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Selvagens, animação do indicado ao Oscar Claude Barras, integra programação do 15º Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Exibida no Festival de Cannes deste ano em sessão especial, a animação “Selvagens” chega ao Brasil no 15º Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre entre 7 e 20 de novembro nos cinemas de todo o país. O longa-metragem reafirma a tradição do evento de sempre programar um filme destinado a toda a família. 

Na trama do inédito “Selvagens” – que poderá ser visto somente nas salas de cinema durante o Festival Varilux -, ambientada em Bornéu, no limiar de uma floresta tropical, a personagem Kéria acolhe um filhote de orangotango. 

Ao mesmo tempo, seu jovem primo Selaï se refugia na casa deles para escapar do conflito entre sua família nômade e as empresas madeireiras. Juntos, Kéria, Selaï e o macaquinho vão lutar contra a destruição da floresta ancestral, que está mais ameaçada do que nunca. O longa-metragem é distribuído pela Bonfilm e tem direção de Claude Barras, indicado ao Oscar por “Minha Vida de Abobrinha” (2016). 

Confira o trailer oficial:



Premiado em San Sebastián, A Fanfarra, de Emmanuel Courcol, terá estreia mundial no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Vencedor do prêmio de público do Festival de São Sebastián, encerrado no último dia 28 de setembro, a comédia dramática “A Fanfarra”, de Emmanuel Courcol, faz sua estreia mundial no Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre entre 7 e 20 de novembro. Na França, a obra só chega aos cinemas no dia 20, tendo sido exibido ainda no Festival de Cannes.

Distribuído no Brasil pela Bonfilm, o longa traz a história de Thibaut, um maestro de renome internacional e seu irmão Jimmy. Com pouca coisa em comum, o que os une é o amor pela música. O filme oscila entre momentos cômicos e emocionantes protagonizados pelos atores e músicos Benjamin Lavernhe, Pierre Lottin e Sarah Suco. 

Se o filme for tão comovente como espero, é graças à emoção e humanidade dos personagens com os quais nos identificamos. É ver gente generosa em ação, apesar da crueldade da vida, pessoas que tentam construir um lugar para si mesmas carregando grandes bagagens emocionais. É isso que o torna tão bom”, avalia Emmanuel Courcol, completando: “estou abordando temas que são importantes para mim e que já tratei em meus filmes anteriores, como laços fraternos, acaso e determinismo social, e estou trazendo-os juntos em uma única história”.

Emmanuel Courcol é um ator, diretor e roteirista francês. Além da carreira de ator, se voltou a escrita de roteiros nos anos 2000, e a de direção em 2012 com seu primeiro curta-metragem “Géraldine je t'aime”, estrelado por Grégory Gadebois e Julie-Marie Parmentier. Seu primeiro longa-metragem foi “Cessez-le-feu”, em 2015, com Romain Duris, Grégory Gadebois, Céline Sallette, e, em 2020, dirigiu “Um Triunfo”, com Kad Merad, Marina Hands e Laurent Stocker. 

A História de Souleymane | Filme premiado em Cannes na mostra Um Certain Regard, será exibido no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Vencedor dos Prêmios de Público e de Melhor Ator para Abou Sangare na mostra ‘Un Certain Regard’ do último Festival de Cannes, o longa-metragem “A História de Souleymane” ganha exibição no Brasil no 15º Festival Varilux de Cinema Francês, entre 7 e 20 de novembro nas salas de cinema de todo o país. Inspirado na história real do ator guineense Abou Sangare, que interpreta o personagem-título, Souleymane Sangaré, o filme mostra as dificuldades encontradas pelos imigrantes de uma maneira muito objetiva. A produção acaba de estrear na França com muitos elogios da crítica. A distribuição no Brasil é da Bonfilm. 

No longa, recentemente chegado a Paris, Souleymane tenta sobreviver entregando refeições usando uma bicicleta. Ao mesmo tempo, se prepara para uma determinante entrevista visando a obtenção de seu asilo na França e de documentos que lhe permitam trabalhar formalmente no país. Mas ele encontra muitas pedras em seu caminho. Estruturado como um thriller social, “A História de Souleymane” oferece uma intensa reflexão documental entrelaçada com uma tocante ficção humanista. 

Assim como seu personagem, o ator Abou Sangare enfrenta uma série de obstáculos em busca de regularizar sua situação na França. Ele está no país desde seus 16 anos – tem 23 - e, há sete, tenta obter residência, que já foi negada três vezes. Este ano, durante o trabalho de divulgação de “A História de Souleymane”, o ator chegou a sofrer uma ameaça de deportação. De acordo com o site francês Franceinfo, na última semana (dia 10) ele conseguiu uma autorização de permanência de residência por seis meses, porém ainda não para trabalhar como mecânico, profissão para a qual se preparou.

O diretor do longa-metragem, Boris Lojkine, declarou que a escolha de Abou para o papel de Souleymane foi uma grande responsabilidade, e ressaltou: “Apenas quando ele conseguir seus documentos é que sentirei que finalizei meu filme.” 


Festival Varilux de Cinema Francês anuncia filmes da edição de 2024

 

Por Victoria Hope

Ao som de Bolero, composição de Maurice Ravel, o 15º Festival Varilux de Cinema Francês anuncia os filmes de sua edição. A vinheta traz trechos das 20 produções - o clássico O Sol por Testemunha, de René Clément, e os 19 longas-metragens recentes e inéditos no país – que integram a programação. As obras participaram dos principais festivais do mundo como Cannes, Veneza e San Sebastián. 

Obra musical em um só movimento, Bolero é tema de um dos longas-metragens apresentados nesta edição: Bolero, a Melodia Eterna, de Anne Fontaine. A trama conta como a melodia foi composta, atendendo a uma encomenda da dançarina Ida Rubinstein, em 1928, que pediu uma música para seu próximo balé.

