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SXSW 2024 anuncia abertura com Road House para Festival de Cinema e TV

Por Victoria Hope

O aguardado South by Southwest® (SXSW®), que acontece de 8 a 16 de março de 2024, anunciou a estreia mundial de Road House, dirigido por Doug Liman, que abrirá o Festival de Cinema e TV de 2024. Nesta inspirada e cheia de adrenalina do clássico cult dos anos 80, o ex-lutador do UFC Dalton consegue um emprego como segurança em um pitoresco bar de Florida Keys, apenas para descobrir que este paraíso não é tudo o que parece. Liderado por Jake Gyllenhaal, o filme conta com Daniela Melchior, Billy Magnussen, Jessica Williams, Joaquim de Almeida, Conor McGregor, Lukas Gage, Arturo Castro, B.K. Cannon, Beau Knapp, Darren Barnet, Dominique Columbus, Bob Menergy, Catfish Jean, Kevin Carroll, Travis Van Winkle e Hannah Lanier.

Road House é uma como uma briga de bar que agrada ao público, em busca de vingança e com saltos de barco, e estamos entusiasmados em dar início (e dar um soco) no SXSW Film & TV Festival com esta estreia extremamente divertida”, disse Claudette Godfrey, VP Film & TV . “Foi dito que Jake Gyllenhaal teve o melhor desempenho de sua carreira e concordamos plenamente! Mal podemos esperar para que nosso público transforme a noite de estreia em uma experiência única.”

Estamos extremamente orgulhosos de compartilhar Road House com o público divertido e exigente da noite de abertura do SXSW”, disse Jennifer Salke, chefe do Amazon MGM Studios. “O filme é uma releitura cheia de adrenalina e ação do clássico cult dos anos 80, modernizado pelo talentoso elenco liderado pelo incomparável Jake Gyllenhaal. A partir do momento em que lemos este roteiro fantástico, estávamos confiantes de que este filme inspirado iria repercutir em nosso público global.

SXSW 2024 também apresentará a exibição central anunciada anteriormente, The Fall Guy e a premiere da série 'O Problema de 3 corpos' e centenas de outros projetos de filmes e TV. Outros destaques emocionantes, favoritos do festival e muito mais serão anunciados em 7 de fevereiro. Fique de olho e não perca nossa cobertura completa por aqui.

SXSW 2023 | Animated Short Film | Beyond the Fringe

 

Por Victoria Hope

E hoje terminamos nossa maratona de filmes do SXSW com o fofíssimo curta de animação 'Beyond the Fringe' dirigido por Han Tang. Na trama, em uma noite tranquila, uma intrigante figura de papel emerge magicamente de um caderno. No início, estava animado e cheio de curiosidade. 

Mais tarde, porém, quando a pequena figura de papel descobre de repente o quão pequena, frágil e sozinha é neste grande mundo estrangeiro, o medo se instala e faz com que ela desmorone. 

A pequena figura de papel mergulha em sua inconsciência para descobrir de onde veio e encontra forças para tomar a difícil decisão de se arrancar do papel de onde veio para explorar o mundo além. Esta é a história de crescer e sair de casa contada como um conto imaginário.

Para quem tem uma conexão e raízes fortes com a casa e a família, esse curta acerta em cheio ao demonstrar todo sentimento de medo e angústia de sair do lugar e se mover para seguir em frente. Em um dos momentos mais emocionantes do curta, a criaturinha de papel até tenta se encaixar novamente no caderno, mas ela não cabe mais ali, ela precisa de uma nova vida, uma nova atitude, mesmo que o medo esteja a congelando.

Agora falando em técnica, o estilo stop-motion funciona muito bem e ajuda a experiência de imersão na história, fazendo com que o público sinta a angústia da pequena criaturinha. É uma bela fábula sobre 'crescer e aparecer', nos relembrando que por mais que nossas raízes nunca nos deixem, todos nós temos que seguir em frente, mesmo que com medo, mas sem pestanejar.

NOTA: 9/10 

SXSW 2023 | Short Film | Fuck me, Richard

Por Victoria Hope

No curta 'Fuck Me Richard', recuperando-se de uma perna quebrada, Sally começa um relacionamento por telefone com Richard - um impulso de intimidade muito necessário em sua névoa sombria de solidão esmagadora e analgésicos. Eles falam sem parar e se apaixonam. As coisas ficam meio incompletas quando Richard começa a pedir dinheiro para pagar as "contas médicas" de sua mãe. Mas Sally tem seus próprios segredos, e nada é o que parece neste psicodrama movido a sexo por telefone sobre a emoção doentia de um bom e velho golpe.

Conhecemos Sally, a protagonista de, em seu estado mais vulnerável. Para usar a linguagem moderna, ela está com fogo no r***" desmaiada no sofá com uma perna engessada, cercada por embalagens de comida para viagem e frascos de remédios prescritos, chorando enquanto Trevor Howard confessa seu amor por Celia Johnson no antigo filme de Hollywood, Brief Encounter. 

