Por Leticia Cristine
Maria é um filme dramático bibliográfico sobre Maria Callas, conhecida como “La Divina” e possivelmente o mais famoso soprano do século XX, estrelado por Angelina Jolie e dirigido por Pablo Larraín, o filme finaliza a trilogia do diretor de cinebiografias intimistas de mulheres famosas, que começou com Jackie em 2016 e Spencer em 2021.
A direção de Larraín frequentemente inclui cenas visualmente marcantes que intensificam o subtexto emocional da história. A justaposição de cenários opulentos com momentos de vulnerabilidade crua é eficaz, criando uma distância emocional que convida o público a refletir sobre as personas pública e privada de Callas e a cinematografia do filme é estilosa e evocativa, capturando o glamour e a tragédia da vida de Callas.
A escolha de Angelina Jolie para o papel principal foi certeira, a atriz encarna a personagem com muita proeza, sua performance às vezes conhecida por ser narcisista encaixa perfeitamente com Maria, sendo ao mesmo tempo íntima e arrebatadora, além da atriz ter se dedicado intensamente por sete meses na arte da ópera, porém no filme o que ouvimos é uma mistura dos vocais de Angelina Jolie com o de Maria Callas, segundo o diretor, durante as canções é utilizados desde 1% a 70% da voz de Jolie, em comparação com a de Callas, não deixando menos importante e admirável a sua dedicação para o canto, pois isso é sentido em tela.
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Maria Callas / Foto: Diamond Films |
Embora o filme seja focado em Jolie, outras performances também chamam a atenção, como Haluk Bilginer como Aristotle Onassis, Kodi Smit-McPhee como Mandrax, Alba Rohrwacher como Bruna e Pierfrancesco Favino como Ferruccio, os quatro atores fazem um trabalho incrível de suporte para Jolie.
A ideia genial do filme para mim é não ser um documentário normal, contando a história de vida Maria Callas, e sim apresentando uma narrativa fragmentada e não linear que captura a complexidade da vida pessoal e profissional de Maria Callas, focando mais em seu mundo interior e na turbulência emocional, especialmente em torno de seu relacionamento com Onassis, do que em acontecimentos de sua vida.
Todavia, acredito que seja exatamente isso que talvez cause um sentimento de desconexão do público com o núcleo emocional do filme, e o escopo limitado do filme pode significar que espectadores que não estão familiarizados com Callas podem ter dificuldades em entender toda a profundidade de sua importância além de sua vida amorosa conturbada e isso é possível observar nas variações em notas da crítica, com isso recomendo todos irem assistir e tirar sua próprias conclusões, pois o que eu achei genial e captou a minha atenção mais do que um filme linear pode causar a reação oposto a outros.