Por Victoria Hope
Um dos filmes mais antecipados do ano chegou dividindo opiniões entre a crítica e os fãs, mas é sem dúvidas, de longe uma das maiores estreias da temporada em diversos sentidos. Eternos, da vencedora do Oscar Chloé Zhao, consegue quebrar a fórmula da Marvel e entregar uma história humana, sensível e essencial para o futuro da fase 4 no MCU.
Apesar do início mais arrastado, o filme conta com diversos diálogos expositivos muito necessários que ajudam o público não tão familiar com os Eternos, a conhecerem mais sobre esses deuses do universo dos quadrinhos.
Os melhores momentos da trama, são quando os Eternos interagem com os humanos, é possível entender o amor que grande parte deles sente pela humanidade, característica importante também para os personagens nos quadrinhos originais de Jack Kirby.
Sprite em Eternos / Foto: Disney Media |
Falando no criador da história Jack Kirby, apesar de todas as cores em tela, o filme apresentou uma estética bem dessaturada, o que vai para o lado totalmente oposto do que deveria ser na adaptação de uma história cósmica extremamente coloridas; faltaram mais cores e um aspecto mais psicodélico, que eram os grandes trunfos dos quadrinhos originais.
Apesar disso, Chloé consegue entregar um filme impecável esteticamente falando, com uma fotografia de tirar o fôlego que com certeza merece levar algumas indicações ao Oscar no próximo ano. Inclusive, esse é um desvio da fórmula de telas verdes da Marvel, que foi muito bem vindo.
Sobre a trama, apesar da quantidade enorme de personagens, é possível criar conexões com cada um deles, mas um dos aspectos negativos do filme cai exatamente na participação dos protagonistas, pois, enquanto o líder Ikaris (Richard Madden), entregou uma performance robótica em todas suas cenas, outros personagens mais carismásticos como Gilgamesh (Don Lee) e Ajak (Salma Hayek), tiveram pouquíssimo tempo de tela.
Gilgamesh e Thena / Foto: Disney Media |
Os relacionamentos entre os Eternos foram também destaque na trama, pois, enquanto, propositamente, Ikaris e Sersi (Genma Chan) não possuíam química alguma, casais como Gilgamesh e Thena (Angelina Jolie), além de Makkari (Lauren Ridloff) e Druig (Barry Kheogan), exalavam amor, intimidade e respeito mútuos.
Enquanto Gilgamesh e Thena representavam certamente a dupla de personagens casados, mesmo que isso não esteja explícito, Makkari e Druig traziam o conceito de casais apaixonados mais novos e o mais admirável é que Chloé conseguiu demonstrar a intimidade desses casais de uma forma simples, sem a necessidade de beijos ou momentos sexuais para mostrar que existia química ali.
Isso é o que acontece quando usa-se o 'female gaze', técnica conhecida na indústria, quando diretoras apresentam romance e ligações entre os personagens, sem intenção de sexualizar e pelo ponto de vista feminino, que ao invés de transformar uma parte do casal em objeto sexual, visualiza os personagens como eles são, de igual para igual, com respeito mútuo.
Phastos e sua família / Foto: Disney Media |
Sem dúvida alguma, Phastos (Brian Tyree Henry) e sua família também foram um dos maiores destaques da trama. Não apenas o personagem foi hilário, como além de trazer ainda mais humanização aos Eternos, protagonizou o primeiro beijo gay e representou o primeiro personagem abertamente LGBTQIA+ dentro do MCU, outro passo extremamente importante para a Marvel após mais de 10 anos de cinema.
No quesito de humor, Phastos e Kingo (Kumail Nanjiani) são os destaques, principalmente Kingo ao lado de seu mordomo Karum andando com as câmeras para lá e pra cá. A única pena mesmo é que o astro de Bollywood sequer aparece na batalha final, o que é definitivamente um erro de continuidade.
O filme tem ação na medida certa, algo que não é tão característico da diretora e que foi uma enorme surpresa e apesar do ritmo as vezes cair para a lentidão, a história tem um ritmo que flui muito bem e ainda contribui para o hype dos próximos títulos que serão lançados na próxima fase do MCU.
NOTA: 8.5/10