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Mostra de SP 2024 | Cuidando da Minha Filha

 

Por Victoria Hope

No drama coreano 'Cuidando da Minha Filha', quando uma mãe idosa permite que sua filha de trinta e poucos anos se mude para seu apartamento, ela deseja para ela o que muitas mães dizem querer para seus filhos, mas não esperava que sua filha retornaria com uma namorada.

Adaptação do livro de mesmo nome por Hye-Jin Kim, o filme toca em diversos assuntos extremamente relevantes, incluindo patriarcado, luta por justiça, negligência de idosos pelo estado, alzheimer e mais temas, todos abordados com delicadeza e a seriedade que essas temáticas pedem.

O filme apresenta o questionamento sobre pais que não veem seus filhos como indivíduos com pensamento e vida própria, mas sim apenas como uma garantia de cuidadores dos próprios após a chegada da terceira idade e essa é uma questão que assombra muitas famílias até hoje, principalmente quando todo esse peso de expectativa é colocado nos ombros apenas das mulheres da família.


O elenco está afiadíssimo, com performances emocionantes de Im Se-mo (Green),  Ha Yoon-kung (Rein), Oh Min-ae (A Mãe) e Heo Jin (Sra. Lee) e ver tantas mulheres potentes em tela emociona, principalmente com um tema tão importante quanto esse. O conflito de gerações é mostrado com primor, tocando em aspectos culturais e sociais que criam um abismo entre a geração da mãe e de sua filha. 

Durante o filme, o público se questiona se a mãe de Green realmente pratica homofobia contra a filha e a nora, ou se ela está apenas preocupada em não ter netos que cuidem dela na velhice e o filme faz um excelente trabalho em trazer nuances culturais, sem demonizar, mas ao mesmo tempo, sem endeusar personagens apenas por terem mais idades.

Enquanto assistia ao filme, me lembrei de uma frase que uma amiga me disse antes; não sei se ela ouviu esse trecho em algum filme ou se já leu em algum texto, mas ela dizia que essa também é a primeira vez que nossas mães estão sendo mães, principalmente quando falamos de primogênitos; elas também são pessoas, falhas, belas, caóticas. O longa irá definitivamente arrancar algumas lágrimas e fazer você deixar a sala ao rolar de créditos, com muitas lições de vida que lhe farão pensar e repensar muito sobre questões familiares. 

NOTA: 9.5/10

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