Por Victoria Hope
The Infinity Husk é um drama de ficção científica alucinante, misterioso e hipnotizante que explora e interroga a humanidade por meio da consciência da cientista extraterrestre exilada Vel. Forçada a deixar sua casa para ocupar o corpo humano de uma jovem negra na Terra, ela é enviada em uma missão complicada e sombria para espionar um companheiro exilado, Mauro.
O longa é uma pequena jóia da ficção científica contemporânea, nvolvente e profundamente misteriosa. Longe de ser apenas mais uma narrativa sobre alienígenas e tecnologia futurista, este filme sonda as profundezas da consciência humana e da linguagem como um todo, questionando o que realmente significa ser humano através das lentes de seres de outro mundo.
A premissa de "The Infinite Husk" é tão intrigante quanto inovadora e gira em torno de dois seres não humanos, os "Husks" do título, que se encontram em uma jornada de descoberta através da linguagem humana. Essa escolha narrativa é muito criativa, pois permite que o filme explore as complexidades da comunicação, da emoção e da percepção humana sob uma nova perspectiva.
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The Infinity Husk / Foto: SXSW |
O lado mais interessante do filme reside na forma como utiliza esta perspectiva alienígena para iluminar aspectos da nossa própria humanidade que frequentemente negligenciamos ou tomamos como garantidos. Através do seu olhar inquisitivo, somos forçados a confrontar as nossas contradições, os nossos preconceitos e as nossas limitações.
Afinal, o que nos define como indivíduos e como sociedade? Esse não é um um filme que oferece respostas fáceis, mas sim um convite à auto-reflexão e a um exame honesto das nossas próprias crenças e valores.
Além da sua exploração filosófica da condição humana, o filme também tece uma crítica política sutil, mas extremamente perspicaz, sobre o estado do nosso mundo. Através das interações dos Husks com a sociedade humana, o filme expõe as desigualdades, a injustiça e a violência que permeiam as nossas instituições e relações, utilizando até mesmo temas super recentes como a forma com a qual imigrantes estão sendo tratados atualmente nos Estados Unidos.
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The Infinity Husk / Foto: SXSW |
Apesar do ritmo lento do desenvolvimento da história (apesar de uma cena de ação bem eletrizante), todo o conceito dos Husks é, sem dúvida, um dos aspetos mais criativos e originais desse longa, principalmente porque a ideia de seres alienígenas que exploram a humanidade através da linguagem é fascinante e oferece inúmeras possibilidades narrativas. Talvez a história se beneficiasse com cenas mais dinâmicas e diálogos um pouco mais curtos, mas isso depende do gosto particular de casa expectador.
E outro mérito do longa reside, em grande parte, nas atuações cativantes do seu elenco. A protagonista, em particular, oferece uma interpretação contida, mas que transmite a complexidade e a vulnerabilidade necessária para sua personagem, mas que quando tem a chance de mostrar toda a fúria de sua personagem, brilha, principalmente ao lado de sua co-estrela que em contrapartica a complementa perfeitamente, mostrando a perda da inocência através de um ser que já vive na Terra há muitos tempo e que perdeu a fé na humanidade, mas que ainda tenta retomar as rédeas de sua vida, se tornando infinito.
Essencialmente, "The Infinite Husk" não é um filme para ser assistido passivamente. Exige a nossa atenção, a nossa empatia e a nossa vontade de questionar as nossas próprias suposições sobre a verdadeira intenção desses aliens. Eles querem vida eterna, assim como muitos humanos, mas a mensagem vai muito além disso e o plot-twist do final vai fazer a audiência ficar boquiaberta.