Por Victoria Hope
Com roteiro inspirado no premiado livro Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex, o longa Ninguém Sai Vivo Daqui, de André Ristum, acompanha a jornada de Elisa, uma jovem que engravida do namorado e, no começo dos anos de 1970, é internada à força pelo pai no hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena (MG).
O longa conta uma parte sombria da história brasileira sobre como muitas pessoas, principalmente mulheres, foram enviadas à hospitais psiquiátricos à força por suas famílias, assim como acontecia há meio século atrás e que infelizmente, ainda acontece em muitos lugares do mundo, o que torna tudo muito assustador.
Ninguém Sai Vivo Daqui é filmado completamente em preto e branco, o que contribui para a atmosfera soturna que toma conta da história desde o início do filme. Aos poucos, somos introduzidos à personagens com diversas histórias de vida, alguns mais violentos, outros menos, mas muitos colocados ali por serem tratados por suas famílias e amigos como uma 'inconveniência' e essa é a triste realidade também retratada no livro.
Ninguém Sai Vivo Daqui / Foto: Gullane+ |
É um dos filmes nacionais de terror psicológico mais intrigantes que já assisti, principalmente por demonstrar sem pudor o que acontecia por aqueles corredores e paredes brancas, repletas de apenas dois sentimentos: medo e raiva. Medo sem saber se existiria um amanhã, medo de perder a sanidade aos poucos e raiva por estarem naquele local que os desumaniza, machuca e mata aos poucos.
O elenco é de longe um dos maiores trunfos do longa, incluindo Andréia Horta, Augusto Madeira, Rejane Faria, Naruna Costa, entre outros, mas apesar disso, o ritmo é hora acelerado, hora lento, deixa algumas lacunas que poderiam tornar esse projeto ainda mais rico e é claro, um desenvolvimento maior de outros personagens-chave seria essencial para que o filme passasse a sensação de completo, o que infelizmente não acontece.
É preciso estômago para ver algumas das cenas, mas ao mesmo tempo, ver o que aconteceu naquele local, mesmo com personagens fictícios, nos dá uma pequena amostra do verdadeiro horror que aconteceu nos hospitais psiquiátricos daqui e nos relembra de que não podemos deixar jamais que algo assim se repita.
NOTA: 7/10