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[Review] Conclave - Uma verdadeira aula sobre a construção de um thriller

 

Por Victoria Hope

"Conclave", o mais novo filme de Edward Berger, venceu o Globo de Ouro recentemente na categoria de Melhor Roteiro e a cada hora que passa, é nítido o quão merecedora do título é essa adaptação que faz com que a audiência prenda a respiração e finque as unhas nas poltronas com tanta tensão no ar.

A trama gira em torno do Cardeal Thomas (Ralph Fiennes), que recebe o enorme fardo de organizar uma conclave, cerimônia de escolha do próximo papa, após a morte repentina do sucessor. Ao longo da história, revelam-se segredos sobre os cardeais participantes e até mesmo sobre a própria igreja, com uma revelação que promete abalar as estruturas da instituição milenar.

Com uma excelente fotografia, atuações impecáveis, figurino majestoso e um roteiro de tirar o fôlego, Conclave é sem dúvida um dos maiores filmes dessa temporada e um thriller político voraz, que nos relembra de todo o peso e importância de clássicos como "O Nome da Rosa", afinas ambas as obras são tão relevantes hoje quanto eram há anos atrás.


Conclave / Foto: Diamond Films

Torturado por questões existências e tomado por dúvidas quanto a dogmas e até mesmo a seus próprios posicionamentos dentro da igreja, Cardeal Thomas se encontra em meio a muitas intrigas, fofocas e segredos que pouco a pouco vão sendo revelados. 

O filme em nenhum momento tenta ser didático, afinal, o processo real da conclave que realmente acontece no vaticano é guardado a sete chaves, mas tanto o autor do livro quanto o diretor do filme, acertam em trazer à tona muitos relatos vistos em diversas reportagens investigativas que tentam se aprofundar sobre a temática, mesmo que para isso caiam na ficcionalização. 

Conclave é um filme que definitivamente será polêmico entre a grande audiência, justamente por tocar em um tema que diversas vezes é abordado pelo protagonista dessa história, numa reflexão sobre o quanto certezas absolutas podem ser a ruína de todos e o quanto abraçar o passado pode ser perigoso.



Ralph Fiennes entrega uma das maiores performances de sua carreira ao dar vida ao complicado Cardeal, com escolhas extremamente sóbrias em termos de atuação, o que com certeza irá lhe trazer muitas indicações nas próximas temporadas de premiações, porém, outros nomes se destacam ao seu lado, sendo alguns deles, o hilário Stanley Tucci (Cardeal Aldo) junto a Lucian Msamati (Cardeal Joshua)John Lithgow (Cardeal Joseph), Isabella Rossellini (Irmã Agnes) e o magnífico estreante Carlos Diehz, que aqui interpreta o misterioso e pacífico cardeal Vincent.  

Cada cena de Conclave parece uma pintura clássica, mérito da belíssima direção de fotografia do francês Stéphane Fontaine, combinada com o figurino impecável de Lisy Christl, que se atenta a cada pequeno detalhe, tal qual como se ambos criassem juntos as mais belas pinturas renascentistas.

Absolutamente todos os detalhes, desde a iluminação ambiente à um colar posicionado no pescoço e um foco num canto obscuro de uma sala, são milimetricamente pensados para reforçar a mensagem do quão minucioso é o trabalho de todo o corpo de profissionais que atua por trás das paredes do vaticano e o final definitivamente irá deixar muita gente boaqueaberta, mas é extremamente coerente com a narrativa e todos os momentos que levam à essa revelação. Sem dúvida, esse é um filme para ser saboreado, digerido e reassistido muitas vezes. 

NOTA: 9.5/10

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