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[Review] Motel Destino

 

Por Victoria Hope

Motel Destino começa assim como termina, com uma imagem de uma praia paradisíaca e a sensação de tempos mais simples, com risos, sorrisos e muito amor envolvido. O filme de Karim Aïnouz teve sua estreia no Festival de Cannes, sendo ovacionado por 12 minutos e após assistir o filme, é possível dizer que merece sim toda aclamação.

Na trama, acompanhamos Heraldo, um rapaz em seus 20 anos, que precisa se livrar de uma dívida e não parece ter grandes ambições na vida a não ser a vontade não apenas de sobreviver, mas também de viver uma vida tranquila, longe da rede de crimes que permeia sua vida e sua família.

Num dia, após um crime que muda sua vida completamente, Heraldo foge de sua cidade e vai se esconder em um motel na beira da estrada e é lá que as coisas viram de cabeça para baixo e sua vida toma um rumo completamente inesperado.

O filme é estrelado por Iago Xavier, Nataly Rocha, Fábio Assunção e todos entregam absolutamente tudo em termos de atuação e o mais mágico ainda é que em Motel Destino, a atuação não vem apenas do roteiro, mas sim dos gestos, dos corpos em movimento, dos olhares que dizem tudo sem a necessidade da do uso da oralidade.


Motel Destino / Foto: Divulgação

A adrenalina e a sensação de perigo constante dominam a cena em todos os momentos, pois Karim brinca o tempo todo com a audiência, construindo pouco a pouco uma atmosfera aterradora, que mostra que vem tempestade em meio a calmaria e essa sensação vem desde o início do filme até os últimos minutos. 

Esse é um filme quente, em todos os sentidos da palavra, tanto do calor da cidade onde se passa a história ao calor das cenas sexuais que também se tornam personagens vivos para contar a história desse thriller erótico. Em alguns momentos, é possível notar referências à Hitchcock e 'Psicose' não apenas pelo uso das cores, como também pelo espaço claustrofóbico do filme, já que grande parte se passa nesse motel.

O uso de câmeras de segurança é uma escolha bem inspirada e que apenas acrescenta ainda mais nuances e uma sensação de que o expectador é um voyeur de tudo aquilo que está acontecendo na história. 

Apesar de pessoalmente gostar mais da Vida Invisível, do mesmo diretor, acredito que Motel Destino também merece suas flores, apesar de ser um longa com uma trama muito simples. Essencialmente, essa é mais uma história de empatia e conexões, é uma história de amor cheia de espinhos, um amor brutal, que precisa passar pelo sofrimento para florescer, assim como um cacto, que mesmo no calor do sertão, cresce forte, bonito e dá luz aos mais belos e deliciosos frutos... E que frutos.

NOTA: 8.5/10

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