Por Victoria Hope
Se você adorou filmes como 'Snowpiercer', 'Okja' 'Memórias de Um Crime' do diretor sul coreano Bong Joon-Ho, definitivamente irá se apaixonar pelo premiado Parasite, novo filme que recebeu a palma de ouro em Cannes esse ano.
Para entender mais sobre a trama, é preciso conhecer um pouco sobre a política coreana e a arte do cinema sul coreano, mas é claro que mesmo sem conhecimentos sobre esses dois assuntos, é impossível não entender o filme, pois as criticas sociais por trás da história vão de encontro com o que países da América Latina, principalmente o Brasil, têm passado ao longo das décadas.
Além de vencer a Palma de Ouro nesse mês durante o Festival de Cannes, 'Parasite' também foi enviado para a lista de indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do ano que vem. Aplaudido
por mais de seis minutos no festival, o filme é um forte candidato à ganhar a estatueta em 2020.
Na trama, conhecemos uma família 'sem nome' que está passando por dificuldades financeiras e que vive em um lugar isolado, quase que escondido no sul da coreia, onde as condições de vida no bairro são precárias. É uma Coréia invisível, longe de todo o glamour que estamos acostumados a ver.
Sem emprego, sem ter o que comer e sequer um sinal de wi-fi para poder usar seus celulares, a família Ki luta para conseguir alguns bicos, sem sucesso, mas mantém o otimismo de que um dia conseguirão sair de lá.
As primeiras críticas começam quando vemos a família que vive na extrema pobreza lutando para conseguir dobrar caixas de pizza para um grande restaurante, recebendo uma pechincha para um trabalho tão árduo que lhes custou uma madrugada inteira.
Ki Taek (Song Kang-Ho), o pai da família sente vergonha de sua condição e por ter perdido um grande negócio alimentício para a falência, porém é extremamente orgulhoso da edução de seus filhos, afinal na Coréia, mesmo a camada mais pobre à camada mais rica do país, desfrutam de uma educação louvável nas escolas.
Quando a família percebe que se encontra em um buraco sem saída, um dos amigos bem sucedidos de Ki-Woo, filho mais velho da família, oferece a chance de aplicar um golpe em uma das famílias mais abastadas da Coréia a fim de ajudar a família Ki a ganhar muito dinheiro.
Por ter prestado serviço militar obrigatório, como todo rapaz jovem coreano, Ki-Woo possui muitos conhecimentos em inglês, então com ajuda de sua irmã, forja um documento falso para se passar por um professor particular de inglês.
Com ajuda da indicação de seu melhor amigo, Ki-Woo consegue se infiltrar na casa do milionário arquiteto Park e pouco a pouco a família de Ki- Taek começa a se aproveitar da situação, até que pai, mãe e filhos conseguem empregos dentro da casa sem que ninguém da família abastada perceba a família de 'parasitas' se alocando em seu lar.
Isso é apenas o começo da trama, mas ao longo da história percebemos que a crítica da história não é voltada apenas à família de Ki-Taek, mas também à própria família Park também, pois se para os Ki, a família rica passou a ser uma fonte de renda a ser sugada, para os Park, que vivem muito de aparências, seus empregados empregados, no caso, desde a família Ki à antigos funcionários, estão ali apenas para servir e ser meros brinquedos que podem ser descartados quando conveniente.
Absolutamente nada no filme é previsível e conforme a trama vai se desenrolando, começamos a entender cada vez mais as diversas críticas sociais que recheiam o filme. Mesmo a família 'perfeita' Park, nada mais é do que um retrato sórdido de uma Coréia não invisível à mídia e aos holofotes.
Com uma alta dose de suspense, mas nunca terror, presenciamos metáforas e frases que marcam críticas à todo o sistema social coreano, incluindo críticas à própria Coréia do Norte, ao regime militar, ao endeusamento da cultura Norte Americana e é claro, um toque na feridas da guerra.
Um dos momentos mais grotescos do filme fica por conta da fetichização da pobreza, quando o Sr. e a Sra. Park tem um momento sexual em seu sofá da casa, imaginando ser um motorista de carro e uma moradora de rua dependente química.
Nesse momento percebemos como a família rica fetichiza a pobreza e coisifica as camadas menos abastadas o tempo todo, até mesmo em gestos, como no momento em que todos da mansão, tanto o filho caçula, quanto à irmã mais velha e a mãe da família rica tapam o nariz quando sentem um 'cheiro' estranho vindo das pessoas mais pobres que começaram a frequentar sua mansão.
São tantas simbologias, tantos detalhes milimetricamente calculados e filmados com perfeição, que o filme pede para ser assistido mais de uma vez para que possamos captar todas as mensagens escondidas em cada canto.
Para muitos, o filme com certeza terá um desenvolvimento lento e diferente do que muitos pensavam, o filme não possui gore sem necessidade, pois todas as cenas sangrentas, bem próximas ao final do filme, tem um significado de porque estão ali em primeiro lugar.
