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Mostra de SP 2024 | O Banho do Diabo

 

Por Victoria Hope

Abro essa crítica de "O Banho do Diabo", dizendo que nunca senti uma sensação tão ruim ao sair de uma sala de cinema e isso não é uma crítica, pois demonstra o quão efetivo é "O Banho do Diabo" novo longa de  baseado em relatos históricos sobre os horrores da vivência dos papéis de gênero, principalmente feminino, sob a pressão do patriarcado durante o sacro império austríaco, no século XVIII.

Os diretores e roteiristas austríacos Veronika Franz e Severin Fiala (Boa Noite, Mamãe) retornam com mais um horror psicológico que nos faz revirar de pavor, com uma trama necessária sobre os papéis que as mulheres tem sido submetidas ao longo dos séculos.

Na trama, conhecemos Agnes (Anja Plaschg), uma jovem radiante e muito feliz com seu dia de casamento, mas tudo muda quando ela finalmente vai morar com o marido e percebe que sua sogra não é tão fã de sua presença e que até mesmo sua aldeia não a admira, conforme o tempo passa e ela é não consegue engravidar, já que seu marido não quer se deitar com ela e obviamente, naquele período, toda a culpa  e ódio cai em cima da esposa.


O Banho do Diabo / Foto: Mostra Internacional de Cinema

Conforme o tempo passa, Agnes, outrora animada e feliz, aos poucos vai se tornando cada vez mais depressiva, apática e sem esperança, cada vez que sua sogra a critica e cada vez que seu marido se recusa a tocá-la. Ela é mais uma das mulheres que são sujeitas às regras do patriarcado, em uma época onde ou a esposa dava filhos ao marido ou era colocada de lado e tratada como uma pária naquela sociedade. Qualquer semelhança com o presente de muitas mulheres, não é mera coincidência. 

O Banho do Diabo é efetivo não apenas pelo figurino w pela brilhante atuação de Anja, que já se consagra como uma das melhores atrizes do ano, mas pela atmosfera e trilha extremamente fiel à época retratada e pelo realismo das cenas de gore, que são tão reais, que parecem literalmente estar acontecendo de verdade e é a partir desse ponto que o verdadeiro desconforto começa, pois em alguns momentos, parece que estamos vendo um filme snuff, tamanho  realismo dos efeitos práticos e das maquiagens.

Enquanto Agnes se perde em meio a tristeza, que pouco a pouco se torna loucura, coisas estranhas começam a acontecer naquela vila e a raiva e ira tomam conta, causando um dos finais mais impactantes e assustadores que o público fã de terror folk já viu. Não é um filme para se assistir mais de uma vez, mas pode ter certeza que a primeira será suficiente para cravar imagens de dor na sua mente por um bom tempo.  

NOTA: 9/10

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