Sally está em apuros quando passa por "Richard, 33", o parceiro aparentemente perfeito, bonito e de cabelos desgrenhados para realizar todas as suas fantasias de um cavaleiro de armadura brilhante.

Por um tempo, Richard parece feliz em desempenhar esse papel. Sua voz desencarnada ouve as confissões de Sally, ri e faz barulhos suaves nas horas certas, e quebra seus dias monótonos com sexo quente por telefone. Toda serelepe, Sally anda por seu apartamento em um vestido de lantejoulas e penas, mentindo para Richard sobre todos os amigos olhando para ela enquanto abrem a porta para outra entrega do Uber Eats

Mas logo as coisas começam a piorar quando Richard para em uma reunião pessoal e começa a falar sobre sua mãe doente e suas enormes contas de hospital. Uma vez que começamos a descartar Sally como uma mulher trágica e solitária, muito disposta a ser enganada, fica claro que ela pode ser a única jogando xadrez, não damas.

É impossível não sentir raiva de Richard que a partir do momento em que Sally para de servi-lo, imediatamente se torna o ser misógino horroroso que é, revelando sua verdadeira face. O final é aberto e mostra que não sabemos se Sally fez isso de propósito só pra pegar um misógino de jeito ou se ela foi mais uma vítima.

Nota: 8.5/10

SXSW 2023 | It Turns Blue

 


Por Victoria Hope

Morteza espanca a filha de 3 anos em uma de suas visitas semanais. Mais tarde, ele pede à irmã mais velha, Pari, que o ajude a acalmar a filha e a lidar com a situação. Pari cuida das feridas da criança e então para evitar que ela conte a verdade para a mãe, Pari inicia uma brincadeira e através dessa brincadeira tenta manipular a mente da criança para que ela se lembre de todo o ocorrido como uma simples brincadeira com o pai. Pari parece ter sucesso em cumprir seu plano, mas na cena final fica claro que a verdade não será escondida para sempre

Vencedor da categoria de Curtas do festival, esse filme iraniano conta a história de um pai que bate em sua filha e num dia, chama sua irmã para cuidar dela. A mulher percebe que tem algo errado com a menina, ela quer saber de onde aquelas marcas roxas e ferimentos surgiram e a partir daí, ela usa tinta de forma lúdica para que a criança conte, mesmo que da forma dela, o que foi que aconteceu.

Esse curta metragem merecia muito ser um longa metragem e a historia é emocionante e é quase impossível que o público não seja tomado por raiva das atitudes coniventes da irmã que dá a entender que encobre a violência do irmão para com sua sobrinha por anos, mas é nos minutos finais que o público passa a notar que o irmão já fez pior com ela e que ela fica imóvel diante da crueldade dele. 

NOTA: 9/10

SXSW | Texas Short | Eyestring

 

Por Victoria Hope

No curta de terror texano 'Eyestring', Veronica tem um fio misterioso crescendo em seu olho e uma mensagem enigmática de um serviço de linha direta. À medida que a linha cresce, sinais estranhos relacionados à mensagem da linha direta aparecem em todos os lugares. Cada pista que ela encontra apenas complica ainda mais a questão. Ela deve encontrar uma maneira de se libertar.

Eyestring é completamente intrigante e cativante. É impossível não querer saber o que está acontecendo com a protagonista e o que tudo aquilo significa. Seria a linha, uma metáfora para traumas passados que Veronica sofreu ou será que são segredos que ela guardou e escondeu por muito tempo?

Alena Chinault, que interpreta Veronica é uma força da natureza em tela e co-escreveu Eyestring com Javier Devitt, diretor do curta. Logo no início percebemos que a protagonista está enfrentando dificuldades de saúde mental e que o seu emprego, está apenas contribuindo para que seu TOC se torne cada vez mais difícil de lidar enquanto ela não consegue ajuda adequada.

Esse título daria um ótimo longa metragem de horror, principalmente após o final assustador onde o público passa a entender que a corda na verdade era uma criatura que estava escondida dentro da mulher o tempo todo. Seguindo o tradição de monstros que representam problemas de saúde mental, o filme é uma grande metáfora para o TOC, como ele pode crescer e tomar conta, além de afetar a vida da pessoa não tratada.

NOTA: 9/10

SXSW | Short Film | Closing Dinasty

 

Por Victoria Hope

Closing Dinasty é um emocionante e delicado curta que teve sua estreia no SXSW desse ano. Na trama, Queenie, uma menina precoce de 7 anos, transborda confiança e arrogância. Ela vasculha sem medo os metrôs e as ruas da cidade de Nova York em busca de maneiras de ganhar um dólar. 

De esquemas de caridade de basquete a venda de rosas, Queenie é implacável e imparável. À medida que acompanhamos um dia em sua vida, nos perguntamos quais são as verdadeiras intenções de Queenie e por que essa garotinha está trabalhando tanto em um dia de escola.

Este curta de Lloyd Lee Choi merece muito ganhar um longa metragem apesar do ritmo ser um pouco lento, pois o público vai ficar curioso para saber até onde as atitudes da menina podem ou não salvar a pele de seu pai, que aparentemente está devendo dinheiro para agiotas.

