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[Review] Good Omens | Uma história de amor em meio ao Apocalipse


Por Victoria Hope

Atenção: Contém Spoilers da 1ª Temporada

Nos últimos tempos, a Amazon Prime tem trilhado o caminho para se tornar um dos mais bem sucedidos serviços de streaming da atualidade e produções como American Gods e Good Omens (Belas Maldições), ambas adaptações da obra de Neil Gaiman, tem se mostrado alguns dos maiores acertos do serviço.

Good Omens, uma das obras mais aclamadas de Terry Pratchett  e Neil Gaiman, foi lançada no ano de 1990, como uma comédia britânica onde dois demônios nutrem uma inusitada amizade e juntos tentam deter o apocalipse iminente.

Quase 30 anos depois do lançamento do livro, Neil finalmente decidiu adaptar a obra, a pedido do próprio colega autor Terry, que infelizmente faleceu em 2015 e nunca conseguiu ver o projeto finalizado.

Segundo Gaiman, um dos últimos desejos de Terry era que o autor Neil dirigisse e fosse o showrunner do próprio show e Gaiman, apesar de ser extremamente tímido e ansioso, acabou aceitando o pedido, produzindo e roteirizando a série que estreou nessa virada de maio para junho.

No elenco temos nomes já muito conhecidos na indústria da televisão e cinema britânicos, sendo eles David Tennant (Doctor Who), Michael Sheen (Crepúsculo), ao lado do americano John Hamm (Mad Men).

Aziraphale e Crowley / Amazon Prime Studios
Good Omens começa de forma semelhante a sua série 'irmã' American Gods, destrinchando detalhes sobre a mitologia dos deuses e divindades que pairavam sobre o mundo desde o início dos tempos até os dias de hoje, tudo isso embalado ao som dos clássicos da banda Queen.

Com o bom e velho humor ácido britânico, conhecemos os dois protagonistas, Aziraphale, um anjo e Crowley, um demônio, que juntos nutrem uma nada usual amizade há mais de 6.000 anos e vivem juntos na Terra para observar o progresso da humanidade.

Aziraphale, um dos anjos mais puros do céu, recebe a missão de guardar os portões do Éden, enquanto Crowley, antigamente conhecido como a serpente 'Crawley', é incumbido de tentar Eva a provar do fruto proibido.

Logo no início, os dois 'estranhos' criam um laço, descobrindo que tem mais coisas em comum do que diferenças. Passam-se 6.000 anos e acompanhamos toda a amizade entre os dois desde os primórdios até os dias mais modernos.

Ao longo da série, vemos como as dinâmicas de ambos mudaram ao longo de tantos milênios juntos e agora, ambos devem se unir novamente para encontrar o jovem anticristo, que está prestes a renascer em nosso mundo, apesar de que ambos tem missões completamente diferentes; Enquanto o anjo deve encorajar o garoto a fazer o bem, o demônio deve tentar o garoto a fazer o mal, porém tudo dá errado quando eles escolhem a criança errada.

Cena icônica do terceiro episódio que mostra a amizade de milênios das criaturas / Amazon Prime Studios
No presente (2019), Aziraphale é dono de uma livraria em Soho, um de seus maiores sonhos, sendo um anjo apaixonado por leitura e Crowley se torna um dos grandes empresários de Londres, que tem capangas por toda a cidade.

Apesar dos tempos mudarem, os dois seres místicos continuam os mesmos em seus corações, apesar de que ambos foram tocados de uma forma ou outra pela natureza angelical de um e demoníaca de outro. Uma das principais mensagens da série, aliás, é justamente essa: a convivência entre as diferenças e a importância da empatia.

Quando questionado sobre a relação de Aziraphale e Crowley, o ator Michael Sheen contou ao portal Comic Book, que interpreta o anjo apaixonado pelo demônio. O britânico também confessa que após o término das gravações, leu algumas 'fanfics' do 'ship' e que isso o inspirou ainda mais a ir por essa direção do romance.

Em entrevista, Neil Gaiman também afirmou em seu twitter que ssa história é uma história de amor milenar, mas também lembra que Aziraphale e Crowley não são homens, tampouco humanos, então essa seria simplesmente uma história de amor entre dois seres místicos.

