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SXSW 2025 | Video Barn (Short)

 

Por Victoria Hope

No curta de terror Video Barn de Bianca Poletti, duas garotas excêntricas que trabalham na locadora de vídeo local de uma cidade pequena tentam resolver os mistérios do passado obscuro da cidade quando uma delas desaparece misteriosamente. 

Estrelado por Grace Van Dien e Reina Hardesty, o curta homenageia os filmes surrealistas dos anos 80, misturando humor ácido, com a temática da amizade e a atração pelo desconhecido para criar essa história singularmente assustadora. 

Na trama, Jules e Hannah nitidamente tem uma amizade daquelas especiais onde há cumplicidade. Elas se unem pelo amor que tem por filmes de horror e suspense, o que ajuda a criar ainda mais uma atmosfera sombria para essa história.

O curta lembra em alguns momentos das obras surrealistas  inciais de David Lynch, com uma pitada da de Poltergeist e Twilight Zone. A trama é envolvente do início ao fim e nos faz querer acompanhar mais sobre os mistérios da cidade e sobre os segredos guardados naquela fita cassete

Poletti conasegue em um espaço bem curto de tempo, criar personagens envolventes e que realmente interesssam ao público, o que nos faz pensar que esse seria um excelente filme longa metragem mais para frente, com alguns toques aqui e ali para expandir ainda mais essa história.

As escolhas de figuros, maquiagem e roteiro também são excelentes e ajudam a criar a atmosfera oitentista, ano auge onde diversas produções com essa temática encantavam e assustavam diversas gerações. Atualmente existem poucas séries de televisão genuinamente de terror, então Video Barn é um sopro de criatividade que a indústria precisa para se renovar. 

NOTA: 9/10

SXSW 2024 | Things Will Be Different

 

Por Victoria Hope

Quando os irmãos afastados Joseph e Sidney Rendezvous em uma lanchonete local depois de um Assalto de perto, eles o levam a uma fazenda abandonada que os transporta para um tempo diferente para escapar da polícia local. A fuga deles é descarrilada quando uma força metafísica desconhecida e enigmática emerge e os bloqueia de retornar lar. 

Preso no enredo intrigante de terra, seu captor deixa claro que ninguém pode partir até que suas exigências mortais sejam atendidas. O que resulta de seu aprisionamento não apenas dobra as forças do espaço -tempo - forçando os dois a questionar tudo o que sabem sua própria realidade - mas dobra os laços familiares de Joe e Sid além do ponto de confiança e perdão.

Michael Felker faz sua estréia através deste thriller de ficção científica com doses sombrias de horror e suspense. As coisas serão diferentes é um quebra -cabeça trágico de um filme onde tempo, sangue e isolamento estimulam ciclos intermináveis ​​de falsa esperança e condenação desespero.

Things Will be Different / Foto: XYZ

O filme é um prato cheio para quem é apaixonado por temas relacionados à ficção científica, viagem no tempo e relações familiares.  E sendo uma pessoa que tem um irmão gêmeo, que mora em outro país, do outro lado do mundo, foi muito fácil me identificar com os protagonistas do filme e com essa trama de certa forma. 

A atmosfera sombria que assola essa família vai ganhando forma aos poucos e a tensão entre os irmãos começa a se tornar nítida conforme o tempo passa em seu esconderijo secreto. Esse é um filme que requer paciência e atenção aos mínimos detalhes pois é um slowburn que vai se construindo não apenas de acordo com a construção desse universo, mas também a cada diálogo trocado entre os personagens.

O elenco, composto majoritariamente por Riley Dandy e Adam David Thompson, tem uma excelente química, que faz com que os personagens passem verdade sobre seu relacionamento e e a melhor parte é que a trama não entrega tudo sobre as motivações dos personagens, tampouco dá a resposta sobre o que aconteceu ou está acontecendo logo de cara, não, muito pelo contrário, o filme faz a audiência trabalhar e pensar nas possíveis ramificações que a história tem a oferecer.  O final deixa a audiência com aquela sensação de 'e se?' 

