Por Victoria Hope
Durante o Festival TIFF de cinema, o famoso Festival de Cinema de Toronto, nossa equipe estava ansiosa por um dos filmes mais aguardados da temporada de grandes festivais, 'The Lighthouse' (O Farol). Não havia como saber o que esperar do longa devido ao enredo muito bem guardado pela equipe de produção e elenco do filme.
Robert Eggers, reconhecido por seu trabalho em A Bruxa, novamente usa de símbolos do passado para tentar definir medos contemporâneos, utilizando diversas críticas sociais extremamente subjetivas, para dar o tom ao filme.
Tudo o que a imprensa internacional sabia até aquele ponto, estava relacionado ao elenco, composto apenas por Willem Dafoe e Robert Pattinson, com exceções de pequenas aparições de outros atores desconhecidos.
O longa começa com uma tela quadrada e imagens em preto e branco de aspecto que remete muito aos filmes mudos do início do século 20. A textura granulada utilizada ao longo do filme, ajuda a passar a atmosfera de que estamos realmente presenciando um filme 'feito em 1890'.
Quase imediatamente nos deparamos com dois personagens, um homem nitidamente mais velho e um rapaz novo, provavelmente um aprendiz. Thomas Wake (Willem Dafoe) , é uma espécie de 'Capitão Haddock', velho, resmungão e com uma aura de capitão bêbado.
Já o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) é o típico 'estagiário' ou 'aprendiz', que é extremamente explorado por seu chefe e vez ou outra, age como um cãozinho obediente, querendo receber elogios de seu novo 'dono'.
Inicialmente, tudo ia bem na casa do Farol, apesar de que constantemente Winslow se sente explorado. Por mais que ele seja metido à machão e aja por impulso e pura testosterona, ele aprecia as lições de Thomas, as refeições que o capitão oferece e as conversas hilárias.
Tudo o que Thomas oferece, Winslow aceita sem nem pestanejar, mas aos poucos, essa admiração entre mestre e pupilo se esvai quando o mais novo passa a tentar subverter a autoridade do capitão. É a partir desse momento que a história toma um novo rumo.
Com olhar cansado e cigarro na boca, Winslow é visto como um jovem que quer aprender, mas seus olhos cansados dizem que ele esconde algo do passado e durante essa jornada, os nervos de ambos personagens chega à flor da pele, trazendo o passado a tona.
Robert Eggers, reconhecido por seu trabalho em A Bruxa, novamente usa de símbolos do passado para tentar definir medos contemporâneos, utilizando diversas críticas sociais extremamente subjetivas, para dar o tom ao filme.
Tudo o que a imprensa internacional sabia até aquele ponto, estava relacionado ao elenco, composto apenas por Willem Dafoe e Robert Pattinson, com exceções de pequenas aparições de outros atores desconhecidos.
O longa começa com uma tela quadrada e imagens em preto e branco de aspecto que remete muito aos filmes mudos do início do século 20. A textura granulada utilizada ao longo do filme, ajuda a passar a atmosfera de que estamos realmente presenciando um filme 'feito em 1890'.
Quase imediatamente nos deparamos com dois personagens, um homem nitidamente mais velho e um rapaz novo, provavelmente um aprendiz. Thomas Wake (Willem Dafoe) , é uma espécie de 'Capitão Haddock', velho, resmungão e com uma aura de capitão bêbado.
Já o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) é o típico 'estagiário' ou 'aprendiz', que é extremamente explorado por seu chefe e vez ou outra, age como um cãozinho obediente, querendo receber elogios de seu novo 'dono'.
Inicialmente, tudo ia bem na casa do Farol, apesar de que constantemente Winslow se sente explorado. Por mais que ele seja metido à machão e aja por impulso e pura testosterona, ele aprecia as lições de Thomas, as refeições que o capitão oferece e as conversas hilárias.
Tudo o que Thomas oferece, Winslow aceita sem nem pestanejar, mas aos poucos, essa admiração entre mestre e pupilo se esvai quando o mais novo passa a tentar subverter a autoridade do capitão. É a partir desse momento que a história toma um novo rumo.
Com olhar cansado e cigarro na boca, Winslow é visto como um jovem que quer aprender, mas seus olhos cansados dizem que ele esconde algo do passado e durante essa jornada, os nervos de ambos personagens chega à flor da pele, trazendo o passado a tona.
Em 'The Lighthouse', nada é o que parece e em diversos momentos, ficção e realidade se misturam de uma forma tão coesa e transcendental, que você mesmo, como expectador, passa a duvidar de sua própria atenção, não sabendo mais discernir o que é real em cada cena ou não.
O elemento da mitologia grega se vê presente na trama do início ao fim, isso inclui aparição de criaturas mitológicas ao relacionamento de ambos personagens, que a sua maneira, representam patologias específicas.
Dentro do filme, a atmosfera opressora e claustrofóbica prende a atenção e quando parece que o longa vai se tornar maçante, uma reviravolta acontece a cada instante. Barulhos que não sabemos se estamos ouvindo realmente ou não, vozes distantes, lugares misteriosos dentro de uma ilha e principalmente, o mistério do Farol, são os pontos mais importantes da trama.
Dentro do filme, a atmosfera opressora e claustrofóbica prende a atenção e quando parece que o longa vai se tornar maçante, uma reviravolta acontece a cada instante. Barulhos que não sabemos se estamos ouvindo realmente ou não, vozes distantes, lugares misteriosos dentro de uma ilha e principalmente, o mistério do Farol, são os pontos mais importantes da trama.
