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Baftas 2020 e o problema da 'falta de diversidade na indústria' cinematográfica


Por Victoria Hope

Mais um ano se inicia e com ele chega a temporada de premiações internacionais mais aguardadas de cinema e televisão. Após um  dos Globos de Ouro mais diversos dos últimos anos, as indicações do BAFTAs,  considerado o 'Oscar' do Reino Unido, deixaram o público e elencos com uma 'pulga atrás da orelha' após a decisão de não contemplar atores diversificados.

Esse ano, o BAFTA, que nunca indicou Denzel Washington para nenhuma premiação, por exemplo, nomeou o total de 0 artistas não brancos nessa edição, além de ter indicado Scarlett Johanson e Margot Robbie duas vezes ao mesmo prêmio, ou seja, duas atrizes brancas foram indicadas duas vezes na mesma categoria, para que nenhuma outra atriz não-branca tivesse chance.

Não demorou muito para essas escolhas da academia começaram a ser questionadas por internautas do mundo inteiro, seguido por atores de séries e filmes que notaram o nítido descaso para com a diversidade nas nomeações.

Com tantos filmes e séries incríveis protagonizados por elencos diversos nessa temporada, citando alguns como Harriet, Watchmen da HBO, Euphoria da HBO, Dor e Gloria, Parasita, The Farewell e Dolemite, o público passou a questionar quais foram os critérios na escolha de atores e atrizes para essa premiação.

Watchmen / HBO

Regina King é talvez um dos nomes mais relevantes na atualidade quando falamos em séries de sucessso. A atriz tem colecionado diversos prêmios desde 2017 com performances emocionantes em séries como American Crime, além de ter recebido também o Oscar no ano passado por 'Seven Seconds' e o Globo de Ouro por 'Se a Rua Beale Falasse'.

Esse ano a atriz foi esnobada por grande parte das premiações, justamente em um ano onde ela protagoniza uma das séries mais relevantes sobre a questão das tensões raciais e políticas nos Estados Unidos. Sua performance tem sido elogiada pela crítica e pelo público, mas logo esse ano, a atriz passou completamente 'despercebida' pela academia.

US / Universal Pictures
Outro nome que ficou de fora da lista de premiações 'mainstream'  foi Lupita Nyong'o por seu papel em 'US' (Nós) de Jordan Peele. A academia já é reconhecida por raramente premiar atrizes e atores por papéis em filmes de terror, mas com a quantidade de prêmios que ela recebeu por seu papel em US durante festivais internacionais, era de se esperar pelo menos uma indicação.

Muitas vezes não é culpa dos estúdios, mesmo porque é preciso fazer campanha para que atores, atrizes e filmes concorram às grandes premiações, mas nem sempre filmes que fazem campanha são considerados e em tempos onde há menos de 2 anos atrás levantaram-se hashtags como #OscarsSoWhite e #GoldenGlobesSoWhite, é preciso parar e refletir até onde vai a vontade da academia em celebrar a diversidade.

Dor e Glória / Sony Pictures
Falando em representatividade latina, Antonio Bandeiras, que está sendo bem elogiado por sua performance em 'Dor e Gloria' pela crítica, disse não se sentir confortável em fazer 'campanha' para premiações, inclusive criticou todo a indústria das premiações.

Recentemente o ator disse que não acreditava em campanhas para filmes pois para eles, atores não eram candidatos políticos, mas ainda sim, ele entende a importância da representatividade no cinema e na televisão.

Voltando ao BAFTAS 2020, muitos atores e distribuidoras mostraram indignação com as indicações desse ano e após uma declaração ainda mais polêmica da própria academia, onde um dos CEOS do prêmio disse que o problema da falta da diversidade na premiação desse ano era a 'falta de atores diversos em filmes da temporada', as discussões acaloradas voltaram a tomar forma nas redes sociais.

Awkwafina venceu o prêmio de Melhor Atriz de Comédia no Golden Globes 2020 / InStyle

Considerando essa declaração , há quem pense que não há diversidade nas obras cinematográficas da última temporada, porém isso não se confirma, já que diversos filmes com elencos não-brancos, incluindo protagonistas negros, asiáticos e latinos, construíram grande parte do catálogo de filmes no final do ano passado e no começo desse ano.

Novamente relembramos a icônica frase de Viola Davis durante seu discurso na premiação do Emmy, onde a atriz comentou que o que falta na indústria era a oportunidade, pois elencos diversos não faltam, mas cabe à indústria dar uma chance para que esses talentos se mostrem.

Sem oportunidades para elencos e histórias diversificadas, que mensagem estamos mandando para o mundo inteiro?  Mais do que entreter, o cinema não deveria também ser um reflexo da nossa sociedade? #RepresentatividadeImporta

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