Por Victoria Hope
“Ainda Estou Aqui”, recebeu os prêmios de Melhor Filme Ibero Americano, Melhor Atriz para Fernanda Torres e Melhor Direção para Walter Salles no Prêmio Platino, uma das maiores premiações do cinema Ibero-Americano, que realizou a cerimônia de premiação de sua 12ª edição neste domingo, 27, no Palácio Municipal IFEMA Madrid, localizado na capital espanhola. O produtor Rodrigo Teixeira e a atriz Valentina Herszage representaram o filme na premiação. Walter Salles e Fernanda Torres não puderam estar presentes e enviaram textos de agradecimento que foram lidos no palco.
“É uma honra receber esse prêmio em uma categoria onde tenho tanta admiração pelos diretores indicados. Obrigado ao Prêmio Platino por nos lembrar que o cinema latino-americano é a nossa casa”, declarou Walter Salles em nota de agradecimento ao prêmio lida por Rodrigo Teixeira. Walter estendeu os agradecimentos a um dos maiores nomes do audiovisual brasileiro.
“Gostaria de dedicar esse prêmio a um Mestre que nos deixou há pouco, Carlos Diegues, diretor de filmes fundamentais como ‘Bye Bye Brasil’, um dos fundadores do Cinema Novo e um dos cineastas que pensou o cinema de forma mais democrática e inclusiva. Carlos era um admirador do cinema latino-americano, e foi fundamental para que filmes como o nosso pudessem estar aqui hoje. Em um momento de fragilização da democracia no mundo, em um tempo em que se tenta borrar a nossa memória coletiva, pensadores como Carlos Diegues nos lembram o quanto o cinema é fundamental para combater o esquecimento. Muito obrigado.”
Fernanda Torres também comentou a premiação: "Eu gostaria muito de poder estar presente nesta noite, mas, infelizmente, isso não foi possível, devido a compromissos de trabalho. Quero dizer que é uma honra imensa receber este prêmio. Sou fruto da cultura Ibero-americana, a Península Ibérica é minha segunda casa e esse reconhecimento reforça, em mim, o orgulho de fazer parte de uma força cultural que, no cinema, pariu artistas da dimensão de Luiz Buñuel e Pedro Almodóvar; Alejandro Inharitù e Alfonso Cuarón, de Ricardo Darín; Norma Aleandro, Penélope Cruz, Javier Bardem e Marisa Paredes, de Glauber Rocha e Fernanda Montenegro.
Esse é um filme sobre uma família, feito por uma família de artistas e fico feliz de recebê-lo pelas mãos de Valentina Herszage, minha filha na ficção, que representa não só a mim, aqui, nesta noite, mas também ao Selton (Mello), à Luiza (Kosovski), à Bárbara (Luz), ao Guilherme (Silveira) e à Cora (Mora). Sem eles minha Eunice jamais existiria.
Eu agradeço profundamente a Walter Salles, meu irmão, meu amigo e parceiro de tantas décadas, a honra de ter habitado a pele desta mulher. Walter é o coração deste filme raro, tão humano e delicado, sobre a brutalidade da Ditadura Militar do Brasil, uma das tantas que se espalharam pelas Américas, durante o período da Guerra Fria.
Através de Eunice Paiva, revisitei o horror da Ditadura que conheci em criança. Esta grande brasileira, advogada e defensora da democracia e dos direitos humanos nos ensina, no momento presente, a resistir com alegria e civilidade, sem nos dobrarmos ao autoritarismo. Em nome da família Paiva, de Marcelo Paiva, e de todos aqueles que defenderam e defendem a arte e a democracia eu repito: Ditadura nunca mais! Muito obrigada!!"
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O produtor Rodrigo Teixeira e a atriz Valentina Herszage representaram o filme na premiação na Espanha. / Foto: Divulgação |