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[Review] Tinnitus

 

Por Victoria Hope

Dirigido por Gregorio Graziosi, Tinnitus, filme nacional premiado no Festival de Cinema de Gramado retrata o drama de uma ex-atleta que sofre de um forte zumbido no ouvido. O filme, estrelado pela atriz luso-brasileira Joana de Verona, estreia dia 22 de junho nos cinemas brasileiros. 

Na trama de Tinnitus, Marina Lenk (Verona), é uma experiente atleta de Saltos Ornamentais. Aterrorizada por uma súbita crise de Tinnitus, um zumbido insuportável, ela despenca da plataforma mergulhando nas profundezas de seu próprio corpo. 

Afastada do esporte que ama, ela troca a perigosa e desafiadora plataforma de saltos, por uma pacata vida no aquário, onde trabalha fantasiada de sereia. É possível escapar da loucura, quando o medo se esconde dentro de seus ouvidos? Logo na cena de abertura o público se depara com um som pra lá de estridente, que já mostra que o filme será uma imersão sensorial do início ao fim, o que faz com que a imersão na história e na dor da personagem se torne ainda mais aprofundada, mas vale o aviso de sensibilidade para pessoas sensíveis a som. 


Tinnitus / Foto: Imovision

O filme é recheado de simbolismos que vão para além da questão de audição da protagonista, já que hora ou outra o público é confrontado com imagens desconexas, seguidas por cenas e puro silêncio e contemplação, algo que aliás é uma raridade em São Paulo, principalmente no Bairro da Liberdade, um dos locais que onde grande parte da história se passa, onde a personagem se perde e tenta se reencontrar de diversas maneiras; Tudo está em jogo aqui, sua carreira, seu relacionamento amoroso e suas amizades, não necessariamente apenas pelo Tinnitus, mas também porque a atleta passa por um momento conturbado em sua vida. 

Apesar do ritmo demasiadamente lento do desenrolar da trama, um dos grandes trunfos do longa é a belíssima fotografia e direção de arte, que fazem de cada cena praticamente uma obra viva de arte, o que nos remete também a diversos momentos do próprio filme onde a arte em si é mencionada e vale o destaque para a cena onde Marina observa em silencio a icônica pintura Moema de Vitor Meirelles, que retrata o trágico destino da indígena morta na praia depois de se afogar enquanto seguia, a nado, o navio de seu amor.

Por diversos ângulos, a própria história de Moema se entrelaça com o momento em que Marina passa, já que ela também segue nadando, mesmo sabendo do perigo e do fim inevitável, ou em como no caso da protagonista, a perda completa da audição. É impossível não se chocar com os minutos finais de Tinnitus, que reflete mais uma história de obsessão e da busca pela 'perfeição', custe o que custar.

 Nota: 8.5/10



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