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Um papo sobre a dramédia francesa O Renascimento com o diretor Rémi Bezançon

 


Por Victoria Hope

Na dramédia 'O Renascimento',  o dono de uma galeria de arte, Arthur Forestier representa Renzo Nervi, um pintor em plena crise existencial. Os dois homens sempre foram amigos e, apesar de todos os contratempos, o amor pela arte os une. Sem inspiração há vários anos, Renzo gradualmente afunda em um radicalismo que o torna incontrolável. Para salvá-lo, Arthur desenvolve um plano ousado que acabará testando sua relação. Até onde você iria pela amizade?

Durante o Festival Varilux desse ano, tivemos a oportunidade de entrevistar o diretor do filme, Rémi Bezançon, e ter uma conversa descontraída sobre arte, propósito amizades e como retomar as redes da vida quando perde-se uma inspiração. Vale lembrar que o filme está em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, com sessões até o dia 22 de novembro em cinemas espalhados pelo país.

O Renascimento / Foto: Festival Varilux, divulgação

Amélie: Como foi o processo de casting, porque a sintonia dos dois em tela foi incrível: 

Rémi: Eu não acredito em improviso, não sou muito fã disso, então tudo o que acontece, esta no roteiro, mas é claro que os dois atores, ilarios, tiveram excelente quimica e fizeram o filme funcionar

Amélie: Todo artista já perdeu a 'musa' em algum momento da carreira, isso aconteceu com você? 

Rémi: Olha não perdi uma musa, mesmo porque é algo diferente entre um pintor e um diretor de cinema, mas sim, já passei por um momento bem tenso onde fiquei 'travado' e isso não foi nada bom. Durou por um tempo, mas felizmente eu consegui recuperá-la e voltar a criar e dirigir novamente. 

Amélie: Como foi gravar com esses dois brilhantes atores e tocar nessa temática da depressão que assolava o artista plástico?

Rémi: Bom, foi muito interessante porque o tema aborda a arte, a depressão, a tragicomédia disso tudo. Eu falo tragicomédia justamente por conta da depressão que é abordada, você ri, mas também vai se emocionar em alguns momentos, provavelmente porque vai se identificar com a amizade dos dois em algum momento. 

O Renascimento/ Foto: Festival Varilux, divulgação

Amélie: Em um momento do filme, um dos personagens diz algo muito marcante: 'Faz se arte quando não se sabe fazer mais nada. O que pode dizer sobre essa frase? 

Rémi: Foi interessante você dizer isso porque essa é minha cena favorita do filme, porque é sobre isso, é a tragicomédia do artista que está depressivo. Você percebe como ele está deprimido quando vê ele menosprezando a própria arte. É claro que temos também a questão da saúde dele se deteriorando e dos problemas de memória também surgindo, mas essa é a ironia. 

Quando você está prestes a perder tudo, o pessimismo toma conta e é isso que acontece com Renzo e é a partir desse momento que Arthur vê que precisa 'resgatar' o amigo de alguma forma. É interessante como eles entram num novo universo de artes porque o mais importante pra ele é ser visto. Ser artista definitivamente é uma escolha.

Amélie: Qual a lição que você vai levar para a sua vida com O Renascimento?

Rémi: Não necessariamente uma lição, pois eu fiz o filme, mas eu fiquei muito feliz de ter abordado a temática do mercado da arte e de como as obras de arte em algum momento se tornam uma especulação. As artes estão trancafiadas em cofres em Dubai e ninguém vê. Para mim, é importante que uma pintura seja vista.

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