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[Review] Aladdin - 2019


Por Victoria Hope

Novo Aladdin surpreende, encanta e emociona sem tirar a essência do clássico


Muitos fãs não sabiam o que esperar do remake em live-action do clássico Aladdin, principalmente porque sempre que uma animação de sucesso ganha versão com atores reais, a preocupação de quem acompanhou o desenho antigamente aumenta, principalmente o receio que o público sente quanto a qualidade dos filmes com atores reais.

Dito isso, Aladdin foi uma surpresa mais do que inesperada! O live-action de Aladdin começa com duas crianças em um barco em pleno alto mar e apesar da cena ser um tanto quanto exagerada e beirar ao cômico, logo as dúvidas na mente do fã se dissipam a partir do momento em que a voz de Will Smith começa a cantar 'Uma Noite Na Arábia'.

No momento em que a trilha começa, somem todas as dúvidas quanto ao filme e a nostalgia de repente toma o corpo dos fãs mais aficionados pela animação clássica, principalmente com ajuda da da fotografia do filme, que é impecável até certo ponto.

Assim como a nova onda de remakes da Disney como Bela e a Fera  e Cinderella, esse novo Aladdin apresenta a história idêntica à animação, com apenas algumas mudanças pertinentes que fazem parte do nosso contexto histórico hoje, mas que não fariam sentido na época em que a animação foi feita.

Jasmine e uma de suas confidentes / Disney
Na versão original, Jasmine era uma mulher forte, porém, que estava em busca da salvação em uma figura masculina da qual ela gostasse de verdade, porém, até esse ponto é mudado no novo filme, vemos uma princesa que sonha em ser sultana e que rejeita as ideias patriarcais de sua família Real.

A nova Jasmine, interpretada por Naomi Scott é completamente diferente da antiga, porém tão poderosa quanto a antiga, trazendo diálogos importantíssimos à trama e um carisma sem igual.

Naomi canta a única música completamente nova do filme chamada "Speechless' e entrega uma perfomance emocionante, embalada pela composição primorosa de Benj Pasek e Justin Paul, de La La Land e O Rei do Show.

Mena Massoud impressiona totalmente, batendo de frente quanto as dúvidas sobre sua atuação que surgiram no lançamento do trailer, pois na hora da ação, o ator é perfeito para o papel e sua voz é quase idêntica a voz do protagonista original.

De forma primorosa, Massoud supera as expectativas e consegue capturar a essência do charme e malandragem do Aladdin, além de criar sua própria versão do personagem, acrescentando um jeito desajeitado ao jovem de Agrabah, o que faz o protagonista realmente parecer alguém sem jeito e tímido que um dia vai conseguir tudo o que quer.

Jasmine e Aladdin se conhecem pela primeira vez / Disney
O problema maior do filme é o fato da produção ter literalmente pintado grande parte do elenco de figurantes com maquiagem escura para que eles parecessem árabes. Essa foi sem dúvida uma das primeiras decepções do filme, pois em 2019, ano em que o assunto brown face e black face está tão em voga, é impossível não torcer o nariz para a escolha e defesa da produção ao pintar seus atores.

Vale lembrar que o ato de pintar atores brancos não apenas é ofensivo, como também contraprodutivo, mais caro para a produção e mostra que os estúdios não se preocupam em trazer representatividade real ou sequer dar oportunidade para que atores diversos participem de grandes produções, sendo que a representatividade consequentemente quebraria diversos estigmas que a indústria de Hollywood carrega até hoje.

Fora isso, sem dúvidas o maior peso e responsabilidade em trazer um dos personagens a vida, foi o trabalho de Will Smith que no filme interpreta o Gênio da Lâmpada, afinal, não é fácil interpretar um dos personagens que foi eternizado pelo ícone da comédia Robin Williams, porém, Will Smith dá um show e prova que foi uma das melhores escolhas do elenco.

O ator veterano cria sua própria versão do Gênio, com as mesmas piadas do clássico, porém com uma pitada diferente de humor que lembra muito seus tempos de "Um Maluco no Pedaço", com direito até a uma pequena cena em homenagem ao próprio sitcom clássico além de frases da cultura pop que fazem com que o personagem em alguns momentos lembre o humor de Deadpool dos quadrinhos.

Will Smith dá um show no papel de Gênio / Disney
Nessa nova versão, as músicas do gênio ganham um leve toque de hip hop, outra marca registrada do ator, trazendo um clima cativante e hilário para deixar o filme ainda mais leve, fazendo os fãs do clássico rirem até chorar.

Will apresenta um gênio divertido, sarcástico e até mesmo com uma pega de 'flerte' e suas interações com a nova personagem da trama. Dahlia, são absolutamente hilárias e fofíssimas. O CGI definitivamente não incomodou e pareceu mais do que natural em grande parte das cenas.

Marwan Kenzari é Jafar no novo longa / Disney
Já o vilão Jafar e seu mascote Iago foram uma ´pequena decepção e apenas comprovaram as dúvidas que muitos fãs tinham desde antes do lançamento; o fato de Marwan Kenzari ser muito novo e não conseguir passar a aura de vilania que o clássico vilão do desenho apresentava e faz com que ele pareça apenas um homem jovem e birrento, se tornando completamente apagado na trama.

Porém, o vilão tem seu brilho, pois cabe na trama atual mais um vilão misógino do que um vilão caricato e exagerado, como nos antigos clássicos da Disney, mesmo porque sabemos que os verdadeiros vilões da vida real são sutis e mimados, então esse um ponto positivo para o vilão.

É claro que para pessoas que são familiarizadas com filmes árabes, com certeza não irão estranhar o personagem, porque ele é o típico vilão de 'novelas' e produções árabes nesse formato, porém para o padrão de Hollywood ele deixa a desejar.

Para finalizar, pela proposta apresentada, o filme excedeu expectativas, não é o que pode se chamar de um grande filme com momentos inesquecíveis, porém é divertido, nostálgico e emocionante à sua maneira, sem mudar a essência do original, mas também criando uma atmosfera totalmente nova  e fresca para a revisão desse clássico.

Todas as cenas de dança e música são ultra coloridas e até lembram os famosos filmes do Bollywood indiano e apesar da cultura indiana não ter absolutamente nada a ver com a cultura árabe, é extremamente divertido e bonito ver tantas cores e pessoas alegres cantando e dançando juntas.

Ao sair da sala, o público com certeza vai sentir que o filme superou suas expectativas e que foi sem dúvida uma das melhores novas adaptações de clássicos do estúdio, resta torcer para os próximos live actions do estúdio sejam tão maravilhosos quanto esse.

Nota: 8.5 / 10

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