Closing Dinasty é uma carta de amor à comunidade imigrante asiática americana que mora em Chinatown e regiões próximas, onde os donos de negócios precisam fazer o impossível para manter suas lojas funcionando e para realizar o 'sonho americano'.

A atriz principal mirim Milinka Winata simplesmente dá um show de atuação nessa trama, mostrando o potencial de ser um dos nomes de revelação nos próximos anos, tomara que ela siga atuando. Toda a força do filme que ela carrega é o que torna esse projeto tão especial, pois ela consegue trazer a comédia e ao mesmo tempo drama em todas as cenas em que está presente.

NOTA: 9/10

SXSW 2023 | Midnight Short | We Forgot About the Zombies

 

Por Victoria Hope

No curta de terror 'We Forgot About The Zombies', dois caras acreditam que encontraram a cura para mordidas zumbis, mas será que encontraram mesmo? Nessa história hilária, os dois amigos encontram uma série de agulhas com supostos antídotos em uma casa abandonada e a partir daí começam a testar todos a fim de descobrir a cura.

É a típica comédia absurdista com toques de 'Cara Cadê o meu carro' e um pouco de Zombieland, mas definitivamente dá a sensação de que funcionaria muito bem em formato de longa metragem onde a história pudesse se expandir mais e mostrar as (des) aventuras desses dois atrapalhados na busca pela cura do vírus zumbi.

Curtíssimo, We Forgot About Zombies tem o formato e até o ritmo de um skit de comédia, filmado e atuado como um também, mas engraçado o suficiente para manter o público engajado com a piada. A direção poderia ter ido mais além ainda mesmo no espaço de 3 minutos, mas vale a ideia de uma expansão da história para o público poder se conectar mais com os personagens.

NOTA: 7.5/10

SXSW 2023 | Midnight Short | Pennies from Heaven

 

Por Victoria Hope

"Pennies from Heaven" é uma comédia curta sobre duas irmãs gêmeas excêntricas que trabalham em uma loja de conveniência e se deparam com uma caminhonete cheia de moedas. É uma farsa absurda no meio do deserto e os gêmeas seguem a aventura aonde quer que ela os leve - apenas para terminar de volta onde começaram.

A energia das irmãs é contagiante, as atrizes são hilárias e tem um timing ótimo que ajuda a desenvolver a trama de uma forma bem leve. Esse é mais um custa do festival SXSW que daria uma ótima série de televisão onde acompanhamos as desventuras dessas duas irmãs e sendo irmã gêmea, achei hilária a cena onde as irmãs são levadas à um bar apenas para gêmeos.

A crítica social por trás é bem sucinta e mostra como enquanto para alguns, moedas são apenas isso, moedas sem muito valor, para outros é uma mina de ouro. Vale lembrar que a trama venceu o prêmio do Júri  do SXSW de Melhor Curta da sessão Midnight! 

NOTA: 8/10

SXSW 2023 | Midnight Short | The Mundanes

 

Por Victoria Hope

Um dos curtas de terror mais inusitados, criativos e surrealistas desse ano no SXSW! Nesse curta conhecemos os Mundanes, uma família suburbana sem rosto com um apetite incomum. Este "Guia para a Família Feliz" é uma homenagem surreal aos PSAs clássicos da América do meio do século.

O filme todo é filmado como se fosse um comercial dos anos 50 sobre as famílias tradicionais brancas americanas daquela década, mas obviamente, a estranheza no ar está presente desde as primeiras cenas onde vemos a mãe, o pai e o filho sem rosto, se alimentando de pedaços de corpos humanos.

Mundanes abre espaço para diversas discussões que vão desde papéis de gênero impostos pela sociedade à monstruosidade imposta justamente pelos padrões. A família tenta se enquadrar naquele padrão de qualquer forma, mas eles não conseguem e nunca poderão ser aquela família de comercial de margarina. Talvez eles queiram fazer parte disso, mas sabe que nunca poderão ser tudo o que sonharam.

NOTA: 8.5/10

SXSW 2023 | Midnight Short | Every House is Haunted

 

Por Victoria Hope

No curta de terror 'Every House is Haunted', o corretor de imóveis disse a eles que a casa era mal-assombrada. Isso não impede que o casal millenial de longa data, Maya e Danny, se mude de qualquer maneira. Tem ótimos ossos, e neste mercado...

Depois de anos de compromisso e perdendo a noção do que ela quer, Maya encontra parte de si mesma que está faltando nos espíritos que ocupam seu novo lar. O curta é um excelente drama sobre o gênero de famílias americanas de filmes de terror, comprando casas mesmo sabendo que tem fantasmas ali.

Todo o conceito de Every House is Haunted é muito original e funcionaria bem como um longa metragem, principalmente se o público pudesse acompanhar maia do dia a dia desse casal convivendo com esses espíritos que rondam a casa, ou quem sabe até uma antologia com outras histórias de casas assombradas e a ligação entre moradores e fantasmas.

