Por Victoria Hope
Um refugiado aparece nu em uma mala na margem do Tâmisa. O estranho enigmático e sexualmente fluido se apresenta a uma família burguesa de classe alta. Ele é convidado a permanecer como funcionário.
E logo, ele seduz cada membro da família em uma série de encontros sexuais explícitos. Ele irá virar o seu mundo de cabeça para baixo à medida que forem capazes de se redefinirem de formas novas e radicais.
O Visitante é uma obra extremamente criativa e de vanguarda, como se fosse filha de Pasolini com John Waters e definitivamente vai chocar o público, porém, vale ressaltar que a falta de aviso para epiléticos nos letreiros iniciais incomodou ligeiramente. O filme tem diversas cenas com muitos flashes e muitas luzes, o que para um expectador desavisado, pode ser bem prejudicial.
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| The Visitor / Foto: Berlinale |
Seguimos para a trama, onde esse rapaz enigmático invade a vida dessa inusitada família. Pouco a pouco, ele elimina as barreiras que a família tem, das formas mais chocantes possíveis e a família, aprende diversas lições, sejam elas anti-capitalistas e anti-heteronormativas, de formas imensamente prazerosas (ou torturantes).
É excelente ver um elenco é LGBTQIAP+ interpretando e contando suas próprias histórias, o que é muito importante, pois faz pouco tempo que a comunidade ganhou liberdade para poder e expressar e contar suas histórias por seu ponto de vista.
A ferramenta do sexo, quando usada com parcimônia, funciona bem para mostrar a liberação do corpo, mas da forma que é apresentada em O Visitante, com ângulos que fazem questão em mostrar partes íntimas em seus mínimos detalhes, podem chocar, mas representam de certa forma a desestigmatização do corpo, principalmente corpos trans.
O filme é sem dúvida uma carta de amor ao 'Teorema' de Pasolini, com ares de desconstrução e odes ao não conformismo para com as regras sociais estabelecidas. O uso do humor até mesmo 'camp' em alguns momentos ajuda a quebrar o clima de tensão causado pelas inúmeras cenas explícitas e a grande mensagem final que fica ao final, reforça o sentimento da grande necessidade da quebra de amarras impostas e a destruição da hierarquia de classes.
NOTA: 7.5/10
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