Por Victoria Hope
Quando a Blumhouse anunciou que faria uma versão norte americana do terror dinamarquês, Não Fale o Mal, não pude deixar de ficar com a pulga atrás da orelha, já que o filme original foi lançado há apenas dois anos atrás durante o Festival Sundance na categoria Midnight. inclusive, esse foi um dos meus filmes favoritos do festival daquele ano, ao lado de Talk to Me.
É nítido que a opção vem mais da falta de interesse por parte do público dos EUA em conhecer filmes estrangeiros por conta das legendas, porém, como o elenco anunciado incluía James McAvoy, imaginei que fariam algo interessante e que subvertesse o primeiro longa e foi exatamente isso que Não Fale o Mal fez e talvez esse seja um dos problemas do roteiro.
Acredito que assistir a versão original, definitivamente faz com que a versão de 2024 pareça menos elegante e suscinta, afinal, logo no início vemos a atitude agressiva do protagonista, sendo que no filme de 2022, esse comportamento é mostrado em um slowburn, o que faz muito mais sentido para que trama funcione, principalmente porque no original, o não dito, diz muito mas do que o dito e mostrado, enquanto na versão 2024, tudo é escancarado e explicado de forma quase didática.
Na trama de Não Fale o Mal, uma família com um esposo inglês e uma esposa americana anseia em passar suas férias no campo, contudo, o que era pra ser um sonho em família para relaxarem e descontraírem, acaba virando um terrível pesadelo quando percebem as verdadeiras intenções de seus excêntricos (e assustadores) anfitriões.
Não Fale o Mal / Foto: Blumhouse |
Como disse em alguns parágrafos acima, o filme de 2024 remove qualquer nuance que poderíamos ter sobre a misteriosa família que mora naquele canto isolado europeu. Vemos no olhar e na atuação excelente de James McAvoy, que ele representa perigo e logo, vemos a mudança do personagem da água para o vinho, conforme ele continua pressionando a família visitante a fazer o que não querem.
Não Fale o Mal acaba por ser tornar um grande blockbuster heróico de terror ao invés de ser um drama político, como é o original dinamarquês e isso não é ruim, já que o diretor da versão de 2024, soube criar algo original dentro daquele universo pré-estabelecido. As atuações definitivamente são o ponto alto do longa, bem como a ambientação muito bem coordenada.
Funciona bem como um terror repleto de ação e suspense e se você deixar de lado o material original, definitivamente irá curtir mais a experiência, pois a trama definitivamente foi construída para pegar a audiência de surpresa, mas caso tenha assistido a primeira versão, com certeza vai notar que aqui nessa nova instalação, não há uma clara mensagem, apenas choque por choque.
Até mesmo a cultura do casal, americano-inglês, não condiz com o comportamento dos personagens, já que a cultura dinamarquesa em si, é carregada nesse conceito de cordialidade e hospitalidade, enquanto as culturas americanas e inglesas, são mais frias, individualistas e menos receptivas; fica pouco crível, mas volto a dizer, como um filme de ação, Não Fale o Mal funciona bem e vai agradar o público que não possui conexão com a versão dinamarquesa e talvez até surpreenda os fãs da primeira versão por subverter diversas tramas do original.
Nota: 7.5/10