O ator francês Raphaël Personnaz, que interpreta Maurice Ravel, estará no Brasil para apresentar o filme durante a abertura do Festival Varilux em São Paulo e no Rio de Janeiro. No Rio, ele participa de sessões com debate. Vale lembrar que o Festival Varilux ocorre em todo o Brasil, entre 7 e 20 de novembro, somente nas salas de cinema. #FestivalVarilux


A Favorita do Rei / Foto: Mares Filmes

FILMES DA PROGRAMAÇÃO 2024

Apenas Alguns Dias, de Julie Navarro - Distribuição: Bonfilm

A Fanfarra, de Emmanuel Courcol - Distribuição: Bonfilm

A Favorita do Rei, de Maïwenn -Distribuição: Mares Filmes

A História de Souleymane, de Boris Lojkine -Distribuição: Bonfilm

Ouro Verde, de Edouard Bergeon - Distribuição: Bonfilm

Madame Durocher, de Andradina Azevedo Dida Andrade - Distribuição: Elo Studio

Bolero, a Melodia Eterna, de Anne Fontaine - Distribuição: Mares Filmes

Daaaaaalí!, de Quentin Dupieux - Distribuição: Bonfilm

Diamante Bruto, de Agathe Riedinger - Distribuição: Bonfilm

Mega Cena, de Maxime Govare, Romain Choay - Distribuição: Bonfilm

1874, o Nascimento do Impressionismo, de Julien Johan, Nancy Hugues - Distribuição: Bonfilm

O Bom Professor, de Teddy Lussi-Modeste - Distribuição: Mares Filmes

O Conde de Monte Cristo, de Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte - Distribuição: Paris Filmes

O Roteiro da Minha Vida - François Truffaut, de David Teboul, Serge Toubiana -Distribuição: Bonfilm

O Segundo Ato, de Quentin Dupieux - Distribuição: Bonfilm

Selvagens, de Claude Barras - Distribuição: Bonfilm

O Sucessor, de Xavier Legrand -Distribuição: Bonfilm

O Último Judeu, de Noé Debré - Distribuição: Bonfilm

Três Amigas - de Emmanuel Mouret -Distribuição: Bonfilm

O Sol Por Testemunha, de René Clément - Distribuição: Bonfilm – clássico

Com mais de 500 mil espectadores na França, filmes de Quentin Dupieux estão confirmados no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Conhecido do público brasileiro pelo longa “Fumar Causa Tosse” (2022), o diretor Quentin Dupieux – também produtor e artista de música eletrônica - terá duas de suas mais recentes produções apresentadas no 15º Festival Varilux de Cinema Francês, entre 7 e 20 de novembro, em todo o Brasil: “Segundo Ato” e “Daaaaaalí!”. Os longas já fizeram cerca de 500 mil espectadores desde sua estreia na França.

Abertura do Festival de Cannes deste ano, Segundo Ato traz no elenco, entre outros, Léa Seydoux, Louis Garrel (ganhador dos César por Melhor Roteiro Original por “O Inocente” (2023) e de Melhor Ator Estreante por “Amantes Regulares” (2026), Vincent Lindon (ganhador do César de Melhor ator por “O Valor de um Homem” (2016) e Raphaël Quenard (ganhador do César de Melhor Revelação Masculina por “Cão Danado”). No longa, quatro atores se encontram na filmagem de uma obra realizada 100% com inteligência artificial e as poucos, torna-se difícil distinguir a ficção da realidade.

Já “Daaaaaalí!”, integrou a competitiva do Festival de Veneza. O longa conta a história de uma jornalista francesa que encontra o icônico artista surrealista Salvador Dalí em várias ocasiões, para um projeto de documentário. A produção do filme, no entanto, não se desenvolve como o esperado e resultando em muitas surpresas. O elenco conta com os renomados Gilles Lellouche e Pio Marmaï, Anaïs Demoustier (ganhadora do César de Melhor Atriz por “Alice e o Prefeito” (2020) e Jonathan Cohen.

Quentin Dupieux descobriu sua paixão pelo cinema aos 12 anos, quando ganhou sua primeira câmera. Ele aprendeu a filmar sozinho, o que deixa suas obras ainda mais originais. Sempre fora dos padrões, o diretor se destaca também por sua versatilidade: escreve, dirige, filma e edita suas próprias produções.

Estrelado por Johnny Depp e Maïwenn, A Favorita do Rei será exibido no Festival Varilux

 

Por Victoria Hope

Filme de abertura do Festival de Cannes em 2023, o drama de época “A Favorita do Rei” (Jeanne du Barry) será exibido pela primeira vez no Brasil durante o Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre entre 7 e 20 de novembro. A produção é a primeira estrelada por Johnny Depp após a batalha judicial contra a ex-mulher. Maïwenn protagoniza o longa e assina roteiro e direção.  A distribuição no Brasil é da Mares Filmes e da Alpha Filmes 

A trama acompanha a história da última favorita do rei Luís XV (Depp), uma cortesã sem títulos de nobreza conhecida como Jeanne du Barry (Maïween), que usa de sua beleza, sedução e cultura para integrar a aristocracia francesa, mas é menosprezada pela corte de Versalhes. A obra foi filmada em locações da França, contou com figurinos assinados pela Chanel e recebeu duas indicações ao César, o mais importante prêmio do cinema francês, nas categorias “Melhor Figurino” e “Melhor Design de Produção”. 

Fui seduzida por Jeanne du Barry, porque ela é uma perdedora magnífica. Talvez porque sua vida tem semelhanças com a minha, mas essa não é a única razão. Eu me apaixonei por ela e por sua época”, afirmou Maïwenn. A cineasta francesa mais uma vez integra a programação do Festival Varilux, em que já teve três filmes exibidos: “Polissia” (2012), “Meu Rei” (2016) e “DNA” (2020). 

Depp relata que, apesar dos desafios linguísticos, ele se encontrou na obra durante o processo das filmagens: “Tudo que eu sonhei e fantasiei em relação ao filme e esse personagem do Luís XV de repente ganhou vida. Os figurinos, a maquiagem, a etiqueta… Me senti totalmente no lugar de Luís XV e pronto para começar essa emocionante viagem no tempo imaginada por Maïwenn.”

Premiado com dois César por Custódia, Xavier Legrand vem ao Brasil divulgar O Sucessor, seu novo longa

 

Por Victoria Hope

Vencedor de três César em sua carreira e indicado ao Oscar por seu primeiro curta-metragem, o diretor Xavier Legrand vem ao Brasil para apresentar seu mais novo longa-metragem: “O Sucessor”. A produção integra a programação do 15º Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre entre 7 e 20 de novembro nas salas de cinema de todo o país. Legrand estará no dia 5 em São Paulo e entre os dias 6 e 10 no Rio de Janeiro para participar da abertura do evento e encontrar com o público após as projeções do filme. A distribuição do longa no Brasil é da Bonfilm. 

Estrelado por Marc-André Godin, o inédito “O Sucessor” é um thriller dramático que retrata a história de Elias, diretor artístico de uma renomada casa de Alta Costura francesa, que ao saber do falecimento do seu pai devido a um ataque cardíaco, precisa viajar para o Quebec a fim de resolver questões da herança. Lá, ele descobre que herdou algo muito pior do que o coração fraco do seu pai. 

