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[Review] 'See You Yesterday' da Netflix


Por Victoria Hope


Afrofuturismo, representatividade e viagem no tempo são ingredientes do filme


Fãs negros do gênero sci-fi sempre quiseram ter uma super produção voltada ao gênero com protagonistas negros e a Netflix em conjunto com o visionário Spike Lee finalmente tornaram esse sonho em realidade com o filme 'See You Yesterday', que estreou nessa sexta no streaming.

Representatividade é algo muito importante para a mídia, principalmente para filmes voltados ao público infanto-juvenil e apesar de See You Yesterday ainda abordar temas sociais que afetam a classe negra jovem norte americana, ela é com certeza um avanço para o gênero.

O filme traduzido como "A Gente Se vê Ontem", dirigido por Stefon Bristol e produzido por Spike Lee, conta a história de CJ (Eden Duncan-Smith) e Sebastian (Dante Crichlow), dois amigos gênios de uma escola de ciências do Bronx.  

Em referência ao clássico 'De Volta para o Futuro', com direito a participação de Michael J. Fox, a trama se desenrola quando CJ, a crânio esquentadinha da dupla, resolve usar as aulas de ciência da escola  junto ao melhor amigo para produzir experimentos científicos e descobrir como criar uma máquina do tempo. 

A Gente Se Vê Ontem / Divulgação Netflix

Tudo ia bem, até que a dupla consegue realmente desenvolver uma máquina do tempo que funciona, porém a história toma uma reviravolta completa quando as crianças percebem que voltar pro passado para tentar resolver problemas que aconteceram lá, nem sempre vai ser a melhor escolha.

A Gente Se vê Ontem é mais do que um longa de ficção científica como todos os outros, principalmente porque aborda temas de questões sociais que afetam as vidas de nossos dois protagonistas. 

Todas as questões sociais vão de temas desde a brutalidade da polícia norte americana contra negros, quanto tudo relacionado ao universo negro, como os típicos 'cookouts', onde cada família leva sua comida para um almoço na vizinhança, como também a diversidade dos bairros, incluindo negros, porto riquenhos, mexicanos e asiáticos vivendo no mesmo bairro.

O único problema do filme é justamente esse: Houve um momento em que a trama poderia abordar outros assuntos relacionados à ciência por trás das viagens no tempo e apesar de entendermos justamente o porque de Spike querer abordar o tema de brutalidade policial, usar o filme inteiro para mostrar apenas isso, sem explorar outras questões relacionadas à viagem do tempo, tem um peso negativo enorme, principalmente para nós telespectadores negros.

A Gente Se Vê Ontem / Divulgação Netflix

Afinal, o racismo existe e ele ainda nos afeta todos os dias, porém, jovens negros também precisam se ver em narrativas positivas, que não sejam relacionadas à crimes, armas e drogas, porque se não, cada filme vai ser só mais do mesmo, independente de ser uma fantasia, ficção ou o que seja.

Queremos histórias mais positivas com protagonistas negros, onde esses adolescentes possam se divertir e também criar, amar, como todos os outros jovens de adaptações onde os protagonistas são brancos.

Apesar desses pontos, o filme termina em aberto, deixando um gostinho de quero mais, com uma mensagem de que por mais que tentemos mudar o passado, é muito difícil de sair daquela condição que nos foi imposta na sociedade e segundo um dos diretores, A Gente Se vê Ontem provavelmente ganhará um segundo título para explorar outros temas relacionados à viagem no tempo e estamos ansiosas por isso!


NOTA: 8 / 10

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