Em nenhum momento o terror real é visto ou mostrado, a não ser pelos últimos segundos do filme, mas o diretor não poupa nenhum detalhe sórdido e fétido sequer sobre o que a solidão dos marinheiros, homens tóxicos, pode causar. Não se espante com a quantidade de fluídos corporais que aparecem, pois é justamente nesses pequenos detalhes que os grandes trunfos chave da trama estão escondidos.
A tensão física e sexual entre os personagens é nítida e conforme a trama se desenvolve, os nervos de ambos personagem sobrem à flor da pele em momentos de quase beijos ou abraços apaixonados, seguidos por socos, xingamentos e berros.
Em momentos, à dupla passa pelo que pode ser chamado de estágios de um relacionamento amoroso, porém de forma bem violenta. O amor do capitão pelo mais novo é semelhante ao de um pai que ama o filho e vice e versa, mas em certos momentos, esse sentimento se distorce e se torna em ódio e desejo.
Será que o capitão está falando a verdade? Qual é o mistério do farol? A todo momento Thomas esconde coisas, tanto físicas quanto metafóricas às sete chaves e isso começa a incomodar o mais jovem que tal qual como um filho curioso, começa a perceber que não importa o que faça, nunca terá a confiança do mais velho.
O mito da velha história de marinheiro toma forma através das lendas contadas pelo próprio capitão e logo o expectador começa a perceber que nem tudo o que é mostrado, é exatamente o que parece ser.
Ambos Robert Pattinson e Willem Dafoe tem performances impecáveis e sustentam o filme à base de diálogos e monólogos ácidos, isso quando não apostam em apenas olhares que dizem absolutamente tudo sem a necessidade da troca de palavras.
No filme, Robert representa perfeitamente aquele rapaz que cresceu em um ambiente masculino opressivo e que ao invés de lidar com suas emoções racionalmente, prefere partir para a violência, enquanto Willem, caricato e mais incrível que nunca, representa o velho lobo do mar que esconde um passado conturbado e que não suporta ver sua masculinidade e força desafiadas.
Não se espantem caso os atores recebam indicações à diversos prêmios para a temporada do ano que vem, pois não apenas dão um show, como também trabalham juntos em perfeita sintonia.
A trilha sonora, unida à fotografia excelente entra a par com as belíssimas atuações. Já as cenas de tensão se equilibram perfeitamente quando quebradas por momentos de alívio cômico, principalmente quando relacionadas à uma certa gaivota.
É um filme pesado, com muita metalinguagem e mensagens subliminares que com certeza não vão ser entendidas apenas da primeira vez. The Lighthouse é um título que com certeza fará muitos buscarem por vídeos e artigos de 'entenda o final', mas isso não é algo ruim.
O filme é um ode aos clássicos de suspense e horror, o que o torna praticamente obrigatório para quem é apaixonado pela mitologia de escritores como H.P Lovecraft e Edgar Allan Poe. Por enquanto o filme não tem data para estrear no Brasil oficialmente, mas será exibido em São Paulo durante a 43ª Mostra de Cinema Internacional de SP , no dia 29 de Outubro.
Nota: 10 / 10
A tensão física e sexual entre os personagens é nítida e conforme a trama se desenvolve, os nervos de ambos personagem sobrem à flor da pele em momentos de quase beijos ou abraços apaixonados, seguidos por socos, xingamentos e berros.
Em momentos, à dupla passa pelo que pode ser chamado de estágios de um relacionamento amoroso, porém de forma bem violenta. O amor do capitão pelo mais novo é semelhante ao de um pai que ama o filho e vice e versa, mas em certos momentos, esse sentimento se distorce e se torna em ódio e desejo.
Será que o capitão está falando a verdade? Qual é o mistério do farol? A todo momento Thomas esconde coisas, tanto físicas quanto metafóricas às sete chaves e isso começa a incomodar o mais jovem que tal qual como um filho curioso, começa a perceber que não importa o que faça, nunca terá a confiança do mais velho.
O mito da velha história de marinheiro toma forma através das lendas contadas pelo próprio capitão e logo o expectador começa a perceber que nem tudo o que é mostrado, é exatamente o que parece ser.
Ambos Robert Pattinson e Willem Dafoe tem performances impecáveis e sustentam o filme à base de diálogos e monólogos ácidos, isso quando não apostam em apenas olhares que dizem absolutamente tudo sem a necessidade da troca de palavras.
No filme, Robert representa perfeitamente aquele rapaz que cresceu em um ambiente masculino opressivo e que ao invés de lidar com suas emoções racionalmente, prefere partir para a violência, enquanto Willem, caricato e mais incrível que nunca, representa o velho lobo do mar que esconde um passado conturbado e que não suporta ver sua masculinidade e força desafiadas.
Não se espantem caso os atores recebam indicações à diversos prêmios para a temporada do ano que vem, pois não apenas dão um show, como também trabalham juntos em perfeita sintonia.
A trilha sonora, unida à fotografia excelente entra a par com as belíssimas atuações. Já as cenas de tensão se equilibram perfeitamente quando quebradas por momentos de alívio cômico, principalmente quando relacionadas à uma certa gaivota.
É um filme pesado, com muita metalinguagem e mensagens subliminares que com certeza não vão ser entendidas apenas da primeira vez. The Lighthouse é um título que com certeza fará muitos buscarem por vídeos e artigos de 'entenda o final', mas isso não é algo ruim.
O filme é um ode aos clássicos de suspense e horror, o que o torna praticamente obrigatório para quem é apaixonado pela mitologia de escritores como H.P Lovecraft e Edgar Allan Poe. Por enquanto o filme não tem data para estrear no Brasil oficialmente, mas será exibido em São Paulo durante a 43ª Mostra de Cinema Internacional de SP , no dia 29 de Outubro.
Nota: 10 / 10