanessa?
Muita gente defendeu Loki porque dizem 'pessoas bissexuais não precisam aparecer em relações com pessoas do mesmo gênero para serem consideradas LGBTQIAP+ e eu concordo, porém estamos falando de mídia, de ficção, onde o subtexto nem sempre funciona e onde a representatividade TEXTUAL e VISUAL é muito importante.
Claro que em Deadpool e Wolverine, vemos o subtexto enorme na cena do carro entre o Wade e o Logan e temos também diversas cenas onde o Wade está cantando e admirando homens, mas isso tudo é tratado com tom de piada, mas é claro que isso não apaga que ele tenha personagens queer em tela, o que tmbém é importante, já que temos Wade, que é pansexual, Shatterstar, que é um homem gay nos quadrinhos, Emma corrin que na vida real é não- binário, além de Negasonic e Yukio que são lésbicas.
E pra fechar, outra crítica que eu tenho é o humor sexista que não estava presente nem nas HQs, nem nos dois primeiros filmes de Deadpool, mas esteve aqui em Deadpool e Wolverine. Aqui, parece que virou piada chamar homens cis de mulherzinha; a gente vê personagens fazendo isso o filme inteiro, o que apenas endossa essa visão dos 'fãs' que disseram que o filme é 'anti-lacração', ideia que não poderia estar mais longe da realidade que o filme apresenta.
Com esses pontos negativos tirados da frente, posso voltar a dizer como esse filme foi importante para os fãs de quadrinhos, afinal, é um filme que respeita os quadrinistas que fizeram do Deadpool ser o que ele é. Não podemos esquecer de Gail Simone, Gerry Duggan, Joe Kelly e todos os nomes responsáveis por ter trazido a possibilidade dos filmes o Deadpool existirem. Deadpool e Wolverine é um filme que honra os quadrinhos da Marvel, que vai te fazer sorrir, chorar, sentir nostalgia e saber que a partir de agora, essa nova era do MCU vai ser muito mais fiel aos quadrinhos do que qualquer outra era.
NOTA: 8.5/10