Por Victoria Hope
Nessa terça, o circuito do Festival Varilux de Cinema Francês teve sua abertura com uma coletiva incrível do filme "Mais que Especiais", com os diretores Olivier Nakache e Erik Toledano. O longa, que conta com Vincent Cassel, Reda Kateb, além de um elenco composto por autistas da vida real.
Com uma mensagem de empatia e bom humor, "Mais Que Especiais", conta sobre a vida real e a rotina de professores que atuam em instituições francesas especializadas em crianças e adolescentes autistas, mostrando as dores e alegrias de quem vive e convive dentro do espectro.
A todo tempo, na trama, acompanhamos a dualidade e amizade entre dois opostos, um professor judeu e outro mulçumano. Oliver Nakache mencionou durante a coletiva, que o filme aborda sempre esses dois lados e a importância de viver em harmonia, respeitando as diferenças.
Confira a entrevista:
Olivier Nakache: Estamos felizes em lançar esse filme aqui, na verdade, nós nunca deveríamos estar nessa situação que estamos no mundo (Pandemia), mas temos que cuidar sempre do coletivo, vamos juntos cuidar dos mais vulneráveis e daqueles que precisam. Essa união, de pensar no coletivo se, nos toca. Nesse filme abordamos muito sobre a fé, pois temos um personagem judeu e outro mulçumano e em nenhum momento sua fé é questionada.
Olivier Nakache: Não houve debate, eles trabalhavam juntos em harmonia. Veja, o que fazemos aqui não é algo para ser educativo, mas nós sempre gostamos de deixar um bilhete no bolso de quem está assistindo o filme e se a pessoa gostar da mensagem, com certeza vai ler depois, entende?
Mas o que mostramos nesse filme, é a diversidade da França, com os imigrantes e tudo o que faz da França o que ela é verdadeiramente, uma mistura de gostos, culturas, raças, religiões e é justamente por isso que também trouxemos verdadeiros autistas para esse filme, para passar essa verdade.
Erik Toledano e Olivier Nakache no set com Vincent Cassel / Dilvulgação |
Entrevistador: E esse filme tem uma ligação com os Intocáveis?
Olivier Nakache: Justamente, tem uma ligação com Intocáveis sim, não apenas pelo humor, mas também pela mensagem da diversidade e conviver com as diferenças. Com eles (autistas) tudo é mais lento e tudo são pequenas vitórias e devemos lutar por essas pequenas vitórias.
Toda filmagem é complicada e nós nos demos ao luxo do tempo para imersão mesmo dos técnicos e dos atores. Todos os jovens em cena são autistas. O único que não é autista é o Valentin (Marco Locatelli), o boxeador, porque as cenas dele eram muito violentas, o que seria perigoso e não recomendado para autistas da vida real.
Inclusive, Locatelli nos trouxe um relato emocionante, pois apesar de não ser autista, ele tem um irmãozinho que possui o transtorno, então Marco aceitou o papel para entender melhor o que se passa com seu irmão.
Cena de "Mais Que Especiais" / Divulgação |
Entrevistador: Fale sobre a escolha de Vincent Cassel e Reda Kateb.
Olivier Nakache: Sou apaixonado por tênis e esportes muito competitivos e eu sempre quis ver um embate entre esses dois atores, Vincent Cassel e Reda Kateb. É engraçado que até mesmo seus nomes rimam, então sempre foi meu sonho ter esses dois em um cartaz nosso.
Entrevistador: E qual será nosso próximo filme (de Olivier com Erik) juntos?
Olivier Nakache: Sempre somos inspirados por temas que nos despertam paixão e queremos, acima de tudo, ver as pessoas rindo, queremos que elas se divirtam. Quem sabe não fazemos algo sobre a vacina, mas sempre com bom humor, é claro.
O filme faz parte do cartaz de 18 títulos que compõe o Festival Varilux de Cinema Francês 2020.