Com o filme, Legrand se aprofunda nas questões que envolvem o patriarcado. De acordo com o jornal Le Parisien, a obra é um drama aterrorizante e virtuoso. Legrand constrói, nesse novo projeto, um cenário trágico e fatalista inspirado nas grandes tragédias. 

A mitologia mostra uma forma de determinismo e fatalismo. Para criar o personagem principal de Elias, tirei muita inspiração de trágicas figuras como Édipo, Orestes, Ícaro ou Hamlet. O que todos eles têm em comum é que, cada um à sua maneira, tentam encontrar uma forma de cura, o que os leva fatalmente ao desastre, tão esmagador é o peso do patriarcado”, conta o diretor Xavier Legrand em texto de divulgação do filme. 

Festival Varilux 2023 | Memórias de Paris

Por Victoria Hope

Memórias de Paris de Alice Winocour é talvez um dos filmes mais relevantes para o momento mundial que estamos vivendo nesse exato momento, então a estreia dele no Festival Varilux desse ano, que terminou nessa quarta (22), foi muito bem vinda.

A trama se passa em um dos momentos da vida real que marcou para sempre a vida dos franceses há alguns anos. Para quem não se lembra, No dia 13 de novembro de 2015, Paris foi abalada por uma série de ataques terroristas coordenados e a boate Bataclan foi o alvo mais proeminente, mas vários restaurantes também foram vítimas e nesse caso, a diretora Alice Winocour foi diretamente afetada por esses acontecimentos, pois seu irmão sobreviveu à explosão do Bataclan. 

O filme é baseado em um ataque fictício a um restaurante chamado “L’Etoile d’Or” por homens armados naquela noite fatídica.  A trama acompanha Mia (Virginie Efira), que estava jantando sozinha quando o ataque começou. Seu parceiro, que é médico, estava no hospital enquanto isso, sem saber que  Mia estava em perigo e nesse meio tempo, vemos ela tentando se proteger do ataque e é impossível não sentir o coração vir à boca. 

O que aconteceu no restaurante antes e durante o ataque assombra Mia por um bom tempo, afinal, o que ela passou foi um verdadeiro pesadelo que ninguém deveria passar e só de pensar que isso aconteceu na vida real com o Bataclan e outros locais, faz um frio correr pela espinha. 


Memórias de Paris/ Foto: Divulgação

Após alguns meses tentando lidar com o trauma em um grupo de autoajuda de sobreviventes, todos se reúnem no reformado “L’Etoile d’Or”, mas será que ela realmente está pronta para encarar aquele local que quase acabou com sua vida e a vida de  centenas de pessoas? Entre os sobreviventes está Thomas (Benoit Magimel), um financista que comemorava seu aniversário naquela noite fatídica e rapidamente os dois personagens começam um relacionamento. 

Mesmo com a situação tensa que passou no passado, quem está na mente de Mia um imigrante africano (Amadou Mbow) que segurou a sua mão antes dela desmaiar durante o ataque e esse é o único conforto que ela teve naquele dia, então decidida, ela, com ajuda de Thomas, se reúnem para encontrar o rapaz que a confortou e o que encontram é um dilema que abrange a Paris do direito dos brancos europeus e dos imigrantes negros no país.

Apesar do filme abordar temas e subtramas demais, Winocour fez uma trama que  acerta ao mostrar um pouco da dor constante, tanto física quanto mental, que um ataque terrorista cria nas vítimas. O uso frequente de flashbacks do que aconteceu no restaurante antes e durante o ataque dá uma ideia de como os acontecimentos traumáticos assombram a existência de Mia, mas ao mesmo tempo, o filme examina como a protagonista lida com essa temática e se cura gradativamente,

Memórias de Paris não é um documentário em termos de representar a dor que um ataque terrorista pode causar, mas é uma visão perspicaz, cuidadosa e sensível sobre um ataque terrorista, focando nas dores de seus sobreviventes e em quem 'consegue se curar' e quem precisa seguir em frente por não ter escolha e isso é um grande acerto. 

NOTA: 9/10

Festival Varilux 2023 | Conduzindo Madeleine

 

Por Victoria Hope

Line Renaud é uma cantora e atriz francesa muito querida, cuja vida se estende pela maior parte do século passado. Colocá-la para um papel de protagonista aos 93 anos com certeza foi um desafio, deve ter mas nitidamente, Driving Madeleine de Christian Carion, foi construído para se ajustar ao ritmo da atriz e não o contrário.

O filme está em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês que termina hoje (22) em diversas cidades brasileiras. Voltando ao longa, foi excelente ver como o longa prezou pelo conforto de Renaud, pois Ela fica sentada no banco de trás de um táxi durante a maior parte do tempo, contracenando com o maravilhoso Dany Boon enquanto ele a conduz por Paris.

Na trama, Charles (Boon), um homem de meia-idade, está endividado, o que o torna ainda mais mal-humorado do que qualquer taxista parisiense médio. Ele atravessa a cidade até uma casa em um subúrbio arborizado onde ninguém atende. Ele toca a buzina e Madeleine (Renaud) liga do outro lado da estrada, dizendo que não é surda. Ela olha com tristeza para a casa fechada, sugerindo que esta pode ter sido a casa de sua família – há muito tempo.


Conduzindo Madeleine / Foto: Festival Varilux

Ela pede a Charles que a leve para o outro lado de Paris e mesmo frustrado, mas por precisar de grana extra, o motorista aceita. Inicia-se então uma viagem que inesperadamente, mudará o significado da vida de ambos protagonistas para sempre. 

Esse formato é tão simples, mas ao mesmo tempo, muito certeiro para as pessoas se identificarem com os personagens, principalmente para quem está acostumado com o ritmo frenético da cidade, mas ainda assim, aprecia uma boa conversa com motoristas de taxi. 

Durante esse percurso, ambas as vidas são mudadas para sempre e é incrível ver os paralelos e toda a simbologia dos personagens, representando talvez um encontro entre a velha Paris e a nova Paris, e de que forma a vida das mulheres mudou com os anos. A atuação entre Line e Dany é um deleite por si só e carrega o filme com muita elegância e ao mesmo tempo, uma boa dose de humor também é bem-vinda.

