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Mostra de SP 2025 | Frankenstein de Guillermo Del Toro

 

Por Victoria Hope

O anúncio de que Guillermo Del Toro adaptaria "Frankenstein" uma das obras mais aclamadas e queridas da literatura gótica, encheu os fãs do gênero de esperanças, porém com o anúncio veio a melancolia pelo fato de que o filme não seria lançado nos cinemas e sim diretamente para o streaming, porém felizmente, muitas pessoas vão poder assistir o longa em diversas sala de cinema do país antes da estreia oficial no dia 7 de novembro na Netflix.

Frankenstein de Mary Shelley pessoalmente é uma das minhas obras favoritas da literatura, logo, as expectativas estavam altas, porém, apesar de visualmente o filme ser impecável, o roteiro deixa a desejar, principalmente na subversão de vários temas que são essenciais para a obra e que foram trocados pela liberdade criativa de Del Toro, hora bem vinda, hora causando estranhamento.

Na trama, dividida em duas partes, o público é introduzido ao Doutor Victor Frankenstein (Oscar Isaac), um brilhante, porém excêntrico cientista que sonha em criar vida após a mostre. Acompanhamos sua história desde sua infância conturbada, com um pai quase sempre ausente e uma mãe amável à sua vida adulta, quando após anos de estudo, decide colocar suas teorias em prática e trazer a vida uma criatura perfeita.

Enquanto acompanhamos o jovem doutor em missões perigosas em busca das partes de corpo perfeita para sua criatura, também somos introduzidos à cunhada de Victor, Elizabeth (Mia Goth), que estranhamente é muito parecida com a mãe do cientista. 

Frankenstein / Foto: Netflix

As duas horas e meia do filme são bem sentidas, afinal, o primeiro ato se arrasta demasiadamente, carregado por uma atuação extremamente caricata de Oscar Isaac, que a todo momento parece ler o roteiro ao invés de interpretar como alguém da época e infelizmente o mesmo acontece com quase todo o elenco, incluindo Mia Goth, extremamente mal aproveitada e com pouquíssimas falas, apesar de interpretar 2 (quase 3) personagens no longa. 

Quem realmente surpreende é Jacob Elordi como a Criatura, que entrega uma das melhores atuações do ano e que com certeza deveria ser valorizado na temporada de premiações. Tudo o que ele entrega em cena, desde a inocência e curiosidade da Criatura, até mesmo sua performance corporal de tirar o fôlego, ajudam a dar vida a essa criatura tão amada por fãs de terror, trazendo toda a poesia por trás das falas do personagem, o que com certeza deixaria Mary Shelley muito orgulhosa, afinal, sabemos que Del Toro, como nenhum outro diretor, tem um respeito máximo pelas criaturas e monstros das histórias e é aqui onde o roteiro brilha. 

Mas é claro que outro aspecto extremamente positivo do filme é o visual, incluindo os figurinos belíssimos e intricados que parecem ter saído diretamente da época que representam. A única pena é o CGI horroroso de animais que aparecem ao longo do filme e estragam completamente a imersão, principalmente durante o segundo arco da história. Esse é um filme que vai dividir opiniões, talvez pela expectativa que fãs tem sobre o nome de Del Toro e por conta do elenco recheado de estrelas, mas essa talvez seja uma das adaptações mais fiéis de Frankestein que tivemos até hoje. 

NOTA: 8.5/10

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