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Festival Filmelier 2023 | Sem Ursos

 

Por Victoria Hope

Em 'Sem Ursos' (Khers Nist) vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Veneza, testemunhamos um retrato de duas histórias de amor contadas em paralelo. Em ambas, os amantes são afetados por obstáculos ocultos e inevitáveis, pela força da superstição local e pelos mecanismos do poder. O filme foi exibido nos festivais de Veneza e Toronto e agora chega ao Brasil pelo Festival Filmelier, que acontece de 19 de abril a 10 de maio em mais de 30 cidades brasileiras!

O longa toca em um ponto que é extremamente importante para esse momento que é a luta pela liberdade da imprensa em meio à represálias e censura cultural e intelectual, mas para entender o contexto é importante conhecer a história do diretor. Em 2010, Jafar Panahi, cineasta iraniano que dirigiu, roteirizou e protagonizou Sem Ursos, foi condenado a prisão domiciliar e uma pena de 20 anos sem filmar por apoiar o candidato de oposição ao atual governo e logo em seguida, foi acusado de filmar sem autorização, isso porque cinco longas metragens dele já haviam sido filmados de maneira improvisada.

Por mais 'simples' que o filme pareça, quando se tem o contexto de tudo o que aconteceu na vida do diretor para que ele simplesmente filmasse, já demonstra que de simplicidade, nem a trama nem o projeto tem, mas que de forma despretensiosa, aponta o dedo na ferida ao demonstrar sem medo tudo o que está acontecendo ao seu redor, desde alegrias a tristezas, tudo em meio a um regime autoritário.


Sem Ursos / Foto: Festival Filmelier

É acompanhando a vida do povo daquela cidade do interior, que o público percebe como a vida das pessoas pode mudar do dia para a noite sem saberem que a mudança inevitável e cruel está pairando ao redor, mas por incrível que pareça, o tal romance, que é 'foco' na sinopse, não é tão focado assim, pois acaba sendo mais fácil se conectar com outros personagens, incluindo o próprio cinegrafista, do que com ambos os casais (a não ser nos momentos finais). 

O final é completamente impactante, é impossível não sentir arrepios nos depararmos com a verdadeira realidade que o diretor tentou mostrar com esse longa. As duas últimas cenas são de cortar o coração e traduzem perfeitamente o quão desafiador e perigoso é fazer reportagem investigativa e também, quão difícil foi para esse diretor fazer esse filme em meio a tantos perigos. 

NOTA: 8.5/10 

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