Essa é surpreendentemente uma história positiva em alguns momentos, que vai deixar o coração do público quentinho com a mensagem de que nem sempre o que não compreendemos, precisa ser assustador e que após o luto, é possível encontrar felicidade, mas ao mesmo tempo, isso não quer dizer que coisas assustadoras não estão à espreita...

NOTA: 10/10

SXSW 2023 | Short Film | Deliver Me

 

Por Victoria Hope

Jesse, um dos bilionários mais famosos da Terra, é o primeiro humano a clonar e se casar com sucesso. Depois de um ano de casado, Jora, o clone de Jesse, está chegando ao ponto crucial de uma crise de identidade. No dia do aniversário deles, Jesse convida o “seu” melhor amigo Roberto para lhe dar um presente. 

Roberto está apaixonado por Jesse e sofre de um amor não correspondido. A solução de Jesse é presentear Roberto com uma boneca sexual hiper-realista de si mesmo, como símbolo de amizade. A boneca é a gota d'água para Jora, que finalmente decide se revoltar contra a tirania de Jesse, elaborando um plano para finalmente escapar da prisão que chamam de lar.

O curta é genial em mostrar o 'casal' usando uma língua para se comunicar entre si e outras língua para falar com amigos e conhecidos do bairro, incluindo entregadores. Deliver Me é uma incrível metáfora sobre bilionários narcisistas que acreditam que o mundo gira ao redor de seus umbigos e que nada mais importa.

Até mesmo na dinâmica de casal onde os dois são a mesma pessoa, invariavelmente, o 'gênio' criador, colocou em sua cópia a função de 'esposa', fazendo a cópia utilizar vestidos, além de que a cópia possui uma vagina, para uso do criador. Basicamente ele criou um objeto e tratou o clone como apenas um brinquedo, como se o clone não fosse capaz de ter pensamentos, ideias e desejos.

O ator principal entrega absolutamente tudo em sua performance, representando três personagens que apesar de fisicamente serem a mesma pessoa, são extremamente distintos. Enquanto o bilionário é apático, soberbo e frio, seu clone é sensível, emotivo e possui uma fúria inigualável, já o terceiro, é apenas um boneco sexual que sorri e não tem pensamentos próprios.

Além das atuações, um dos pontos altos do filme é a direção de fotografia excelente, que ajuda o público a mergulhar pelo universo desse curta banhado por um cenário paradisíaco e que mesmo lindo, ainda assim, passa a sensação de solidão, muito próximo a como o clone se sente minutos antes de tomar uma atitude que aparentemente mudará sua vida, apenas para se deparar com a triste realidade de que ele estará sempre preso a seu criador e que eles nunca serão iguais aos olhos do bilionário.

NOTA: 9/10

SXSW | Slip

 

Por Victoria Hope

No episódio piloto 'Slip', série dirigida, roteirizada e protagonizada Zoe Lister-Jones, que teve sua estreia no SXSW, Mae trabalha em um museu de arte e mora com Elijah há treze anos. Embora ainda haja amor entre eles, há pouco romance a ser encontrado, e eles pararam em torno de Elijah querendo um filho e Mae se sentindo apreensiva. 

Quando Mae "escorrega" e tem um caso de uma noite com Eric, ela acorda na manhã seguinte em pânico, apenas para perceber que de alguma forma entrou em um universo paralelo no qual ela e Eric agora estão casados, e todos os vestígios de sua vida com Elijah foi apagado da existência.

O primeiro episódio é curtíssimo na medida certa e mostra de forma muito 'criativa', num universo paralelo. A premissa é interessantíssima e sai fora da caixinha convencional que estamos acostumados a ver em séries de tv americanas e além disso, as atuações estão excelentes. 

Com uma trama bem original, Slip tem potencial de se tornar uma série consagrada caso seja adquirida por um canal ou streaming. Tudo o que sabemos é que ao final do episódio piloto, os espectadores vão praticamente salivar para querer os próximos episódios o mais rápido possível para mergulhar nesse universo e descobrir como será a nova vida de Mae! 

NOTA: 9.5/10

SXSW | Midnight Short | Vibrator Girl

 

Por Victoria Hope

Com direção de Kara Strait o curta 'Vibrator Girl' é um conto body horror sobre masturbação, inspirado em  A Mosca de David Cronenberg. Uma jovem isolada usa seu vibrador compulsivamente - até começar a deformar seu corpo de maneiras perturbadoras. Para recuperar o controle e mudar a maneira como se masturba, ela parte em uma jornada por um subterrâneo sombrio de neurologistas corporativos e gurus do orgasmo, nenhum dos quais parece ter os melhores interesses em mente. Por fim, há pouco que ela possa fazer para resistir à influência sinistra de seu vibrador.

O curta mostra a delicada e difícil relação que uma mulher tem com seu próprio prazer e com o ato da masturbação. Enquanto a personagem tenta ter prazer, o público é apresentado a questão de que a protagonista provavelmente sofreu algum trauma que dificulta com que ela sinta prazer a não ser que esteja com parte de seu rosto, escondida abaixo do cabelo.

