Por Ricardo dos Santos
Hellboy é um personagem criado por Mike Mignola na década de 1990 e, nos anos 2000, teve sua primeira adaptação cinematográfica com dois longas. Em 2019, foi lançado outro filme que funcionaria como um reboot da franquia. Em 5 de setembro, chega aos cinemas mais um filme do personagem, que promete ser o início de uma série de longas voltados para este universo, com o lançamento de Hellboy e o Homem Torto.
A direção é assinada por Bryan Taylor, com roteiro de Christopher Golden e do próprio Mike Mignola. O filme é estrelado por Jack Kesy (Hellboy), Adeline Rudolph (Bob Jo) e Jefferson White (Tom Ferrell), além de Leah MacNamara, Hannah Margetson e Joseph Marcell. Hellboy e o Homem Torto é ambientado no final da década de 1950, e mostra a parceria de Hellboy com a agente novata do B.P.D.P., Bob Jo, em uma investigação nas montanhas Apalaches.
Durante a jornada, eles encontram uma comunidade escondida de bruxas, liderada pela entidade demoníaca conhecida como o Homem Torto, colocando a Mão Direita da Perdição; contra um adversário perigoso que irá confrontá-lo com seu passado enquanto tenta evitar, mais uma vez, que as trevas dominem o mundo.
Hellboy e o Homem Torto / Foto: Imagem Filmes |
Este novo filme de Hellboy surpreendeu-me de forma positiva devido à abordagem utilizada para esta nova adaptação, focada muito mais no terror e aproveitando ao máximo esse elemento para se tornar uma aventura muito mais paranormal do que propriamente heróica. Essa opção é algo que particularmente me agradou, pois mostra uma outra face das adaptações dos quadrinhos, já que esta arte tem uma plasticidade muito ampla e pode ser explorada de maneiras distintas quando adaptada para outras mídias. Um filme de terror que adapta uma HQ é uma excelente forma de demonstrar isso.
As interpretações são satisfatórias, transmitindo as emoções necessárias nos diálogos e em cenas que exigem mais expressão por parte dos atores, o que confere sentido à trama. A escolha de não ambientar excessivamente o espectador e ser mais direta sobre o que o filme pretende contar é um ponto positivo, remetendo a uma experiência muito próxima da que um leitor de quadrinhos tem ao encontrar uma minissérie deste personagem.
Em termos de efeitos, o filme deixa a desejar no primeiro ato, quando se faz necessário ouso de efeitos digitais. No entanto, compensa de forma interessante ao recorrer a elementos mais práticos, como o próprio Hellboy, que visualmente se assemelha bastante ao material original.
Hellboy e o Homem Torto / Foto: Imagem Filmes |
A fotografia é interessante, ao utilizar cores mais frias, sem deixar de evidenciar o tom vermelho forte e chamativo do grandalhão, que se destaca visualmente em contraste com o cenário. A direção é competente ao manter o clima sombrio proposto desde o início, embora se mostre um pouco perdida inicialmente. O filme se propõe a ser mais assustador do que as tentativas anteriores, incluindo alguns jumpscares que são chamativos para os mais desatentos, tornando a experiência muito interessante.
O roteiro não tenta reinventar o género cinematográfico, mas consegue aproximar a imagem do personagem ao material original, apresentando-o como um ser que se questiona sobre sua humanidade e a escuridão que nele reside. Embora não se foque na sua origem, essa característica é inserida sutilmente, dando a profundidade necessária ao protagonista para que sua luta faça sentido, e permitindo que o público se conecte com esta nova versão, que possui um final muito satisfatório.
Hellboy e o Homem Torto é um filme de terror e uma adaptação de quadrinhos bastante interessante, que demonstra um bom potencial para dar início a uma nova era para o personagem e sua franquia.