NOTA: 9/10

Sundance 2023 | My Animal

 

Por Victoria Hope

Presa por uma dinâmica familiar opressiva orbitando em torno de sua mãe alcoólatra, mantida à margem do time de hóquei que ela deseja ingressar e aprisionada em sua própria casa a cada lua cheia, Heather luta por sua vida contra as forças constritivas em sua mente em uma pequena cidade do norte.

Mas quando uma patinadora artístico intrigante entra no rinque, a vida, a sexualidade e a personalidade de Heather são finalmente reveladas. Jonny, interpretada por Amandla Stenberg, e Heather, interpretada por Bobbi Salvör Menuez, têm uma química bombástica que se desenrola na tela com muita atitude, estilo e paixão. Longe da típica história de lobisomem, a condição de Heather é uma das muitas razões para seu status de pária, mas felizmente, Jonny fica feliz em se juntar a ela nos momentos mais difíceis.

A diretora Jacqueline Castel traz uma nova profundidade ao mito clássico dos lobisomens com sua abordagem enérgica, deliciosa e romântica em My Animal. Sob a superfície de um drama familiar angustiante, um romance adolescente fumegante e um conto clássico de monstros, Castel reforça esta joia do gênero com um mergulho triunfante rumo a auto-aceitação, 

My Animal / Foto: Sundance

My Animal é o romance queer coming of age que traz uma nova versão do mito dos lobisomens e que o entretenimento tanto precisava. O filme é visualmente maravilhoso, com muitas luzes neon e efeitos strobo, porém alguns momentos da trama poderiam ser desenvolvidas de forma mais ágil. 

Amandla Stenberg, como sempre, encanta e tem ótima química com a excelente estreante Bobbi Salvör Menuez, que interpreta a protagonista Heather. Os olhares e a complexidade da performance da atriz são justamente o que fazem a história crescer e chegar à outro patamar. 

Enquanto acompanhamos o dia a dia de Heather tentando balancear seu dia a dia entre hoquei, controlar sua mãe que perde cada dia mais a sanidade, enquanto ela e seu pai, também lobisomen, tentam controlar suas transformações.

NOTA: 8/10

Sundance 2023 | Talk To Me

 

Por Victoria Hope

Na trama de 'Talk To Me', conjurar espíritos tornou-se a última moda das festas locais e, procurando uma distração no aniversário da morte de sua mãe, a adolescente Mia (Sophie Wilde) está determinada a participar da ação sobrenatural. Quando seu grupo de amigos se reúne para outra sessão com a misteriosa mão embalsamada que promete uma linha direta com os espíritos, eles não estão preparados para as consequências de quebrar as regras por meio de contato prolongado. À medida que a fronteira entre os mundos desmorona e visões sobrenaturais perturbadoras assombram cada vez mais Mia, ela corre contra o tempo para desfazer o terrível dano antes que seja irreversível.

A dupla de cineastas (e irmãos gêmeos) Danny e Michael Philippou, do famoso canal @RackaRacka no YouTube, nos trazem ao reino do pesadelo em seu longa-metragem de estreia, aproveitando ao máximo sua propensão distorcida pelo surreal e grotesco. Misturando sem esforço o arrepio de um conto de fantasmas com as sensibilidades modernas de um thriller de terror para a geração 'Instagram', Talk to Me expõe uma realidade misteriosa onde os mortos vagam assustadoramente perto dos vivos.

Sophie Wilde que interpreta a protagonista é uma grande revelação e entrega os momentos mais tensos e gore da trama. Talk to Me é definitivamente um respiro totalmente original pro gênero do terror, mas resta torcer para que o filme australiano consiga uma distribuição ampla em outros países 

NOTA: 9.5/10

Sundance 2023 | Run Rabbit Run

 

Por Victoria Hope

No terror 'Run Rabbit Run',a médica especializada em fertilização, Sarah começa o aniversário de sete anos de sua amada filha Mia sem esperar nada de errado, mas quando uma 'ventania' ameaçadora se aproxima, o mundo cuidadosamente controlado de Sarah começa a se alterar. Mia começa a se comportar de maneira estranha e um coelho aparece do lado de fora da porta da frente - um misterioso presente de aniversário que encanta Mia, mas parece desconcertar profundamente Sarah. 