Similar ao conto de Kafka, a personagem vive em dilema sobre seu prazer e sua própria existência, enquanto busca da terapia tradicional até a terapia sexual  e massagem tântrica entre mulheres para entender o que pode ter acontecido. Será que no passado, algum ex-parceiro falou de sua aparência? Será que ela sofreu alguma violência sexual e a ideia de ser parte do seu rosto coberto, criou nela uma parafilia onde ela só consegue atingir o ápice quando esconde a lateral do rosto?

O filme é muito mais do que uma fábula sobre prazer sexual feminino, que já é tratado como tabu pela sociedade, pois Vibrator Girl também mostra as inseguranças de dismorfia corporal que muitas mulheres sentem em relação à sua própria aparência, ao ponto em que simplesmente algumas tem vergonha demais de até buscar por parceiros ou parceiras, com vergonha que as pessoas às julguem. 

Conforme a trama anda, coisas bizarras começam a acontecer, a personagem começa a expelir uma gosma azul esquisita do corpo; sendo essa gosma da mesma cor de seu vibrador e tudo isso culmina num ato final inesperado, onde a usuária literalmente se torna objeto do próprio desejo.  O que acontece com ela é positivo ou negativo? Cabe à audiência decidir. 

NOTA: 8.5/10

SXSW 2023 | I Used To Be Funny

 

Por Victoria Hope

[Avisos de gatilho: Est*pro, violência sexual PTSD] 

"I Used To Be Funny" é uma comédia dramática sombria que segue Sam Cowell (Rachel Sennott), uma aspirante a comediante stand-up e au pair lutando contra PTSD, enquanto ela decide se deve ou não se juntar à busca por Brooke (Olga Petsa), uma adolescente desaparecida que costumava ser babá.

A história existe entre o presente, onde Sam tenta se recuperar de seu trauma e voltar ao palco, e o passado, onde as lembranças de Brooke tornam cada vez mais difícil ignorar o súbito desaparecimento da petulante adolescente. 

O longa-metragem de estreia do escritor/diretor Ally Pankiw é engraçado e comovente em seu olhar honesto e revigorante sobre trauma e recuperação, e como eles afetam os relacionamentos e as comunidades que nos moldam. O filme inteiro traz muitas referências também sobre social media e a cultura criada ao redor dela. 

Rachel Sennott, que já havia encantado o público com Shiva Baby, Bodies, Bodies, Bodies' e agora Bottoms, outro longa que estreou no SXSW, prova que é um dos grandes nomes dessa leva de novos atores de Hollywood, com potencial para estrelar muitos projetos ao longo do ano. Já dizia o ditado 'booked and busy' e se tem alguém como uma agenda recheada de produções para o próximo semestre, é Sennott. 

É quase impossível não se relacionar com as dores da protagonista, principalmente pessoas que estão tentando superar traumas passados relacionados à violência sexual que mudaram suas vidas pra sempre, incluindo o sentimento de dissociação quando a pessoa tenta se distanciar ao máximo com o que aconteceu. Quem conhece pessoas com depressão ou PTSD já ouviu a frase 'você costumava ser mais engraçado (a), mais divertido (a) e o filme faz um excelente trabalho em explorar isso.  O filme consegue balancear perfeitamente o humor ácido, com drama e suspense.

NOTA:  10/10

SXSW 2023 | Swarm

 

Por Victoria Hope

Donald Glover já é figurinha carimbada no SXSW, principalmente para sua série FX Atlanta, mas este ano ele está de volta para o que muitos estão considerando como a série 'irmã caçula' de Atlanta, Swarm, que teve sua estreia nessa semana do evento. 

A trama conta a história de uma mulher obcecada por uma estrela pop e a melhor parte é que essa estrela pop pela qual ela é obcecada parece ser baseada em diversas estrelas do R&B americano, mas principalmente Beyoncé, como visto no trailer, toda a terminologia e coreografia relacionadas a abelhas é abordada. E por último, mas definitivamente não menos importante, o fandom se autodenomina Beyhive. 

Os laços continuam, já que a co-criadora e escritora da série, Janine Nabers, é na verdade uma nativa de Houston. Uma das teoria é que ela foi influenciada por artistas diversos artistas de Houston como Beyoncé, Megan Thee Stallion e Lizzo, mas vale dizer que a personagem ícone é totalmente original e que a produção traz muitas críticas sociais relacionadas ao culto à celebridades e até a que ponto relacionamentos parassociais entre fã e ídolo ultrapassam o limite, pois afinal, as vezes o fã não é só fã, as vezes é uma questão de 'querer dar a vida pela celebridade', transformando o ícone em quase uma divindade na mente da fã obcecada. 

Swarm é uma excelente surpresa para os fãs de terror que tanto esperavam uma série totalmente original com protagonismo negro. Tive a oportunidade de assistir todos os sete episódios da produção e é um prazer dizer que a trama cresce e mais mistérios vão surgindo ao longo do caminho, o que vai fazer o público querer maratonar a série num dia e teorizar muitas questões que também são deixadas em aberto.