Não é um filme fácil de se digerir na primeira vez, mas aos poucos os sinais são logo identificados e a resolução chega como um soco e uma boa dose de melancolia. É impossível terminar o filme e dormir sem pensar por horas e horas no que acabou de presenciar.
Por enquanto Parasite não tem nome traduzido, nem previsão de estreia no Brasil, mas assim que as datas forem divulgadas, iremos divulgar por aqui em primeira mão.
Para entender mais sobre a trama, é preciso conhecer um pouco sobre a política coreana e a arte do cinema sul coreano, mas é claro que mesmo sem conhecimentos sobre esses dois assuntos, é impossível não entender o filme, pois as criticas sociais por trás da história vão de encontro com o que países da América Latina, principalmente o Brasil, têm passado ao longo das décadas.
Além de vencer a Palma de Ouro nesse mês durante o Festival de Cannes, 'Parasite' também foi enviado para a lista de indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do ano que vem. Aplaudido
por mais de seis minutos no festival, o filme é um forte candidato à ganhar a estatueta em 2020.
Na trama, conhecemos uma família 'sem nome' que está passando por dificuldades financeiras e que vive em um lugar isolado, quase que escondido no sul da coreia, onde as condições de vida no bairro são precárias. É uma Coréia invisível, longe de todo o glamour que estamos acostumados a ver.
Família Ki em "Parasite" - Divulgação |
As primeiras críticas começam quando vemos a família que vive na extrema pobreza lutando para conseguir dobrar caixas de pizza para um grande restaurante, recebendo uma pechincha para um trabalho tão árduo que lhes custou uma madrugada inteira.
Ki Taek (Song Kang-Ho), o pai da família sente vergonha de sua condição e por ter perdido um grande negócio alimentício para a falência, porém é extremamente orgulhoso da edução de seus filhos, afinal na Coréia, mesmo a camada mais pobre à camada mais rica do país, desfrutam de uma educação louvável nas escolas.
Quando a família percebe que se encontra em um buraco sem saída, um dos amigos bem sucedidos de Ki-Woo, filho mais velho da família, oferece a chance de aplicar um golpe em uma das famílias mais abastadas da Coréia a fim de ajudar a família Ki a ganhar muito dinheiro.
Woo-sik Choi em 'Parasite' - Divulgação |
Com ajuda da indicação de seu melhor amigo, Ki-Woo consegue se infiltrar na casa do milionário arquiteto Park e pouco a pouco a família de Ki- Taek começa a se aproveitar da situação, até que pai, mãe e filhos conseguem empregos dentro da casa sem que ninguém da família abastada perceba a família de 'parasitas' se alocando em seu lar.
Isso é apenas o começo da trama, mas ao longo da história percebemos que a crítica da história não é voltada apenas à família de Ki-Taek, mas também à própria família Park também, pois se para os Ki, a família rica passou a ser uma fonte de renda a ser sugada, para os Park, que vivem muito de aparências, seus empregados empregados, no caso, desde a família Ki à antigos funcionários, estão ali apenas para servir e ser meros brinquedos que podem ser descartados quando conveniente.
Família Park em 'Parasite' - Divulgação |
Com uma alta dose de suspense, mas nunca terror, presenciamos metáforas e frases que marcam críticas à todo o sistema social coreano, incluindo críticas à própria Coréia do Norte, ao regime militar, ao endeusamento da cultura Norte Americana e é claro, um toque na feridas da guerra.
Um dos momentos mais grotescos do filme fica por conta da fetichização da pobreza, quando o Sr. e a Sra. Park tem um momento sexual em seu sofá da casa, imaginando ser um motorista de carro e uma moradora de rua dependente química.
Nesse momento percebemos como a família rica fetichiza a pobreza e coisifica as camadas menos abastadas o tempo todo, até mesmo em gestos, como no momento em que todos da mansão, tanto o filho caçula, quanto à irmã mais velha e a mãe da família rica tapam o nariz quando sentem um 'cheiro' estranho vindo das pessoas mais pobres que começaram a frequentar sua mansão.
O caçula da Família Park em 'Parasite' - Divulgação |
Para muitos, o filme com certeza terá um desenvolvimento lento e diferente do que muitos pensavam, o filme não possui gore sem necessidade, pois todas as cenas sangrentas, bem próximas ao final do filme, tem um significado de porque estão ali em primeiro lugar.
Não é um filme fácil de se digerir na primeira vez, mas aos poucos os sinais são logo identificados e a resolução chega como um soco e uma boa dose de melancolia. É impossível terminar o filme e dormir sem pensar por horas e horas no que acabou de presenciar.
Por enquanto Parasite não tem nome traduzido, nem previsão de estreia no Brasil, mas assim que as datas forem divulgadas, iremos divulgar por aqui em primeira mão.