Arcanjo Gabriel, um dos personagens mais hilários e sarcásticos da série / Amazon Prime Studios
Apesar da série apresentar algumas diferenças em relação ao livro Good Omens, todas as novas adições simplesmente acrescentaram ainda mais tempero a história, que mesmo antes de ser adaptada para a TV já abordava temas importantes como a questão política e questões sociais que ainda assolam o mundo até hoje.

Leve, engraçada e divertida na medida certa, Good Omens é ainda melhor que o livro e a todo o momento em que Crowley e Aziraphale não estão em cena, a audiência imediatamente sente falta de ambos, afinal, não é a toa que os dois atores de maior peso na indústria televisiva britânica foram chamados para interpretar os protagonistas.

Agora para fechar com chave de ouro, para quem não tem muita vivência ou costume de assistir séries britânicas, muitas das piadas ácidas easter eggs britânicos passaram despercebidos, mas para isso, criamos uma listinha amiga abaixo para explicar cada um dos momentos que são desconhecidos para quem não acompanhou Doctor Who ou programas infantis britânicos como o bom e velho Blue Peter.

Konnie aparece na televisão de Crowley para anunciar o apocalipse / Amazon Prime Studios
Para quem cresceu no Reino Unido, um dos programas favoritos de TV era o clássico Blue Peter, que foi apresentado por Konnie Huq! Em Good Omens, Konnie aparece como uma das apresentadoras do programa Sam & Pam na televisão do Crowley, anunciando o apocalipse.

Jornalista escocesa veterana fez uma ponta na série / God Omens
A icônica apresentadora britânica Kirtsy Wark é uma jornalista escocesa muito famosa na Inglaterra por apresentar o jornal da noite e também reconhecida por suas várias participações em Doctor Who e Spooks. Em Good Omens ela fala as notícias mais absurdas e mantém a cara extremamente séria, até mesmo na hora de fazer a piada interna sobre a M25, literalmente a estrada pesadelo dos britânicos.


Uma referência britânica LGBT pode ter passado também desapercebida para quem não conhece a história britânica. Em seu tumblr, Neil Gaiman comentou que o clube onde Aziraphale aprender a dançar o gavotte se chamava Guineas, sendo que o Hundred Guineas Club foi uma casa real e muito famosa no ano de 1880 na Inglaterra, onde homens se encontravam às escondidas com seus amantes, geralmente marinheiros, escritores e soldados. Bem sugestivo para nosso anjinho, não é mesmo?

O anticristo ao lado de seus melhores amigos / Amazon Prime Studios
As crianças são um show à parte na série, incluindo Adam, o anticristo que não possui um pingo de maldade no coração. Em um momento de Good Omens, as crianças brincam de Inquisição Espanhola, em uma clássica referência ao skit do comediante britânico Mel Brooks e também, é da boca das crianças que saem grande parte das referências de cultura pop como Doctor Who e Misfits.


Uma das piadas mais ácidas da série fica por conta de Jeffrey Archer, um ex político conservador britânico conhecido como autor best seller da Inglaterra. Para quem não conhece a história, Jeffrey foi preso em 2002 por perversão contra mulheres e por falso juramento na corte, mas mesmo assim, escreveu um livro de memórias da prisão e este livro se tornou outro best seller de sua lista.

Por esse motivo, na série, o Arcanjo Gabriel diz que algo cheia mal na livraria de Aziraphale e por cheirar mal, ele quer dizer a estante com os livros de Jeffrey, que mesmo com relatos no mínimo polêmicos, continua a ser um dos livros mais bem vendidos da Inglaterra até hoje.

Neil Gaiman é roteirista e showrunner dos seis capítulos e a  primeira temporada de Belas Maldições já está disponível na Amazon Prime Video.


Nota: 10/10

3 comments:

  1. Eu curti muito. Mas uma parte de mim esperava mais. Já o Jon Hamm.... hmmmmmmm....

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    1. Curtimos bastante aqui no site :) Adoramos essas séries com humor britânico em geral haha Ah sim, Jon Hamm sempre maravilhoso

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  2. Melhor série de todos. David é divino e Michael não fica pra trás. 🥰

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