Se você é fã de obras como Misery de Stephen King, O Peso do Talento, estrelado por Nicholas Cage entre outras produções que mostram até onde a obsessão de fãs pode chegar, com certeza vai adorar essa produção que tem tudo para ganhar uma legião de fãs, principalmente com um plot twist que vai mudar todo o curso da história! 

NOTA: 10/10

SXSW 2023 | Entrevista com Kattia G. Zúñigam a diretora do drama teen 'Sister & Sister'

Por Victoria Hope

O drama feel good adolescente 'Sister & Sister', escrito e dirigido pela cineasta estreante Kattia G. Zúñiga, teve sua estreia no SXSW durante esse fim de semana. Oginalmente intitulado Las Hijas (As filhas, em espanhol), o filme leva o espectador a uma viagem com as irmãs adolescentes Marina (Cala Rossel Campos) e Luna (Ariana Chaves Gavilán) ao Panamá para tentar encontrar seu pai ausente, Alfonso. 

Enquanto irmã mais velha, Marina, mesmo tão nova, mais experiente e adora uma paquera, Luna, de 14 anos, é a irmã mais ingênua e séria. Marina sonha em ser piloto e espera que Alfonso se ofereça para pagar sua mensalidade para o treinamento de voo; Luna só quer conhecer o pai que a deixou quando ela era criança. 

As meninas ficam com um amigo da família na cidade enquanto tentam entrar em contato com o pai e é nesse caminho que elas passam por encontros, desencontros, amores e desamores que marcam a adolescência. Durante o festival SXSW, tivemos a oportunidade de entrevistar a diretora Kattia G. Zúñiga sobre adolescência, latinidade e cinema.

Amélie Magazine: Todos que cresceram na América do Sul ou América Central poderão se relacionar com Marina e Luna. Dito isso, qual foi sua inspiração para contar a história de Sister & Sister?

Kattia: O filme é inspirado em uma experiência pessoal que tive com minha irmã quando éramos adolescentes. Minha irmã é uma das pessoas mais importantes e solidárias da minha vida e sinto que essa dinâmica é uma que não costumamos ver representada no cinema.

Assim como Marina e Luna, viajamos da Costa Rica ao Panamá com a ideia de surpreender nosso pai que não víamos há mais de 10 anos. Eu estava realmente interessada na ideia de recriar a relação entre irmãs para ver como elas se comportam e mudam em um novo espaço. Costa Rica e Panamá, embora tão próximos, são muito diferentes: os sotaques são diferentes, a forma como se expressam fisicamente é diferente, até o clima é diferente. Essas diferenças foram interessantes para mim e acho que contribuem para o conflito do filme.

Amélie Magazine: Como foi o processo de casting com as estreantes Ariana Chaves Gavilán & Cala Rossel Campos?

Kattia: Originalmente planejávamos filmar em março de 2020, e já tínhamos escalado outras duas garotas para Marina e Luna, mas aí veio a pandemia, e tivemos que adiar tudo e dizer a essas garotas que não poderíamos mais escalá-las (porque elas pareceriam velho demais para o papel).

O novo processo de casting foi feito maioritariamente através do zoom, mas acabou por ser bastante positivo pois me permitiu fazer muitos testes e combinações com diferentes atrizes. Quando testei Cala e Ari juntos, ficou claro que eram a dupla que eu procurava. Eles imediatamente se conectaram com os personagens e entre si. Elas também são garotas muito criativas e generosas, então foi muito fácil dirigi-las.

Amélie Magazine: Você poderia nos dizer 3 diretores que inspiraram sua carreira?

Kattia: Celine Sciamma é alguém que admiro muito. Amo o que ela faz, como aborda os temas e desenvolve seus personagens. Eu sou um fã!

-Alice Rohrwacher, ela foi uma descoberta relativamente recente, mas me inspirou a ir um pouco mais fundo, gosto muito da forma como ela narra e principalmente quando ela trabalha junto com a diretora de fotografia Héléne Louvart.

-Foi Paz Fábrega quem me apresentou ao ofício do cinema. Protagonizei seu segundo filme (Viaje) e foi graças a essa experiência e ao que aprendi com ela que comecei a pensar em dirigir. De repente, o mundo do cinema, que parecia tão distante e inacessível para mim, tornou-se algo que poderia ser feito em qualquer lugar e com recursos limitados. Foi uma experiência incrível.

Amélie Magazine: A adolescência pode ser difícil, mas também é repleta de momentos incríveis de autodescoberta e reflexão. Com isso em mente, quais lições de vida você acha que o público pode aprender com Sister & Sister?

Kattia: Talvez eu veja tudo agora com um filtro amoroso e otimista depois de trabalhar com essas meninas, mas sinto que em geral essa nova geração tem mais ferramentas para identificar o que elas querem ou não que faça parte de suas vidas. É igualmente complicado para eles tomar decisões, mas estão mais bem preparados, são generosos e abertos. Seria ótimo se nós, como adultos ou como sociedade, pudéssemos dar a eles um espaço como o que tentamos criar no filme, um espaço onde eles se sintam livres para se divertir, para explorar seus desejos, fazer amigos e conhecer conhecem a si mesmos.

