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Festival Varilux 2020 | Coletiva com diretores Fanny Liatard e Jérémie Trouilh de 'Gagarine'


 Por Victoria Hope

E seguindo a programação do Festival Varilux de cinema francês, nessa quinta (13), participamos de uma coletiva com os diretores de "Gagarine", um dos queridinhos no Festival de Cannes 2020. 

Foi após terem cursado juntos a Faculdade de Ciências Políticas que Fanny Lyatard e Jérémy Trouilh se reencontraram poucos anos depois, unidos pela determinação comum de escrever e dirigir filmes de ficção. Selecionados para o concurso de roteiros HLM sur cour(t), eles filmam em 2014 Gagarine, seu primeiro curta-metragem, apresentado nos eventos Message to Man, Flickerfest e Sundance Channel.

Em seguida realizam La République des enchanteurs (selecionado em Palm Springs e Clermont-Ferrand) e Chien bleu (indicado para um César e Prêmio da Imprensa Internacional no My French Fim Festival) ao lado de moradores de bairros populares. Seu primeiro longa-metragem, Gagarine, desenvolvido a partir do primeiro curta da dupla, obteve a chancela Cannes 2020.

Gagarine / Vitrine Filmes

No filme, Fanny Liatard e Jérémy Trouilh exploram diversos olhares sobre um acontecimento da vida real: a explosão da Cité Gagarine, prédio construído pelo Partido Comunista francês no subúrbio de Paris, em homenagem ao astronauta soviético Yuri Gagarin

Símbolo de orgulho em sua criação, o conjunto habitacional acompanhou a o crescimento das periferias, transformando-se em habitação de imigrantes negros, de origem árabe e do leste Europeu, mas sofreu com o descaso das autoridades até ser abandonado e destruído. 

Confira a entrevista:


Entrevistadora: O que tem a dizer sobre o cinema com viés de crítica social?

Fanny Liatard: O cinema de crítica social se faz muito presente e necessário nesses tempos, principalmente em meio à situações que passamos atualmente.

Jérémie Trouilh: Infelizmente, nossos governantes nunca foram um exemplo, mas sim, o cinema é inspirado pela sociedade e filmes dos anos 60 já abordavam esse tipo de coisa, eles já tinham uma visão sobre desigualdade.

Entrevistadora: Como surgiu esse projeto de Gagarine?

Fanny Liatard: Na França, nós estudávamos cinema juntos e a universidade lançou um concurso para lançamento de curtas. Foi a partir desse momento que nos inspiramos para criar 'Gagarine'. Queríamos ouvir novas histórias e 'fazer filmes', nos ajuda sempre a questionar.

Jérémie Trouilh: Gagarine foi um símbolo da revolução e ele foi destruído, então a mensagem mais importante é sobre a convivência e a necessidade de utopias para que as pessoas aprendam a conviver juntas. Tem essa abordagem mais democrática.

Jérémie Trouilh: Gagarine estava localizado em uma área com grandes espaços verdes, era um conjunto habitacional que guardava o sonho de muitos jovens e nesses tempos (em que estamos), acredito que precisamos sonhar, afinal, estamos fechados  (assim como os personagens do filme) e enclausurados (nessa pandemia) e isso nos faz questionar várias coisas.

Jérémie Trouilh: É importante ter imaginação, fé no coletivo e lutar pelo coletivo. Nosso protagonista Yuri, por exemplo, se protege do mundo se enclausurando dentro desse conjunto, criando seu próprio mundo. Perceba que enquanto estamos nesse isolamento, podemos observar mais o ambiente ao nosso redor. Isso até nos faz lembrar dos vizinhos que temos, mas não damos atenção.

Entrevistadora: O que acham desse iniciativa de Festival de Cinema do Brasil?

Fanny Liatard: É maravilhoso. É tão importante o cinema continuar acontecendo, principalmente nesse momento. Nós adoraríamos estar aí com vocês (No Brasil), para ver o filme, mas quem sabe ais para frente.

Jérémie Trouilh: É isso. Queremos olhar para o futuro e ultrapassar fronteiras. Acreditamos que esse festival é um ato de resistência pela arte e pelo cinema. 

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