NOTA: 8.5/10


Série ‘Brigitte Bardot’ já está disponível no site do Festival Varilux de Cinema Francês

 

Por Victoria Hope

Brigitte Bardot”, série biográfica de grande sucesso na TV e Netflix francesa sobre o ícone do cinema dos anos 50, poderá ser vista em todo o Brasil pelo site do Festival Varilux de Cinema Francês. Inédita, a produção com seis episódios de 52 minutos ficará disponível gratuitamente pelo período de um mês: entre 22 de novembro e 22 de dezembro. Basta entrar no site e a partir da home page clicar na imagem em destaque ou na lista de filmes: Assista aqui

Brigitte Bardot, uma das mais aclamadas atrizes do cinema francês, inspirou a 14ª edição do Festival Varilux de Cinema Francês programado em mais de 50 cidades em todo Brasil desde 9 de novembro. A série narra a ascensão da atriz na França do pós-guerra, entre 1949 e 1959 – dos seus 15 até os 25, desde a sua educação rigorosa até quando se transforma numa femme fatale, rumo ao estrelato internacional. Codirigida por Danièle e Chistopher Thompson, um dos destaques da produção é caracterização de Julia de Nunez por sua semelhança com Bardot - a jovem atriz de 23 anos integrou a delegação artística do festival no início do mês para debater sobre a obra e sua personagem com o público das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Realizado em mais de 50 cidades de todo país, o Festival Varilux de Cinema Francês segue presencialmente até amanhã, 22 de novembro, nas salas de cinema. São 19 filmes da recente cinematografia francesa, premiados ou participantes de festivais internacionais, além da série e de dois clássicos sobre Brigitte Bardot. Para ter acesso à programação completa da edição, com informações sobre as cidades participantes, salas de cinemas e horários de todas as sessões, basta acessar o site do festival: Varilux 2023

Festival Varilux 2023 | Bardot | Minissérie

 


Por Victoria Hope

Uma das produções que faz parte do cronograma oficial do Festival Varilux 2023, é Bardot, minissérie francesa estrelada por Julia de Nunez, atriz que veio ao Brasil para coletiva de imprensa e roda de conversa pós exibição.

A produção conta com seis episódios de 52 minutos o início da carreira da atriz francesa até a ascensão ao estrelato. Codirigida por Danièle e Christopher Thompson, a série estreou em 2023 na televisão francesa e traz Julia de Nunez, artista franco-argentina, no papel principal. O elenco também conta com Victor Belmondo, Hippolyte Girardot e Géraldine Pailhas.

É muito interessante, enquanto mulher, analisar como a jovem Bardot iniciou de certa forma uma revolução sexual na França, apenas para lutar para que seu papel não caísse apenas nisso, mas a série faz um bom trabalho em analisar todo esse aspecto, traçando paralenos com o culto à celebridade que a cerca. 

'Bardot', traça a vida da estrela francesa na década de 1950, desde sua primeira audição aos 15 anos até sua explosiva estreia no cinema internacional, E Deus Criou a Mulher à sua atuação no forte longa 'A Verdade', de Henri-Georges Cluzot, em 1960.

Revisionismos à parte, a série tenta focar no aspecto psicológico por trás da estrela, mais do que focar no fato de que ela se tornou um sex symbol aos olhos da sociedade. O fato dela ter se tornado um objeto de desejo, anos depois traria consequências que até mesmo hoje, a indústria do cinema causa na carreira de diversas outras atrizes no mundo inteiro.

A performance de Julia de Nunez é de uma elegância e leveza ímpares e é na atriz que os bons momentos da série se encontram. Os dois episódios que assisti me encantaram e me deixaram com a vontade de assistir mais, porém, como todo biopic, é claro que ele apresenta leves problemas quanto a veracidade de alguns fatos, mas ainda assim, a produção acerta ao mostrar que mais do que um símbolo, Bardot foi uma mulher apaixonada e liberta, que desafiou as regras da sociedade sem medo, mesmo com um pai superprotetor e uma sociedade que tentava ditar quem ela era de verdade.

NOTA: 8/10

Papo com Julia de Nunez, atriz que viveu Brigitte Bardot em minissérie biográfica

 


Por Victoria Hope
Durante essa semana, teve início o Festival Varilux de Cinema Francês, que acontece até o dia 22 de novembro em diversos cinemas espalhados pelo Brasil e um dos títulos que faz parte da programação especial é 'Bardot', minissérie biográfica francesa estrelada por Julia Nunez, que retrata a história da atriz e modelo Brigitte Bardot.

Na série, acompanhamos a história e ascensão de Brigitte Anne-Marie Bardot, mais conhecida como Brigitte Bardot ou BB, uma das poucas atrizes não americanas a receber notoriedade internacional em sua carreira durante sua época. 

Entre as carreiras de canto, modelo e atuação, Bardot marcou para sempre uma geração de mulheres entre a década de 1950 e 1970, carregando um legado como símbolo da moda. Conhecendo seu lado artístico e também seu lado mais pessoal, a história de Bardot recebe um novo olhar. Durante o Festival Varilux, tivemos a oportunidade de conversar com a brilhante jovem atriz que a interpretou e abaixo você confere um pouco dessa conversa.

Bardot / Foto: Festival Varilux, Divulgação

Amélie: Como foi interpretar esse ícone que foi Brigitte Bardot e de qual forma ocorreu o processo de casting? 

Julia: Eu pareço com ela (risos), mas falando sério agora, eu poderia responder essa questão tão ampla de várias maneiras, mas quero contar um pouco sobre o processo do casting. Todos tem uma visão muito pré concebida no imaginário da Brigitte Bardot, dela com aquela voz meio arrastada, aquele ar, aquele andar meio sensual. 

Quando eu comecei a trabalhar na produção, tive um coach de interpretação com quem fiz muitas sessões na mesa, durante a leitura do roteiro e eu comecei a fazer aquela 'vozinha' da Bardot e o coach me disse: 'Não, não é isso o que eu quero. O que eu quero não é que você imite Bardot, eu quero trabalhar a psicologia dela. Ou seja, você vai se colocar no lugar dela nos acontecimentos que ela viveu e trazer para você, quanto atriz.

Eu comecei então a sentir coisas, até coisas que nunca senti antes e que nunca vivi e chorei e foi aí que percebi que comecei a passar da terceira pessoa e aí eu comecei a usar Brigitte Bardot como primeira pessoa, 'eu', e aí é como se eu estivesse entrando no cérebro dela pouco a pouco e foi um processo longo e muito bonito.

Amélie: Nos bastidores da série durante as filmagens, qual foi o momento que mais te marcou?

