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[Coletiva] Um papo sobre a segunda temporada de Undone com elenco e showrunners

 

Por Victoria Hope

Undone foi sem dúvida uma das séries mais criativas de 2019, distribuída pelo Prime Video, trazendo uma das técnicas mais interessantes de animação, a rotoscopia de volta a vida. A segunda temporada que estreia dia 29 de abril no streaming, promete trazer as irmãs Alma (Rosa Salazar) e Becca (Angelique Cabral) em uma forte aliança para viajar no tempo e resolver problemas familiares e até mundiais.

Para quem não conhece a produção, em Undone, a primeira temporada da dramédia acompanha Alma, uma mulher que, após um acidente de carro, descobre que pode viajar no tempo e espaço e com esta nova habilidade, ela decide descobrir a verdade sobre a morte do seu pai, evento que afetou profundamente a vida da protagonista. 

Amplamente elogiada pela crítica e pelo público, a série original trouxe um ar de renovação ao estilo sci-fi, unindo a temática com o gênero investigativo, que é definitivamente um dos pontos mais atrativos da produção e com certeza reforça a ideia de que animações investigativas podem ser emocionantes e trazer mais do que ação apenas para a mesa.

Undone, Temporada 2 / Foto: Prime Video

Rosa Salazar (Alita: Anjo de Combate) dubla Alma. O elenco da animação ainda conta com Angelique Cabral como a irmã mais nova da protagonista, Constance Marie como a matriarca da família e Bob Odenkirk (Breaking Bad, Better Call Saul) como o pai das duas garotas.

Profunda, a série aborda diversas questões existenciais, bem como sociais que vão além de questões pessoais da protagonista e mergulham em temas como saudade, saúde mental, trauma geracional e a cura gradual. 

Nessa sexta (23), nossa equipe teve a oportunidade de assistir a segunda temporada e bater um papo com os produtores executivos da série, Raphael Bob-Waksberg e Kate Purdy, além de conversar também com as estrelas, Angelique Cabral e Constance Marie sobre o que o público pode esperar dessa nova fase. 

Raphael e Kate, os showrunners de Undone

Amélie: A segunda temporada é sobre trauma geracional. Como você se sente sobre essa temática? 

Raphael: Me sinto mal sobre ele. Acho que é algo que todos estamos lidando, sabendo ou não e eu acho que é muito interessante desvendar esse tema. De certa forma, existem sentimentos esperançosos quanto a isso, do tipo 'Oh, essa coisa que está acontecendo comigo e eu assumia que era minha culpa, se eu olhar para trás, na verdade é algo sobre minha mãe e meu pai e o problema sobre a mãe dele.

Eu queria muito que na vida real nós pudéssemos seguir as pistas e perguntar aos nossos ancestrais "Por quê eu sou desse jeito?" É tão complicado, mas justamente as coisas mais complicadas são as mais interessantes de se explorar na televisão, tipo, vamos passar um tempo pensando, vamos destrinchar isso.

Como eu disse, é algo muito interessante porque é algo que todo mundo pode se identificar, mesmo que a parte específica dessa série seja algo muito particular para essa família (da série), gosto de pensar que é algo mais universal e que as pessoas assistindo pensem 'Uau, esse é o tipo de relacionamento que tenho com  minha mãe, mesmo que ela não tenha tido uma experiência como essa'. Eu também tenho mistérios no meu passado e é muito excitante explorar essas conversas. 

Amélie: Se você pudesse voltar ao passado (como os personagens da série), você mudaria algo ou deixaria tudo como era antes? 

Kate: Eu gostaria de pensar que sou evoluída suficiente para deixar as coisas como eram, porque no fim, nosso maior desafio é que a vida real é limitada pelo tempo, então a auto aceitação, o amor, aceitação pelos outros e o perdão, tanto por nós mesmos quanto pelos outros, são motivos são nossas missões para nos libertarmos.

