Por Victoria Hope
Jesse, um dos bilionários mais famosos da Terra, é o primeiro humano a clonar e se casar com sucesso. Depois de um ano de casado, Jora, o clone de Jesse, está chegando ao ponto crucial de uma crise de identidade. No dia do aniversário deles, Jesse convida o “seu” melhor amigo Roberto para lhe dar um presente.
Roberto está apaixonado por Jesse e sofre de um amor não correspondido. A solução de Jesse é presentear Roberto com uma boneca sexual hiper-realista de si mesmo, como símbolo de amizade. A boneca é a gota d'água para Jora, que finalmente decide se revoltar contra a tirania de Jesse, elaborando um plano para finalmente escapar da prisão que chamam de lar.
O curta é genial em mostrar o 'casal' usando uma língua para se comunicar entre si e outras língua para falar com amigos e conhecidos do bairro, incluindo entregadores. Deliver Me é uma incrível metáfora sobre bilionários narcisistas que acreditam que o mundo gira ao redor de seus umbigos e que nada mais importa.
Até mesmo na dinâmica de casal onde os dois são a mesma pessoa, invariavelmente, o 'gênio' criador, colocou em sua cópia a função de 'esposa', fazendo a cópia utilizar vestidos, além de que a cópia possui uma vagina, para uso do criador. Basicamente ele criou um objeto e tratou o clone como apenas um brinquedo, como se o clone não fosse capaz de ter pensamentos, ideias e desejos.
O ator principal entrega absolutamente tudo em sua performance, representando três personagens que apesar de fisicamente serem a mesma pessoa, são extremamente distintos. Enquanto o bilionário é apático, soberbo e frio, seu clone é sensível, emotivo e possui uma fúria inigualável, já o terceiro, é apenas um boneco sexual que sorri e não tem pensamentos próprios.
Além das atuações, um dos pontos altos do filme é a direção de fotografia excelente, que ajuda o público a mergulhar pelo universo desse curta banhado por um cenário paradisíaco e que mesmo lindo, ainda assim, passa a sensação de solidão, muito próximo a como o clone se sente minutos antes de tomar uma atitude que aparentemente mudará sua vida, apenas para se deparar com a triste realidade de que ele estará sempre preso a seu criador e que eles nunca serão iguais aos olhos do bilionário.
NOTA: 9/10