Julia: Mais do que uma cena em particular nos bastidores, eu quero falar de uma amizade que criei com Oscar Lesage, que interpretou Jacques Charrier. Realmente foi muito divertido trabalhar com ele porque ele estava sempre de cinza, com um visual meio 'triste', e só acontecia desgraça na vida do personagem, ele era bem depressivo, 'cortava as veias', depois ele estava na ambulância, mas eu morria de rir porque como sou amiga de Oscar, tudo acabava virando uma piada interna entre nós dois. Isso foi o que mais me divertiu nos bastidores das filmagens; 

Festival Varilux 2023 | Making Of

 

Por Victoria Hope

Com o final de todos os protestos da WGA e da Sag-Aftra recentemente e o tema de questões sindicais da indústria, 'Making Of' prova ser uma obra extremamente relevante para esse momento do cinema. O filme teve sua estreia no Festival de Veneza esse ano e vai entrar em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês a partir dessa semana.

No filme de Kahn, Simon (Denis Podalydès), um famoso diretor francês, enfrenta uma série de adversidades ao tentar concluir a filmagem de seu novo filme, que narra a história de um grupo de trabalhadores que lutam para evitar que a fábrica em que trabalham seja realocada. 

Making Of” é, essencialmente, uma história sobre a indústria cinematográfica. É por meio de Joseph (Stefan Crepon), que a trama ganha vida. Joseph é encarregado de trabalhar documentando toda a produção do filme, gravando desde entrevistas com o diretor até reuniões sobre os rumos das filmagens. Através dele, o filme também cria subtramas que exploram as relações entre os membros da equipe de filmagem. 

Pessoalmente, acredito que o longa poderia entrar um pouco mais a fundo na questão política por trás dos acontecimentos, tendo em vista o que o mundo inteiro tem presenciado com as últimas greves no mundo real, mas ainda assim, o longa faz um bom trabalho em mostrar a importância daqueles que trabalham nos bastidores, revelando que a magia do cinema, na verdade só é 'mágica' nas frentes das telas mesmo, pois por trás dela, existem trabalhadores exaustos, trabalhando incansavelmente, em condições precárias, em nome da arte e em nome da indústria.

Falando da direção, essa sim é um show parte, em alguns momentos mostrando cenas de tirar o fôlego. fazendo com que o público imagine estar na pele daqueles personagens. Questões como o ego, o medo e ao mesmo tempo o sonho de lutar por um ideal maior, são os pontos fortes desse longa, que tem muito a trazer para uma reflexão maior, apesar de que poderia se beneficiar com um aprofundamento maior sobre a temática das greves.

NOTA: 8/10

Entrevista com Baya Kasmi, a hilária diretora da comédia O Livro da Discórdia

 Por Victoria Hope

Na comédia 'O Livro da Discórdia' de Baya Kasmi, Youssef Salem tem 45 anos, é descendente de uma família de imigrantes argelinos e vive em Paris onde se dedica à escrita. Após uma série de contratempos, ele decide escrever um romance parcialmente autobiográfico, inspirado na sua juventude e em particular nos tabus que rodeiam a sexualidade no ambiente onde cresceu. 

Na trama, o livro provoca um debate público apaixonado, mas também gera uma tensão no seio da sua família, que Youssef tentará manter unida o melhor que puder. Com tantas produções mais recentes que abordam a temática da sexualidade o tabu em torno dela, 'O Livro da Discórdia' é uma bela surpresa que deixa um quentinho no coração ao abordar o lado familiar de toda a questão, afinal, muita gente vai se identificar com a história de Youssef e sua família. 

Durante o Festival Varilux, a hilária diretora Baya Kasmi veio ao Brasil para divulgar o longa, que estará em cartaz até o dia 22 de novembro nos cinemas e nossa equipe teve a oportunidade de bater um papo com ela sobre sexualidade, tabus, família e comédia!

O Livro da Discórdia / Foto: Festival Varilux, divulgação

Amélie: O filme é uma ótima comédia que toca em diversos tabus. De onde surgiu a ideia para explorar esses temas no filme?

Baya: Eu queria partir dessa ideia do romance que partiu de Adão e Eva, tipo, 'coma a maçã tóxica'.  (risos). É verdade que nas culturas magrebina e mulçumanas, onde a religião tem uma importância muito grande, as questões de homossexualidade e casamento podem criar tensões e as pessoas tem essa tendência de ter essa vida escondida dos pais. Claro que isso é universal, porque muitas comunidades e países tem esses questionamentos próprios das religiões também,

Amélie: Em um momento, todos os filhos decidem jogar um caminhão de segredos em cima da coitada da mãe entregando um momento absolutamente cômico. Como foi filmar essa cena? 

Baya: Foi muito emocionante e engraçado porque todos os atores já passaram por alguma situação assim na vida e eles estavam com medo de chocar Noémie Lvovsky, a atriz que interpreta a mãe, com isso. Mas todos se emocionaram, todos tiveram vontade de chorar quando a irmã começou a falar, se criou um 'incômodo' que eu nem precisei dirigir, porque ele simplesmente surgiu (risos).

Amélie: Como foi o processo de casting?

Baya: Eu trabalhei com uma diretora que gosto muito e para alguns personagens eu já sabia, principalmente o protagonista interpretado por Ramzy. Eu escrevi esse personagem para ele e antes eu já tinha feito dois filmes com ele. 

Tive essa ideia há sete anos, conversei com o Ramzy e ele apoiou e aceitou logo de cara. Demorou um tempo porque eu estava sem produtora na época, mas fiquei muito feliz que ele me apoiou desde o começo e isso me ajudou demais. Aí quando eu finalmente encontrei a produtora, ele gravou o filme comigo.

Já a família, para criar esse núcleo, o processo demorou um pouco mais, porque foi se colocando uma pessoa após a outra. Por exemplo, a irmã na cena do carro, é irmã da vida real de Ramzy e ela é muito engraçada, mas ela também não se parece muito com ele (fisicamente) e eu precisava compor a família com algumas semelhanças, por uma questão de energias mesmo, pessoas com energias muito forte como a irmã e o padeiro e também um lado mais intelectual como o da outra irmã e do próprio Ramzy, então foi um jogo de inspiração, onde construímos tudo como um lego (risos), encaixando as peças pouco a pouco.

Amélie: Falando sobre tabus principalmente relacionado à sexo. Quem está online, é nítida a percepção de que a geração mais nova hoje, especificamente a geração Z, aparenta hoje ter muito mais puder relacionado à questões quanto a sexualidade ou até mesmo o pudor de gerações mais antigas. O que pensa sobre isso? 

Baya: Concordo, é a volta da religião como instituição. A França é um país com uma cultura católica muito forte, vimos isso quando houveram aquelas manifestações contra o casamento homoafetivo, pois eles, os católicos, foram para as ruas para impedir isso. E na minha cultura magrebina e mulçumana, já estamos na terceira geração.