Mas é muito tentador pensar 'uau, o que eu faria se pudesse mudar o passado? Eu também gostaria de voltar, dar uma 'sacudida' nas coisas, mudar coisas. Será que essas coisas afetariam os relacionamentos em tempo real se voltássemos para aquele momento? Será que uma decisão diferente mudaria tudo ou pedir desculpas mais cedo, perceber que estávamos errados ou que os dois estão errados, agora com toda sua bagagem sobre essa situação ou será que eu voltaria no tempo só pra passar um tempo com meus amigos da faculdade e aproveitar aquele momento mais uma vez?

Essa é uma pergunta muito interessante, tenho duas mentalidades, é uma aventura divertida com todas as possibilidades que isso oferece, assim como mostramos na série, mas também o grande desafio de nossas limitações aqui e como nós podemos, no sentido de viagem do tempo, processar esses temas como amor, perdão, aceitação e deixar as coisas para trás. 

Angelique (Becca) e Constance (Camila), elenco de Undone 

Amélie: Camila tem a oportunidade de revisitar o passado nessa temporada. Com isso em mente, se você pudesse voltar e enviar uma única mensagem para a Constance do passado, qual seria? 

Constance: Ah, acho que isso vai me fazer chorar... Eu diria, não tenha tanto medo. Você vai ficar bem. Acho que é a única coisa que eu diria. (Angelique acrescenta que diria a mesma coisa para ela mesma do passado).

Amélie: Essa temporada trouxe uma jornada muito emocionante para Becca. Você poderia dizer se existem alguns aspectos de Becca com os quais você se identifica? 

Angelique: Acho que o desejo dela... Oh, veja só eu me emocionando... (ela pausa por um minuto). Acho que o desejo dela em ser perfeita, o desejo de ser a pessoa que conserta tudo, que torna a vida dela mais compacta, no sentido de que ela não pode errar, mas ao mesmo tempo, entendendo que ela é muito mais poderosa do que ela imagina ou até do que ela queira saber, e uma vez que ela aceita isso, ela se torna essa mulher por inteiro.

Penso nisso sendo uma mãe de duas crianças novas e nessa indústria estou aprendendo isso em tempo real e estou começando a parar de me preocupar com o que os outros pensam e fazer o que é meu e o que significa para minha família, acho que isso é um dos desafios da indústria e eu acho que isso vai elevar o meu trabalho e minha vida... (a atriz pausa mais uma vez, muito emocionada). 

Amélie: Indo para um lado mais leve, quais foram os momentos mais divertidos no set durante as gravações da segunda temporada?

Angelique: Nossa, foram tantos momentos divertidos porque não tínhamos com quem passar o tempo (risos) por conta do isolamento, então nos divertimos muito (em casa).  Todas as cenas com Rosa foram muito divertidas, tipo aquela do piano, o sentimento de irmandade entre as irmãs, aquela parte em que seguíamos a grande porta, aquela cena onde carrego o bebê, todos esses momentos foram tão íntimos e tão divertidos!

Nós encontramos graça, mesmo sendo um trabalho tão sério. Nosso relacionamento realmente foi formado durante essa nova temporada, eu diria que esses momentos realmente solidificaram essa relação.

Constance: Eu estava com muita inveja do relacionamento delas (risos), porque elas tinham tantas cenas juntas e eu tive poucas com elas, tive mis cenas com Bob (Odenkirk), que não estava lá grande parte do tempo, então, minha diversão foi, como não tinha figurino e porque nós tivemos que voltar ao passado na história da Camila, eu tive que ficar grávida ( de mentirinha) e usar uma cinta de gravidez, graças a Deus eu já fui mãe antes então eu pensei 'ah sim, isso está apropriadamente desconfortável' (risos).

Pude me ver nova, pude ver meus filhos novos, foi uma exploração, fazer meu cabelo e as roupas dos anos 80, era como se fosse meu próprio show particular e a oportunidade de ver tudo isso pronto (na animação), foi algo magnífico!

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