Com o passar dos dias, Mia se torna cada vez menos ela mesma, exigindo ver a mãe hospitalizada de Sarah há muito tempo afastada (a avó que ela nunca conheceu antes) e consequentemente, a criança dá nos nervos da mãe quando suas birras começam a apontar para a própria história sombria de Sarah, principalmente quando um 'fantasma' fantasma de seu passado reaparece na vida de Sarah, ela luta para se agarrar à filha distante. Afinal, o que essa doutora tanto esconde?

O filme é um slowburn bem arrastado, principalmente no segundo ato, mas logo a trama ganha cada vez mais forma. A atriz Sarah Snook (Susseccion), faz um trabalho fascinante, enquanto a crescente perda de controle da mãe desesperada desenterra camadas ocultas e complexas de sua identidade. 

Run Rabbit Run / Foto: Sundance

A diretora Daina Reid cria um thriller psicológico primorosamente ajustado, incorporando de forma muito elegante, pistas visuais e auditivas perturbadoras para sinalizar o quão desestabilizado o mundo de Sarah se tornou, em complemento perfeito para o cativante mergulho da roteirista Hannah Kent sobre os segredos mais profundamente guardados e traumas persistentes da personagem. 

Ao passo em que a trama finalmente se movimenta, o público é apresentado a um final chocante, que faz o filme valer a pena. Novamente, o ritmo lento pode dustrairo público, mas toda a construção da narrativa vai prender o público que adora um bom suspense.

Para fãs de terror slowburn, uma boa notícia, Run Rabbit Run foi adquirido pela Netflix durante o festival nesse fim de semana e terá sua estreia no streaming ainda esse ano, porém não há previsão de data do lançamento por enquanto.

NOTA: 8/10

Sundance 2023 | Short Film | In The Flesh

 

Por Victoria Hope

Em 'In The Flesh', Tracey está apenas tentando se masturbar com a torneira da banheira como sempre, quando algumas memórias antigas vêm à tona, os canos explodem com água suja e ela começa a vazar uma gosma preta.

O curta toca num tema delicado, que é o trauma de uma vítima que passou por uma situação de abuso sexual ou estupro e que agora luta pra tentar conseguir sentir prazer de novo sem culpa. A gosma escura que tom conta da tela é uma maneira genial de mostrar 'a sujeira' que as vítimas sentem após os ataques, mas felizmente, nesse filme, a protagonista consegue ter forças o suficiente para encarar seus demônios de frente e destruí-los com as próprias mãos.

Muitas pessoas já passaram por isso, principalmente mulheres, que irão se identificar com a protagonista em momentos onde ela tenta explicar o que está acontecendo para um amigo, mas ele simplesmente ignora e acha que não há nada grave acontecendo. Quantas pessoas já não foram desacreditadas e ignoradas após relatar abusos? 

A referência grega do guerreiro segurando a cabeça cortada de medusa ao derrotá-la é revertida aqui nessa história onde a personagem que representa a metáfora de Medusa, consegue sua vingança contra o homem que a violou e tirou sua paz, arrancando-lhe a cabeça. Agora sim ela está livre daquele peso e que tomava conta de seu corpo e pode seguir em frente. 

Nota: 8/10

Sundance 2023 | Short Film | Unborn Biru


 Por Victoria Hope

Uma viúva grávida rouba prata de um cadáver para sobreviver e alimentar sua filha, mas a prata é amaldiçoada e esse ato trará consequências para todos eles, inclusive para os que ainda não nasceram e afinal todos sabem que não se deve utilizar roupas ou acessórios daqueles que já se foram. 

Além do curta super sinistro abordar práticas milenares, ao passo em que a história se desenvolve, o público começa a perceber que uma das filhas da viúva não é quem parece ser. O que se inicia como uma 'vitória' da mãe, já que agora ela tem dinheiro pra comprar a manteiga que sua filha mais velha tanto queria, gera consequências cada vez mais fatais.

