Por Victoria Hope
Ame-a ou odeie-a, quase todo mundo tem uma história da Barbie. Mesmo que eles não tenham uma história, há uma história sobre por que eles não têm uma história. Neste filme, a diretora e roteirista Lagueria Davis, conta a história por trás da primeira Barbie Negra, porque sim, Black Barbie também tem uma história. Tudo começou com a tia de 83 anos da cineasta, Beulah Mae Mitchell, e uma pergunta aparentemente simples: “Por que não fazer uma Barbie que se pareça comigo?”
Por meio do acesso íntimo a uma carismática especialista da Mattel, que é a própria Beulah Mae Mitchell, o documentário Black Barbie, investiga a seção transversal de mercadorias e representações enquanto as mulheres negras lutam para elevar suas próprias vozes e histórias, recusando-se a ser invisíveis.
Este filme é uma exploração pessoal que conta a história ricamente arquivística e instigante que dá voz aos insights e experiências de Beulah Mae Mitchell, a tia da cineasta de Los Angeles, que passou 45 anos trabalhando na Mattel.
Após o lançamento de Black Barbie pela Mattel em 1980, o filme se volta para o impacto intergeracional que a boneca teve. Discutir como a ausência de imagens negras no “espelho social” deixou as meninas negras com pouco mais do que sujeitos brancos para autorreflexão e autoprojeção. Beulah Mae Mitchell e outras mulheres negras no filme falam sobre sua própria, complexa e variada experiência de não se verem representadas, e como a chegada transformadora da Barbie Negra as afetou pessoalmente.
Como mulher negra, me identifiquei imediatamente com a premissa ao lembrar da minha infância onde a Barbie Negra ainda era rara nas lojas, logo, essa experiência geracional foi passada por todas as gerações de mulheres negras da minha família, desde bisa à vó e mãe. Com isso em mente, Black Barbie foi mais do que um símbolo de representatividade no mercado, como também na nossa presença na sociedade pois crianças negras precisam se ver representadas, além de ser um documentário muito criativo e positivo, que utiliza Barbies em stop-motion, ao lado de relatos de diversos convidados, incluindo alguns nomes da indústria negra do entretenimento, que contaram sobre suas experiências com a boneca mais amada do mundo.
Hoje é possível dizer que a boneca Barbie é muito mais diversa do que era há 10 anos atrás, por exemplo, mas que é também um símbolo que vai muito além da diversão, mas ainda há um longo caminho pela frente e essa é a grande mensagem que esse filme vai passar ao público.
NOTA: 10/10