Por Victoria Hope
E começa hoje o Festival Varilux de Cinema Francês, com 17 títulos inéditos e 2 clássicos em todos os cinemas do Brasil. Vale lembrar que o evento acontece de 25 de novembro a 8 de dezembro e para conferir a grade completa, basta acessar o site oficial do evento: https://variluxcinefrances.com/2021
Nessa quinta, tivemos um papo com os diretores do divertidíssimo e melancólico Tralala, filme dos diretores Arnaud e Jean-Marie Larrieu, que também está em cartaz no festival desse ano. Essa, inclusive é a primeira experiência em comédia musical da dupla.
Na história, acompanhamos Tralala, um cantor de 40 anos das ruas de Paris que encontra uma jovem que lhe deixa uma única mensagem antes de desaparecer: "Acima de tudo, não seja você mesmo". Teria Tralala sonhado? Ele deixa a capital e acaba encontrando em Lourdes a mulher pela qual já estava apaixonado, mas que não se lembra dele.
CONFIRA A ENTREVISTA
Amélie: Vocês foram os responsáveis pela montagem musical de Tralala?
Arnaud e Jean: Fomos instruídos por um técnico especial na verdade. Ele foi o responsável pela supervisão de como usar os instrumentos, se a musica estava boa e se a melodia combinava. Mathieu teve inclusive treinos com uma cantora de opera, afinal, não é qualquer pessoa que pode cantar qualquer coisa, então ele canta bem porque adaptamos as musicas a voz. Durante as filmagens até brincávamos o chamando de 'home, sem melodia'.
Amélie: Como foi o processo de roteirização e escolha do elenco?
Arnaud e Jean: Para o roteiro, fomos obrigados a escrever nossas próprias perguntas. Nós sabíamos para quem do elenco estávamos escrevendo e cada compositor estava fixado em um ator, então dessa forma pudemos focar nas particularidades e habilidades de cada ator. Isso é muito novo pra gente. não fizemos testes com os comediantes.
Amélie: No filme, todos os personagens respiram música. Com essa temática em mente e o contexto da vida real, para vocês, o que é uma vida sem música?
Arnaud e Jean: A vida sem música seria um inferno (risos). No fundo, a música habita muitas vezes nossa vida, mesmo que não cantemos. Ela diz muito sobre como nos sentimos, mas o que ela quer dizer como emoção para cada um? Penso que parte da emoção atrelada à musicais se dá porque ao cantar em alto e bom som, temos acesso a dignidade das pessoas, é como se uma câmera focasse no interior delas.
Nós vivemos isso durante as filmagens, uma emoção enorme em ver o elenco cantar. A musica passa por todos, começa com uma falta de pudor, um sentimento que todos podem receber em conjunto e por conta dos sentimentos dos personagens serem cantados aqui (no filme), essas emoções são mais fáceis de ser aceitas, pois o canto deixa tudo mais leve. A musica no filme (e na vida) é crucial, pois ela nos aproxima.