Logo a trama se torna ambígua, não sabemos se a menina mais velha está tomada pela alma do corpo que foi roubado, ou se desde o início, a garota já tinha a intenção de fazer sua mãe sofrer, para que fosse a filha única. O sofrimento final da mãe ao ser arrastada até uma área isolada na neve é de cortar o coração, mas a mensagem final que fica é: Aqui se faz, aqui se paga.

NOTA: 8/10

Sundance 2023 | Short Film | A Folded Ocean

 

Por Victoria Hope

Um casal se perde um no outro em 'A Folded Ocean'. O público é apresentado a um casal completamente apaixonado namorando ao ar livre e o amor no ar é completamente palpável, já que ambos trocam beijos e mordidas. 

A namorada parece sempre estar preocupada com o celular ao invés de focar 100% no seu namorado que quer mais atenção. Em meio aos beijos e carícias, o casal acorda na manhã seguinte percebendo que seus braços se fundiram e aquilo nunca havia acontecido antes.

Preocupados, eles ligam para a emergência e enviam fotos pelo celular para que médicos pudessem examinar seu caso. Apesar da situação esquisita, a namorada parece gostar de estar tão coladinha com o namorado, que por outro lado, parece desgostoso, enjoado. Entende-se que durante a noite, ambos tiveram o mesmo sonho, mas talvez a namorada queira esconder, pois ela não responde para ele sobre o que sonhou, o que aumenta ainda mais a desconfiança dele.

A Folded Ocean / Foto: Sundance

Quando menos esperam, o casal se funde ainda mais, colando partes do corpo sem perceber, ao ponto em que se consomem por inteiro, virando uma massa corporal muito grotesca. Várias interpretações são possíveis nessa trama, que para muitos, será uma crítica a casais que não se desgrudam e adoram demonstrações públicas de afeto, quando na realidade, apenas estão apenas sufocando um ao outro e ao final ou um casal que se ama muito, mas que sabe que não podem ficar juntos. 

Ao final, o curta deixa o público com vontade de ver um longa metragem sci-fi seguindo a mesma proposta para entender o que aconteceu nos minutos finais da história. A melancolia do final é extremamente pontual e faz o público entender a tristeza que perceber que o amor entre os protagonistas, não é mais o mesmo dos minutos iniciais da história. 

NOTA: 9.5/10

Sundance 2023 | Short Film | Pipes

 

Por Victoria Hope

Bob é um encanador contratado para concertar canos quebrados em um imóvel, mas para sua surpresa, ao chegar no local, assustado ele percebe que na verdade está no meio de uma balada fetichista gay. O curta para maiores de idade é uma graça e mostra como as pessoas pré-julgam a comunidade LGBTQIAP+ antes mesmo de conhecer. Sem saber o que esperar, o ursinho imagina que os convidados da festa irão atacá-lo e obrigá-lo a vestir peças que não quer, além de fazer práticas sexuais contra a sua vontade.

Nada disso acontece, é claro, mas a mente fértil e homofóbica do ursinho, que provavelmente ainda está descobrindo sua sexualidade, acaba fazendo com que ele tenha um ataque de pânico.  É nesse momento que ele é ajudado pelos convidados do clube e percebe que não era um bicho de sete cabeças, pois todos lá não queriam forçá-lo a nada e sim, apenas estavam curtindo a festa entre si.

Pipes abre margem para diversas discussões, afinal, não sabemos a sexualidade do personagem, então sua jornada pela história pode tanto significar a descoberta da própria sexualidade reprimida e a destruição da homofobia internalizada do protagonista, quanto também pode ser uma história sobre um personagem que talvez não pertença a comunidade, mas que agora, ao estar nesse ambiente, entendeu que seu medo de aceitar o diferente, era descabido. 

O curta triunfa ao utilizar as vibes psicodélicas e aproveitar a magia da animação para contar uma história bem adulta sobre auto descoberta e amadurecimento, nos presenteando com um final que é serotonina pura. Bob jamais será o mesmo encanador de antes, mas isso é bom, porque ele finalmente pode ser ele mesmo sem amarras. 

NOTA: 10/10