Por Victoria Hope
Na dramédia romântica "Os Bastidores do Amor", durante anos, Henri e Nora compartilharam tudo: eles se amam e ela dirige as peças em que ele atua. Quando Henri consegue seu primeiro papel no cinema, a produção do novo espetáculo deles fica ameaçada e o relacionamento explode. Eles começam a se perguntar: é possível amar um ao outro sem pertencer um ao outro?
Sob o brilho das relações amorosas, alegrias, tristezas e dúvidas entre criador e ator, Vimala Pons e William Lebghil conferem a esta obra uma atmosfera leve e peculiar, mesmo que as personagens apresentem nuances que vão da raiva à doçura juvenil. Tudo é sério, mas também beira a futilidade, assim como são as relações amorosas modernas.
Durante o Festival de Cinema Francês, tivemos a oportunidade de conversar com diversos elencos e realizadores, incluindo o brilhante diretor de "Os Bastidores do Amor", Victor Rodenbech sobre amor, carreira e relacionamentos líquidos na era moderna.
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| Le Beau Rolê / Foto: Festival de Cinema Francês |
Victor Rodebach: Me sinto honrato em ter meu filme sendo assinado pelo Festival! E vir para o Brasil sempre foi um sonho de infância meu, então é muito emocionante estar aqui com meu primeiro filme!
Amélie Magazine: "Os Bastidores do Amor" fala sobre a melancolia por trás do amor. O filme pode ser engraçado em alguns momentos, mas tem uma profunda tristeza relacionada ao amor e relacionamentos passados. Qual foi sua inspiração para abordar esse tema na história?
Victor Rodebach: Para meu primeiro filme, eu tinha essa vontade de falar sobre algo que eu conheço e não apenas sou fã de cinema, como também fã de teatro, conheço muito bem e também minha namorada é diretora de teatro.
Amélie Magazine: Então você diria que essa história é bem pessoal? Você se identifica com muitos pontos dos persoangens?
Victor Rodebach: *risos* Sim, esse é um projeto bastante pessoal! Agora falando sobre a melancolia, eu quis fazer desde o começo uma comédia romântica, mas ao invés de começar por um encontro, como na maioria das comédias românticas, quis começar aqui pelo rompimento, pelo fato deles estarem terminando, pois acho que esse lado traz a melancolia que você sentiu ao assistir.
Preferi começar com essa ideia de "recasamento", com um relacionamento sendo quebrado no início para ao longo do filme ser reconstruído, então é melancólico no começo, mas se firma pelo caminho da luz, onde ambos ficam bem.
Amélie Magazine: E qual foi o momento mais engraçado no set de filmagens?
Victor Rodebach: O momento mais engraçado foi aquele onde filmamos a peça de teatro! Foi baseado em histórias que eu vivenciei presencialmente e coisas que conheço. Me diverti muito ao mostrar o lado ao mesmo tempo um pouco ridículo, porque a paixão dessa mulher se tornou uma obsessão e daí nasce um certo ridículo, mas ao mesmo tempo, é tudo feito com muita ternura, então eu nunca quis deixar o sentimento de acalento com esse desastre da peça, que foram os momentos divertidos de filmar.
Amélie Magazine: Como é dirigir atores que estão fazendo papel de atores?
Victor Rodebach: Me inspirei muito com esses atores e com a diretora, que na vida real também é diretora de teatro! (risos) Então de uma certa forma, ela se apoiou na experiência dela e os atores se inspiraram também em sua experiência como atores, mas teve uma segunda etapa, que como eles são atores e diretores dentro do filme, onde essa competência dos atores alimentou a maneira com que eles revisitaram esses papéis! Então um alimenta o outro e foi realmente super interessante de ver!
Amélie Magazine: Quais foram suas maiores inspirações em termos de direção para "Os Bastidores do Amor?"
Victor Rodebach: Recentemente essas comédias de recasamento me inspiraram muito! Para voltar mais no tempo, me inspirei bastante nas comédias românticas americanas dos anos 40 e 50 e depois, no Woody Allen também, por exemplo em "Annie Hall", que me inspirou bastante.
Amélie Magazine: Se você pudesse dirigir uma adaptação de uma de suas peças teatrais favoritas, qual seria?
Victor Rodebach: Talvez uma peça de Anton Tchékhov, como acontece no filme. Uma peça que fale sobre a vida!

