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Mostra de SP 2024 | Exibindo o Perdão

 

Por Victoria Hope

No drama "Exibindo o Perdão", um artista negro tenta se libertar do passado por meio da pintura. Mas seu caminho de sucesso na arte é interrompido pelo retorno do pai ausente. Esse é sem dúvidas o segundo melhor filme que tive o prazer de assistir na Mostra de SP desse ano e merece todos os elogios.

Estrelado pelo incrível André Holland, acompanhamos nessa trama Tarrell, um artista talentoso em busca de sucesso e liberdade emocional através da pintura. No entanto, seus planos são interrompidos com a chegada inesperada de seu pai ausente (John Earl Jelks), um ex-viciado em recuperação, que tenta reconstruir a relação perdida. 

O reencontro força ambos a enfrentar memórias dolorosas e dilemas não resolvidos, revelando que esquecer o passado pode ser mais difícil do que perdoá-l oe agora Tarrel, pai de família, com uma esposa talentosa (Andra Day) e um filho carinhoso, tenta de tudo para não ser para sua família, a figura controversa que seu pai foi para a sua própria. 

À medida que tentam se reconciliar, pai e filho descobrem que o processo de cura exige mais do que palavras, desenterrando feridas antigas e explorando questões sobre abandono, identidade e perdão. 

Exibindo o Perdão / Foto: Sundance

É raro que eu escreva críticas em primeira pessoa aqui o site, mas Exibindo O Perdão merece, pois pessoalmente, passei por algo um tanto quanto parecido na minha vida e isso torna o filme ainda mais visceral para a minha experiência.

Sem romantizar a temática do perdão, o filme aprofunda a complexidade das relações familiares, especialmente para um homem negro lidando com expectativas sociais e pressões internas. O desejo de seguir em frente mesmo após tanto dor, mas ao mesmo tempo, a ânsia por redenção ou pelo menos, para que as pessoas que feriram sua dignidade, se reconciliem, é o foco principal dessa história.

Com atuações impecáveis embaladas por uma direção de fotografia de tirar o fôlego, Exibindo o Perdão mostra como a arte pode ser uma válvula de escape para a dor e que as vezes, colocar os sentimentos na tela, mesmo que isso dilacere por dentro, pode ser essencial.

A grande mensagem que fica é a de que você não precisa perdoar ninguém pelos erros do passado e está tudo bem, pois a culpa religiosa, assim como é abordada diversas vezes no longa, geralmente é o que faz com que as pessoas tenham a ideia de perdão divino; o filme acerta ao demonstrar a fragilidade desse conceito e relembrar-nos como humanos são complicados e que escalas cinzas existem.

NOTA: 10/10

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