Amélie Magazine: Como diretor, qual seria o seu projeto direcional dos sonhos para os próximos anos?

Kattia: Sinto que, como diretora, estou apenas começando a descobrir minha voz. Meu sonho é simplesmente ter mais oportunidades de direção para amadurecer essa voz.

Amélie Magazine: Uma mensagem para todos que planejam assistir Sister & Sister durante o SXSW desta semana?

Kattia: Um recado para todos que planejam assistir Sister & Sister durante Espero que gostem deste filme carinhoso, feito com muito amor pelas irmãs e pelos trópicos úmidos, urbanos e coloridos. SXSW desta semana?

SXSW 2023 | Who I Am Not

 

Por Victoria Hope

O que faz um homem, o que faz uma mulher, onde traçamos a linha e por que isso importa? No documentário Who I Am Not, que teve sua estreia no SXSW, Sharon-Rose Khumalo, miss da Africa do Sul com genética masculina que luta contra a disforia de gênero, precisa da orientação de alguém como ela. Mas a única pessoa que vai ajudar é Dimakatso Sebidi, um ativista intersexual que se apresenta como homem e que acaba sendo o oposto dela. 

As duas histórias paralelas, mas divergentes, são uma visão íntima da luta de viver em um mundo masculino-feminino, quando você é ambos ou nenhum. "Who I Am Not" dá voz aos dois por cento da população mundial há muito ignorados e quase silenciosos: a comunidade intersexual.

O documentário acerta muito em trazer seriedade e ao mesmo tempo bom humor, mostrando Sharon e Dimakatso em uma conversa aberta e cândida sobre sua intersexualidade, traçando paralelos que vão desde suas infâncias até o presente, mas deixando que ambas pessoas contem seu ponto de vista. Esse é um tema tão raro de ser abordado dessa forma, que isso faz o filme se tornar ainda mais especial.

Ao longo da história, o público pode acompanhar o dia a dia dessas pessoas que de forma descontraída e educacional, tentam informar a população e principalmente, destruir o estigma por trás da intersexualidade e em alguns momentos, os personagens confrontam membros de sua família sobre isso, pois os registros demonstram que grande parte das famílias de crianças intersexo, performam cirurgia de redesignação sexual até mesmo no dia do nascimento, o que não apenas causa uma dor profunda nas crianças, como também pode causar diversos problemas no futuro.

Questões como a decisão da redesignação, que ficam nas mãos dos pais ou dos responsáveis, acabam por mudar para sempre a vida dessas pessoas. Até que ponto a família pode intervir? Será que essas famílias deveriam tomar essa decisão antes de conversar com crianças ou até mesmo adolescentes intersexo? 

Apesar do tema pesado, 'Who I Am Not' termina com um sentimento de esperança e de que muitas coisas mudaram, mas que ainda há um longo caminho a se percorrer para conscientizar as comunidades a agir de forma mais empática e tentar se colocar nos sapatos das pessoas intersexo, que nada mais querem do que viver em paz com seus próprios corpos, sem que a sociedade dite o que essas pessoas deveriam ou não deveriam ser. 

NOTA: 9/10

SXSW 2023 | Sister & Sister

 


Por Victoria Hope

Em Sister & Sister acompanhamos as férias de verão de duas irmãs. Marina (17) e Luna (14), viajam da Costa Rica para o Panamá em busca do pai ausente. Enquanto lidam com os atritos que surgem entre elas, ambas encontram espaço para explorar seus desejos, novas amizades, amantes e o skate, em uma jornada de emancipação onde descobrem a alegria do simples ato de conviver. Um conto íntimo e terno de irmandade nos trópicos urbanos, com um retrato profundo da colorida vida adolescente.

"Como assim 'só andar de skate?'" essa é a estreia no longa da cineasta panamenha-costa-riquenha Kattia G. Zúñiga, contando uma história muito pessoal. O elenco também inclui Gabriela Man, Fernando Bonilla, Joshua De León, Lía Jiménez, Michelle Quiñones, Angello Morales e Mir Rodríguez. 

Quando pensamos em histórias coming of age, vemos como é raro ver o tema da amizade entre irmãs ser abordada com tata leveza, apesar de que o filme poderia sim contar com um pouco mais de peso na trama abordada para causar o impacto que realmente beneficiaria mais esse projeto. 

Sister & Sister / Foto: Divulgação

Talvez por eu não ter tido uma irmã, mas sim um irmão gêmeo na minha vida, não tenha me conectado muito com as protagonistas, mesmo sendo uma mulher que cresceu também sempre passeando pelos parques  paulistas com minhas amigas do bairro e da escola na adolescência.

