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Mostra de SP 2024 | Um Homem Diferente

 

Por Victoria Hope

Na nova dramédia da A24 "Um Homem Diferente", Edward (Sebastian Stan) é um aspirante a ator que passa por um procedimento médico radical para transformar sua aparência, mas esse tão sonhado novo rosto logo se transforma em pesadelo, à medida que ele não consegue o papel para o qual nasceu para desempenhar e passa a ficar obcecado em recuperar o que foi perdido.

É incrível como no mesmo ano em que  "A Substância" trouxe ao público uma visão sobre a dismorfia corporal feminina, "Um Homem Diferente" vem justamente para ser um acompanhamento, relacionado a dismorfia masculina e suas ramificações.

Sebastian Stan é uma força da natureza nesse filme, o que lhe rendeu o Urso de Prata no Festival de Veneza desse ano, mas é claro que Adam Pearson está tão excelente quanto o protagonista, entregando comédia na medida certa com seu típico humor ácido britânico.


Um Homem Diferente / Foto: A24

Na trama, é nítido perceber que a questão de Edward não é apenas o fato dele ser uma pessoa com deficiência física, no caso dele, a neurofibromatose, que fez com que tumores não cancerígenos crescessem no tecido nervoso, mas também o fato dele ser uma pessoa muito introvertida e se odiar tanto a ponto de imaginar pessoas com repulsa dele. 

A escolha de trazer Adam Pearson, ator que possui neurofibromatose tipo na vida real, foi muito acertada, não apenas para falar sobre a importância do respeito e anti-capacitismo, como também para mostrar como dar oportunidades para pessoas com deficiências visíveis ou invisíveis no mercado é essencial. 

Ao longo da história, nota-se que mesmo mudando a aparência após um experimento inédito, Edward continua o mesmo rapaz amargurado e que se amargura ainda mais ao ver que o outro homem que tem a mesma deficiência dele, é aclamado, amado por todos, talentoso e absolutamente tudo o que ele sonha ser.  

É muito interessante o lado da dismorfia masculina, pois aqui, a pressão estética maior vem por parte do próprio protagonista, enquanto para Elizabeth Sparkle, de A Substância, sua dismorfia vem na verdade das expectativas que toda a sociedade, principalmente os homens, colocam sobre mulheres, então definitivamente, um filme complementa o outro, mostrando que o terror corporal é muito mais do que apenas choque e sim, tem uma mensagem muito importante social sobre aceitação ou não aceitação por trás. 

NOTA: 9.5/10

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