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TIFF 2023 | God is a Woman

 

Por Victoria Hope

God is a Woman”, um documentário do cineasta suíço-panamês Andrés Peyrot sobre a viagem de Pierre Dominique Gaisseau ao Panamá em 1975 para fazer um filme sobre o povo Kuna, que vive na ilha – cujas mulheres desempenham um papel único e sagrado. O longa abriu o Festival de Veneza na Semana da Crítica do Festival.

Nos anos 70, o diretor francês vencedor do Oscar Pierre-Dominique Gaisseau viaja ao Panamá de forma ostensiva para filmar a comunidade Kuna, onde as mulheres são sagradas. Gaisseau, sua esposa e sua filha Akiko moram com os Kunas por um ano. 

O projeto acaba ficando sem fundos e um banco confisca as bobinas. Cinquenta anos depois, os Kunas ainda esperam para descobrir o “seu” filme, agora uma lenda transmitida dos mais velhos às novas gerações. Um dia, uma cópia escondida é encontrada em Paris e esse é o resultado desse projeto tão aguardado, quase esquecido, mas resgatado e agora exibido em um dos maiores festivais de cinema do mundo. 

Foi muito interessante acompanhar as diferentes visões de uma cultura tão diferente e a pergunta que fica é, por quê esse projeto sumiu tão repentinamente? A quem interessa apagar a história a importância desse povo e de seus papeis na sociedade e a quem interessa 'desaparecer' com um documentário que celebra esse povo? 


God is a Woman / Foto: Tiff 2023

Em um dos momentos do documentário, um dos entrevistados questiona a mesma visão, dizendo 'como nos vemos e como queremos que as pessoas nos vejam, porque esses são dois parâmetros completamente diferentes e relevantes relacionados a cultura do povo Kuna.

Essencialmente 'God Is a Woman', mostra a luta do povo de Panamá para reclamar seus direitos ao documentário e através de filmagens novas feitas pelas próprias pessoas da comunidade, recontam histórias pelo seu ponto de vista, como deveria ter sido feito desde o início. 

Certa vez, me lembro de uma aula no curso de jornalismo quando o professor da disciplina de documentários, comentou o quão importante para alguns locais, era a visita de jornalistas western para trazer luz à locais que precisavam ser vistos, mas que ao mesmo tempo, é um universo de ostentação, onde os westerns veem a cultura indígena como algo 'exótico', o que é prejudicial a longo prazo para as comunidades. 

Isso me faz pensar na importância de 'God is a Woman', para revelar o tratamento da mídia western para com indígenas e reforçar o impacto cultural que esse documentário tem na sociedade, principalmente para a celebração da memória um povo contada pela voz do povo.   

NOTA: 9.5/10

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