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MOSTRA DE SP 2024 | The Shrouds (O Senhor dos Mortos)

 


Por Victoria Hope

The Shrouds é o objeto título do longa, que nomeia uma invenção revolucionária idealizada por Karsh (Vincent Cassel), um cinquentão inconsolável desde a morte da sua mulher (Diane Kruger). A história é, na verdade, a do próprio David Cronenberg, que explica que nunca recuperou da morte da sua mulher, falecida em 2017.

É impossível não começar essa crítica dizendo que existe um cinema pré- A Substância e pós A Substância de Coralie Fargeat, que também teve sua estreia no Festival de Cannes desse ano ao lado do novo longa de Cronenberg. Muitas comparações foram feitas e de todos os filmes de terror corporal de Cronenberg, talvez esse seja o menos Cronenbergiano de seu catálogo.

Esse é um filme com muitas ideias ao mesmo tempo, incluindo teorias da conspiração, tecnologia e IA sendo inseridas no contexto do dia a dia, que alias são abordadas aqui de uma forma muito interessante e relevante ao passo em que observa-se a aceleração de tudo por meio da tecnologia.


The Shrouds / Foto: MUBI

Pouco a pouco, o público acompanha o processo de luto do protagonista, ao passo em que ele segue trabalhando para criar uma forma 'digital', para que as pessoas, de uma forma um tanto quanto bizarra, continuem conectadas com seus entes queridos mesmo após a morte. É claro que a temática é extremamente relevante, porém poderia ter sido abordada com mais profundidade ao invés de cair no território 'mundano' do cotidiano. 

The Shrouds pode ser considerado um filme-terapia, mas tenta, sem sucesso ser também um suspense investigativo, sem ser nenhum dos dois gêneros, já que o diretor não se aprofunda o suficiente na trama para que ambos gêneros tomem forma robusta.

As cenas de nudez feminina são outro ponto que toca no conceito "pós A Substância, como mencionado há alguns parágrafos acima. Aqui, ela não é intencional; vemos o corpo feminino fetichizado desde sua vida até a morte, por meio de muitas cenas de nudez frontal feminina e nenhuma masculina. Isso incomoda de certa forma e não adiciona muito à trama; falhando até mesmo em mostrar intimidade, mas ao menos, ironicamente, elas mostram o aspecto mais carnal e humano de alguém que está buscando por conexão a qualquer custo após uma grande perda. 

NOTA: 7/10

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