Por Victoria Hope
O exercício de poder é um dos principais temas abordados em "Babygirl", novo filme da A24 estrelado por Nicole Kidman, que inclusive venceu o Leão de Prata de Veneza na categoria de Melhor Atriz por esse filme e desde então, tem feito burburinho entre a crítica estrangeira. Chegará aos cinemas brasileiros no dia 9 de janeiro de 2025.
Na trama, acompanhamos uma poderosa CEO que coloca sua carreira e família em risco quando inicia um caso amoroso baseado em fetiche com um novo estagiário de sua empresa. Desde o início vemos que Romy (Kidman), sempre teve desejos reprimidos em ser tratada como uma baby girl, categoria submissa dentro do BDSM, porém, seu esposo 'vanilla', não parece satisfazer esse desejo que ela tem bem reprimido no fundo de sua mente.
Apesar de ser tudo o que sempre quis, que foi uma carreira estável, um marido amoroso e filhas que são suas maiores companheiras, Romy busca pela sensação de perigo iminente, pelo desafio e pela selvageria e encontra tudo isso num misterioso estagiário que parece saber exatamente os desejos mais sombrios de sua chefe.
Babygirl / Foto: A24 & Diamond Films |
O longa mostra que os 'fetiches' da CEO vão para além da questão sexual, pois aqui em jogo entra também a temática de assédio sexual no trabalho, mesmo com relacionamento consentido, mas também outras questões como desequilíbrio de poder, que é um dos conceitos básicos dentro dessa cena de fetiche praticada pelos personagens.
Apesar do tema ser muito interessante e a atuação de Nicole ser um destaque, Babygirl não tem muito a dizer, ou melhor dizendo, não tem nada a se aprofundar sobre a questão psicológica por trás das escolhas da personagem, o que seria muito mais interessante de explorar do que as poucas cenas de 'brincadeiras' feitas pelos personagens em questão.
Muito se explora sobre o desejo reprimido, mas pouco se explora sobre as nuances da escolha da personagem, mas isso não atrapalha o filme como um todo, apenas deixa um gostinho de que tudo poderia ter sido bem melhor explorado.
Babygirl / Foto: A24 & Diamond Films |
Já a direção de Halina Reijn é um trunfo a parte, pois ela consegue extrair reações viscerais de seu elenco, com câmeras muito próximas ao rosto em alguns momentos, que fazem parecer que os personagens estão muito perto, quase respirando nos rostos da audiência.
É muito interessante ver como a direção feminina voltada a temas como fetiche, BSDM e desejo vão por outro lado, pois por mais que Kidman tenha diversas cenas sexuais, em nenhum momento ela é vista como objeto sexual; muito pelo contrário, explorasse a visão que Romy tem sobre si mesma naquele cenário.
Em um momento específico, o jovem estagiário chega a explicar para o marido de Romy, Jacob (Antonio Banderas), que sua visão sobre o de sua mulher fetiche está equivocada e aquele é um momento muito interessante, onde o personagem poderia realmente ter explicado essa dinâmica que apenas confirmara o que Reijn tenta mostras na história. Para quem já leu muitas fanfics e livros eróticos, o tema não é novidade, mas definitivamente é abordado de uma forma diferente de tudo o que já foi apresentado no cinema com a mesma temática.
Nota: 8/10