A primeira geração que nasceu lá na França e é filha dos imigrantes magrebinos, sofreu muitas humilhações, então a segunda geração já tentou se libertar disso, mas agora a terceira, já está demonstrando querer voltar às tradições, querendo demonstrar um pertencimento maior à cultura, ou seja, uma volta aos costumes mais tradicionais e até mais radicais. Eles são minoritários, mas existe aquele pensamento de 'Ah, só porque eu nasci na França, porque eu preciso ser francês?'

Eu tenho uma amiga de uma filha que em uma obsessão e é interessante, porque ela usa véu, mas os pais dela, as mulheres da família dela, já não usam, então a gente nota essa volta e essa 'rebeldia' contra os pais, mas de uma forma diferente. Mas essa amiga da minha filha, veio assistir ao filme na estreia e foi engraçado que em alguns momentos, ela mesmo não concordando com algumas coisas ditas no filme, o filme criou esse espaço de conversa e de discussão com ela e as amigas, então isso é muito interessante.

Fizemos uma exibição do filme no bairro onde ele foi filmado no sul da França, perto de Marseille. É uma comunidade com muitos magrebinos e muitos mulçumanos. Quando eles estavam assistindo filme, alguns até desviaram os olhos em alguns momentos, mas isso é ótimo, porque isso provoca as pessoas à olharem para si mesmos. 

Amélie: E qual é a lição que o público vai poder levar do filme para a vida?

Baya: A liberdade de escolher falar ou não a verdade, a liberdade de fazer tudo como se deve ou nada como se deve (risos). Uma família unida, mesmo que na cozinha tenha uma briga, onde todo mundo berra e fala as piores coisas uns pros outros, ela se mantém unida.

Entrevista com Bruno Chiche, diretor do sensível drama familiar francês Maestro(s)

 

Por Victoria Hope

Em 'Maestro(s)' sensível e poderoso longa de Bruno Chiche, que conta com Yvan Attal, Pierre Arditi, Miou-Miou e Caroline Anglade, acompanhamos maestro Denis Dumar  que ganhou mais um prêmio nas Victoires de la Musique Classique, evento anual de premiação de música clássica francesa. Logo em seguida, seu pai, François – um brilhante maestro de renome internacional – recebe um telefonema anunciando que foi escolhido para reger a orquestra do Teatro Scala de Milão. 

Sendo esse seu maior sonho, ambos vibram com a notícia. Porém, Denis rapidamente se desilude ao descobrir que, na verdade, ele é quem foi escolhido para ir à Milão, e não seu pai e é a partir desse momento que os conflitos começam.

Durante o Festival Varilux de Cinema Francês, o diretor Bruno Chiche conversou com a nossa equipe sobre família, música e sobre 'Maestro (s)', que está em cartaz no festival que acontece até 22 de novembro em diversos cinemas espalhados pelo Brasil!

Maestro (s) / Foto: Divulgação, Festival Varilux 2023

Amélie: Muitos filmes relacionados ao universo da música tocam no tema da obsessão e da busca pela perfeição. Como foi dirigir esse longa que permeia também o universo musical? Você acredita que Maestro (s) navega também toca nessa 'ferida'? 

Bruno: O sentido da vida para ambos pai e filho (no filme), é a música e os dois são obsessivos, então sucessivamente eles tem um conflito por conta disso. Mas a proposta na verdade não foi tanto sobre música e sim sobre uma relação entre pai e filho, em um momento onde o filho recebe uma proposta que é o sonho do pai, então essa trama poderia ter sido trabalhada de várias formas.

Ambos poderiam ser dois cirurgiões, dois atores e não necessariamente maestros, mas eu gosto muito de música clássica e no começo, o pai e o filho eram professores de história, mas eu tenho uma amiga que comentou 'Que estranha essa relação entre o pai e o filho, porque isso aconteceu com alguém da minha família e os dois são maestros!' A partir daí eu retomei o roteiro e transformei em uma história que permeava o mundo da música.  

Amélie: Falando sobre o relacionamento complicado familiar. O filho está vivendo o sonho do pai, mas como o pai se sente nessa situação? Pois como pai, ele tem orgulho, mas ao mesmo tempo, é o sonho pessoal dele. 

Bruno: Eu sou ao mesmo tempo filho e pai, então é engraçado você trazer essa questão, justamente porque o filme mostra o ponto de vista do filho. Eu penso, como pai, que posso dizer que sou artista, por exemplo e posso dizer que estou sempre com medo pelo meu filho e eu acho que o pai no filme, que é interpretado pelo Pierre Arditi, está com medo também e tem um momento que ele verbaliza isso.

Eu acho que toda essa relação complexa entre o pai e o filho no filme é o ponto central, por conta de um certo medo que o pai sente não do filho, mas pelo filho, entende? Porquê o pai sabe do que ele é capaz, mas ele não 'confia' muito no filho. Ele não sabe se o filho pode encarar essa profissão tão difícil. Tudo isso acaba em uma atitude um pouco complexa, pois ao mesmo tempo em que ele ama o filho, ele tem medo do filho fracassar, mas ao mesmo tempo, ele tem um pouco de ciúmes também, portanto eu acho que o eixo disso é o medo.

Outro fator também é que a geração desse pai, desse maestro, é diferente, pois era uma geração que costumava estudar muito, fazer estudos de música muito puxados, eram muito rigorosos, já a geração do filho é mais despojada, mais instintiva e isso o pai não gosta, ele acha que não é a maneira correta de se fazer música.

O interessante é que tem um conflito dentro de cada um. O filho está quase recusando esse papel na escala por conta do pai. Ele reflete 'será que eu devo ir? Eu não quero matar o meu pai (de desgosto)'. Então o protagonista tem esse conflito interior. E tem o conflito desse pai que quer ser o 'número um', mas o dilema maior cai mesmo sobre o filho.  O pai poderia até ter essa vontade de ver o filho realmente ter todo esse sucesso, mas ao mesmo tempo, ver o filho alcançar tudo isso marca o fim da carreira dele, porque vem nova geração, então de certa forma, ele se sente empurrado na morte.

Amélie: No começo você comentou que a vida de ambos os personagens é a música. E para você, o que é música?

Bruno: A música para mim é o tempo inteiro. Eu sou bastante angustiado como muitas pessoas nessa profissão, com certa angústia e a música me acalma, é como uma 'droga' (risos). Mas depois da filmagem, confesso que enjoei um pouco de música clássica. Aí comecei a escutar jazz e depois voltei pra música clássica (risos).

