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[Review] Suspiria - A Dança do Medo



Por Victoria Hope

Art House, sobrenatural e sagrado feminino se misturam em nova adaptação do clássico de terror


Estamos definitivamente no ano dos remakes nesse início de 2019 e é claro que alguns clássicos do cinema de horror não poderiam deixar de compor a lista de novas adaptações á invadirem os cinemas nesse começo do trimestre até o final do ano.

Quando ouvimos falar sobre uma nova adaptação do clássico cult de horror 'Suspiria', do premiado diretor italiano Dario Argento, não sabíamos exatamente o que esperar, porém ao recebermos o anúncio do elenco de peso, da direção de Luca Guadagnino  e trilha sonora por conta do premiado Thom York (Radiohead), tivemos a certeza de que algo incrível estava por vir.

O clássico de Dario Argento é reconhecido por tomar riscos e ser uma grande obra de arte que mistura não apenas cores, como uma trilha sonora psicodélica perfeita para ambientar o filme e a nova adaptação de Guadagnino não poderia ser diferente.

No conto de 1977, conhecemos a história de uma jovem dançarina promissora, que se vê presa em uma armadilha de gato e rato quando decide se unir a uma companhia de dança frequentada apenas por mulheres. A partir daí, diversas situações estranhar começam a acontecer e agora nossa protagonista deve encarar seus medos para fugir do que poderia ser seu fim iminente.

A história se repete na nova adaptação, com trama passada em 1977, porém, dessa vez em uma versão ainda mais radical, onde conhecemos Susie (Dakota Johnson), uma destemida dançarina novata americana que viaja para uma Berlin pós-muro, a fim de se tornar dançarina de uma das mais renomadas escolas de dança do país.


Logo de início, somos confrontados por uma das ex-alunas da escola, que durante uma visita a seu psiquiatra, diz ter fugido da renomada escola por estar sendo perseguidas por 'bruxas'; A jovem demonstra se sentir perseguida e observada, porém o doutor não leva a denúncia a sério logo de início.

A partir desse momento, as histórias de todos os personagens começam a se cruzar e somos levados à escola de dança mais uma vez, onde Susie demonstra ser uma exímia dançarina, encantando até a mais rígida das professoras, Madam Blanc (Tilda Swinton). 

Tudo ia bem até que uma das alunas mais velhas percebe que há algo de muito errado naquela 'escola', porém quando ela realmente entende que Susie na verdade é uma forte candidata para um dos rituais das bruxas, já é tarde demais.

Com fortes cenas de dança interpretativa, uma trilha sonora de gelar a espinha e atuações impecáveis, a nova versão de Suspiria surpreende de forma positiva, porém, deixa a desejar em alguns aspectos que faziam da versão original um filme à frente de seu tempo.


Existem algumas cenas bem violentas no filme, que vez ou outra flertam com o cinema art house e alguns momentos rendem sustos que realmente fazem o público pular das cadeiras, porém a temática é abordada de forma gradual e calma, sem pressa em desenvolver a trama, o que faz com que o filme fique se torne mais lento do que deveria, porém o esforço final vale a pena.

Alguns personagens do filme não acrescentam muito a história e passam a sensação de estar ali apenas para preencher o tempo, sem trazer para mesa detalhes muito significativos. Há também a participação do personagem Dr. Lutz, que apesar de ter uma história triste e sentimental, parece deslocado quanto a história principal da companhia.

O elenco principal e os coadjuvantes fazem um belíssimo trabalho em criar uma atmosfera de veracidade à trama, com destaques para Dakota Johnson (50 Tons de Cinza), que surpreende a trazer um ar de inocência e ao mesmo tempo, uma aura sombria à protagonista Susie, além de outro destaque, por conta de Tilda Swinton, que não apenas encanta, como também interpreta 3 personagens no longa.

A grande mensagem por trás dessa nova adaptação é o empoderamento feminino e como historicamente, mulheres tem ajudado umas às outras em tempos de guerra ou adversidades. Um dos grandes temas que permeia histórias relacionadas a covens de bruxas é justamente o sentimento de irmandade entre as mulheres e reverência às figuras femininas, como a mãe natureza. 

Outros destaques da adaptação ficam por conta da fotografia belíssima e da caracterização e maquiagem excelentes, feitas pelas mãos do vencedor do Oscar, Marc Coulier. Por fim, o diretor Luca, aclamado por Me Chame Pelo Seu Nome, faz um ótimo trabalho aqui e apesar de não superar a versão anterior, encanta e assombra da mesma forma. 

Suspiria - A Dança do Medo, estreia no dia 28 de Março em todos os cinemas do Brasil

Nota: 8/10

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