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[Review] Toy Story 4


Por Victoria Hope


O anúncio de uma 4ª produção de Toy Story definitivamente foi uma surpresa, pois para muitos fãs, o terceiro filme havia fechado o ciclo dos brinquedos falantes, porém mal sabíamos que ainda havia fôlego para contar mais uma história nesse universo.

Toy Story 4 conseguiu mostrar o amadurecimento não apenas da trama, como da produção em um todo, além de conversar ainda mais com o público adulto. O tema da vez é sem dúvida o desapego e a necessidade de deixarmos certas coisas para trás se quisermos evoluir e seguir em frente.

No novo longa, revemos todos os personagens clássicos da saga, incluindo Woody, Buzz, Bonnie, Betty e todos os outros, mas também somos introduzidos a novos personagens maravilhosos, sendo estes a vilã Gabby Gabby (Christina Hendricks) , Duke Kaboom (Keanu Reeves) o fofo Garfinho (Forky) e a dupla hilária Bunny (Jordan Peele) & Ducky (Keegan-Michael Key).

Muito além do que já foi explorado nos filmes anteriores, há uma maturidade emocional enorme nessa nova animação. Toy Story sempre foi uma história sobre mudanças, sobre crescer e amadurecer, além de encontrar seu propósito no mundo em meio há despedidas e reencontros.

Em Toy Story 4, novamente nos deparamos com a libertação simbólica da infância para a vida adulta, mas dessa vez quem passa por essa mudança é o brinquedo, no caso Woody, ao invés dos humanos da trama.

Imagem: Disney / Pixar
Um dos únicos problemas dessa nova versão definitivamente é o foco excessivo em apenas um personagem, o Woody, enquanto todos os outros acabam se tornando meras escadas para o protagonista, inclusive o próprio Buzz se torna apenas o alívio cômico, porém, de forma alguma isso retira a importância dessa produção.

Na nova trama, Woody e os brinquedos vivem uma vida tranquila com sua nova criança, a Bonnie, porém, nem todos os brinquedos são os favoritos da garota e isso acontece com o Woody no primeiro momento.

Cansado, o caubói se vê abandonado no armário pegando poeira enquanto todos os outros brinquedos se divertem com a criança. Woody vê que já não é o brinquedo favorito, pois para Bonnie, Jessie a representa mais do que o antigo xerife, então o boneco, outrora querido por Andy, pela primeira vez em sua existência tem que aprender que nem sempre será a primeira opção.

Para variar, como sempre, Woody se coloca em risco para tentar resolver os problemas, sendo que a nova crise é o fato de Bonnie não se sentir segura para ir até a escola sem brinquedos. É aí que o velho xerife entra em ação, pulando na mochila da menina, para que ela tivesse um brinquedo de companhia para sua primeira aula.

Imagem: Disney / Pixar
Durante a primeira aula, Woody acaba ajudando Bonnie a criar um novo brinquedo feito com coisas que ele encontrou no lixo, o problema começa quando o 'brinquedo' improvisado ganha vida, mas em sua consciência, é apenas lixo.

Mesmo sendo apenas um garfo de plástico, o Garfinho imediatamente se torna o brinquedo favorito da menina, então é claro que nosso cowboy favorito não deixaria de proteger a nova criação da garota, que por mais peculiar seja, é o brinquedo que Bonnie mais ama naquele momento.

Garfinho é a absolutamente hilário, age como uma criança curiosa sobre tudo e de forma menos superficial, representa a dualidade da identidade de gênero. Com muito bom humor e é claro,  a boa e velha dose de emoção, aprendemos valiosas lições nas interações entre cowboy e garfo.


Na trama ainda conhecemos Gabby Gabby, a grande vilã da história, que aqui é representada por uma boneca antiga que vive em um antiquário empoeirado. Ela definitivamente representa a metáfora de ideias antigas que não pertencem mais a sociedade moderna.

A frase que me vêm a mente quando penso na vilã, é aquela que diz: "Os pais não devem criar seus filhos da forma que foram criados, pois seus pais os prepararam para um mundo que já não existe mais". Essa é a saga de Woody e Gabby Gabby no filme, pois o seu tempo de ter uma criança já passou; aquela época dourada que os dois amavam, já não existe mais e o mundo não é mais o mesmo e está tudo bem ser assim.

Em Toy Story 4, a grande lição que aprendemos é que amizades esfriam, pessoas mudam e a sociedade inteira também muda. Woody, a duras penas, tem que aprender a lição de que não devemos viver do passado e sim trilhar nosso próprio caminho, mas que tudo isso só será possível se nos desprendermos de coisas do passado que nos impedem de seguir em frente.

Imagem: Disney / Pixar
Outro destaque do novo filme é sem dúvida a evolução de Bo Peep (Betty), a outrora pacífica porém habilidosa pastorinha de ovelhas. Na nova saga ela demonstra estar ainda mais empoderada, madura e livre das amarras que a prendiam aos humanos.

Betty foi retirada do quarto da irmã do Andy e acabou se perdendo para sempre, mas na verdade, a boneca se encontrou de forma metafórica na trama. Ela entendeu seu propósito e agora tenta ensinar tudo o que aprendeu nas ruas após tantos anos vivendo como um brinquedo perdido.

Em um momento do filme, Betty diz ao Woody que ser um brinquedo perdido não é de todo mal, porque agora finalmente como um brinquedo perdido, a boneca se sentiu verdadeiramente livre. Ela demonstra não sentir arrependimentos, apesar de sentir saudades de sua dona vez ou outra.

Isso é crescer, isso é se tornar um adulto e entender que nem sempre precisamos estar na vida de quem um dia já foi muito importante para todos nós. Em meio a risadas e lágrimas, Toy Story 4 é o melhor filme da saga e mostra que é possível ensinar lições novas para todas as idades e que o tempo apenas fez bem tanto em termos de roteiro quanto a evolução impecável do CGI.

Nota: 9.5/ 10

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