Amélie: Quais são as três lições que a audiência poderá levar para a vida com 'Maestro (s)'

Bruno: Uau...Essa pergunta é difícil. Para os jovens, acho importante gostar do que faz e fazer o que gosta. A segunda lição seria ter certeza de que está num momento da vida onde você possa sempre manter a curiosidade viva. Ser curioso nesse mundo é importante, porque perder a curiosidade é o maior risco e a terceira é beber uma boa cairpirinha (risos)!

Um papo sobre a dramédia francesa O Renascimento com o diretor Rémi Bezançon

 


Por Victoria Hope

Na dramédia 'O Renascimento',  o dono de uma galeria de arte, Arthur Forestier representa Renzo Nervi, um pintor em plena crise existencial. Os dois homens sempre foram amigos e, apesar de todos os contratempos, o amor pela arte os une. Sem inspiração há vários anos, Renzo gradualmente afunda em um radicalismo que o torna incontrolável. Para salvá-lo, Arthur desenvolve um plano ousado que acabará testando sua relação. Até onde você iria pela amizade?

Durante o Festival Varilux desse ano, tivemos a oportunidade de entrevistar o diretor do filme, Rémi Bezançon, e ter uma conversa descontraída sobre arte, propósito amizades e como retomar as redes da vida quando perde-se uma inspiração. Vale lembrar que o filme está em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, com sessões até o dia 22 de novembro em cinemas espalhados pelo país.

O Renascimento / Foto: Festival Varilux, divulgação

Amélie: Como foi o processo de casting, porque a sintonia dos dois em tela foi incrível: 

Rémi: Eu não acredito em improviso, não sou muito fã disso, então tudo o que acontece, esta no roteiro, mas é claro que os dois atores, ilarios, tiveram excelente quimica e fizeram o filme funcionar

Amélie: Todo artista já perdeu a 'musa' em algum momento da carreira, isso aconteceu com você? 

Rémi: Olha não perdi uma musa, mesmo porque é algo diferente entre um pintor e um diretor de cinema, mas sim, já passei por um momento bem tenso onde fiquei 'travado' e isso não foi nada bom. Durou por um tempo, mas felizmente eu consegui recuperá-la e voltar a criar e dirigir novamente. 

Amélie: Como foi gravar com esses dois brilhantes atores e tocar nessa temática da depressão que assolava o artista plástico?

Rémi: Bom, foi muito interessante porque o tema aborda a arte, a depressão, a tragicomédia disso tudo. Eu falo tragicomédia justamente por conta da depressão que é abordada, você ri, mas também vai se emocionar em alguns momentos, provavelmente porque vai se identificar com a amizade dos dois em algum momento. 

O Renascimento/ Foto: Festival Varilux, divulgação

Amélie: Em um momento do filme, um dos personagens diz algo muito marcante: 'Faz se arte quando não se sabe fazer mais nada. O que pode dizer sobre essa frase? 

Rémi: Foi interessante você dizer isso porque essa é minha cena favorita do filme, porque é sobre isso, é a tragicomédia do artista que está depressivo. Você percebe como ele está deprimido quando vê ele menosprezando a própria arte. É claro que temos também a questão da saúde dele se deteriorando e dos problemas de memória também surgindo, mas essa é a ironia. 

Quando você está prestes a perder tudo, o pessimismo toma conta e é isso que acontece com Renzo e é a partir desse momento que Arthur vê que precisa 'resgatar' o amigo de alguma forma. É interessante como eles entram num novo universo de artes porque o mais importante pra ele é ser visto. Ser artista definitivamente é uma escolha.

Amélie: Qual a lição que você vai levar para a sua vida com O Renascimento?

Rémi: Não necessariamente uma lição, pois eu fiz o filme, mas eu fiquei muito feliz de ter abordado a temática do mercado da arte e de como as obras de arte em algum momento se tornam uma especulação. As artes estão trancafiadas em cofres em Dubai e ninguém vê. Para mim, é importante que uma pintura seja vista.

Uma conversa com Anne Novion sobre O Desafio de Margueritte

 

Por Victoria Hope

A 14ª edição do Festival Varilux de Cinema Francês começa oficialmente neste quinta (9), mas já conta com alguns filmes sendo exibidos em diferentes salas de cinemas por todo o Brasil e um dos aguardados filmes em cartaz é 'O Desafio de Margueritte', que teve sua estreia no Festival de Cannes desse ano.

Na história, conhecemos Marguerite (Ella Rumpf), uma jovem e brilhante matemática que é a única garota na sua turma da faculdade. Totalmente dedicada à matemática, Marguerite vê todos os seus esforços desabarem quando descobre um erro em sua tese. Ela decide, então, abandonar a faculdade, esquecer de vez a matemática e começar uma nova vida. Descobrindo novas amizades, paixões e experiências, Marguerite não espera, mas é exatamente graças à nova fase que conseguirá achar a solução de seu teorema.

Durante o Festival Varilux de Cinema desse ano, nossa equipe teve a oportunidade de entrevistas a brilhante diretora Anne Novion sobre o longa e sobre o que o público pode esperar do filme, que também vai estar em cartaz nos cinemas nacionais durante o festival até dia 22 de novembro.

O Desafio de Margueritte / Foto: Festival Varilux, divulgação

Amélie: 'Trocar' ou mudar de sonhos é algo que em algum momento acontece na vida e Marguetitte parece estar passando por esse momento no filme. Poderia falar sobre isso?

Anne: Não acho que Margueritte troca de sonho, pelo contrário, o filme mostra a que ponto uma derrota pode ser virtuosa. Graças a essa derrota ela vai se descobrindo e eventualmente, ela vai achar seu lugar e crescer. Enquanto mulher e enquanto matemática.

Amélie: Como foi o processo de casting para escolher a protagonista Margueritte?

Anne: Eu tinha uma versão antiga do roteiro e vi muitas atrizes, mas em nenhuma eu encontrava a minha 'Margueritte', aí eu percebi que tinha algo errado, que não batia e que algo não funcionava, então eu reescrevi o roteiro e nessa versão, acompanhei o teste de algumas poucas atrizes, o processo foi durante o começo da pandemia, aliás e então a atriz Ella Rumpf veio até minha casa e foi a única que não fiz passar por teste. De cara eu sabia que ela era minha escolhida!

No começo, ela não tinha a aparência que eu imaginava para Margueritte, porque a atriz é muito bonita, muito integrada na sociedade, mas eu percebi um motor interno, um engajamento e uma obsessão pelo trabalho de Ella, que convinha para a personagem.

E ela também tinha outra característica, já que no humor francês, costumamos falar que existem dois graus e Ella ainda não entendia o segundo grau (risos), então é por isso que ela era perfeita para esse papel. 