Sister & Sister é um conto doce e otimista sobre a cumplicidade e amor de duas irmãs quase inseparáveis. Seria muito interessante se a trama apresentasse mais conflitos e demonstrasse um pouco mais também do stress na vida adolescente, mas é nítido que a intenção da diretora foi trazer um projeto com uma pegada mais 'good vibes' e alto astral, sem muito drama.

O longa se estende demasiadamente em alguns momentos, em uma trama que poderia ter sido contada de forma bem mais curta e pontual, mas um dos fatores positivos, além da direção de fotografia incrível passando pelos cenários da cidade, é a participação do elenco, principalmente entre o elenco das duas irmãs. 

NOTA: 7.5/10

SXSW 2023 | Shatter Belt

 

Por Victoria Hope

Do mesmo diretor do genial thriller psicológico 'Coerência' (Coherence), James Byrkit, vem aí uma coleção de histórias do outro lado da consciência. Um quebra-cabeças moderno para uma nova geração, Shatter Belt mergulha de cabeça nas profundezas das questões sobre nossa relação com a realidade.

Com sua estreia no SXSW, trazendo os episódios 2-4, a série promete ser um novo hit para quem adora produções que dão um nó na cabeça. Nessa antologia, acompanhamos 3 histórias diferentes e aparentemente conectadas relacionadas à tecnologia, inteligência artificial e até mesmo viagem no tempo, outro tema que já havia sido explorado no longa anterior de Byrkit.

O início é um pouco confuso, pois não temos o contexto do primeiro episódio, mas aos poucos, o público vai começar a entender o que está acontecendo. O estilo de atuação e filmagem característico do diretor está bem presente nessa produção, o que vai fazer fãs do cult moderno se apaixonarem pela forma em que ele apresenta essa nova narrativa.

Uma mistura de Black Mirror, com O Menu e uma boa pitada de Coerência, a antologia tem muito a nos contar sobre a relação dos humanos com as novas tecnologias, principalmente nosso relacionamento com as redes sociais e a fogueira de vaidades que ela incentiva. A antologia conta com a mesma atriz que protagonizou Coerência e também com nomes como Patton Oswald (Sandman). 

Shatter Belt não é uma produção para todo muito, mas para quem der uma chance e reassistir mais de uma vez, com certeza vai poder apreciar essa história de uma melhor forma. Vale lembrar que para lançar esse piloto, o diretor fez uma campanha de vaquinha pelo Kickstarter e conseguiu filmar, roteirizar e produzir todo o projeto durante a pandemia, o que segundo o elenco e o próprio diretor, foi um grande desafio. 

NOTA: 8.5/10

SXSW 2023 | Black Barbie

 

Por Victoria Hope

Ame-a ou odeie-a, quase todo mundo tem uma história da Barbie. Mesmo que eles não tenham uma história, há uma história sobre por que eles não têm uma história. Neste filme, a diretora e roteirista Lagueria Davis, conta a história por trás da primeira Barbie Negra, porque sim, Black Barbie também tem uma história. Tudo começou com a tia de 83 anos da cineasta, Beulah Mae Mitchell, e uma pergunta aparentemente simples: “Por que não fazer uma Barbie que se pareça comigo?”

Por meio do acesso íntimo a uma carismática especialista da Mattel, que é a própria Beulah Mae Mitchell, o documentário Black Barbie, investiga a seção transversal de mercadorias e representações enquanto as mulheres negras lutam para elevar suas próprias vozes e histórias, recusando-se a ser invisíveis.

Este filme é uma exploração pessoal que conta a história ricamente arquivística e instigante que dá voz aos insights e experiências de Beulah Mae Mitchell, a tia da cineasta de Los Angeles, que passou 45 anos trabalhando na Mattel.

Após o lançamento de Black Barbie pela Mattel em 1980, o filme se volta para o impacto intergeracional que a boneca teve. Discutir como a ausência de imagens negras no “espelho social” deixou as meninas negras com pouco mais do que sujeitos brancos para autorreflexão e autoprojeção. Beulah Mae Mitchell e outras mulheres negras no filme falam sobre sua própria, complexa e variada experiência de não se verem representadas, e como a chegada transformadora da Barbie Negra as afetou pessoalmente.

Como mulher negra, me identifiquei imediatamente com a premissa ao lembrar da minha infância onde a Barbie Negra ainda era rara nas lojas, logo, essa experiência geracional foi passada por todas as gerações de mulheres negras da minha família, desde bisa à vó e mãe. Com isso em mente, Black Barbie foi mais do que um símbolo de representatividade no mercado, como também na nossa presença na sociedade pois crianças negras precisam se ver representadas, além de ser um documentário muito criativo e positivo, que utiliza Barbies em stop-motion, ao lado de relatos de diversos convidados, incluindo alguns nomes da indústria negra do entretenimento, que contaram sobre suas experiências com a boneca mais amada do mundo.

Hoje é possível dizer que a boneca Barbie é muito mais diversa do que era há 10 anos atrás, por exemplo, mas que é também um símbolo que vai muito além da diversão, mas ainda há um longo caminho pela frente e essa é a grande mensagem que esse filme vai passar ao público.

NOTA: 10/10