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SXSW 2023 | Who I Am Not

 

Por Victoria Hope

O que faz um homem, o que faz uma mulher, onde traçamos a linha e por que isso importa? No documentário Who I Am Not, que teve sua estreia no SXSW, Sharon-Rose Khumalo, miss da Africa do Sul com genética masculina que luta contra a disforia de gênero, precisa da orientação de alguém como ela. Mas a única pessoa que vai ajudar é Dimakatso Sebidi, um ativista intersexual que se apresenta como homem e que acaba sendo o oposto dela. 

As duas histórias paralelas, mas divergentes, são uma visão íntima da luta de viver em um mundo masculino-feminino, quando você é ambos ou nenhum. "Who I Am Not" dá voz aos dois por cento da população mundial há muito ignorados e quase silenciosos: a comunidade intersexual.

O documentário acerta muito em trazer seriedade e ao mesmo tempo bom humor, mostrando Sharon e Dimakatso em uma conversa aberta e cândida sobre sua intersexualidade, traçando paralelos que vão desde suas infâncias até o presente, mas deixando que ambas pessoas contem seu ponto de vista. Esse é um tema tão raro de ser abordado dessa forma, que isso faz o filme se tornar ainda mais especial.

Ao longo da história, o público pode acompanhar o dia a dia dessas pessoas que de forma descontraída e educacional, tentam informar a população e principalmente, destruir o estigma por trás da intersexualidade e em alguns momentos, os personagens confrontam membros de sua família sobre isso, pois os registros demonstram que grande parte das famílias de crianças intersexo, performam cirurgia de redesignação sexual até mesmo no dia do nascimento, o que não apenas causa uma dor profunda nas crianças, como também pode causar diversos problemas no futuro.

Questões como a decisão da redesignação, que ficam nas mãos dos pais ou dos responsáveis, acabam por mudar para sempre a vida dessas pessoas. Até que ponto a família pode intervir? Será que essas famílias deveriam tomar essa decisão antes de conversar com crianças ou até mesmo adolescentes intersexo? 

Apesar do tema pesado, 'Who I Am Not' termina com um sentimento de esperança e de que muitas coisas mudaram, mas que ainda há um longo caminho a se percorrer para conscientizar as comunidades a agir de forma mais empática e tentar se colocar nos sapatos das pessoas intersexo, que nada mais querem do que viver em paz com seus próprios corpos, sem que a sociedade dite o que essas pessoas deveriam ou não deveriam ser. 

NOTA: 9/10

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