Amélie: Quais são as três lições que você gostaria que o público levasse do filme para a vida?

Anne: Aprender a nunca desistir,  seguir sua paixão e não ter medo da derrota.

Amélie: É interessante pensar no lado da matemática do filme, porque se pensarmos, ainda existem poucas mulheres na área, apesar disso estar mudando e mulheres tem ganhado mais espaço. Com isso em mente, o que pensa sobre isso?

Anne: Quando comecei a me interessar por esse universo matemático, comecei a perceber que as mulheres eram uma minoria bem nítida e sinto isso também na área do cinema, apesar de que aqui a diferença não é tão dramática.

Esse problema existe e eu queria mostrar como a legitimidade poderia ser expressada através dessa personagem. 

Amélie: Falando sobre cinema, qual diretora é uma grande inspiração para você?

Anne: Várias, Agnès Varda, Jane Campion, vencedora da Palma de Ouro também por 'O Piano', inclusive ela foi a primeira mulher a vencer a categoria na premiação. Ela fala muito bem da falta de mulheres no mercado cinematográfico e ela representa muito bem esse exemplo. 

Amélie: Uma mensagem para mulheres que gostariam de trabalhar com cinema, principalmente na área de direção? 

Anne: Tenha confiança, olhe bem para onde está indo e não acredite em quem diz que não existe lugar pra você ali.


Amélie: Existe um projeto que gostaria de dirigir e uma temática que gostaria de abordar nos próximos anos? 

Anne: Sim, claro! Meu próximo filme será sobre desapropriação. Uma casa que todos querem ter, então seria uma história em torno disso. Existe uma personagem, uma mulher que terá que lutar contra o patriarcado dos homens da casa de uma maneira muito diferente.

Festival Varilux 2023 | O Desafio de Marguerite

 

Por Victoria Hope

Em 'O Desafio de Marguerite', premiado em Cannes nesse ano, a protagonista Marguerite é uma brilhante estudante de matemática na renomada Escola Normal Superior de Paris. No dia em que deveria apresentar sua tão aguardada tese, ela se depara com um erro capaz de abalar todas as suas estruturas.

Marguerite é uma jovem matemática talentosa, a única mulher do seu ano na ENS.  Tudo vai bem até que sua vida é virada do avesso quando descobre um erro na sua tese, abalando as suas certezas. Decidida a deixar tudo para trás e a começar de novo, ela limpa o quadro e mergulha na realidade.

Ao longo do caminho, Marguerite descobre a independência, faz amizade com a jovem Léa e tem a sua primeira experiência amorosa. É graças a estas novas experiências e a este novo impulso que ela encontrará finalmente a solução para o seu teorema.

Ser mulher em um ambiente acadêmico dominado por homens, é algo que pessoalmente já passei e a identificação com a protagonista foi quase que imediata. Quantas não passaram por isso e de repente, tiveram um estalo que fez tudo mudar?

O Desafio de Marguerite acerta ao mostrar como as casualidades da vida e as mudanças podem ser positivas e como essa mudança na vida da protagonista, foi de longe, talvez a melhor coisa que poderia ter acontecido na vida dela.

Estamos tão acostumados a ouvir que a ciência deve ser racional e desligada de qualquer tipo de emoção, eu principalmente, já que sempre fui péssima em matemática! Mas piada a parte, na verdade, Marguerite vê a matemática como a coisa que mantém seu mundo unido e, como tal, ela fica muito emocionada com isso e é só depois que ela aprende mais sobre si mesma como pessoa, que ela finalmente entende como decifrar esse enigma.

NOTA: 9/10

Festival Varilux 2023 | Maestro(s)

 

Por Victoria Hope

No drama 'Maestro(s)', de Bruno Chiche  maestro Denis Dumar ganhou mais um prêmio nas Victoires de la Musique Classique, evento anual de premiação de música clássica francesa. Logo em seguida, seu pai, François – um brilhante maestro de renome internacional – recebe um telefonema anunciando que foi escolhido para reger a orquestra do Teatro Scala de Milão. Sendo esse seu maior sonho, ambos vibram com a notícia. Porém, Denis rapidamente se desilude ao descobrir que, na verdade, ele é quem foi escolhido para ir à Milão, e não seu pai.

O filme acerta em mostrar a relação complicada entre do pai com filho e sua relação pessoal com a música. Aliás, vale ressaltar que esse não é um filme sobre música e sim sobre relações familiares, principalmente porque o pai, ao mesmo tempo que torce pelo filho enquanto família, também compete com ele, pois os dois são maestros, então o mais velho precisa navegar por essa situação e lidar com esse sentimentos.

É por isso que Maestro(s) é tão importante, pois fala sobre o amor familiar ao mesmo tempo toca na questão de conflito de interesses e porque não, num tantinho de narcisismo?  Resta ao pai aceitar que o filho dele na verdade está conseguindo algo importante, e vale ressaltar que vemos tudo pelos olhos do filho, o que nos faz refletir, 'E como será que o pai se sente? O que ele acha de tudo isso?

Com atuações excelentes, uma trilha sonora vibrante e uma direção elegantissima, o filme provoca e traz uma reflexão muito necessária sobre amor, família e sacrifícios.

NOTA: 10/10

Festival Varilux 2023 | O Livro da Discórdia

 

Por Victoria Hope

Na comédia 'O Livro da Discórdia' de Baya Kasmi, Youssef Salem tem 45 anos, é descendente de uma família de imigrantes argelinos e vive em Paris onde se dedica à escrita. Após uma série de contratempos, ele decide escrever um romance parcialmente autobiográfico, inspirado na sua juventude e em particular nos tabus que rodeiam a sexualidade no ambiente onde cresceu. 

O livro provoca um debate público apaixonado, mas também gera uma tensão no seio da sua família, que Youssef tentará manter unida o melhor que puder. A primeira cena do filme já é por si só chocante, bem ao estilo 'Adão e Eva' seguindo a tradição do bom e velho conto da carochinha para fazer com que jovens tenham medo e tratem sexo como tabu.

Com uma trama envolvente, cômica e ao mesmo tempo emocionante, O Livro da Discórdia reflete sobre as diferenças geracionais e culturais, bem como examina nossa relação enquanto seres humanos, com a temática do sexo e do prazer. É um daqueles filmes excelentes de assistir com a família, pois muitos vão se identificar com os dilemas dos personagens.

O que começa como uma comédia hilária, termina como um drama familiar sobre aceitação, luto e como nossas visões sobre outros membros da família ou até mesmo sobre conhecidos, pode as vezes ser idealizada demais ou até mesmo 'fanficada'.

NOTA: 9/10